Toyota Prius PHEV 2023

Conforto piorou face à geração anterior

Autonomia em modo elétrico sobe a 86 km

Desenho mais ousado e elegante neste novo Prius

Condução muito mais envolvente na quinta geração

Potência máxima combinada é agora de 223 cv

Mais de cinco milhões de Prius vendidos desde 1997

Tejadilho com células foto-voltaicas dá 8 km de autonomia por dia

Motor a gasolina 2.0 de 152 cv e motor elétrico de 163 cv

Muito boa posição de condução

Ergonomia complicada em alguns botões da consola

Qualidade dos materiais não está ao nível do Corolla

Bom espaço nos lugares da frente

Altura nos lugares de trás não tão boa como comprimento

Mala tem apenas 287 litros de capacidade

Visual de família de futuros modelos

Traseira tipo fastback mudou muito

O novo Toyota Prius PHEV já está nas estradas portuguesas, é a quinta geração que traz uma revolução no estilo e não só. Primeiro Teste TARGA 67 em Portugal, com condução de Francisco Mota, para descobrir as primeiras sensações ao volante e conhecer os principais detalhes.

 

Os números nem sempre dizem tudo, mas estes dizem muito: Desde que a primeira geração do Toyota Prius foi apresentada em 1997, já foram vendidos cinco milhões em todo o mundo, ao longo de quatro gerações.

Mais de cinco milhões de Prius vendidos desde 1997

Se alargarmos a contagem a todos os modelos híbridos da Toyota, as vendas estendem-se aos 23 milhões. Tendo em conta os baixos consumos que caraterizam o modelo desde o início, são muitas toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas para a atmosfera ao longo de um quarto de século.

CO2 não emitido

Por serem tipicamente fiáveis, os híbridos da Toyota fazem muitos quilómetros, muitos quilómetros em que as emissões de CO2 e de gases poluentes, prejudiciais à saúde, deixaram de ser emitidos para a atmosfera nas quantidades de modelos convencionais não híbridos.

Potência máxima combinada é agora de 223 cv

E isso continua a acontecer, com o parque rolante de Toyota híbridos que continua a circular por todo o mundo. Até agora, nenhuma marca terá contribuido tanto para a redução das emissões de CO2 e de poluentes como a Toyota, nem as marcas que fabricam veículos 100% elétricos. A quantidade de híbridos a circular, por agora, é muito maior.

A quinta geração é plug-in

Dito isto, a Toyota decidiu lançar na Europa a quinta geração do Prius apenas em versão PHEV, ou seja, híbrido “plug-in”. A razão apontada é que já tem suficientes “full hybrid” na sua gama, e queria diferenciar mais o Prius dos outros modelos.

Visual de família de futuros modelos

Para o modelo, não é novidade, pois o primeiro Prius PHEV surgiu como opção ao HEV na terceira geração em 2012 e tem estado disponível. Na verdade, em mercados como o do Japão – único país onde o Prius é fabricado – e o dos EUA, continua a existir uma versão HEV “full hybrid” não recarregável do exterior.

Várias revoluções

Esta quinta geração traz várias revoluções, a primeira das quais está no estilo. Enquanto as anteriores se esforçavam por ser o mais aerodinâmicas possível e apresentar um visual que as identificasse de imediato como algo especial, este novo Prius é simplesmente elegante.

Claro que a estética é sempre subjetiva, mas duvido que alguém vá acusar o novo Prius de ter um desenho estranho. De perfil, percebe-se de imediato que o ponto mais alto da carroçaria deixou de estar sobre os lugares da frente e passou para os de trás, sendo 50 mm mais baixo.

Traseira tipo fastback mudou muito

A silhueta é quase a de um coupé de quatro portas, com o vidro traseiro ao estilo “fastback” e o da frente quase tão inclinado como o capót dianteiro. A frente mostra como vai ser o ar de família de futuros Toyota, a começar já com o novo C-HR. A traseira tem um desenho particularmente bem conseguido.

Por dentro

O novo Prius é mais baixo que o modelo anterior, mas a altura nos lugares da frente não foi muito penalizada. A posição de condução é totalmente diferente, mais baixa, mais desportiva, com o volante mais na vertical. Mas o painel de instrumentos digital está sobre lotado de ícones e é para ser visto sobre o volante, o que obriga a colocá-lo um pouco mais baixo do que gosto.

Muito boa posição de condução

O ecrã central tátil é fácil de usar, talvez tenha botões virtuais a menos. A alavanca da transmissão é a habitual dos híbridos da Toyota, com posição “B” de maior regeneração. Esta função pode regular-se em três níveis, mas apenas no menu do computador de bordo do painel de instrumentos, ao fim de várias páginas e só com o carro parado. Patilhas no volante teriam sido melhor.

Complicações

De resto, a Toyota insiste em complicar com os botões de seleção de modos de propulsão nos seus PHEV. Tal como no RAV4, também o Prius tem um botão Auto EV/HV, que corresponde ao modo híbrido normal. Depois tem um botão HV/EV, onde se pode alternar entre o modo 100% EV ou o modo Save. Deixando o botão carregado durante alguns segundos, acede-se à função Charge, que carrega a bateria em andamento.

Ergonomia complicada em alguns botões da consola

Depois, há os habituais botões dos modos de condução Eco/Normal/Sport/Custom, que regulam o acelerador, assistência de direção e climatização. A suspensão não tem amortecedores adaptativos.

Menos familiar

O espaço atrás é suficiente para dois adultos, sem ser fantástico e a mala tem apenas 287 litros de capacidade. A vocação familiar das antigas gerações é aqui um pouco esquecida.

Altura nos lugares de trás não tão boa como comprimento

Olhando e tateando os materiais do interior, encontram-se muitos plásticos duros ficando claro que o Prius não está ao nível do mais recente Corolla, neste aspeto.

Mais potência

O sistema híbrido continua a ter um motor 2.0 a gasolina de quatro cilindros, sem turbocompressor com 150 cv, e dois motores elétricos, um associado ao motor a gasolina, para fazer os arranques desde parado e em andamento; e outro associado à transmissão, para fazer a tração, com 163 cv. Ambos podem fazer regeneração na desaceleração, mas existe um gerador separado para isso.

Motor a gasolina 2.0 de 152 cv e motor elétrico de 163 cv

Face ao modelo anterior, a potência subiu dos 122 para os 223 cv e isso é mais uma pequena revolução para as ambições e posicionamento do novo Prius.

Maior autonomia

A bateria é 54% maior, tendo uma capacidade de 13,6 kWh. Segundo a Toyota, isso é suficiente para uma autonomia em modo elétrico de 86 km (era de 50 km), modo que se pode usar até aos 135 km/h. Vou ter que fazer um teste mais prolongado e em condições mais controladas para confirmar tudo isso.

Conforto piorou face à geração anterior

Comecei este Primeiro Teste em Portugal – depois de ter guiado um pré-série do Prius na Grécia há vários meses – em modo elétrico. A força e suavidade do motor elétrico é convincente, sobretudo em condução urbana. Mas mesmo em estrada se mostrou mais do que apto pois funciona até aos 135 km/h.

Em modo híbrido

Passando ao modo híbrido, a baixa velocidade e sem exageros no acelerador, a transmissão não faz o motor a gasolina subir de regime assim que se pede um pouco mais de performance, confiando primeiro no desempenho do motor elétrico.

Autonomia em modo elétrico sobe a 86 km

A direção está bem assistida e o pedal de travão também se mostrou progressivo o suficiente. A suspensão é bem mais firme do que na geração anterior e isso é mais uma pequena revolução no Prius. Obstáculos urbanos como passadeiras elevadas, tampas de esgoto desniveladas e buracos transmitem solavancos ao habitáculo. Não são pancadas, mas os ocupantes são sacudidos.

Melhor dinâmica

A parte positiva deste novo acerto de suspensão é que o Prius tem um comportamento em curva muito mais envolvente que qualquer das anteriores gerações. A frente é muito mais rápida e precisa a entrar em curva, resiste bem à subviragem e tem pouco inclinação lateral em curvas apoiadas.

Desenho mais ousado e elegante neste novo Prius

As prestações anunciadas, com os 0-100 km/h em 6,8 segundos, dão um travo desportivo ao Prius e ajudam a explorar uma plataforma que tem na rigidez uma característica que é fácil sentir na maneira consistente como o carro curva, em todos os pisos.

O fantasma do “aspirador” – como alguns chamavam ao efeito de variação contínua que a transmissão de trem epicicloidal gera –  só se volta a encontrar em aceleração a fundo, por exemplo numa entrada em autoestrada, quando se quer subir a velocidade depressa. Mas de uma forma um pouco mais contida que anteriormente, devido à maior potência disponível.

Controlo remoto

O Prius foi enriquecido com mais ajudas à condução, entre elas está a possibilidade de o tirar de um lugar de estacionamento apertado, ficando do lado de fora a operar uma App de smartphone, como se fosse um carrinho telecomandado. Tem também maior conetividade, incluindo atualizações à distância.

Condução muito mais envolvente na quinta geração

Tem também a opção por um teto com células fotovoltaicas, capaz de acumular 8 km de autonomia se estiver parado durante um dia inteiro debaixo de sol forte.

Conclusão

Esta quinta geração do Prius reposicionou-o por completo face à anterior. É agora um modelo com algumas ambições ao nível do envolvimento da condução, não lhe chamaria propriamente desportivo, mas quase. Com um preço base de 41 990 euros, o Prius posiciona-se a par do Corolla Hybrid com motor 2.0, na versão mais equipada GR Sport.

Francisco Mota

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