Peugeot 308 SW chega em Janeiro

Traseira diferente na SW face ao hatchback

Luzes de dia são verticais

Farolins muito mais esguios nesta geração

O 308 estreia o novo símbolo da marca

Muito boa posição de condução

Painel de instrumentos digital com efeito 3D

Ecrã tátil com atalhos também táteis

Modos de condução não mudam muita coisa

Qualidade a subir na nova geração 308

Mesmo espaço que na geração anterior

Mala chega aos 608 litros de capacidade

Volante pode tapar a base do painel de instrumentos

Nem só de SUV vive o segmento mais vendido na Europa. As carrinhas continuam a ter a preferência de muitos e a Peugeot sabe disso, ao reforçar a identidade da nova 308 SW. Primeiro teste, em estradas francesas.

 

Não há como ignorar o fenómeno SUV em todos os segmentos e também no mais vendido na Europa, o “C” dos familiares compactos. Mas nem todos os compradores morrem de amores por um SUV. Alguns continuam fiéis às carrinhas e são até dos clientes mais exigentes, quando escolhem o próximo modelo.

A Peugeot tem uma longa experiência nas carrinhas e conhece bem as aspirações e exigências de quem as prefere. A 308 SW é uma das mais vendidas na Europa, região onde se compram 90% de todas as carrinhas fabricadas no mundo.

Segundos os inquéritos da Peugeot, os clientes das SW preferem-nas aos SUV por razões estéticas, melhor consumo, funcionalidade, prazer de condução e conforto. São muitas exigências para um carro só, algumas contraditórias.

Nova geração 308 SW

Para dar resposta a tudo isto, a nova 308 SW tem um estilo mais diferenciado da versão berlina, sobretudo na vista de trás, com um pequeno spoiler entre os farolins, em vez da faixa negra do “hatchback”.

Vista de perfil, a SW é mais esguia que o modelo anterior, mais próxima de uma “shooting brake” graças ao vidro traseiro inclinado e tejadilho 20 mm mais baixo. A distância entre-eixos não mudou face ao modelo anterior, mas o comprimento aumentou 60 mm.

A capacidade da mala só desceu dois litros, ficando nos imensos 608 litros, menos 60 litros nas versões “plug-in”. O banco de trás rebate em 40/20/40 através de alavancas nas paredes da mala e a chapeleira tem sítio para ser arrumada, sob o piso.

Estrutura mais rígida

Ao passar para a modificada plataforma EMP2 V3, a estrutura ganhou em rigidez estrutural e foi adaptada para poder receber a bateria de 12,4 kWh das versões “plug-in” mantendo a suspensão traseira de eixo de torção. Está também preparada para vir a ter uma versão 100% elétrica, durante o próximo ano.

Por dentro, comparando com a 308 SW anterior, o novo modelo mantém o mesmo espaço disponível para passageiros, que é bom sem ser a referência do segmento. Mas o nível de qualidade apercebida subiu claramente, com mais plásticos macios e várias aplicações noutros materiais de alta qualidade.

Ecrã tátil é a estrela

É claro que a grande estrela do habitáculo é o novo ecrã tátil central de 10” que tem melhor definição, maior rapidez, é mais intuitivo de usar e acrescenta uma linha de atalhos configuráveis, também táteis. Abaixo destes, há ainda um friso de botões físicos.

Neste teste, agora com a versão final da 308 SW, depois de ter testado alguns protótipos ainda camuflados, o funcionamento deste novo infotainment pareceu muito bom, mas será preciso mais tempo para confirmar todos os detalhes.

Ecrã tátil com atalhos também táteis

Quanto ao painel de instrumentos digital, está disponível em versão 3D, mas tem muita informação em forma numérica, o que torna a leitura mais confusa. Por outro lado, pelo menos para a minha posição de condução, continua a ficar tapado na sua base pelo volante de dimensões reduzidas, mesmo com a versão quase “quadrada” do volante.

Diesel (ainda) será a preferida

Contudo, a posição de condução beneficia de novos bancos com certificação AGR, uma herança da Opel, confortáveis e com apoio lateral mais do que suficiente, contribuindo para uma boa posição de condução, na relação entre os ajustes do banco e volante.

Qualidade a subir na nova geração 308

Para Portugal, espera-se que a versão mais vendida continue a ser a 1.5 BlueHDI com o seu motor Diesel de 130 cv, seguida pela versão PHEV de 180 cv. Por isso, foi por estas duas que comecei o meu teste.

Hybrid 180

A versão Hybrid PHEV de 180 cv combinados tinha pneus 225/45 R17 e um acerto de suspensão muito confortável, mesmo em pisos irregulares. O arranque elétrico é muito suave e a autonomia elétrica anunciada é de 60 Km, um valor a confirmar mais tarde, quando a 308 SW chegar a Portugal, em Janeiro.

Quando se passa ao modo híbrido, a entrada do motor 1.6 turbo a gasolina não agride os ouvidos, a insonorização está muito bem feita. Em termos de performances, a marca anuncia os 0-100 km/h em 7,7 segundos.

Mas nem é preciso uma aceleração tão extrema para perceber a boa ajuda que o motor elétrico de 110 cv dá ao motor a gasolina de 150 cv, tanto a baixos regimes, como nas recuperações, como nas múltiplas vezes em que se encarrega de levar a carrinha sozinho, sem necessidade de ajuda da combustão.

A maior rigidez da estrutura percebe-se na maneira como a suspensão trabalha, dando uma sensação de maior conforto e um pisar mais refinado que na geração anterior.

Dinâmica muito estável

A direção tem uma boa calibração, tanto em rapidez como em assistência e apenas o pedal de travão merece críticas por não ser totalmente suave na passagem da regeneração para a travagem efetiva.

Numa condução mais rápida e desportiva, em estradas secundárias, esta 308 SW faz sentir o seu peso de 1659 kg, apesar de a frente ser precisa: coloca-se em curva com um pequeno golpe de volante.

Mas quando se pede mais à suspensão e aos pneus, a intervenção do ESC surge muito cedo. Não entra em ação de forma brusca, mas limita as possibilidades do condutor aplicar uma condução mais atrevida.

Não vale a pena provocar a traseira, pois o ESC (que só desliga a baixa velocidade) não dá margem para que saia da linha ideal. É uma opção, tomada em favor da estabilidade, o que tem de se aceitar.

1.5 BlueHDI 130

Logo a seguir passei para a 1.5 BlueHDI de 130 cv e a surpresa veio da melhor resposta a baixa velocidade, sendo que ambas estavam equipadas com caixas automáticas. O motor Diesel tem uma excelente resposta a regimes baixos e médios; e o carro sente-se mais leve, lógico, pois pesa apenas 1400 kg.

A dinâmica ganha uma agilidade um pouco melhor, sem se livrar do ESC paternalista, mas a suspensão e os pneus 225/40 R18 não conseguem atingir o nível de conforto da versão híbrida.

O isolamento também não é tão bom, tanto em termos de amortecimento como de ruído. Contudo, a dinâmica permanece semelhante, apenas com a diferença de se sentir um pouco menos de peso e de ter um pedal de travão mais progressivo.

1.2 PureTech 130

Para terminar o teste, ainda tive a oportunidade de guiar duas versões da carroçaria berlina, com duas motorizações diferentes, que chegam já em Dezembro. A primeira foi o 1.2 PureTech de 130 cv, com a mesma caixa automática de oito relações, que custa 30 100 euros.

Os preços da 308 SW ainda não foram revelados, mas, se acontecer como na geração anterior, a diferença não deve exceder os 1500 euros, face ao “hatchback”.

Voltando ao 1.2 PureTech, nota-se uma maior agilidade do “hatchback” em relação à carrinha, uma maior facilidade em mudar de direção e menor peso. A Peugeot anuncia 50 kg a menos para esta carroçaria, comparando com a SW, o que lhe permite fazer os 0-100 km/h em 9,7 segundos.

O conjunto mais ágil

O motor é aquilo que já se conhece de muitos outros modelos do grupo, um três cilindros com boa resposta a baixos regimes, que continua nos médios mas depois perde um pouco o fôlego quando se aproxima do red-line.

Combinado com a caixa rápida e patilhas no volante, proporciona uma condução despachada, com sensação de maior agilidade e leveza que a SW, pois pesa 1289 kg.

Claro que a calibração do ESC pouco muda, deixando no ar a ideia de que este chassis poderia dar mais gozo ao condutor se o controlo de estabilidade não fosse tão interventivo.

Hybrid 225

Para o final ficou a motorização PHEV de 225 cv (44 500€), a mais potente da gama, que guiei também na carroçaria “hatchback”. Claro que as prestações máximas são melhores (0-100 km/h em 7,5 segundos) aproximando-se de um desportivo. A componente elétrica participa ativamente no desempenho final, sem que o condutor tenha que se preocupar muito com isso.

É a versão que mostra mais “alma” nos regimes altos, com o 1.6 turbo a subir aos 180 cv e a revelar uma ponta final que a outra versão PHEV não tem. É uma motorização em que dá gozo perceber o que o motor tem para dar ao longo de todo o conta-rotações e que sofre menos com os 1633 kg de peso.

ESC limita a diversão

Tal como no Hybrid de 180 cv, também aqui no de 225 se nota uma maior sofisticação da suspensão, tanto no amortecimento como no controlo das massas. A melhor performance também lhe dá maior agilidade, mas o ESC mantém-se como o fator limitativo.

E tal como na versão PHEV de 180 cv, também aqui a posição “B” de maior regeneração faz bem o seu papel, mantendo sempre carga na bateria, para quando se quer explorar a performance máxima em modo Sport.

Conclusão

A nova geração da 308 SW e do 308 “hatchback” mostra como a Peugeot soube evoluir a plataforma no sentido certo, adicionando duas importantes versões híbridas “plug-in” à gama. Mas continua a ser interessante ver que tanto o motor 1.5 Diesel como o 1.2 turbo a gasolina não deixaram de ser duas opções muito válidas e aconselhadas a quem não tem possibilidade de usar um híbrido “plug-in” como deve ser usado: carregando a bateria o maior número de vezes possível.

Francisco Mota

Ler também, seguindo o LINK:

Teste – Ao volante do protótipo “camuflado” da nova 308 SW