Mazda MX-30 e-Skyactiv R-EV

Além do desenho das jantes pouco distingue a versão PHEV

Condução tem semelhanças com as da versão elétrica

O funcionamento do motor rotativo é muito suave

Pneus 215/55 R18 não prejudicam o conforto

O símbolo do motor rotativo está de volta

Detalhe da separação visual do tejadilho

Originais luzes traseiras

A Mazda não simplifica a designação dos seus modelos...

Bateria sob o piso tem metade da capacidade da versão elétrica

Arrumação dos dois motores e gerador sob o capôt

Conjunto muito compacto, mais pequeno que se fosse um motor de 3 cilindros e caixa

O novo motor rotativo da Mazda não está ligado às rodas

Boa perceção de qualidade no interior

Boa posição de condução mas pouco espaço atrás

Portas de trás abrem ao contrário das dianteiras

Painel de instrumentos semi-analógico

Ecrã central é pequeno e com gráficos antiquados

Consola com cortiça portuguesa

Comando rotativo do infotainment

Botão para os modos de condução

A cidade é o habitat natural do MX-30

Desenho do MX-30 continua atual

A Mazda sempre foi conhecida por fazer as coisas à sua maneira, com soluções originais como o motor rotativo. Para o seu MX-30, a marca japonesa volta a surpreender, não apenas pelo regresso do motor de rotor, mas também por fazer o caminho oposto ao da maioria, lançando o “plug-in” depois do elétrico. Fique a conhecer todos os detalhes em mais um Primeiro Teste TARGA 67 conduzido por Francisco Mota e fotografado por Jeffrey van der Vaart.

 

Quase todas as marcas que estão a fazer a transição energética começaram pelos híbridos e depois passaram para os 100% elétricos, uma evolução lógica em termos industriais e de procura de mercado.

Mas a Mazda não pensa da mesma maneira e depois de lançar em 2019 a versão 100% elétrica do seu C-SUV MX-30 – já por si com um conceito diferente, com bateria pequena – agora introduz a versão híbrida “plug-in”.

A Mazda não simplifica a designação dos seus modelos…

Mas não é um recuo na estratégia de eletrificação, que contempla a utilização de três plataformas no futuro próximo, uma exclusiva para modelos 100% elétricos e duas, de diferentes tamanhos, capazes de acolher vários tipos de motorizações. Nos planos estão cinco novos modelos nos próximos anos.

PHEV com procura

A procura por híbridos recarregáveis no segmento C-SUV cresce e a Mazda tinha isso previsto desde o início no MX-30, se bem que na altura tenha usado a expressão “extensor de autonomia”.

A grande originalidade é que fez renascer das cinzas o seu emblemático motor rotativo, visto pela última vez no coupé RX-8, lançado no já longínquo ano de 2003.

Desenho do MX-30 continua atual

Este novo motor nada tem a ver com a geração Renesis dessa altura. Trata-se de um motor mais pequeno e 15 kg mais leve, por rotor, feito em alumínio e paredes laterais com um tratamento cerâmico para reduzir atritos, além de segmentos maiores e taxa de compressão mais alta.

Híbrido em série

Mas as originalidades não ficam por aqui, pois o sistema híbrido deste MX-30 e-Skyactiv R-EV (a Mazda nunca usa nomes simples…) também não segue a maioria.

Em vez de lançar um híbrido em paralelo, em que os motores a combustão e elétrico trabalham em conjunto e ambos fornecem tração às rodas motrizes, de acordo com as situações, a Mazda preferiu um híbrido em série.

Bateria sob o piso tem metade da capacidade da versão elétrica

Ou seja, a tração às rodas da frente é sempre feita por um motor elétrico de 125 kW (170 cv) e 260 Nm que faz 9000 rpm. O motor rotativo denominado 8C, tem um rotor, 830 cc, 75 cv e 117 Nm, mas só serve para accionar um gerador que carrega a bateria de 17,8 kWh colocada sob o piso do habitáculo, que alimenta o motor elétrico.

O motor elétrico, motor rotativo e gerador estão montados todos em linha e posicionados transversalmente sob o capót dianteiro. Isto porque o motor rotativo é muito compacto, tendo a forma de uma “bolacha”  de 17,5 cm de largura.

Contribui para que o sistema ocupe 25% menos espaço que um motor 1.0 a gasolina de três cilindros e respetiva transmissão. Aqui não há caixa de velocidades, apenas uma relação de transmissão.

Outras particularidades

Há outras marcas a seguir este conceito híbrido em série, obviamente nenhuma utiliza um motor a gasolina rotativo, mas a Mazda acrescenta ainda algumas particularidades na gestão da energia elétrica.

O novo motor rotativo da Mazda não está ligado às rodas

Há três modos de condução que o condutor pode escolher. O modo EV só usa o motor elétrico e a energia disponível na bateria, é o modo 100% elétrico que a Mazda anuncia ter uma autonomia de 85 km, com a bateria a 100%.

O modo Normal é o modo híbrido, que usa apenas a energia da bateria e o motor elétrico exceto em duas situações. Quando o condutor acelera com mais intensidade, o motor rotativo entra em ação para carregar a bateria, antecipando uma maior necessidade de energia. Quanto mais se acelerar, maior será a rotação do motor rotativo, que chega a um máximo de 4500 rpm.

Conjunto muito compacto, mais pequeno que se fosse um motor de 3 cilindros e caixa

A outra situação em que o motor a gasolina entra em funcionamento é quando a carga da bateria baixa dos 45% de carga. E isso tanto pode acontecer com o MX-30 a andar, como parado no trânsito. Neste caso, adota um funcionamento que pode ser de regime estacionário.

Modo Charge

Finalmente, o modo Charge serve para carregar a bateria em andamento, podendo escolher-se qual a percentagem de carga que se quer manter constante, até aos 100%. Claro que à custa de maior consumo de gasolina.

Tive aqui muita coisa para experimentar neste Primeiro Teste TARGA 67, realizado em Munique, na Alemanha, e nas estradas secundárias da região, sem faltar uma passagem pela autoestrada. Comecei pelo centro da cidade em modo EV.

Botão para os modos de condução

O motor elétrico é muito silencioso, a sua resposta é rápida mas sem excesso de entusiasmo. Não tive ocasião para testar os consumos, o que ficará para um teste mais prolongado em breve.

SUV mas acanhado

Mas deu para tirar outras conclusões, muitas coincidentes com a versão elétrica do MX-30. A posição de condução não é muito alta, o volante está muito bem posicionado e tem regulações amplas. O banco é confortável e com apoio lateral suficiente.

O painel de instrumentos não é totalmente digital, ainda tem mostradores analógicos e o ecrã central é demasiado baixo, tem gráficos um pouco antiquados e um comando rotativo na consola, que não será do agrado de todos.

Consola com cortiça portuguesa

A consola é do tipo flutuante, com um espaço por baixo onde cabe uma carteira de senhora, por cima o apoio de braços tem volume reduzido. Os comandos da climatização estão num monitor tátil na base da consola, o que obriga a desviar muito os olhos da estrada.

Há vários materiais macios de bom toque no habitáculo, incluindo cortiça portuguesa. Mas as portas têm a zona superior do forro interior em fibra reciclada, que não resulta muito bem.

Portas invertidas

Para quem não se lembra, o MX-30 tem portas traseiras de abertura inversa e que só podem ser abertas depois de abrir as da frente. É uma solução que dificulta o acesso quando se estaciona num lugar de supermercado, por exemplo.

Portas de trás abrem ao contrário das dianteiras

Além disso, as portas traseiras são estreitas, o que obriga a alguma ginástica para chegar aos lugares de trás, que não dispõem de muito comprimento para as pernas, nem muita altura, nem muita largura. A mala tem 350 litros.

Em cidade

A direção é muito boa na assistência e precisão, a visibilidade para diante é fácil, para trás é pior, pois o vidro traseiro é inclinado e baixo. Há duas patilhas no volante que servem para regular a intensidade da regeneração em cinco níveis. Nem o mais forte é muito intenso, obrigando a usar o pedal de travão de uma forma quase normal.

A suspensão mostrou-se confortável, mas mantendo a carroçaria bem controlada e os pneus 215/55 R18 não pareceram degradar o conforto, nas poucas ruas de empedrado por onde passei em Munique. O pedal de travão é fácil de dosear.

A cidade é o habitat natural do MX-30

Saindo da cidade e passando à autoestrada alemã, com alguns trechos sem limite de velocidade, foi altura de passar ao modo híbrido normal. O sistema dá prioridade ao funcionamento 100% elétrico, sem intervenção do motor a gasolina. Desde que haja carga, o andamento é suave e silencioso.

Desperta o rotativo

Quando se acelera mais, ouve-se um som sintetizado que antecede a entrada em funcionamento do motor rotativo, cujo ruído de funcionamento é invulgar, mas bastante comedido e sem quaisquer vibrações.

É um som que não incomoda verdadeiramente e que sobe ou desce de rotação de forma relativamente proporcional ao movimento do acelerador. Não há aqui nenhum efeito de variação contínua, apesar de o motor poder entrar em funcionamento estacionário.

Boa perceção de qualidade no interior

A experiência na “autobahn” mostrou a suavidade do R-EV, o bom isolamento acústico e uma dinâmica bem controlada, como é hábito na Mazda, sem movimentos parasita e uma sensação de alguma leveza, típica de modelos com tração elétrica. O peso anunciado é de 1778 kg, mais 133 kg que a versão elétrica.

Mas a velocidade máxima limitada a 140 Km/h (como no elétrico) é algo limitativa da utilização do R-EV neste tipo de vias. Nas autoestradas portuguesas, será a garantia de não ser alvo de multas por excesso de velocidade.

Curva bem…

Passando a estradas secundárias, com pouco trânsito mas muitas povoações que têm que ser atravessadas a 50 ou mesmo 30 km/h rigorosos, porque há sempre um radar algures, este Primeiro Teste TARGA 67, mostrou ainda assim outras coisas.

O funcionamento do motor rotativo é muito suave

A Mazda anuncia uma aceleração 0-100 km/h de 9,1 segundos (0,6 s melhor que o elétrico), aceitável para um modelo deste tipo. Acelerando a fundo, o que se nota é que o motor elétrico dá conta do recado nos primeiros metros, mas depois chama o motor rotativo, para carregar a bateria e garantir que não vai faltar energia.

É bom não esquecer que a tração é sempre elétrica, o motor a gasolina nunca se liga às rodas, por isso é imperativo ter sempre carga na bateria para manter a performance máxima disponível.

Não é desagradável

Claro que o motor rotativo fica mais presente, mas o seu som não é exagerado, depois de habituar o ouvido a uma melodia incomum. A força disponível é suficiente para uma condução razoavelmente rápida, com resposta imediata, em tudo semelhante à de um sistema 100% elétrico.

Condução tem semelhanças com as da versão elétrica

A dinâmica em estrada, numa condução mais rápida, mostrou muito bom controlo, com poucas oscilações parasitas, boa precisão da frente e boa tração. A direção tem um tato que agrada nos encadeados de curvas, mas terei de esperar por um teste mais completo para tirar mais conclusões.

Carrega em andamento

Faltava testar o terceiro modo de condução, o Charge, que carrega a bateria em andamento. Sem surpresa, o motor rotativo passa a funcionar continuamente até a carga da bateria ter atingido o nível escolhido pelo condutor.

É claro que o som do motor se torna mais alto, até porque tem de acumular duas funções: aumentar a carga da bateria, enquanto continua a fornecer energia para o motor elétrico continuar a mover o MX-30.

Confesso que, ao fim da alguns quilómetros, essa banda sonora perde algum do encanto inicial. Mas o modo Charge só se deve usar como último recurso, pois aumenta os consumos.

Além do desenho das jantes pouco distingue a versão PHEV

Com o depósito de 50 litros de gasolina cheio e bateria carregada, a Mazda anuncia uma autonomia máxima de 680 km. Depois, o condutor tem duas hipóteses, ou abastece apenas de gasolina ou recarrega também a bateria, o que pode fazer num carregador rápido até uma potência máxima de 36 kW DC, demorando 25 minutos para ir dos 20 aos 80% de carga. Também pode ser carregado a 11 kW AC.

Conclusão

Em Novembro o MX-30 e-Skyactiv G R-EV estará disponível em Portugal com preços a começar nos 40 927 euros e a marca tem como objetivo vender 300 unidades por ano no nosso país, tendo em conta que o modelo se vai posicionar num segmento de mercado com procura crescente, não só em termos de caroçaria SUV, como de motorização “plug-in” e tendo na autonomia elétrica de 85 km um trunfo importante

Francisco Mota

Ler também, seguindo o link:

Teste – Mitsubishi Eclipse Cross PHEV: último dos genuínos