Duster

Duster

Duster

Jogger

Jogger

Jogger

Sandero Stepway

Sandero Stepway

Sandero Stepway

Pode parecer estranho que apenas uma marca na Europa continue a apostar no GPL, mas a Dacia também não é conhecida por seguir o exemplo dos outros. Saiba por que razão a marca do Grupo Renault quer crescer ainda mais nas vendas deste tipo de motores e que vantagens isso pode trazer ao comprador, em mais um artigo de Técnica assinado por Francisco Mota.

 

Aos olhos de muitos compradores, o GPL nunca se livrou de uma imagem negativa, proveniente das primeiras transformações mais ou menos caseiras que foram feitas a motores a gasolina, quando o fenómeno chegou a Portugal. Mas a verdade é que muita coisa mudou nos últimos anos.

Hoje, a Dacia propõe em todos os seus modelos, exceto no Spring elétrico,  uma motorização a GPL, mais precisamente um bi-fuel, capaz de consumir gasolina ou GPL, bastando ao condutor accionar um botão perfeitamente integrado entre os outros botões do tablier.

Sandero Stepway

Na atual geração de modelos bi-fuel da Dacia, o computador de bordo no painel de instrumentos indica os consumos e autonomias, tanto referente à utilização a gasolina como à utilização a GPL. A marca afirma que, somando os dois depósitos, as autonomia dos seus modelos bi-fuel atingem os 1200 km.

A pensar no GPL

A adaptação do motor 1.0 turbo de três cilindros para consumir os dois combustíveis foi desenvolvida de acordo com os diferentes requisitos. Quando o condutor carrega no botão para passar de gasolina a GPL, não muda apenas o combustível que chega às três câmaras de combustão.

Ao contrário do que acontecia com as transformações para GPL do início, o trabalho feito nos motores Renault da Dacia vai mais longe do que instalar um segundo sistema de injeção com injetores específicos.

Sandero Stepway

Para extrair todo o potencial do GPL, o motor assume regulações específicas, assim que se passa da gasolina para o GPL. Nomeadamente ao nível dos tempos de injeção e da pressão máxima do turbcompressor.

O resultado é que, ao contrário do que acontecia no passado, em que os motores a gasolina perdiam potência quando começavam a trabalhar a GPL, aqui acontece precisamente o oposto, com ganhos de 10 cv e 10 Nm, quando se passa ao GPL.

Custos mais baixos

Claro que esta subida de performance é marginal e está longe de ser o objetivo mais importante dos bi-fuel da Dacia. Os clientes optam pelo Eco G-100 porque os custos com o combustível são mais baixos.

Jogger

Apesar de o consumo de GPL ser superior ao da gasolina, o custo do gás de petróleo liquefeito na bomba é inferior. Tomando como referência o preço do litro de gasolina a 1,85 euros, o preço do GPL é de 0,83 euros, uma diferença de 55%.

Dito de outra maneira, o custo de abastecer o depósito de 50 litros de GPL é 50 euros mais baixo do que o de abastecer o depósito de gasolina da mesma capacidade.

Falando em depósitos de combustível, o de GPL situa-se no poço onde estaria a roda suplente, que assim é substituída por um kit de reparação de furos. Querendo com isto dizer que a capacidade normal da mala não se altera.

Jogger

Feitas as contas, considerando o consumo superior do motor quando funciona a GPL, ainda assim, conduzir um Dacia com o motor a gastar GPL reduz a fatura do combustível em 40%, segundo dados da Dacia.

Mais de metade são GPL

As vantagens do GPL, não se ficam por aqui, com a Dacia a anunciar um valor de emissões de CO2 10% abaixo para o GPL e uma redução do ruído de funcionamento em 50%.

Com todas estas vantagens, não admita que a marca já venda 56% dos seus modelos térmicos com a motorização bi-fuel, esperando que esta percentagem cresça nos próximos anos, tendo como objetivo os 70%.

O números da Dacia indicam também que os condutores que experimentam a solução GPL acabam por ficar convencidos. Quando chega a altura de trocar de carro, a maioria troca o seu bi-fuel por outro bi-fuel.

Duster

Outros dados referentes aos condutores de veículos bi-fuel dizem que grande parte os utilizam fora da cidade com muita frequência e que, entre 79% e 85% do tempo conduz no modo GPL.

Convencer os outros

Para quem nunca experimentou um bi-fuel, existe ainda uma considerável resistência a abandonar os motores a gasolina ou Diesel. Uma reação baseada em quatro questões fundamentais, que têm origem na imagem que ficou das antigas conversões.

Em primeiro lugar, quem nunca guiou um dos novos bi-fuel, pensa que o depósito extra vai roubar espaço à mala, depois há uma desconfiança com a segurança desse depósito, receio de perda de performance do motor e a falta de postos de reabastecimento.

A Dacia já resolveu as questões que lhe dizem respeito, nesta lista, nomeadamente a da segurança, com a certificação dos depósitos de GPL pelas entidades competentes, que incluem válvulas de segurança em caso de acidente.

Duster

Resta o processo de abastecimento, que é um pouco diferente do usado para a gasolina e que obriga a algumas precauções extra da parte do condutor, mas que não levanta nenhuma questão de segurança.

Vantagens para empresas

Quanto à rede de abastecimento, a Galp, parceira da Dacia no GPL, afirma que a rede nacional de 418 postos é suficiente para o parque automóvel a GPL e não tem planos imediatos para o seu crescimento, apesar de o consumo de GPL em Portugal ter crescido 67% nos últimos 13 anos.

Duster

A Dacia espera um crescimento da aceitação das versões bi-fuel no nosso país nos próximos anos, em parte dinamizadas pelas compras das empresas, que encontram nesta solução vantagens, mesmo face ao Diesel.

Além da descida da fatura com o combustível em cerca de 50%, as empresas também podem deduzir o IVA do GPL noutros 50%. Considerando que as despesas de manutenção anunciadas pela Dacia ficam 30% abaixo, surge um cenário que poderá fazer subir a procura entre as empresas que, por enquanto, representam 45,4% dos compradores.

Com tantas vantagens é de estranhar que apenas a Dacia esteja a apostar na solução GPL, um co-produto da refinação do gás natural, com percentagens de butano e propano variáveis, de acordo com os países. Em Portugal, é composto por 100% de propano.

Dacia tem 76% do mercado

A verdade é que o GPL se adapta particularmente bem a uma marca com o perfil da Dacia, que não tem ambições de ser pioneira em termos tecnológicos, preferindo utilizar soluções comprovadas e com investimentos amortizados, uma vantagem de pertencer ao Grupo Renault.

Não admira por isso que a Dacia detenha 76% da quota de mercado de veículos bi-fuel GPL em Portugal, com tendência para crescer pois os próximos modelos a lançar, nomeadamente o novo Duster, que vai chegar ainda este ano e o maior SUV Bigster, vão continuar a disponibilizar uma opção bi-fuel GPL.

Jogger

Na Europa, há 15 milhões de carros a GPL a circular, com a Turquia a ser o principal mercado, atingindo os 4,9 milhões, seguida pelos 3,3 milhões da Polónia e os 2,5 milhões da Itália. Existem 35 000 postos de abastecimento na Europa que vendem GPL, cerca de 25% do total.

Conclusão

Não há dúvida de que o GPL tem contribuído para o sucesso da Dacia, que já vendeu 600 000 carros com esse tipo de motorização na Europa, 15 000 dos quais em Portugal. Uma tecnologia que ajudou a Dacia a subir da 13ª posição do ranking das marcas mais vendidas em Portugal, em 2021, para o terceiro lugar em 2023.

Francisco Mota

Ler também seguindo o link: