Honda CR-V e:PHEV teve apresentação internacional no Porto

Traseira semelhante ao modelo anterior

Um dos SUV mais vendidos do mundo

Priemira vez que o CR-V tem um PHEV

Estilo evoluiu e ficou mais simples

Faróis de LED mais esguios

Pneus de medida 235/60 R18 são confortáveis

Bateria de 17,7 kWh demora 2h30 a carregar a 6,8 kW

Bateria só carrega a AC, como é comum nos PHEV

Motor a gasolina faz mover o gerador ou as rodas

O comprimento aumentou 10,6 cm face ao modelo anterior

Base do para-brisas mais baixa beneficia visibilidade

Painel de instrumentos fácil de ler

Ecrá tátil central tem apenas 9,2" de diagonal

Pouco intuitivos os comandos da transmissão

Bancos da frente são confortáveis

Muito espaço na segunda fila de bancos

Mala chega aos 635 litros máximos

Atitude neutra e segura em curva

Condução fácil e suave mas não muito rápida

Sistema funciona em híbrido em série ou paralelo

Aceleração 0-100 km/h em 9,4 segundos

Potência máxima é de apenas 184 cv, mas binário vale 335 Nm

O CR-V é um dos SUV mais vendidos no mundo, tendo mesmo sido o número 1. Entra na sexta geração, com um posicionamento diferente e disponível pela primeira vez em versão PHEV. Fique a saber tudo, em mais um Primeiro Teste do TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por Manuel Portugal.

 

1995 foi o ano do lançamento da primeira geração do CR-V, na altura pouco mais do que um B-SUV, comparando as dimensões com as de hoje. Nas seguintes quatro iterações, o modelo da Honda não deixou de crescer em tamanho e em volume de vendas. Mas agora, a mudança foi maior do que o habitual.

Para a apresentação e primeiros testes da imprensa europeia, a Honda escolheu a cidade do Porto como base e algumas das melhores estradas nacionais, num raio não muito grande.

Nem gosto muito de começar pelos números, que são sempre abstratos e dados a interpretações. Mas, no caso da sexta geração do CR-V, os números começam por dizer alguma coisa. Em comprimento, o novo modelo cresceu 10,6 cm, na distância entre-eixos aumentou 3,9 cm e em largura tem mais 1,1 cm. Só a altura desceu 0,5 cm.

Estilo evoluiu e ficou mais simples

Ou seja, o CR-V tem 4,7 metros e subiu um segmento, sendo agora rival de modelos como o Hyundai Santa Fé, Toyota RAV4, Nissan X-Trail ou Renault Espace. Já não é um C-SUV, é um D-SUV. E há uma razão concreta para isso ter acontecido.

Três SUV

Com a imparável procura por cada vez mais tamanhos de SUV, a Honda precisava de mais um e lançou este ano o ZR-V, um C-SUV feito com base no Civic. Por isso, o CR-V pode subir um degrau e formar assim um trio de SUV da marca, começando com o HR-V.

Bateria de 17,7 kWh demora 2h30 a carregar a 6,8 kW

A plataforma do CR-V é uma derivação da usada no Civic, com o qual partilha, por exemplo, a suspensão traseira independente. Face ao CR-V anterior, a rigidez à flexão aumentou 20%, na versão PHEV e 15%, no HEV. Curiosamente, a rigidez à torção desceu 7%, pois os engenheiros da Honda concluíram que estava demasiado elevada, prejudicando o conforto.

Estilo renovado

O estilo mudou, com uma frente mais simples, com menos cromados. Mas não se pode dizer que siga um ar de família, pois os três SUV da Honda têm “faces” diferentes. A ligação com o modelo anterior encontro-a no desenho da zona vidrada lateral e das luzes de trás, que continuam a subir pelos pilares traseiros. O capót é mais plano e longo.

O comprimento aumentou 10,6 cm face ao modelo anterior

Por dentro, o ecrã tátil central de 9” não é grande mas passou para o topo da consola, para facilitar a sua utilização. As saídas da climatização estão numa grelha que atravessa todo o tablier e os botões redondos, mais abaixo, são fáceis de usar. Entre os bancos estão os comandos da transmissão, que continuam a ser botões individuais, de ergonomia pouco intuitiva.

A qualidade geral dos materiais é boa, numa mistura de plásticos macios e forrados, com outros duros mas de bom aspeto. Sob o apoio de braços há um “cofre” com volume generoso, mas faltam porta-objetos abertos.

Ao volante

A posição de condução é relativamente alta, face à base do para-brisas que está mais baixa e mais larga. Há um bom enquadramento com o volante, que tem ajustes amplos e uma pega anatómica. O banco é confortável, tem uma estrutura nova, mas podia ter um pouco mais de apoio lateral. O painel de instrumentos digital é comandado pelos botões físicos do volante e não custa a ler.

Base do para-brisas mais baixa beneficia visibilidade

O espaço é mais que suficiente na frente e, na segunda fila, a Honda diz que aumentou o comprimento para os joelhos em 16 mm. As costas do banco de trás ajustam a inclinação em oito posições. Na prática, a sensação de espaço é muito boa em todas as direções e até o lugar do meio pode ser usado por adultos, em viagens curtas. O acesso é fácil.

A mala tem 635 litros, na versão PHEV deste Primeiro Teste, mais que os 497 litros da versão híbrida da anterior geração e do que os 596 litros da versão híbrida HEV desta geração, Razão para isso? A colocação da bateria híbrida é sob a mala, no HEV e sob o habitáculo, no PHEV, o que impede versões de sete lugares.

Novidade e:PHEV

A maior novidade desta geração é a introdução, pela primeira vez no CR-V, de uma versão PHEV, híbrida “plug-in”. Usa um motor 2.0 de quatro cilindros, atmosférico a gasolina com 148 cv e 189 Nm que funciona segundo o ciclo Atkinson.

Motor a gasolina faz mover o gerador ou as rodas

Depois tem um motor elétrico de tração com 184 cv e 335 Nm, além de um gerador separado e de uma bateria de 17,7 kWh. Não há uma caixa de velocidades, mas há duas relações de transmissão, já vamos ver para quê.

Em modo 100% elétrico, a Honda anuncia uma autonomia de 82 km, que não tive oportunidade de confirmar neste Primeiro Teste. Em modo híbrido, sobretudo com a bateria a zero, o sistema pode funcionar de duas maneiras diferentes.

Híbrido em série ou paralelo

Em andamento normal, sem grandes acelerações, o motor a gasolina move apenas o gerador, que carrega a bateria o suficiente para alimentar o motor elétrico de tração (híbrido em série) e mover as rodas dianteiras motrizes, não há versão 4×4. Neste caso, a tração é sempre elétrica e a potência máxima é a do motor elétrico, ou seja, os referidos 184 cv.

Pouco intuitivos os comandos da transmissão

Quando se acelera mais, ou se aumenta a velocidade (por exemplo em autoestrada) o motor a gasolina é ligado diretamente às rodas através de uma embraiagem e uma relação de transmissão dita longa. O motor elétrico dá uma ajuda nas recuperações, ou seja, funcionamento híbrido paralelo, que é o mais comum.

A novidade está na presença de uma segunda relação de transmissão, mais curta, para o motor a gasolina. Foi pensada para o funcionamento em paralelo, quando o CR-V puxa um reboque ou para algumas situações de circulação em cidade.

Modos para escolher

Em geral, o sistema seleciona o melhor tipo de funcionamento a cada momento, mas o condutor pode escolher o modo reboque no botão dos modos de condução, que tem ainda os habituais Eco/Normal/Sport/Snow.

Bancos da frente são confortáveis

Finalmente, o condutor também pode escolher os modos de propulsão que são o Elétrico, híbrido Auto, Save e Charge. Comecei este teste em meio urbano em modo elétrico, que mostrou a suavidade esperada, estando o motor elétrico bem insonorizado.

Muito espaço na segunda fila de bancos

Até ao ressalto do acelerador, o sistema só usa o motor elétrico, carregando a fundo, o motor a gasolina entra em cena para dar a ajuda necessária. A visibilidade em cidade é muito boa, pela já referida redução na altura do tablier e pelo espaço deixado entre os pilares da frente e os retrovisores. O diâmetro de viragem de 11,4 metros não atrapalha mas sente-se que o CR-V é um carro grande e largo.

Bem calibrado

A direção não está demasiado assistida e o pedal de travão é fácil de dosear. A suspensão desta versão e:PHEV tem amortecedores adaptativos com duas leis de funcionamento, uma para o modo Sport e outra para os restantes modos, que se mostrou bastante confortável em piso empedrado. Os pneus 235/60 R18 também dão uma ajuda.

Pneus de medida 235/60 R18 são confortáveis

Continuando o Primeiro Teste em autoestrada e passando ao modo de condução híbrido, nota-se então a entrada em funcionamento do motor a gasolina, mas sem muito ruído, até porque os vidros das portas da frente são duplos.

Quando se acelera mais, claro que o motor a gasolina sobe de regime e faz mais ruído, mas nada de exagerado e com uma razoável proporcionalidade em relação à posição do acelerador. Muito boa a estabilidade da carroçaria e a certeza da direção a velocidades de autoestrada.

Na estrada N222

Finalmente, uma passagem por uma estrada secundária com bastantes curvas, a famosa N222. Altura para passar ao modo Sport, que torna o acelerador mais sensível, mas não muda muito a assistência da direção. A Honda anuncia os 0-100 km/h em 9,4 segundos, o que pareceu apenas suficiente para um SUV familiar que pesa 1923 kg.

Atitude neutra e segura em curva

Em andamento um pouco mais rápido, percebe-se que a frente entra em curva com rapidez suficiente, com bom tato da direção. A atitude natural é neutra, sem inclinação lateral exagerada e as rodas da frente tratam bem da tração. Foi preciso exagerar numa curva lenta para sentir o controlo de tração a trabalhar.

Se for preciso travar numa curva em apoio, a traseira pode deslizar um pouco, mas muito pouco e com o ESC rapidamente a tomar conta da ocorrência. Em modo Sport, o sistema de som do CR-V faz uma simulação do ruído de um motor desportivo, que a certa altura se junta ao som real do motor a gasolina, resultando pouco agradável ao ouvido.

Regeneração regulável

Escolhendo a função B no comando da transmissão, aumenta-se a regeneração nas desacelerações e depois pode usar-se as patilhas do volante para subir ou descer entre quatro níveis de retenção. As diferenças não são enormes, mas percebem-se.

Sistema funciona em híbrido em série ou paralelo

Testei por breves quilómetros o modo “Charge” que carrega a bateria em andamento e pareceu-me que o faz com rapidez, mas terei que fazer um teste mais prolongado para confirmar. O mesmo para os consumos, que devido à necessidade de empregar vários tipos de condução em pouco tempo, não resultaram significativos.

Condução fácil e suave mas não muito rápida

Mas testei a nova função de aviso de trânsito em cruzamentos, feito através de um radar de 100 graus, que pareceu eficiente. Há um reforço das ajudas à condução reunidas num pacote a que a Honda chama Sensing 360. Também a conetividade e o sistema de som foram melhorados.

Conclusão

O novo Honda CR-V e:PHEV já está à venda, por um preço ao público de 61 500 euros, valor chave na mão. Em Janeiro vai chegar a versão e:HEV por um valor a rondar os 56 000 euros. Não é barato, por isso a Honda diz que os rivais são as versões plug-in do Volvo XC60 e do BMW X3. Sem dúvida que o novo CR-V tem qualidades suficientes para o segmento, mas resta sempre a questão da imagem em relação às marcas premium.

Francisco Mota

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