Hyundai Santa Fe 1.6 T-GDI HEV (fotos de joão Apolinário)

O Santa Fe tem 4,78 m - é o maior SUV da Hyundai

Restyling da quarta geração lançada em 2018

A grelha "assustadora" é a maior diferença deste restyling

Sistema "full hybrid" com 230 cv

Boa qualidade de construção e materiais requintados

É possível usar as patilhas para comandar a caixa

Painel de instrumentos digital tem uma cor para cada modo de condução

Botões da caixa automática substituem alavanca

Comutador para os modos de condução

Monitor tátil central tem 10,25 polegadas

Boa posição de condução e muito conforto

Segunda fila muito habitável

Terceira fila não é muito fácil de usar por adultos

Mala tem 571 litros, com cinco lugares em uso

Suspensão muito confortável

Condução muito fácil e tranquila. O Santa Fe não é um Hyundai N

Retrovisor por câmara , quando se liga o "pisca"

Lançada em 2018, a quarta geração do Hyundai Santa Fe recebeu um restyling que lhe alterou radicalmente o visual. Mas também melhorou muita coisa e trouxe uma versão híbrida. Fiz-me à estrada para perceber se o visual “assustador” tem alguma coisa a ver com a condução.

 

A quarta geração do Santa Fe não durou mais que dois anos até precisar de levar um “restyling”, o que não é vulgar. Mas o grupo Hyundai tem músculo suficiente para reagir depressa, quando as coisas (as vendas) não estão a correr como deseja.

No lugar de uma frente equilibrada, mas pouco original, o Santa Fe tem agora uma grelha “monstruosa” que dá ao maior SUV da Hyundai à venda na Europa um aspeto um pouco assustador.

Que gera efeito em quem o vê passar, disso não há dúvida, se será o melhor efeito, isso já é mais discutível. Hoje em dia, uma deriva estilística como esta é geralmente justificada com as preferências dos consumidores chineses. Só que este Santa Fe não se vende na China.

O estilo não é tudo

Claro que o estilo não é tudo e há sempre quem goste da originalidade. Por dentro, o Santa Fe evoluiu num sentido mais tradicional. Desde logo nos revestimentos e nos materiais usados, que lhe dão um toque de luxo muito bem vindo.

O ecrã tátil central é diferente e tem 10,25” e o painel de instrumentos também é digital e tem 12,3”mas não tem muitas opções de visualização.

Abaixo do ecrã central há uma fileira de botões de atalhos, que facilitam a sua utilização e, mais abaixo, outra fileira, para os botões da climatização. Tudo bem até aqui, mas ainda há mais botões na consola.

E ainda mais botões

A caixa automática de conversor de binário e seis relações é comandada por botões enormes e, ao lado, há um comando rotativo do tamanho de uma bolacha Maria, para escolher os modos de condução (Smart/Eco/Sport).

Defendo os botões físicos, para algumas funções, mas aqui parece-me que se exagerou. Em algumas situações de condução precisei de olhar para baixo para não falhar o botão que queria pressionar.

Muito espaço

Com 4,78 metros, o Santa Fe tem muito espaço nos lugares da frente, mais ainda na excelente segunda fila, que desliza longitudinalmente para facilitar o acesso à terceira fila de bancos. Estes podem dobrar-se para debaixo do piso da mala. Nessa posição, a capacidade para bagagens é de 571 litros.

Claro que a terceira fila de dois lugares não é muito ampla, em nenhum sentido e o acesso requer a agilidade de um “mais novo”. Mas dá ao Santa Fe lotação de sete e isso pode ser importante.

Full Hybrid

Esta versão que guiei é um “full hybrid”, continuo a usar esta expressão para não haver confusões com os “mild hybrid” nem com os “plug-in”.

O sistema elétrico é capaz de levar o carro sozinho, não durante muito tempo seguido, mas durante muito tempo, alternando com o motor 1.6 T-GDI a gasolina.

O motor térmico tem quatro cilindros, um turbo e 179 cv, a máquina elétrica (motor/gerador) tem 60 cv. A potência máxima combinada é de 230 cv e o binário chega aos 350 Nm, quando a força da gasolina se junta à força da eletricidade.

O típico híbrido

O arranque é em modo elétrico, muito suave e silencioso, mas a bateria de 1,49 kWh não deixa esta experiência inicial durar muito tempo seguido. Felizmente, quando entra em cena o 1.6 não é muito ruidoso, ou, pelo menos, a boa insonorização do habitáculo deixa o ruído do lado de fora.

A suspensão recebeu novos braços à frente, mantendo o esquema MacPherson, à frente e independente, atrás. O novo acerto das molas, amortecedores e pneus de medida 235/55 R19 contribuem para um conforto muito bom, mesmo quando o asfalto está longe de ser perfeito.

Despachado em cidade

A disponibilidade do sistema híbrido é muito boa em cidade, com o Santa Fe a avançar pelo trânsito com decisão e uma sensação de facilidade. A direção está bem assistida e o pedal de travão é progressivo. A visibilidade é boa em quase todas as direções e o raio de viragem não é exagerado.

A caixa de velocidades não tem dúvidas acerca da altura certa para fazer as passagens e faz o seu serviço sem incomodar. Apesar do tamanho, o Santa Fe está longe de ser um “monstro” de guiar na cidade.

E nem tem um apetite voraz, pois no meu teste de consumos ficou-se pelos 6,9 l/100 km, mostrando que a regeneração funciona bem. Ainda para mais, tendo em conta que pesa 1855 kg.

E fora da cidade?

Com uma aceleração 0-100 km/h declarada de 8,9 segundos, o Santa Fe é bastante despachado, quando se escolhe uma estrada secundária.

As diferenças entre os modos de condução são pouco sensíveis, mas o modo Sport pareceu ser aquele em que a “regeneração assistida” – ou seja, quando a máquina elétrica passa a funcionar como gerador, accionado pelo motor a gasolina – é mais forte.

É a maneira de garantir que o condutor tem sempre a potência máxima disponível.

Com tração apenas às rodas da frente, uma massa considerável e um binário generoso, não admira que o Santa Fe mostre algumas perdas de tração nas saídas de curvas fechadas feitas com aceleração forte. Pelo menos nos instantes antes de o ESC entrar em acção e acalmar tudo.

Competente, mas não é um “N”

Aproveitando a força dos 350 Nm e levando mais velocidade para dentro das curvas, a primeira reação é a subviragem, de que o ESC trata com prontidão e sem grande alarido.

A suspensão dá prioridade ao conforto e o Centro de Gravidade não é muito baixo, mas o controlo das massas em mudanças bruscas de direção, nem é muito liberal.

É mesmo possível provocar a traseira para entrar numa ligeirissima deriva na entrada em curva, antes que o ESC a cancele e traga algum bom senso à condução.

Soluções úteis

O Santa Fe não foi feito para isso e não merece críticas por não ser um Hyundai N. Merece elogios pela tranquilidade e conforto com que se acumulam quilómetros em viagens mais longas por autoestrada, terreno onde medi um consumo de 7,5 l/100 km.

Muito útil, tanto em cidade como em autoestrada, são as câmaras sob os retrovisores, que se ligam sempre que se acciona o pisca e projetam a sua imagem em dois círculos no painel de instrumentos. Não sei pelo que esperam outros construtores para copiar esta solução.

Conclusão

Confortável, espaçoso, pouco gastador e com um interior de boa qualidade, o Santa Fe é um SUV com muitas qualidades objetivas. Contudo, custa quase 60 000 euros, o que é muito para um SUV Hyundai e o coloca num patamar onde se tem que comparar com opções de marcas premium alemãs. E isso é uma tarefa difícil.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Hyundai Santa Fe 1.6 T-GDI HEV

Potência: 230 cv

Preço: 59 475 euros

Veredicto: 3 (0 a 5)

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