Mitsubishi Colt

Três diamantes no centro da grelha dianteira

O Colt está de volta à Europa, 10 anos depois

Em Portugal estão disponíveis as motorizações 1.0

Jantes vão das 15 às 17 polegadas

Colt partilha o estilo com a última evolução do Clio

Marca por extenso na tampa da mala

O Mitsubishi Colt está na Europa desde 1978

Materiais de qualidade razoável no interior

Muito boa posição de condução

Espaço atrás é o esperado para este segmento

Mala tem 391 litros de capacidade

Suspensão confortável, mesmo em piso imperfeito

Condução muito estável e controlada

Motor 1.0 MPi-T tem 90 cv de potência máxima

Esta é a sétima geração do Colt à venda na Europa

Até hoje, o modelo Colt vendeu 1,2 milhões de unidades

O modelo Colt faz parte da história da Mitsubishi desde 1962 e regressa agora ao mercado europeu ao fim de dez anos. A nova geração reposiciona a marca no segmento mais vendido na Europa, razões para um Primeiro Teste no TARGA 67, conduzido por Francisco Mota.

 

Tal como fez com o novo ASX, também o novo Colt é um gémeo de um modelo da Renault, neste caso do Clio. Além dos símbolos dos losangos substituídos pelos três diamantes e da grelha com um novo desenho, nada mais distingue os dois utilitários.

Sendo ambas as marcas participantes da Aliança Renault/Nissan/Mitsubishi, é perfeitamente normal que existam sinergias entre elas, ou seja, partilha dos componentes principais para reduzir os custos de produção.

O Mitsubishi Colt está na Europa desde 978

O “problema” do ASX e do Colt é que vão além da partilha, são iguais aos modelos da Renault, fabricados pela marca francesa, no caso do Colt e Clio, na Turquia.

Não há “ses”

Se o projeto conjunto tivesse começado antes do lançamento da atual geração do Clio, teria sido possível introduzir maiores diferenças para o Colt. Como aconteceu na anterior geração, que partilhava plataforma e motores com o Smart Forfour. Mas o plano nasceu mais tarde que isso.

É preciso não esquecer que foi a existência destes novos ASX e Colt que levou a Mitsubishi a voltar atrás na decisão, que já tinha tomado, de abandonar o mercado europeu, por falta de produtos adaptados a esta região.

Novo Colt partilha linha de produção com o Renault Clio

A proposta da Renault de fabricar o Clio e Captur também sob a marca Mitsubishi acabou por ser boa para ambas as partes. Mas será também para o consumidor?

O que se ganha com o Colt?

Fui a Berlim tentar tirar esta dúvida durante aquilo a que geralmente chamo um Primeiro Teste, mas que aqui assumo ser mais do que isso, considerando que conheço bem o Renault Clio, já testado na sua última evolução aqui no TARGA 67, como poderá ler no link no final deste texto.

Mas foi uma ocasião para ouvir o que os homens da marca japonesa tinham para responder à pergunta óbvia: o que ganha um cliente em comprar um Colt em vez de um Clio?…

Colt partilha o estilo com a última evolução do Clio

A resposta de um dos responsáveis da marca foi muito simples: “a relação com o cliente.” E aqui, nem sequer se está a fazer uma comparação com a Renault.

Apenas a dizer que, para os clientes da Mitsubishi, o Colt significa a oportunidade de comprar um dos mais relevantes utilitários do mercado, sem ter que sair da marca e com garantia de cinco anos.

Mais para vir

É uma razão talvez mais importante do que se possa pensar. Sobretudo quando o mesmo “insider” me disse que, alguns dos compradores do novo ASX, nem sequer conheciam em detalhe o Captur, não alinhando por isso nos comentários pejorativos que tanto o ASX como o Colt têm levantado nas redes sociais.

Em Portugal estão disponíveis as motorizações 1.0

Neste momento, a marca tem quatro modelos à venda, esperando-se para 2024 a nova geração do Outlander e para 2025 o primeiro modelo 100% elétrico, feito com base em tecnologia da Aliança

Talvez pudesse terminar aqui este Primeiro Teste e remeter para a leitura do que fiz há algumas semanas ao renovado Renault Clio. Mas se está a ler este texto é porque quer saber mais detalhes sobre o Colt. Por isso aqui vai.

O que mudou

Começando pelas diferenças de estilo, a maior é a grelha que tem adornos cromados a fazer lembrar o chamado “dymanic shield” que se conhece dos outros modelos da Mitsubishi. Os faróis de Led esguios e as luzes de dia verticais são iguais aos do recente restyling do Clio.

Materiais de qualidade razoável no interior

Na tampa da mala, o losango, que contém a câmara de marcha-atrás, foi trocado por uma peça na cor da carroçaria que mantém a câmara, numa solução que não é muito elegante. Mais abaixo, surge o nome da marca escrito por extenso e o novo tipo de letra para a designação do modelo Colt.

As jantes disponíveis seguem o alinhamento do modelo original, com opções de 15, 16 e 17 polegadas, sendo as últimas em “diamond black”. Por dentro, o Colt só muda no símbolo no volante, tudo o resto é igual.

E por dentro…

Isso quer dizer que tem um habitáculo com razoável qualidade geral, com alguns materiais macios, um painel de instrumentos fácil de ler, um ecrã tátil central vertical que pode chegar às 9,3 polegadas, botões da climatização separados e grandes; e uma fila de botões físicos de acesso às funções mais imediatas. Apple Carplay e Android Auto estão disponíveis.

Muito boa posição de condução

Tem também espaço suficiente nos lugares da frente, com uma posição de condução muito boa, servida por um volante de raio generoso mas pega correta e um banco com conforto e suficiente apoio lateral. O espaço atrás é melhor do que a média do segmento e a mala tem 391 litros de capacidade.

Motores disponíveis

A Mitsubishi vai ter disponíveis três motorizações a começar por um 1.0 MPI atmosférico de 65 cv, seguindo-se a versão turbocomprimida do mesmo motor de três cilindros, com 90 cv e o “full hybrid” HEV com 145 cv que não será vendido em Portugal.

Guiei o HEV e o 1.0 MPI-T, centrando aqui as atenções no segundo, que o importador nacional da marca, a Astara, prevê vir a ser o preferido de 65% dos compradores nacionais, face ao menos potente de 65 cv, uma versão que não está disponível no Clio em Portugal.

Espaço atrás é o esperado para este segmento

O motor de 999 cc é bastante suave em condução citadina, com boa resposta desde baixos regimes, pois o binário máximo de 160 Nm é atingido às 2000 rpm. Os 90 cv são mais do que suficientes para uma condução despachada em meio urbano.

Condução fácil em cidade

A caixa manual de seis velocidades é precisa e rápida o suficiente para uma condução normal e o seu escalonamento aproveita bem o que o motor de três cilindros tem para dar. A direção tem uma assistência com o peso certo e os pedais estão bem calibrados.

A suspensão, com barra de torção atrás, consegue um bom nível de conforto, mesmo nas ruas com piso menos que perfeito por onde passei em Berlim.

Até hoje, o modelo Colt vendeu 1,2 milhões de unidades

A sensação de agilidade e precisão da condução está sempre presente, como é hábito nesta plataforma CMF-B partilhada na Aliança Renault/Nissan/Mitsubishi.

Muita estabilidade

Em autoestrada, o Colt é muito estável a qualquer velocidade, reagindo com precisão a mudanças de faixa mais inesperadas. Os ruídos de origem aerodinâmica e de rolamento não são exagerados e nem o motor se faz ouvir em excesso.

Numa “autobahn” sem limite de velocidade, levei o Clio à velocidade máxima de 180 km/h, com facilidade e sempre muita estabilidade

Esta é a sétima geração do Colt à venda na Europa

A Mitsubishi anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 12,2 segundos, o esperado para um carro que pesa 1082 kg. Mas a resposta a velocidades baixas é o mais relevante para um utilitário como este e o Colt não desilude.

Estão disponíveis três modos de condução que o condutor pode selecionar: My Sense/Eco/Sport, mas as diferenças na resposta do acelerador e intensidade da assistência da direção não são grandes.

Eficiente em estrada

Em estrada secundária, a dinâmica revela-se muito precisa e com sensação de grande estabilidade. A direção é rápida e precisa, proporcionando mudanças de direção com muito boa agilidade. A suspensão da frente resiste bem à subviragem, mesmo quando se exagera um pouco na velocidade de entrada em curva.

Condução muito estável e controlada

Há pouca inclinação em curva, o Colt mantém uma atitude neutra e segura, a não ser que o condutor queira animar um pouco a condução, deixando a desaceleração para a fase de entrada em curva. A traseira roda então ligeiramente antes de o ESC entrar em ação, com conta, peso e medida.

Não tive oportunidade de testar consumos, a Mitsubishi anuncia um valor de 5,5 l/100 km em ciclo misto WLTP, o que me parece realista, considerando testes feitos anteriormente com o Clio. Também os sistemas de ajuda eletrónica á condução, pelo menos os que testei como a manutenção de faixa, não pareceram demasiado intrusivos.

Conclusão

O Colt estreou-se na Europa em 1978 e vendeu 1,2 milhões de unidades em seis gerações, algumas partilhando componentes com outras marcas. Nesta sétima geração, o modelo é um gémeo da última evolução do Clio, herdando assim todos os atributos conhecidos do utilitário da Renault. Os preços ainda não foram divulgados, mas não é de esperar que seja por aí que o Colt ganhará vantagem ao Clio.

Francisco Mota

Ler também, seguindo o link:

Teste – Renault Clio E-Tech: Novo ar, a mesma eficiência