Opel Astra contra Peugeot 308 (fotos de João Apolinário)

Desenho mais ousado no Astra

Astra rompe com o estilo do passado

308 tem estilo mais conservador

Vizor é o nome da frente negra

Luzes de dia na vertical

Jantes de desenho mais aberto no Astra

Pneus iguais nos dois modelos

Linhas mais vincadas no Astra

Versões híbridas plug-in em comparativo

Luzes de LED atrás com desenho esguio

Linhas mais arredondadas no 308

Muito boa posição de condução

Boa posição de condução e bancos confortáveis

Espaço e acesso semelhante nos dois

Espaço suficiente, na segunda fila

Capacidade de 352 litros, na versão híbrida

Acesso à mala não é alto

Volante maior facilita leitura dos instrumentos

Sensação de maior qualidade no 308

Painel 2D do Astra

Painel 3D do 308

Ecrã tátil central do Astra é mais convencional

Ecrã tátil do 308 é mais moderno

Atalhos em botões físicos no Astra

Atalhos táteis no 308

Consola central do Astra

Comando da caixa é muito pequeno

Frente um pouco mais precisa, no Astra

Condução mais desportiva no Astra

O Astra é mais ágil a curvar

Boa aderência e tração no 308

Condução mais confortável, no 308

O 308 curva com rigor e tranquilidade

Por fora, nada em comum

As novas gerações do Astra e do 308 partilham a mesma plataforma e toda a mecânica, incluindo o sistema híbrido. Normal, dado que Opel e Peugeot pertencem ao grupo Stellantis. Mas será que os engenheiros e estilistas os souberam diferenciar o suficiente?…

 

A Opel decidiu fazer a apresentação do novo Astra à imprensa internacional em Portugal, o carro certo para o sítio certo, tendo em conta as estradas, o clima e a gastronomia, nas palavras de alguns responsáveis da marca alemã.

O Astra entra na 12ª geração (Astra L), pelas contas da Opel que incluem os Kadett, partilhando a plataforma EMP2 V3, que serve de base também à terceira geração do Peugeot 308. Uma decisão inevitável, tendo em conta as lógicas dos grandes grupos. Mas que não deixou de gerar algum atrito: um carro alemão com mecânica francesa?…

Por fora, nada em comum

Era a ocasião ideal para confrontar os dois novos modelos num primeiro comparativo. O meu objetivo não era tanto aferir as credenciais comerciais de cada um, contabilizando preços e listas de equipamento para ver qual o melhor negócio.

O que eu queria saber era se os estilistas e engenheiros envolvidos em ambos os projetos tinham conseguido diferenciar os dois modelos o suficiente. E só tinham três áreas para o fazer: o estilo, o habitáculo e a dinâmica. Por isso, vamos por partes.

No estilo, é óbvio!

Não preciso de grandes descrições para dizer o óbvio, que está à vista de toda a gente: entre o 308 e o Astra, não há uma linha de carroçaria em comum e nem consegui descortinar nenhum componente da “pele” exterior igual nos dois modelos.

O 308 é uma evolução do modelo anterior, a Peugeot está a trabalhar na consolidação estética dos seus modelos, sem revoluções, talvez com o objetivo de, um dia, ter também o seu Golf.

Desenho mais ousado no Astra

Na Opel, há uma evocação do passado com a frente negra a que chamam Vizor, mas só quem se lembra do primeiro Opel Manta poderá perceber a ligação. De resto, o Astra tem muito mais vincos que superfícies arredondadas. Nisso, é o oposto do 308.

Lado a lado, o Astra parece um carro dez anos mais novo que o 308, muito mais ousado. A Opel está à procura da sua nova identidade, arrisca mais, e parece ir no bom caminho.

Por dentro, tudo muda

O aspeto exterior mais convencional do 308 tem paralelo no habitáculo. Mas aqui a vantagem vai para o Peugeot. A perceção de qualidade dos materiais é melhor no 308 que no Astra e ambos estão aqui nas versões de equipamento mais altas, GT, no 308 e Ultimate, no Astra.

No 308 há atalhos sob o ecrã tátil central, que são também táteis; no Astra, esses botões são de plástico mas incluem os acessos diretos à climatização. O tablier e topos das portas são forrados a material macio, nos dois. Mas o aspeto é mais requintado no 308, tal como na consola e nos próprios bancos.

O painel de instrumentos 3D do 308 é bem mais moderno que o 2D do Astra e também tem uma leitura mais fácil. No Astra, quase parece estar a olhar para uma folha de Excel.

A “questão” do volante

Só que, no 308 o painel tem que ser lido sobre o volante de pequenas dimensões, que o tapa, para algumas estaturas e posições de condução. Eu sou um desses casos, por isso o tenho que guiar com o volante mais baixo do que gosto.

Nada disso acontece no Astra, que tem um volante e painel convencionais, o que torna tudo mais natural. Para mim, e só por isso, a posição de condução do Opel é melhor. Além disso, o carro alemão (é feito na fábrica de Rüsselsheim) tem um bom “head up display” coisa que o 308 não pode ter.

Ecrã tátil central o Astra é mais convencionalEcrã tátil do 308 é mais moderno

Nos dois casos, os bancos da frente com certificado AGR são confortáveis e com bom apoio lateral e lombar. O espaço na frente é semelhante e suficiente, tal como na segunda fila, onde dois passageiros viajam muito melhor que três, sobretudo pela largura pouco generosa.

Entrei e sai dos lugares de trás várias vezes e não me parece que haja grandes diferenças em termos de acesso. Uma coisa é certa, as portas de trás não são nem as mais compridas, nem as mais altas do segmento.

Quanto à mala, não esperava grandes diferenças nos valores anunciados. E não as encontrei: 361 litros, para o 308 e 352 litros, para o Astra. Notando que ambas as versões comparadas são as Hybrid “plug-in”, portanto com a bateria sob o banco e sob o piso da mala a roubar um pouco de volume.

Na estrada, as diferenças são maiores

E vamos para a estrada! Um acidente na preparação do 308 que a Peugeot me ia ceder impediu que tivesse exatamente a mesma motorização para este comparativo. Assim, este Astra tem o Hybrid “plug-in” de 180 cv e o 308 o sistema de 225 cv.

Frente um pouco mais precisa, no Astra
Boa aderência e tração no 308

Para a finalidade deste comparativo, isso não se revelou demasiado importante. Arranque em modo elétrico nos dois, depois de ter que lidar com o mesmo “interruptor” pequeno e lento da caixa de velocidades. Para mim, é sempre fonte de alguma irritação…

O motor elétrico, a caixa de velocidades e a bateria são idênticos em ambas as versões, por isso o desempenho no modo elétrico é igualmente suave, silencioso mas decidido. A resposta ao acelerador é muito boa na cidade.

Os consumos e autonomia do 308

No Peugeot, consegui uma autonomia em modo elétrico de 51 km em cidade, até a bateria marcar 0%, no Astra ainda não tive ocasião para fazer testes de consumos. Não espero grandes diferenças.

Com a bateria a zero, o 308 gasta 6,5 l/100 km, em cidade e 6,2 l/100 km, em autoestrada. O que são valores muito bons e que mostram como o sistema híbrido regenera bem, sobretudo quando se seleciona a posição “B”.

Astra rompe com o estilo do passado

Contudo, em ambos os casos, o pedal de travão podia ser um pouco mais progressivo, em condução citadina.

A direção do 308 está muito bem calibrada em termos de rapidez e assistência, a Peugeot já trabalha há muito tempo com os volantes pequenos e soube compensar bem o seu inerente excesso de nervosismo. No Astra, os movimentos ao volante são um pouco mais amplos, mas o tato da direção é também muito bom, em cidade.

308 mais confortável

A maior diferença que se nota em cidade e sobre pisos imperfeitos é o maior conforto da suspensão do Peugeot. Ambos têm os mesmos pneus: 225/40 R18, Michelin Primacy 4, por isso a diferença vem mesmo da suspensão.

308 tem estilo mais conservador

A Opel afina sempre os seus carros para serem “à prova de autoestradas alemãs” não só pela questão da maior estabilidade às velocidades legalmente mais altas. Mas, sobretudo, para darem uma maior sensação de segurança em mudanças de faixa bruscas.

Astra mais incisivo

Por isso, não foi com surpresa que as primeiras curvas feitas mais depressa me mostraram que o Astra tem um acerto de suspensão muito diferente do 308, apesar de partilharam a mesma geometria de suspensão: MacPherson, na frente e barra de torção, atrás.

Só que o acerto das molas, amortecdores e barras estabilizadoras do Astra é claramente mais firme. A frente é mais rápida e precisa a entrar em curva, a inclinação lateral em apoio é um pouco menor e até a agilidade da suspensão traseira é maior, quando se desacelera bruscamente com o carro já a curvar.

O 308 move-se mais em cima da suspensão, absorve melhor as irregularidades do piso, mas depois não é tão incisivo a curvar como o Astra. Guiado isoladamente, o 308 agrada exatamente pelo bom compromisso entre conforto, tranquilidade e rigor de trajetória.

Opel Astra contra Peugeot 308 (fotos de João Apolinário)

Mas quando se passa para o Astra, percebe-se logo a diferença. A condução é um pouco mais viva e ágil, desde que o piso seja muito bom. Nos pavimentos piores, perde em conforto, mas continua bem “agarrado” ao asfalto, não falta aderência por via da maior dureza da suspensão.

Quanto à diferença entre os sistemas híbridos de 180 cv e 225 cv, o que tenho a dizer é que, em condução normal ou até um pouco mais rápida, as diferenças são poucas. Só quando se muda do modo Normal para o Sport e se pede tudo ao motor é que se nota a maior força do sistema mais potente. Ainda assim, a diferença nos 0-100 km/h é de apenas 0,1 segundos a favor do sistema de 225 cv, que faz 7,6s.

Conclusão

Conclusão deste primeiro comparativo entre o 308 e o Astra? Os estrategas e os engenheiros da Stellantis souberam diferenciar bem o 308 do Astra, nas três áreas em que se lhes pedia isso: estilo, habitáculo e dinâmica. Dentro do possível, cada modelo tem a sua identidade. Qual o melhor, então? A resposta é difícil exatamente porque cada um ter as suas prioridades. O 308 é mais confortável e tem melhor habitáculo, o Astra tem um estilo mais inovador e dinâmica mais desportiva. Eu prefiro as prioridades da Opel, mas compreendo perfeitamente quem prefira as da Peugeot.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

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