Delta Integrale agora em versão elétrica

Loeb, 9 vezes campeão do mundo WRC, voltou ao World RX

A Special One Racing estreou os Delta Evo-e RX em Montalegre

Prontos para mais uma das pequenas corridas de cada evento

Potência máxima de 680 cv e tração às quatro rodas

A equipa Special One Racing em Montalegre

Os Delta mostraram ser competitivos na primeira prova do World RX 2023

Sem portas traseiras mas com enorme asa

Uma imagem que não se via em portugal há 30 anos

O som é de um elétrico, mas a equipa está a trabalhar nisso

Estrutura tubular assegura rigidez

Loeb não corria no World RX desde 2018

Carroçaria ainda mais larga que no original

Aceleração 0-100 km/h em 1,8 segundos, melhor que na F1

Partida para mais uma manga do evento de Montalegre

Painéis exteriores são em fibra de carbono

Um ícone do WRC está de volta, agora no World RX

Os corretores da pista portuguesa fazem o Delta voar

Martini está nas cores, mas não patrocina

Concept-car Pu+RA HPE antecipa futuros Lancia

9/6/2023. Enquanto a Lancia apresenta uma escultura e um “concept-car” que apontam para um futuro de modelos premium, um francês decidiu fazer voltar o Delta Integrale às competições, através do World RX, onde se usam veículos elétricos. O Delta com as cores da Martini foi um sucesso mediático instantâneo, enquanto isso, o “concept-car” voltou para o estúdio.

 

Desde os anos noventa, quando a Lancia abandonou o WRC e mandou o Delta Integrale para a reforma, que a direção da marca nunca mais teve um rumo bem definido.

Depois de ganhar 10 campeonatos de marcas, um recorde que ainda subsiste no WRC, os homens da Lancia acharam que o seguimento perfeito para esses sucessos nos ralis seria vender modelos de prestígio, tentando lutar com as marcas premium alemãs.

Um ícone do WRC está de volta, agora no World RX

Claro que o plano falhou, clamorosamente, como dizem os italianos. A partir daí, a erosão da marca não parou até que se retirou de todos os mercados menos o de Itália, onde continua a vender a última geração do Ypsilon, feita com base no Fiat 500.

Um novo plano

Agora, a marca iniciou um novo plano de comunicação e de produto, que foi lançado com uma bizarra escultura para antecipar o estilo dos futuros modelos da marca.

Mais recentemente, mostrou o “concept-car” Pu+Ra HPE derivado dessa escultura, com linhas no mínimo estranhas, mesmo se os seus autores dizem que foram inspiradas por modelos do passado da marca, citando até o Stratos.

Concept-car Pu+RA HPE antecipa futuros Lancia

A ideia parece ser preparar o mercado para acolher uma Lancia de prestígio (outra vez…) na era 100% elétrica, com carros de desenho fora do comum e, supostamente, posicionados nos segmentos mais caros.

Esta é uma estratégia com muito para andar até se lhe ver o resultado, uma vez que parte do zero. Na verdade, para quem conhece a história antiga da Lancia, será mais fácil encontrar aqui uma razão para esta via premium. Mas será que existem assim tantos estudiosos da indústria automóvel?

O entusiasta francês

Enquanto isto acontece, dizendo a Lancia que o regresso será feito em apenas alguns mercados selecionados, entre eles o português, o que não deixa de ser inesperado, um francês fanático de automóveis de competição lançou outro plano que já está em marcha.

A equipa Special One Racing em Montalegre

Guerlain Chicherit foi campeão de esqui e participa há muito em várias modalidades de desporto automóvel, tais como o Dakar ou o World RX, o campeonato do mundo de “rallycross”. Criou a sua própria equipa e participou em várias edições desta modalidade no passado, acumulando experiência.

Quando as regras do World RX passaram de motores a combustão para motores elétricos, em 2022, Chicherit decidiu fazer alguma coisa de diferente e foi buscar o antigo Lancia Delta HF Integrale dos anos 80 e 90 como base para o seu novo projeto.

Trazer o Delta para os World RX elétricos

A sua nova equipa, Special One Racing, tratou de pegar no antigo Delta e transformá-lo num RX1e, a classe rainha do World RX. A ideia era boa, mas havia um problema: o regulamento só aceita modelos com menos de cinco anos de idade e o Delta tem mais de 30 anos.

Sem portas traseiras mas com enorme asa

A solução foi pegar num Delta antigo, tirar o motor a combustão, instalar motores elétricos e uma bateria e homologar o “novo” modelo para ser vendido ao público. A lei francesa permite isso. Neste momento, só falta cumprir a outra parte do regulamento, que é vender pelo menos 50 unidades de estrada deste Delta elétrico.

Mais fácil na competição

Para a versão de competição, o trabalho era mais simples. A estrutura base do Delta pouco mais faz do que definir o estilo e algumas dimensões, pois existe uma estrutura tubular obrigatória que garante a rigidez e faz a ancoragem de todo o sistema elétrico e mecânico. Ainda assim, as dimensões reduzidas do Delta dificultaram a instalação de tudo isso.

Potência máxima de 680 cv e tração às quatro rodas

O estilo exterior, com alargamentos ainda maiores que no passado e uma enorme asa traseira, foi mais simples, pois todos os painéis são em fibra de carbono. Até a frente vertical, com faróis falsos e grelha sem cromados, mas com o símbolo da Lancia.

Elétricos com 680 cv

No World RX, todas as equipas usam o mesmo sistema de propulsão, fornecido pela empresa austríaca Kreisel. Trata-se de dois motores elétricos de 250 KW e 440 Nm, um por eixo, além de uma bateria de 52,56 kWh e de dois inversores. O software também é igual para todos.

O resultado são carros elétricos de tração às quatro rodas com 500 KW (680 cv) de potência máxima e 880 Nm de binário, pesando 1300 kg. A organização do World RX anuncia que a aceleração 0-100 km/h se faz em 1,8 segundos, mais rápido que um F1.

Aceleração 0-100 km/h em 1,8 segundos, melhor que na F1

Os elétricos são o ideal para a sucessão de corridas curtas que compõem um evento do World RX, que tem corridas na Europa, Ásia e África. Para lá do Delta EVO-e RX, os outros são versões eletrificadas dos modelos a gasolina que correram até 2021. A VW, com um Polo feito a partir dos antigos Polo WRC, mas agora com uma frente a lembrar o ID.3 tem dominado os acontecimentos.

Loeb e Martini

Para garantir que o seu plano tinha o máximo de alcance, Chicherit tomou mais duas decisões vitais: contratou o nove vezes campeão do mundo de ralis Sébastien Loeb (que correu no World RX entre 2016 e 2018) e mandou pintar os dois Delta com as cores da Martini, apesar de a marca de bebidas italiana não o patrocinar.

Loeb, 9 vezes campeão do mundo WRC, voltou ao World RX

Na primeira prova deste ano, na pista portuguesa de Montalegre, os Delta Evo-e RX ainda não ganharam, mas não andaram longe dos melhores. Contudo, o retorno mediático deste regresso dos “Lancia Martini”, foi estrondoso, sobretudo nas redes sociais.

Conclusão

De cada vez que é decidido um novo futuro para a Lancia, lá vem o “fantasma” do Delta Integrale mostrar que talvez esse não seja o melhor sentido. Apesar de ter deixado de ser fabricado há três décadas, o multi-campeão de ralis continua vivo nas memórias dos mais velhos e nos jogos de vídeo dos mais novos. Talvez a Stellantis, dona da Lancia, lhe devesse dar uma atenção especial.

Francisco Mota

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