A procura de SUV não para de subir, os compradores não querem outra coisa. Mas querem coisas diferentes. Os SUV-Coupé são a nova tendência, que a Audi segue com o Q3 Sportback. Saiba o que se ganha e o que se perde face ao Q3 “normal”.

 

Se está em casa, já com vontade de ir “dar uma volta de carro” tem aqui a oportunidade de o fazer, de forma virtual/digital, lendo mais “Um teste por dia”.

Hoje o teste é ao novo Audi Q3 Sportback, a versão coupé do SUV médio da marca “premium” do grupo Volkswagen.

Quando me dirigia para o importador da Audi, para levantar o exemplar do Q3 Sportback que iria testar, refletia sobre quais poderiam ser as vantagens que um SUV coupé face à versão “normal”.

O Q3, que testei aqui no Targa 67 (seguir este Link para ler o teste: Audi Q3: agora chegou a tua vez!) já um dos melhores SUV do seu segmento…

Nem de propósito, assim que cheguei, tinha o “meu” Q3 SB estacionado mesmo ao lado de um Q3 convencional. A oportunidade perfeita para comparar as carroçarias dos dois.

Na frente, o desenho das falsas entradas de ar nos extremos dos para-choques são maiores e a grelha principal é toda negra e com padrão “favo de mel” nesta versão S-Line do SB.

De lado, claro que se nota um tejadilho mais baixo (são quase 3,0 cm, diz a Audi) e uma zona vidrada mais esguia, sobretudo na zona das portas de trás. Os “ombros” sobre as rodas traseiras são mais pronunciados.

Vistos de trás, o vidro do SB é mais inclinado, como é lógico e também as “saídas” de ar do para-choques são diferentes. Tanto os faróis como os farolins são iguais.

O aspeto geral do SB é aquilo que estava à espera: mais desportivo, mais próximo de um coupé, mas continua a ser um SUV de cinco portas.

Por dentro pouco muda

Por dentro, o arranjo do tablier é semelhante, com o monitor tátil de 10,1” integrado na consola e o painel de instrumentos digital de 10,25”.

Não há um comando rotativo para o infotainment, como havia no passados dos MMI da Audi, mas os comandos da climatização estão separados e imediatamente acessíveis.

A qualidade está no topo do segmento, com bons materiais e montagem perfeita. Talvez o desenho do interior seja demasiado previsível, pouco ousado.

A posição de condução é muito boa, com excelentes bancos desportivos (opcionais) que dão conforto e apoio, com amplas regulações.

O volante tem uma pega ótima e resiste à tentação do fundo “cortado”. Mas a Audi continua a insistir numa terceira alavanca na coluna de direção, só para comandar o Cruise Control.

Coupé = menos espaço?

Na frente, sente-se a presença do tejadilho mais próximo da cabeça, mas nada se perde em habitabilidade. Nos lugares de trás, apenas a entrada e saída é mais baixa. O espaço interior continua mais do que suficiente.

A mala tem 530 litros, o mínimo anunciado também para o Q3 ”normal” e o banco traseiro desliza longitudinalmente em 130 mm. Vocação familiar não lhe falta, apesar do estilo coupé.

Motor 2.0 TDI desilude

Assim que se liga o 2.0 TDI surge a surpresa de um nível de ruído e aspereza mais alto do que noutras aplicações desta unidade.

No arranque e na condução em cidade, não lhe falta binário (340 Nm entre as 1750 e as 3000 rpm) o que, conjugado com a caixa S tronic de dupla embraiagem e sete mudanças, torna a progressão fácil, com as suas passagens suaves e impercetíveis.

Contudo, o motor exige que se carregue bem no acelerador, especialmente no modo de condução Efficiency.

Os outros modos são Comfort/Auto/Dynamic/Individual e até há um modo Off Road, apesar de esta versão ter apenas tração às rodas da frente.

Suspensão mais firme

Em mau piso, este Q3 SB mostrou alguma dureza, deixando passar solavancos para dentro do habitáculo.

A suspensão traseira até é independente, mas claramente foi-lhe dada uma atitude mais desportiva, para o diferenciar do Q3 convencional.

Experimentar todos os modos de condução não leva a grandes conclusões, pois as diferenças entre eles são pequenas, tanto mais que, nesta unidade, não estava presente o amortecimento ajustável.

Assim, o Efficiency torna o acelerador mais inerte, ao contrário do Dynamic. Mas a direção mantém sempre um peso certo, não fica demasiado pesada no modo mais desportivo.

Novo mild-hybrid é melhor

Em estrada, o 2.0 TDI mostra mais uma vez alguma rudeza, tanto em termos de ruído como de alguma falta de resposta nos primeiros milímetros do curso do acelerador.

Por casualidade, tinha testado o novo Audi A4 Avant, equipado com a nova geração deste motor, que foi profundamente melhorado e recebeu um sistema mild-hybrid, subindo aos 163 cv (pode ler o meu teste seguindo este link: Teste A4 Avant 2.0 TDI: semi-híbrido Audi é surpresa).

E a diferença é muito grande, não tanto em termos de prestações máximas, mas em suavidade de funcionamento e resposta a muito baixo regime. Está planeado que este motor chegue ao Q3 SB mais tarde.

Com 150 cv entre as 3500 e as 4000 rpm, este 2.0 TDI leva o Q3 SB aos 204 km/h e dos 0 aos 100 km/h em 9,6 segundos, o que está de acordo com o seu peso de 1655 kg. O consumo médio anunciado é de 6,6 l/100 km, mas os valores que registei foram diferentes.

Em cidade, não consegui melhor do que 9,0 l/100 km e em utilização mista, desceu 8,0 l/100 km.

Mais desportivo…

A postura mais desportiva do SB tem correlação na experiência de condução. A carroçaria move-se claramente menos que no Q3 convencional, sob forças laterais mais fortes.

O “set-up” da suspensão é mais firme e controlado, combinando com uma direção precisa para proporcionar mais envolvimento na condução mais rápida.

Os pneus Hankook S1 Evo SUV têm muito boa aderência, por isso a tração nunca é um problema, mesmo quando se atacam curvas mais fechadas.

A caixa S tronic de sete é “esperta” no seu modo “S” e muito obediente nas (curtas) patilhas fixas ao volante. Passagens rápidas e eficientes, sem espalhafato.

Contudo, em reduções durante travagens muito fortes, aconteceu por vezes serem feitas com alguma (inesperada) brusquidão.

Guiado mais depressa, em estradas que assim o “peçam” o Q3 SB é realmente mais divertido que o Q3 convencional, mais incisivo no ataque à trajetória.

Está também melhor controlado, depois de entrar em curva. Claro que chega a um ponto em que começa a subvirar, mas as saídas de frente são pouco amplas e de fácil remédio: basta aliviar o acelerador.

… mas sem exageros!

Quanto a provocar a traseira para a colocar a deslizar na entrada em curva, como se faz num bom tração à frente, o Q3 SB não se nega a fazer este “número”, mas em doses muito comedidas.

Exagerando o exercício, o ESP pura e simplesmente entre em modo “pânico-SUV” e “prega” o carro ao chão.

Conclusão

As medidas para o fazer cumprir as normas parece terem tirado alegria ao 2.0 TDI de 150 cv. A comparação com a nova geração deste motor, com 163 cv, é quase cruel.

A carroçaria Coupé não tira muito à versatilidade de utilização e acrescenta uma condução mais envolvente.

Melhor que o Q3 “normal”?… Para quem goste desta ideia de um SUV-Coupé com uma dinâmica mais desportiva, talvez seja uma boa opção, até porque a diferença de 2350 euros não será significativa para a decisão.

Francisco Mota

Potência: 150 cv

Preço: 54 150 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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