A renovada gama A4 trouxe uma nova geração do motor 2.0 TDI, revisto em muitos detalhes e com um eficiente sistema semi-híbrido. Uma boa surpresa.

 

Continuo com a minha “guerra” com as nomenclaturas da Audi: 35 TDI não quer dizer motor 3.5 litros Diesel, claro! É o segundo patamar de potência do 2.0 TDI, entre o 30 TDI e o 40 TDI. Neste caso, porque noutros motores quer dizer outras coisas. Porquê?…

Esquecendo este ínfimo detalhe, a gama A4 recebeu há poucos meses um “restyling” que já se fazia esperar. A grelha “single frame”, inspirada nos Auto Union dos anos trinta, continua, agora mais larga e maior.

Ao lado há faróis LED de novo desenho, tal como os farolins traseiros; os para-choques foram retocados e os guarda-lamas receberam uns entalhes que fazem lembrar os alargamentos dos Audi Quattro originais, os dos ralis dos anos oitenta.

Não é muita coisa, mas mais não era preciso: o A4, e em particular a carrinha Avant, continua a ser um dos mais elegantes no segmento dos executivos de prestígio.

A qualidade de sempre

Por dentro é a demonstração de qualidade de sempre, com materiais muito bons ou que, no mínimo, parecem muito bons.

A novidade é um monitor tátil central com 10,1” que dispensa o botão rotativo ou o “touchpad” na consola, libertando espaço para um porta-objetos.

Funciona bem: é fácil de ler, fácil de acertar com os botões virtuais e fácil de perceber a lógica dos menus.

Em alguns países pode estar ligado a infra-estruturas locais e a outros carros, através do princípio “car-2-X”.

Nesta unidade, o painel de instrumento era semi-virtual, mantendo os mostradores “físicos” e acrescentando um “display” digital ao meio. Não é preciso mais.

Nova evolução do 2.0 TDI

Muito boa posição de condução, com excelentes bancos desportivos, um opcional “obrigatório” ao contrário do volante, que é um pouco grande.
A caixa é uma “s tronic” que na Audi quer dizer dupla embraiagem, com sete relações.

O motor 2.0 TDI acorda para a vida com uma suavidade completamente diferente do passado. Há razões para isso, como é lógico.

Esta é na realidade uma nova evolução desta unidade, com bloco em alumínio (20 kg mais leve), dois veios de equilíbrio e redução sistemática dos atritos internos.

Há dois circuitos de arrefecimento separados, bielas forjadas em aço, uma cambota 2,8 kg mais leve, sensor de pressão nos cilindros e uma injeção “common rail” que agora chega aos 2 200 bar na pressão máxima.

A Audi não fez grande esforço para divulgar estas evoluções do seu 2.0 TDI, talvez porque deixou de estar na moda falar dos Diesel.

Semi-híbrido a 12 volt

Mas a maior novidade nem está aqui. O motor recebeu um sistema semi-híbrido que utiliza um motor/gerador no local habitual do alternador, comandado por correia ligada à cambota.

Consegue recuperar até 5 kW nas desacelerações/travagens, e tem uma pequena bateria de iões de Lítio de 10 Ah, colocada atrás.

Por estar exclusivamente acoplado à caixa de dupla embraiagem, este 35 TDI faz o “stop & start” mais cedo e mais suave.

E ainda consegue colocar o motor em ponto morto quando o condutor desacelera entre os 55 km/h e os 160 km/h, fazendo uma “bolina” perfeita.

Tudo isto com um sistema de apenas 12 volt, nem precisa de arquitetura de 48 volt, ao contrário de outros semi-híbridos. A Audi anuncia uma descida de 0,3 l/100 km nos consumos.

Sente-se, mal se liga

Na verdade, basta ligar o motor 2.0 TDI para lhe perceber o enorme progresso. Não há vibrações e dificilmente se ouve o ruído típico do Diesel.

E nem acelerando, para o levar até ao “red-line”, o som sobe a níveis e a tons desagradáveis.

Em cidade, o casamento entre o Diesel, semi-híbrido e caixa de dupla embraiagem é perfeito.

A resposta a baixo regime é francamente boa, percebendo-se perfeitamente o contributo da parte elétrica.

A caixa não faz reduções por tudo e por nada, acredita no binário do motor elétrico e o A4 avança sem solavancos.

Este desempenho é ainda mais notório escolhendo o modo de condução Efficiency, que, no meu teste, resultou num consumo combinado de 5,2 l/100 km.

A bateria é muito rápida a carregar, pois o efeito elétrico está presente sempre que se acelera, tornando a condução em cidade particularmente suave e fácil.

A caixa de dupla embraiagem consegue lidar bem com as manobras a baixa velocidade sem soluços e mostra-se obediente e rápida, numa condução mais desportiva.

Suspensão Sport não “estraga” conforto

A suspensão da unidade que testei era a versão Sport, com molas 20 mm mais baixas. Também há a opção do amortecimento ajustável, mas esta suspensão Sport convencional está longe de ser desconfortável, mesmo nos maus pisos.

Com 163 cv, 320 Nm e aceleração 0-100 km/h anunciada em 8,5 segundos, esta A4 Avant 35 TDI não desdenha uma condução mais rápida, em estradas com mais curvas.

A atitude é muito neutra, mesmo quando se abusa um pouco. Com a frente a resistir bem à sub-viragem e a traseira a deslizar apenas ligeiramente, quando provocada.

O ESP, quando entra, é de forma suave a para ajudar, não para recriminar.

agilidade e rapidez de reflexos mais que suficiente para entreter os condutores mais entusiastas, com o modo de condução Sport a tornar o acelerador mais sensível a direção mais pesada.

Também se pode escolher entre os modos D ou S na caixa, ou usar as patilhas no volante.

Em autoestrada, o trabalho é mais do 2.0 TDI, que se mostra sempre refinado, potente e poupado. E bem mais silencioso que no passado.

Conclusão

A Audi mostra como é possível fazer um semi-híbrido competente, mesmo com arquitetura de 12 volt. Mostra também o nível de refinamento e sofisticação a que chegaram os seus motores Diesel. Infelizmente, é possível que tudo isto chegue tarde, num mercado que agora só pensa em híbridos “plug-in”.

Potência: 163 cv

Preço: 51 739 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

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