O primeiro Suzuki Vitara, de 1988, chegou a ser o carro da moda, quando ainda não tinham sido inventados os SUV. Trinta anos depois, a atual quarta geração é muito diferente e acabou de receber alguns melhoramentos.
No final dos anos oitenta, a Suzuki acertou num desejo de parte do mercado, o de ter um pequeno todo-o-terreno capaz de ser tão fácil de usar na cidade como nas serras. Tinha tudo o que havia num verdadeiro TT daquela época, desde chassis de longarinas e travessas, eixo rígido atrás e até redutoras. Era fácil de guiar, não era caro, tinha uma posição de condução mais alta do que os carros normais e não tinha rivais diretos. Foi um sucesso, que durou dez anos.

Depois, começou a mudar

O seu sucessor, o Grand Vitara de 1998, não era pior, mas entretanto já começava a aparecer outro tipo de concorrentes no mercado e, em 2005, a Suzuki desistiu do chassis separado e do eixo rígido. Para a terceira geração, ainda assim manteve uma estrutura suplementar para garantir a rigidez. Em 2015, já tinha percebido que nada disso era preciso, que o mais importante era fazer um pequeno SUV para um segmento que continua a crescer desenfreadamente, até hoje.

Desistiu do motor 1.6 Diesel de origem FCA e substituiu-o pelo 1.0 Boosterjet de 111 cv, a gasolina

Esta quarta geração levou agora um “restyling” que seguiu os passos habituais: novas cores, novas jantes, novos pára-choques, nova grelha e farolins de LED. Depois acrescentou um (bem vindo) tablier com a parte superior em plástico macio, novas cores, novo painel de instrumentos e uma lista de ajudas à condução para o pôr ao nível da melhor concorrência, ou até acima. Para rematar, desistiu do motor 1.6 Diesel de origem FCA e substituiu-o pelo 1.0 Boosterjet de 111 cv, a gasolina, para fazer companhia ao 1.4 Boosterjet de 140 cv, que já tinha.

Vitara em Espanha

Foi o pretexto para o ir testar em estradas espanholas, perto de Madrid, com um percurso que tinha de tudo, em doses comedidas: autoestrada, estradas secundárias e até um trajeto em fora de estrada.
Em apenas 4,18 metros de comprimento, a Suzuki consegue encaixar um habitáculo com espaço para quatro adultos e acesso fácil, além de uma bagageira com 375 litros, só falta o banco traseiro deslizar.

Basta agarrar no volante para perceber que, quem fez o Vitara, sabe de carros. A posição de condução é muito boa, a visibilidade também e o novo interior realmente melhorou, apesar do monitor tátil central não ser dos mais fáceis de usar, mas isso é comum a outros Suzuki. O motor 1.0 turbo de injeção direta de gasolina tem uma resposta aceitável no arranque, mas prefere andar acima das 1900 rpm. A caixa manual de cinco velocidades é muito fácil de usar e ajuda a manter o motor no ponto certo.

A suspensão e as jantes de 17” conseguem um nível de conforto muito bom, sem que o Vitara perca eficácia em curva. Apesar do aspeto SUV, a sensação ao volante é a de estar a guiar um carro com o centro de gravidade mais baixo, que controla bem a inclinação lateral em curva, tem boa precisão direcional e agilidade.

A raridade do 4×4

A unidade que guiei tinha quatro rodas motrizes, uma opção que custa 2500 euros e que é uma raridade no segmento. Usa uma embraiagem multidiscos central com vários modos de funcionamento, que o condutor pode escolher. Em “Auto”, usa apenas a tração à frente, para poupar consumos; em “Snow”, chama a tração atrás se necessário e em “Sport” torna o acelerador mais sensível. O truque está no botão “Lock” que bloqueia a embraiagem para dar 50% de binário a cada eixo.

Foi com o “Snow” e “Lock” ligados que me fiz à pista de todo-o-terreno, com a terra transformada em lama e o Vitara a progredir sem a mais pequena hesitação. Mesmo nas subidas mais íngremes, o motor não mostrou fraquezas e a caixa ajudou-o bem. Uma descida mais prolongada serviu para ver o HDC a funcionar, travando as rodas sozinho de forma suave e controlada. Depois, duas passagens de cursos de água, que, na verdade, nem davam pelo meio das rodas, mas tinham pedras no fundo para testar a tração, que não se mostrou preocupada.

Os 185 mm de altura ao solo não são brilhantes, mas são o suficiente para fazer um todo-o-terreno ligeiro, num terreno onde, desconfio, um carro sem tração às quatro rodas teria alguma dificuldade.

Conclusão

Como concorrente do Nissan Juke, o Suzuki Vitara não exibe o mesmo espetáculo estilístico, a sua aparência é mais discreta, mas consegue ser bom de guiar no asfalto, competente na lama e com um motor 1.0 turbo a gasolina que chega para as encomendas. Já não é o Vitara de antigamente, mas ainda bem. É muito mais civilizado e fácil de guiar. Não é dos mais baratos do segmento, mas o tamanho da lista de equipamento dá uma explicação para isso.
Potência: 111 cv
Preço: 22 090 euros
Veredicto: 4 estrelas