PEUGEOT 508 SW, Portugal 19 de Novembro de 2018, Photo: Paulo Maria / INTERSLIDE / Peugeot Portugal

A Peugeot resolveu fazer a apresentação internacional da sua nova carrinha 508 SW em Cascais. Teve sorte com o tempo, pelo menos no dia em que a fui lá testar em primeira mão mundial e descobrir se tem o que é preciso para bater a sua rival declarada, a alemã VW Passat Variant. Será que tem?…

Bom tempo, boas estradas e paisagens fantásticas, foi isto que atraiu a Peugeot a Cascais, para mostrar a nova 508 SW à imprensa internacional. O primeiro dia foi reservado aos membros do júri do Car Of The Year (COTY) e eu não podia faltar, na minha qualidade de um dos dois jurados portugueses.

O primeiro impacte

À minha espera, num dos melhores hotéis da Quinta da Marinha estava uma frota de 508 SW, com as cores discretas que lhe ficam melhor. Há aqui muita influência do 3008, sobretudo na zona dos farolins traseiros, mas o aspeto global tem imensa personalidade, fazendo virar cabeças quando a guiei nas estradas nacionais. A julgar pela reação das pessoas, está aprovada!

O habitáculo é semelhante ao da versão berlina, que também tem cinco portas, mas a altura nos lugares traseiros é maior, devido ao tejadilho menos inclinado, o que também facilita o acesso. A mala tem 530 litros, a mesma capacidade do modelo anterior, porque os compradores não era disso que se queixavam. Falta-lhe um local para guardar a chapeleira, sob o piso, quando se retira. Mas a qualidade melhorou imenso e a ergonomia nem se fala, lá estando o minúsculo volante da marca, que é um dos meus ódios de estimação, mas que, pelo menos, deixou de tapar a base do painel de instrumentos, que é suposto ver por cima do aro e que torna o Head-Up Display redundante. O painel é digital, configurável e até tem visão noturna, como pude comprovar após o sol se pôr.

Ao entrar para o banco do condutor percebe-se de imediato que a posição de condução é bastante baixa

O monitor central tem teclas de piano que servem de atalhos para aceder aos menus do sistema de infotainment e funcionam bem. A alavanca elétrica da caixa de velocidades automática de oito também tem a ergonomia acertada, mas as patilhas fixas à coluna de direção são muito curtas, como sempre na PSA. Ao entrar para o banco do condutor percebe-se de imediato que a posição de condução é bastante baixa, uma das razões que levou a montar vidros laterais sem aros superiores, um risco, em termos de ruídos aerodinâmicos em autoestrada. Que confirmei.

Segredos do projeto

À conversa com o chefe de projeto da 508 SW, fiquei a saber que há apenas 200 peças diferente entre a carrinha e o carro, a distância entre-eixos não aumentou e até a parte inferior da tampa da mala é a mesma. Mas a geometria da carrinha é 80% diferente da berlina, em termos de monobloco. A necessidade de reforçar a zona traseira levou a que a rigidez estrutural da carrinha seja superior à da berlina, o que é muito invulgar. De resto, o mesmo engenheiro confessou-me que a grande dificuldade do projeto industrial da SW foi manter a integridade estrutural, pois os painéis laterais são as maiores peças estampadas que a PSA fabrica. Uma curiosidade: encontrar espaço no tejadilho para os pontos de fixação da rede de separação da mala/habitáculo, foi um verdadeiro quebra-cabeças, devido ao tejadilho ser tão baixo.

A 508 SW mais vendida

Para este primeiro breve contacto escolhi aquela que vai ser a versão dominante no mercado português, a 1.5 BlueHDI 130, que deverá ser a escolhida por 80% dos compradores. Com a caixa automática a ajudar, o motor mostrou-se apto a carregar os 50 kg extra da SW sem grande esforço, mas o ruído típico do Diesel está bem presente. A caixa automática é rápida e suave, sendo um opcional que vale 2000€ e que aconselho vivamente.

A direção tem a habitual rapidez dos Peugeot mais recentes, obrigando a alguma habituação ao volante tão pequeno. Mas é precisa, quando se lhe ganha o hábito. A suspensão funciona muito bem em piso perfeito, com a SW a mostrar uma atitude muito neutra em curva. A gama 508 e o DS7 são os únicos modelos feitos com base na plataforma EMP2 a usar suspensão traseira multibraço e isso faz diferença. Contudo, talvez pela dimensão exagerada das jantes (no caso da unidade ensaiada eram de 18″) o conforto em mau piso não é perfeito, sentindo-se demasiadas “pancadas” no habitáculo.

Conclusão

Resposta à questão inicial? Se a 508 SW tem argumentos para arrasar com a Passat Variant? Do ponto de vista do estilo exterior e do ambiente interior, considerando a inovação, sem dúvida que sim. Na mecânica, o jogo empata, mas no espaço disponível a VW continua a liderar. Resta saber o que mais interessa aos clientes deste segmento que promete renascer, à custa do cansaço que os SUV começam a provocar em alguns clientes. Por mim, mais facilmente comprava um 508 SW do que uma Passat Variant.

Potência: 130 cv

Preço: 36 200€

Veredicto: 4 estrelas

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