VW Multivan eHybrid (fotos de João Apolinário)

Quase cinco metros de comprimento

Sétima geração da Multivan

Nova frente da Multivan

Versão híbrida "Plug-In" de 218 cv

Jantes de 18" não degradam o conforto

Qualidade não anda muito longe de um Golf

Alavanca da caixa à esquerda do ecrã tátil

Duplo porta-luvas nas bolsas das portas

Porta-copos dianteiro escamoteável

Mini caixotes de lixo nas bolsas das portas

Posição de condução alta mas confortável

Mesas tipo avião para a segunda fila

Portas laterais de correr são elétricas

Configuração 2-2-3 para os sete lugares

Fila do meio com dois lugares e imenso espaço

Muito fácil acesso à terceira fila

Bancos individuais podem assumir diversas configurações

Sob os bancos há espaços de arrumação escondidos

Mala tem 380 litros com sete lugares em uso

Dinâmica segura e tranquila

Condução não anda muito longe de um ligeiro

Conforto não é perfeito em mau piso

Na sétima geração do seu furgão de passageiros, a VW propõe com a Multivan um veículo cada vez mais próximo de um ligeiro de passageiros, mas que não perdeu o imenso espaço interior. É o verdadeiro “pão de forma” dos tempos modernos. Teste TARGA 67 em formato XL.

 

A VW anuncia o furgão elétrico ID. Buzz como o “pão de forma” dos nossos dias, mas os conceitos de liberdade de movimentos ficam seriamente em causa pela autonomia e, mais ainda, pelas preocupações com o carregamento da bateria: onde e quanto tempo?

Sétima geração da Multivan

Mas não é preciso sair da marca para encontrar o verdadeiro sucessor do icónico Type 2 lançado em 1949. A sétima geração do furgão que a certa altura da sua carreira se passou a chamar Multivan, é isso mesmo: um furgão de passageiros sem as preocupações de um carro elétrico e com a versatilidade de interiores que o ID. Buzz (ainda) não tem.

Plataforma MQB

Feita com base na plataforma MQB, a mesma do Golf mas numa configuração muito maior, com 3,12 metros de distância entre-eixos e 4,98 metros de comprimento (há uma versão longa com 5,17 metros) a Multivan nunca esteve tão perto de um ligeiro de passageiros.

VW Multivan eHybrid (fotos de João Apolinário)

Face à geração anterior, a estrutura aumentou a rigidez torcional em 50% e diminuiu o peso do chamado “body-in-white”, ou seja, da carroçaria nua, antes de receber todos os componentes. A aerodinâmica melhorou de um Cx de 0,35 para 0,30.

Quase cinco metros de comprimento

Na verdade, depois do fim dos monovolumes, a Multivan T7 (não é o nome oficial, porque a Volvo detém os direitos de T7) acaba por ser o mais próximo que se pode comparar com os práticos MPV, que os SUV deitaram abaixo.

Agora em “plug-in”

É a primeira vez que a Multivan tem uma versão híbrida “plug-in” que usa o mesmo sistema de outros modelos da marca, ou seja, um motor a gasolina de quatro cilindros, 1.4 turbo de 150 cv acoplado a um motor/gerador elétrico de 116 cv e uma caixa de dupla embraiagem e seis relações.

Qualidade não anda muito longe de um Golf

A bateria tem 13 kWh de capacidade e pode ser recarregada a 2,3 kW AC (5h00) ou a um máximo de 3,6 kW AC (3h40) e a VW anuncia uma autonomia em modo elétrico, circulando em cidade, de 50 km. Já veremos se é assim.

Muito espaço

Para quem nunca tenha entrado num veículo deste segmento, vai certamente admirar o espaço interior, perfeito para uma família grande e não só porque tem sete lugares de série. Todos bancos individuais, que deslizam em calhas e se podem retirar.

Posição de condução alta mas confortável

A entrada para as duas filas de trás faz-se por duas portas deslizantes elétricas, de funcionamento muito suave e silencioso e dando acesso a uma abertura que facilita imenso o acesso à terceira fila, através de um prático degrau.

Configuração 2-2-3 para os sete lugares

Todos os bancos são confortáveis e espaçosos. E claro que não falta espaço em nenhuma direção, é quase como estar sentado na sala lá de casa e nem é difícil passar de uma fila para a outra.

Sete lugares

Com os sete lugares em utilização, numa configuração 2-2-3, a mala fica apenas com 380 litros, para pode puxar-se a terceira fila para diante e aumentar a capacidade. Ou então retirar alguns bancos para fora, mas não é fácil, porque não são leves. A tampa da mala é elétrica, mas enorme: não se consegue abrir em qualquer espaço de estacionamento.

Mala tem 380 litros com sete lugares em uso

Em geral, a qualidade dos materiais do habitáculo está em bom nível, não tão bom como um Golf, como seria de esperar, mas com acabamentos de bom efeito e montagem sem falhas.

Condução alta

A posição de condução é alta, mas não muito mais do que num SUV do mesmo tamanho e até desceu 7,0 cm, face à geração anterior. O condutor vai sentado com as pernas próximo da vertical, mas o banco é confortável, mesmo tendo pouco apoio lateral. O que tem é apoios de barços rebatíveis dos dois lados. No da esquerda, é fácil deixar o cinto de segurança preso.

Portas laterais de correr são elétricas

Tanto o painel de instrumentos digital como o ecrã tátil central são comuns a outros produtos do grupo. Por isso, o segundo merece as críticas de sempre: pouco intuitivo e com botões em rodapé sem iluminação à noite.

Alavanca da caixa à esquerda do ecrã tátil

O volante não está demasiado inclinado e a alavanca da caixa está no tablier, ao lado do ecrã tátil, pedindo alguma habituação. A visibilidade é muito boa em todas as direções, pois a linha de cintura não é alta, mas é preciso atenção às dimensões, pois a altura chega aos 1,90 metros e a largura aos 1,94 metros.

Modos de propulsão

Não há modos de condução para o condutor escolher, além do modo de maior regeneração “B” que não é exagerado. Mas há modos de propulsão: elétrico, híbrido, guardar energia da bateria e carregar bateria em andamento.

Sob os bancos há espaços de arrumação escondidos

Comecei o meu teste em cidade em modo elétrico, com a Multivan a arrancar com enorme suavidade e silêncio. Os 330 Nm de binário máximo elétrico no arranque, transmitidos às rodas da frente, fazem esquecer os 2280 kg de peso desta versão. Há sempre força para acompanhar ou mesmo superar a velocidade média do trânsito.

Quase como um carro de passageiros

A direção nada tem a ver com a de um furgão tradicional, sendo muito bem assistida, com bom tato e bem desmultiplicada. Até tem um raio de viragem relativamente curto, o que facilita muito as manobras. Mas o pedal de travão mostrou-se pouco progressivo na transição da travagem regenerativa para a travagem por fricção.

Jantes de 18″ não degradam o conforto

As dimensões da Multivan podem intimidar um pouco no início, sendo verdade que não passa por todos os becos e vielas. Mas as formas da carroçaria permitem calcular com facilidade onde está cada extremo e isso torna tudo mais fácil. Se bem que os pilares duplos dianteiros podem estorvar um pouco.

Condução não anda muito longe de um ligeiro

Em cidade, quando o piso não é perfeito, a suspensão reclama um pouco mais do que estava à espera, com solavancos a denunciar uma taragem firme, necessária para manter o peso sob controlo em todas as situações, incluindo quando é guiada nas autoestradas alemãs à velocidade máxima de 190 km/h.

Consumos

O meu teste em modo elétrico, circulando em cidade, resultou numa autonomia de 44 km, um pouco abaixo do anunciado. A seguir continuei com a bateria a marcar 0%, para fazer o teste de consumos de gasolina nesta situação e obtive um valor de 6,2 l/100 km. Muito bom, tendo em conta o peso e mostrando que o sistema híbrido regenera com alta eficiência.

Dinâmica segura e tranquila

O imaginário do “pão de forma” está ligado às longas viagens, que nesta Multivan se podem fazer com muito conforto. Em autoestrada, a suspensão mantém a carroçaria muito bem controlada, absorvendo as eventuais ondulações do piso sem incomodar os ocupantes.

Autonomia reduzida

O ruído do motor a gasolina está bem insonorizado e apenas se nota alguma coisa proveniente dos pneus Michelin Primacy 4, aqui com medida 235/50 R18.

Continuando com a bateria a marcar 0%, o meu teste de consumos em autoestrada, rolando a 120 km/h estabilizados e com A/C desligado, foi de 8,9 l/100 km. Um valor que continua bastante aceitável, mas que se traduz numa autonomia de 505 km, pois o depósito de gasolina é de apenas 45 litros.

Versão híbrida “Plug-In” de 218 cv

Para o teste ficar completo, só faltava levar a Multivan para uma estrada secundária, para descobrir como seria a dinâmica de um veículo deste tipo. A aceleração 0-100 km/h anunciada em 11,6 segundos dá uma ideia do que esperar.

Dinâmica tranquila

Os 213 cv combinados do sistema híbrido são suficientes para guiar a um ritmo vivo e até vale a pena explorar os limites do conta-rotações. Também neste exercício a direção agradou pela precisão e pela maneira como coloca a frente no sítio certo, sem instabilizar minimamente a massa.

De curva para curva, sente-se mais agilidade do que se poderia esperar, mas em curvas mais apertadas, a roda interior pode patinar e ter que chamar o ESC para restabelecer a tração. Há patilhas (muito curtas) no volante, que comandam a caixa com suficiente rapidez, suavidade e obediência e são úteis nas descidas, para aumentar a confiança.

Conforto não é perfeito em mau piso

O sistema híbrido consegue manter o nível de intervenção da parte elétrica com facilidade, portanto sem perda de prestações quando se aumenta o ritmo durante algum tempo seguido. Claro que a afinação da suspensão foi feita a pensar na estabilidade da traseira, que não se move, nem quando provocada. Melhor assim.

Conclusão

Para quem tem uma família grande e precisa de espaço, esta Multivan é capaz de fazer o serviço de transporte diário e em viagem com muito espaço e conforto suficiente. Mas convém não viver num bairro histórico, para não ter que lidar com as dimensões todos os dias.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

VW Multivan 1.4 eHybrid

Potência: 218 cv

Preço: 46 468 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

 

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Teste – VW ID.Buzz: Parece um “pão de forma” só que elétrico