Opel Astra GSe (fotos de João Apolinário)

Grelha Vizor com símbolo negro

Estilo muito original na atual gama Astra

Suspensão mais baixa beneficia visual GSe

Carroçaria pintada em duas cores

Sigla dos anos 1970 foi reinterpretada

Para-choques foram redesenhados

Esta versão merecia pneus mais desportivos

Astra usa plataforma EMP2 V3

Boa qualidade de materiais, para o segmento

Painel de instrumentos digital é fácil de ler

Ecrã tátil não está bem organizado

Gatilho da caixa é difícil de usar

Decorações interiores não faltam

Motor 1.6 turbo junta-se a motor/gerador elétrico

Mala perdeu volume com a bateria híbrida

Espaço atrás é razoável para dois adultos

Muito bons os bancos da frente

Subviragem surge relativamente cedo

Condução é muito eficiente, mas não muito envolvente

Traseira não promove rotação do GSe em curva

A eletrificação não deixa para trás conceitos que fizeram sucesso no passado, como é o caso do Opel Astra GSe. Um “GTI” que recupera uma sigla antiga, dando-lhe novo significado com uma motorização híbrida “plug-in”. Descubra se a ideia resulta, em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Talvez poucos se lembrem, mas também é para isso que serve a Internet: a sigla GS/E ou GSE foi usada pela Opel nas décadas de 1970 e 1980 para identificar versões desportivas de modelos da sua gama. Foi o caso do Commodore e do Monza. Na altura, o E significava “Einspritzung”, ou seja, injeção de gasolina, uma nova tecnologia numa altura em que os carburadores ainda reinavam.

Suspensão mais baixa beneficia visual GSe

A Opel não tem sido muito dada a nostalgias, como se tem visto pelo estilo vanguardista e original dos seus mais recentes modelos. Uma atitude elogiável, contrastando com outras marcas que se encostam ao passado, em modelos que se limitam a reinterpretar velhas memórias.

Regenerar a sigla

O novo Astra é um exemplo de como alguns estilistas não têm medo de olhar para o futuro, em vez de ficarem presos ao passado. Mas talvez os seus colegas do marketing não sejam tão ousados. Pelo menos é isso que se pode concluir da recuperação da sigla GSe, com uma grafia diferente e novo significado para a letra “e”, que agora quer dizer “electric”.

Sigla dos anos 1970 foi reinterpretada

A ideia é juntar o cariz desportivo dos GS/E do passado a uma motorização híbrida “plug-in” para conceber aquilo que se pode chamar um “GTI” na era dos PHEV. Outras marcas já o tentaram, desde logo a própria VW, com o Golf GTE.

No caso da Opel, a parte mais fácil foi definir a motorização, bastando ir ao “armazém” da Stellantis e escolher o PHEV de 225 cv, que equipa uma série de modelos das marcas do grupo.

O que mudou

Um motor 1.6 de quatro cilindros, turbocomprimido com 181 cv e 250 Nm, a que se junta um motor/gerador elétrico de 110 cv e 320 Nm, colocado dentro da caixa automática de oito relações. À potência máxima combinada de 225 cv, juntam-se os 360 Nm de binário máximo.

Motor 1.6 turbo junta-se a motor/gerador elétrico

Para fazer do GSe um compacto desportivo digno do nome, a Opel fez mais algumas modificações, face aos outros Astra. A suspensão recebeu molas 11% mais rígidas e 10 mm mais baixas, os amortecedores são uns Koni FSD, sensíveis à frequência, a direção é 9% mais direta e o ESC é mais liberal.

Quanto ao estilo, os para-choques e jantes têm desenho exclusivo e no interior há uns novos bancos desportivos, com certificado AGR e revestidos, em parte, com Alcantara. A decoração usa e abusa do novo símbolo GSe, por fora e por dentro.

Por dentro, quase igual

Assim que me sentei ao volante, percebi as vantagens destes bancos, que juntam conforto a bom suporte lateral, tendo ainda um visual apelativo, com encosto de cabeça integrado. O volante de três braços tem uma pega anatómica, está bem posicionado e tem ajustes amplos.

Boa qualidade de materiais, para o segmento

O comando da caixa é o habitual gatilho minúsculo encastrado na consola, pouco prático nas manobras e lento a responder; ao lado tem os botões para a posição “P” da caixa e a função “B” de maior regeneração nas desacelerações. Há duas patilhas no volante, para comando manual, também demasiado pequenas.

O painel de instrumentos digital não está sobrecarregado de informação e está integrado na mesma peça que inclui o ecrã tátil central, com uma organização que não é muito intuitiva e com apenas dois botões físicos em rodapé, que não ajudam muito.

Os modos necessários

De elogiar, a colocação do módulo da climatização fora do infotainment, mas, para ver o que se está a ajustar, tem que se olhar para um minúsculo friso no topo do ecrã. Na consola, há porta-objetos mais que suficientes.

Muito bons os bancos da frente

O espaço nos lugares da segunda fila é suficiente para dois adultos, mas o piso é alto e as coxas vão mal apoiadas. Devido à presença da bateria híbrida, a capacidade da mala desce de 422 para 352 litros.

Há três modos de condução: Híbrido/Sport/EV, além da função “B” já referida e ainda um modo “Save”, que mantém a carga da bateria, para usar mais tarde e um modo “Charge”, que carrega a bateria em andamento.

Autonomia EV

Comecei pelo modo 100% elétrico EV e com a bateria totalmente carregada, ligando também a função “B”, que está bem calibrada, fazendo a retenção certa. A resposta do motor elétrico é mais do que suficiente para condução em cidade, com o binário máximo disponível no arranque a permitir boa agilidade no trânsito.

Painel de instrumentos digital é fácil de ler

Mesmo em vias rápidas, o modo EV é competente, pois consegue levar o Astra sem ajuda do motor a gasolina até uma velocidade de 133 km/h. No meu habitual teste de consumos em cidade, com A/C desligado e em modo 100% elétrico, a carga da bateria de 12,4 kWh (9,9 kWh úteis) chegou para percorrer 51 km.

Consumos em modo híbrido

A partir daqui, o modo híbrido entra automaticamente em ação, continuando a usar os dois motores, pois passa a funcionar como um “full hybrid”, carregando parte da bateria nas desacelerações. Neste modo, o consumo em cidade registou um valor de 6,5 l/100 km de gasolina, mostrando a boa eficiência do sistema.

Esta versão merecia pneus mais desportivos

Em autoestrada, circulando a 120 km/h constantes, em modo híbrido e com a bateria a marcar 0% de carga, mas com a função “B” desligada, para aproveitar a inércia nas descidas, o consumo real que registei foi de 6,2 l/100 km, ligeiramente abaixo do citadino. A prova da eficiência do sistema híbrido.

Tudo suave e fácil

Em cidade, em modo híbrido, o motor a gasolina entra em funcionamento com pouco ruído e deixa ao elétrico muitas alturas em que não é preciso queimar gasolina.

A caixa de velocidades automática é suave e rápida. A direção não é excessivamente leve e o pedal de travão é fácil de dosear. Só mesmo o duo suspensão desportiva/pneus 225/40 R18 mostram que se trata de um desportivo, pois o GSe não é tão confortável como os outros Astra.

Gatilho da caixa é difícil de usar

Passando ao modo Sport, o acelerador fica mais rápido e a assistência da direção não fica demasiado pesada. Neste modo, o sistema encarrega-se de carregar a bateria o suficiente para garantir que há sempre energia para ter a potência total disponível.

Boas prestações

Em estradas secundárias, a boa reação do acelerador faz acreditar na aceleração 0-100 km/h em 7,5 segundos. A força mantém-se constante até ao “red-line” e a resposta a baixos regimes é muito boa, usufruindo da ajuda elétrica.

Subviragem surge relativamente cedo

O trabalho do motor elétrico camufla perfeitamente qualquer tempo de resposta que o motor a gasolina possa ter, numa progressão continua e suave. Usando as patilhas, as passagens de caixa são razoavelmente rápidas e obedientes.

A direção permite uma entrada em curva rápida e precisa, mas não é preciso exagerar muito para que os pneus da frente entrem numa ligeira subviragem. Na verdade, o Astra GSe merecia pneus mais desportivos do que os Michelin Primacy 4.

Dinâmica eficiente

A inclinação lateral em curva está muito bem controlada, dando boa estabilidade em encadeados de curvas mais rápidos. O GSe sente-se sempre bem controlado e eficiente.

Condução é muito eficiente, mas não muito envolvente

A subviragem é fácil de contrariar, pois a suspensão firme limita muito bem os movimentos desnecessários. Mas o acerto geral não tem a diversão como o principal objetivo. Mesmo provocada, a suspensão traseira de barra de torção não é dada a promover a rotação do Astra em curva.

Conclusão

Não é fácil fazer um desportivo compacto a partir de um sistema híbrido, tanto mais que o peso de 1703 kg também não ajuda. A resposta a baixa velocidade até é boa, mas falta um pouco mais de força a altos regimes. A suspensão está bem afinada para um desportivo eficiente e neutro, mas precisava de um pouco mais de agilidade. Talvez a utilização de pneus mais desportivos pudesse melhorar a experiência de condução.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Opel Astra GSe

Potência: 225 cv

Preço: 51 090 euros

Veredicto: 3,5 estrelas

 

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