Jaguar F-Pace P400e PHEV (fotos de João Apolinário)

Grelha ficou maior neste restyling

Jantes de 20" de novo desenho

Faróis com nova assinatura de LED

Frente mais agressiva com bossa nova no capót

O F-Pace foi apresentado em 2015

Rivais são o BMW X5 e Volvo XC60

P400e tem motor 2.0 turbo de 300 cv e motor EV de 143 cv

Boa qualidade de materiais no interior

Nova alavanca da caixa é muito baixa

Novo ecrã tátil central muito eficiente

Selector dos modos de condução normais

Painel de instrumentos precisava de ser renovado

Segunda fila leva três adultos

Muito espaço nos lugares da frente

No total são 404 cv e 640 Nm

Condução com alguns bons momentos

Boas prestações: 0-100 km/h em 5,3 segundos

O peso condiciona a agilidade em estrada

O F-Pace recebeu um daqueles restylings subtis mas que resultam em cheio. Passou também a ter uma versão PHEV com algumas particularidades. Saiba como fica este “felino” alimentado a eletrões.

 

Ao primeiro olhar, é mais um F-Pace, mas os olhos fixam-se na frente e rapidamente se percebe que o SUV da Jaguar mudou, ficou mais agressivo, mais imponente.

Neste restyling de um modelo que foi apresentado em 2015, a Jaguar mudou os faróis, com uma nova assinatura de LED no interior, aumentou o tamanho da grelha e deu-lhe uma nova textura, pintada de negro e fez mais.

O para-choques tem entradas de ar, funcionais e decorativas, muito maiores e o capót tem uma bossa pronunciada. A frente ficou bem mais agressiva, mais possante. Eu gosto!

Claro que o para-choques de trás, a asa sobre o vidro traseiro e o interior dos farolins também foram mexidos, mas não geram uma impressão tão forte com a nova frente ou as enormes jantes de 20” pintadas de negro brilhante.

Melhor por dentro

Por dentro, as diferenças estão no tablier que passou a comportar um renovado sistema de infotainment com monitor tátil de 11,4”, o Pivi Pro. A Jaguar garante que é possível chegar a 90% das funções mais importantes apenas com dois toques. Pareceu-me verdade.

Também a alavanca da caixa deixou de ser a tradicional e passou a ser uma muito mais pequena e baixa, mais difícil de usar.

A posição de condução continua alta, com um banco confortável e de bom apoio lateral

É suposto servir também de apoio à palma da mão direita, quando os dedos accionam os botões físicos e táteis da climatização. Mas não é raro que se mexa inadvertidamente, quando se faz isso.

A posição de condução continua alta, com um banco confortável e de bom apoio lateral. O volante tem um aro exagerado, um desenho novo e botões “físicos”, mas a pega continua boa.

O painel de instrumentos é digital e configurável, com várias vistas possíveis, nem todas óbvias de consultar.

Muito espaço, mala mais pequena

Espaço não falta a bordo, seja na primeira ou na segunda filas, que albergam cinco adultos sem esforço. Nesta versão PHEV, a presença da bateria sob o piso da mala faz o seu fundo subir, o que é fácil de ver.

Claro que a sua capacidade desce 116 litros face aos 613 das outras versões e, pior que isso, não há um ocal para guardar os cabos da bateria.

A qualidade dos materiais é boa, para um segmento em que a Jaguar tem que enfrentar modelos de referência como o BMW X5 ou o Volvo XC60, mas o desenho e a decoração fazem muito pelo ambiente no interior.

E eis que chega o PHEV

Esta versão PHEV de seu nome P400e usa um motor 2.0 turbo de quatro cilindros e 300 cv, já usado noutros modelos do grupo Jaguar Land Rover. A parte elétrica é assegurada por um motor/gerador de 143 cv, colocado dentro da caixa automática de oito relações.

Daí, a tração é distribuída para as quatro rodas, com um diferencial central. Ou seja, o sistema 4×4 é integralmente mecânico, a ajuda elétrica vem a montante das rodas e é alimentada pelos 17,1 kWh da bateria de iões de Lítio.

A potência máxima combinada é de 404 cv com 640 Nm de binário máximo

A potência máxima combinada é de 404 cv e o binário sobe aos 640 Nm. A autonomia anunciada é de 53 km e a aceleração 0-100 km/h é feita em 5,3 segundos. O peso é de 2189 kg, o mais alto da gama.

Em modo elétrico

Com a bateria a 100%, escolho o modo EV para um primeiro teste em cidade. Claro que o binário elétrico dá ao P400e uma prontidão muito boa no meio do trânsito, nem necessidade do motor a gasolina. Até aos 143 km/h, é capaz de dar conta do recado só em modo elétrico.

A suspensão é macia e confortável, mesmo nos pisos imperfeitos, e a direção tem um bom tato, para quem não gosta de assistências muito intensas. O pedal de travão não é muito progressivo na passagem entre a regeneração e a fricção.

Circulando sempre em circuito urbano, a autonomia em modo elétrico que registei foi de 47,4 km, não muito longe do anunciado, mas não é um valor mais que mediano.

Depois usei a capacidade desta bateria de ser recarregada em DC até 32 kW e usei um posto rápido de 50 kW. Demorou 55m40s para chegar aos 100%, carregando um total de 13,41 kWh, ou seja, ainda tinha uma reserva de 3,69 kWh.

Modo EV não funciona…

O mais estranho veio a seguir. O modo de condução elétrico ficou indisponível, apesar de a bateria estar a 100%. Durante a meia hora seguinte, a situação não se alterou, por isso usei apenas o motor a gasolina para levar o P400e ao estacionamento onde pernoitou.

Após a bateria carregada a 100%, o modo elétrico deixou de funcionar…

Talvez tenha sido uma questão de aquecimento da bateria que causou este episódio. O certo é que, na manhã seguinte estava de novo operacional mas com a bateria a mostrar 96% de carga. “Perdeu” 4% durante a noite.

A Jaguar anuncia um tempo de 5h30 para um carregamento AC a 2,3 kW, o que será sempre a melhor opção, para quem tenha uma tomada disponível durante a noite.

Híbrido é bom enquanto dura

O teste seguinte foi usar o modo de propulsão híbrido, que dá prioridade ao modo elétrico, mas liga o motor a gasolina em acelerações mais fortes ou em subidas mais íngremes. Como esperado, o consumo neste modo foi baixo: apenas 2,6 l/100 km. Mas só dura enquanto durar a carga na bateria.

Nos PHEV, os testes de consumo… consomem muito tempo. O próximo foi usar o modo Save, que limita o uso da bateria ao mínimo, dando prioridade ao motor a gasolina. É um modo pensado para quem quer poupar a bateria para usar o modo elétrico mais tarde.

Os consumos subiram, como é lógico, atingindo os 10,2 l/100 km em cidade. Mais intrigante foi o facto de ver a carga da bateria a descer ligeiramente neste modo. Não muito, mas continuado.

Modo Save não salva tudo

Outra particularidade, este modo Save não tem modo Charge, que faz aumentar a carga da bateria em andamento, carregando-a através do motor a gasolina, como acontece em noutros PHEV.

Faltava apenas medir os consumos em cidade com a bateria a 0%, portanto usando o P400e como um híbrido não recarregável. E o valor obtido foi de 8,3 l/100 km, um pouco abaixo do modo Save, mas ainda assim um valor alto para um PHEV.

Com tantos números, faltava-me apenas descobrir como se comportava o P400e, dando uso aos 404 cv e aos 640 Nm. Escolhida a estrada secundária com curvas suficientes e pouco trânsito, foi altura de passar a outro modo de condução.

A andar depressa

Além dos modos de propulsão EV/Hybrid/Save, há os normais modos de condução Eco/Conforto/Dinâmico/Chuva, gelo e neve. Na cidade tinha usado o Eco para os consumos e o depois o Conforto, que faz justiça ao nome, exceptuando algumas passagens automáticas da caixa um pouco menos suaves.

Agora era a vez de usar o modo Dinâmico, que colocou o acelerador mais sensível, e a caixa em modo manual, com as patilhas no volante.

Boa resposta ao acelerador a baixos e médios regimes

As primeiras curvas mostram que a aderência dos pneus 255/50 R20 é bastante alta, mas o peso do P400e rapidamente lhes coloca desafios. A resposta do acelerador em regimes baixos e médios é muito boa, mesmo com a bateria a marcar 0%.

O sistema mantém sempre um mínimo de carga na bateria, para que não se note muito a diminuição de prestações. A caixa é obediente às patilhadas e as acelerações são convincentes, apesar de o motor perder fôlego quando se aproxima das 6000 rpm.

O peso é muito

Mas quando chega a altura de curvar mais depressa, a direção não é muito rápida, a frente mostra alguma inércia na mudança de rumo e as rodas da frente cedo entram em subviragem, obrigando a levantar o pé direito.

Abordando as curvas com menos velocidade, esperando que a frente entre na trajetória certa, depois pode acelerar-se com mais decisão e a tração integral até mostra alguns indícios de passar mais binário para as rodas de trás e fazer rodar o P400e. Mas é tudo muito subtil.

Conclusão

A verdade é que a plataforma D7A do F-Pace nunca foi leve e nesta versão PHEV é ainda mais pesada. Isso nota-se bem, quando se quer andar mais depressa em estradas com mais curvas. E também se nota nos consumos, que não são baixos. O ambiente atual leva a que os PHEV estejam em alta, mas este P400e precisa de evoluir para fazer jogo igual com os melhores.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Jaguar F-Pace P400e R Dynamic SE

Potência: 404 cv

Preço: 89 907 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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