Citroën C5 Aircross Hybrid 225 cv (fotos de João Apolinário)

Redesenho das luzes e para-choques de trás

Lançado em 2018, recebe agora um "restyling"

Jantes de 19" não prejudicam o conforto

Ligeiros retoques nas luzes de trás

Novo desenho dos faróis dá um ar novo ao C5 Aircross

Air Curtains nos para-choques da frente

Qualidade melhorou mais um pouco e está em bom nível

Patilhas fixas à coluna são pouco obedientes

Renovado painel de instrumentos

Novo gatilho substitui alavanca da caixa

Ecrã tátil central está agora em posição mais alta

Bancos confortáveis e com boa sustentação

Muito espaço nos três lugares da segunda fila

Três bancos individuais e deslizantes

Mala tem menos 120 litros que versões não híbridas

Suspensão muito confortável em quase todos os pisos

Condução muito tranquila mas com boas performances

Aceleração 0-100 km/h é feito em 8,9 segundos

Dinâmica privilegia a facilidade de condução

Um pequeno conjunto de atualizações chegou para manter o C5 Aircross como um dos C-SUV mais competentes para uma utilização familiar, num modelo que continua a interpretar os valores que fizeram a história da marca. Teste TARGA 67 à versão híbrida “plug-in” de 225 cv, à procura do autonomia, do conforto e muito mais.

 

A Citroën tem uma história rica de inovação e uma legião de admiradores que nunca a abandonou. Mas é justo dizer que a marca do “double chevron” sempre teve uma face dupla, no que ao posicionamento no mercado diz respeito.

Se formos à história da marca francesa, encontramos verdadeiros ícones dos carros baratos e utilitários, como o 2CV, mas também do luxo e da sofisticação, como o DS original, o “boca de sapo”. Essa dualidade prolongou-se durante décadas, como o provam outras duplas, como o AX e o CX, ou o Saxo e o XM.

Lançado em 2018, recebe agora um “restyling”

Na gama atual, temos o Ami, num extremo e o C5 Aircross (a par do C5 X) que representa a face mais sofisticada da marca. O C-SUV C5 Aircross aposta tudo numa utilização familiar o mais completa possível, mas sem abdicar de outros valores.

Restyling faz diferença

Lançado em 2018, o C5 Aircross recebeu agora o esperado “restyling” de meio ciclo que passou por uma alteração substancial do desenho da frente que incluiu novos para-choques com “air curtains”.

Atrás, as luzes e o para-choques também foram retocados. Parece pouco, mas este é um caso em que o resultado é superior à soma das partes.

Novo desenho dos faróis dá um ar novo ao C5 Aircross

A nova interpretação do símbolo da Citroën não deve durar muito, pois o novo símbolo oval, que na verdade é o retomar de um símbolo antigo, já foi apresentado. É pena, pois o C5 Aircross ganhou um visual quase premium.

Por dentro está melhor

Por dentro, as mudanças também são significativas. O painel de instrumentos digital é novo, o ecrã tátil central também e foi posicionado mais alto, para evitar ter que desviar muito os olhos da estrada. A alavanca da caixa automática foi substituída por um botão basculante encastrado. Muito pequeno e lento nas manobras.

Qualidade melhorou mais um pouco e está em bom nível

Foi também feita uma revisão nos materiais que forram o interior, melhorando em alguns pontos ou mudando apenas para cores mais escuras. A perceção de qualidade ganhou um pouco, face a um interior que já tinha bom ambiente.

Finalmente, os bancos da frente, feitos de estratos de espuma de densidade diferenciada, foram evoluídos de forma a melhor resistirem à deformação com o passar dos anos. Continuam muito cómodos e sustêm bem o corpo.

Muito espaço e versatilidade

Aquilo que faz do C5 Aircross um dos C-SUV mais competentes para uma utilização familiar é mesmo a segunda fila de bancos. É composta por três bancos individuais, todos eles aptos a transportar um adulto ou um jovem bem constituído, com espaço suficiente para três.

Bancos confortáveis e com boa sustentação

Os bancos rebatem e deslizam sobre calhas longitudinais. O piso é praticamente plano e as portas permitem um acesso muito fácil. A mala tem 460 litros nesta versão PHEV, menos 120 litros que as versões não híbridas, devido ao espaço ocupado pela bateria de 13,2 kWh.

Na frente, a posição de condução é das mais altas do segmento, facilitando a visibilidade. Mas a posição relativa do banco, volante e pedais está bem feita e a regulação dos dois primeiros é ampla o suficiente. O volante tem um formato quase quadrado e não é pequeno, mas a pega é anatómica o suficiente.

Três bancos individuais e deslizantes

Boa leitura do painel de instrumentos, mas os comandos da climatização estão algures dentro do sistema de infotainment, o que não é nunca uma boa ideia.

Em modo elétrico

Este versão “plug-in” usa um motor 1.6 turbo de quatro cilindros a gasolina com 180 cv e um motor/gerador elétrico com 81 kW (110 cv) integrado na caixa automática de oito. A potência máxima combinada é de 225 cv e o binário de 360 Nm.

Comecei o teste em cidade, com a bateria a 100% e escolhendo o modo de condução 100% elétrico, que pode ser usado até aos 135 km/h, dai para cima, o sistema passa a modo híbrido. A Citroën anuncia uma autonomia em modo elétrico de 55 km em cidade. Mas o meu teste mostrou um valor um pouco inferior: 45,4 km.

Suspensão muito confortável em quase todos os pisos

Em modo elétrico, a caixa automática é bloqueada em quinta, pois o motor elétrico tem 320 Nm e suporta perfeitamente andar a baixa velocidade. Muito suave e silencioso, como é hábito neste sistema da Stellantis e com os vidros dianteiros duplos a fornecer uma insonorização muito boa.

Muito confortável

A suspensão, independente atrás e com amortecedores de batentes duplos progressivos, permite uma taragem mais suave nos movimentos fora do final de curso, o que se traduz num elevado nível de conforto em quase todos os pisos. Mesmo com pneus 225/50 R19. Só quando se encontram buracos escondidos é que a suspensão transmite alguns solavancos aos ocupantes.

Aceleração 0-100 km/h é feito em 8,9 segundos

Direção com o peso certo e facilidade de dosear o pedal de travão. Há uma função “B” que aumenta um pouco a regeneração e a retenção durante as desacelerações. Não o faz de forma excessiva e acaba por ser um modo aconselhável para cidade, sempre. Por isso deixou de ser preciso carregar no “B” de cada vez que se liga o motor.

Modo híbrido é eficiente

Quando se esgotou a carga da bateria, passei ao modo híbrido e comecei o teste de consumos em cidade desta forma, que é a maneira como muitos utilizadores de PHEV os utilizam, por falta de locais para carregar a bateria ou por comodidade.

Novo gatilho substitui alavanca da caixa

Seja como for, o consumo nestas condições, sempre com o A/C desligado foi de 6,6 l/100 km, mostrando que o sistema híbrido consegue bons níveis de regeneração, mesmo circulando com a bateria descarregada.

Em seguida, mantive o modo híbrido e a bateria descarregada e rumei a uma autoestrada. O consumo a 120 km/h estabilizados, sempre com o A/C desligado, não mudou muito, ficando pelos 6,5 l/100 km.

Renovado painel de instrumentos

Em vias rápidas, a estabilidade é boa, apesar de o Centro de Gravidade ser alto e de a suspensão permitir movimentos de carroçaria relativamente amplos. Mas a sensação de controlo é boa e o conforto continua a ser a nota dominante, até pelo bom desempenho acústico.

Carregamentos e modos

O carregador embarcado de série é de 3,7 kW, que permite carregar a bateria em 7h25 numa tomada doméstica de 8A, ou 3h50 numa “wallbox” de 16A. Com o carregador opcional de 7,4 kW, numa “wallbox” de 32A bastam 2h00 para fazer um carregamento total.

Também há um modo “save” para guardar a carga da bateria e usá-la mais tarde. Bem como a possibilidade de carregar a bateria em andamento, à custa de uma acentuada subida nos consumos de gasolina.

Ecrã tátil central está agora em posição mais alta

Mas faltava ainda testar o modo de condução Sport, que torna o acelerador mais rápido, a assistência da direção ligeiramente menos intensa, faz as passagens de caixa de outra forma, em posição “D” e garante que o sistema híbrido mantém sempre carga na bateria de forma a não haver degradação da performance máxima.

Tranquilo e estável

Mesmo sem ter uma apetência desportiva, o C5 Aircross tem um bom controlo dos movimentos da carroçaria em encadeados de curvas, sem exagerada inclinação lateral.

Condução muito tranquila mas com boas performances

Contudo, as rodas motrizes dianteiras podem ter alguma dificuldade em colocar todo o binário no chão, chamando o ESC para dar uma ajuda. O que nem sempre acontece com subtileza, pois há 1760 kg para manter sob vigilância.

A frente é precisa e a direção bastante tranquila, sem nenhum nervosismo. Os pneus garantem boa resistência à subviragem nas entradas em curva mais rápidas, mas não vale a pena tentar provocar a traseira para a fazer rodar, pois o acerto dinâmico não contempla essa situação.

Boas performances

Em reta desimpedida, uma aceleração a fundo desde parado leva o C5 Aircross aos 100 km/h em 8,7 segundos, com o motor a emitir um som agradável e a caixa a fazer as passagens na altura certa, em modo automático.

Dinâmica privilegia a facilidade de condução

As patilhas, fixas à coluna de direção, são um pouco lentas a reduzir e nem sempre o sistema as deixa fazer o que o condutor pede. O melhor é usar a posição D no modo Sport, que funciona muito bem.

Conclusão

Mesmo sem alterações técnicas ao sistema híbrido “plug-in”, a verdade é que o C5 Aircross ganhou bastante em estilo e alguma coisa em ambiente no interior. De resto, continua a ser um dos mais competentes C-SUV, para quem queira uma utilização familiar e confortável, sem abdicar de boas prestações ou de baixos consumos. Apesar de não ser um adepto de SUV, não tenho dúvidas em dizer que este é um dos mais racionais do segmento e continua a ser o melhor modelo da Citroën atualmente.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Citroën C5 Aircross Hybrid 225

Potência: 225 cv

Preço: 46 220 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

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Teste – Citroën C5 X Plug-in: Aqui está algo de diferente