Hyundai Ioniq 6 (228 cv)

A plataforma E-GMP é partilhada com o Hyundai Ioniq 5

Aerodinâmica foi uma prioridade no projeto do Ioniq 6

Berlina Ioniq 6 é opção ao SUV Ioniq 5

Dois spoilers na traseira para manter a estabilidade

Puxadores de portas encastrados

Jantes de 20" fazem descer autonomia

Detalhe dos faróis de LED

Interior partilha muitos componentes com o Ioniq 5

Comando da transmissão está mal colocado

Consola com aspeto barato contrasta com imagem do modelo

Boa posição de condução

Bom espaço em comprimento atrás

Mala sem quinta porta e com 446 litros

Desenho muito original não agrada a todos

Já está em Portugal o elétrico Hyundai Ioniq 6, na versão de tração atrás e 228 cv. Uma berlina para rivalizar com o Model 3 da Tesla, que aposta forte na aerodinâmica para aumentar a autonomia. Primeiro Teste TARGA 67, muito breve, só para recolher as primeiras impressões deste “irmão” do Ioniq 5, com condução de Francisco Mota.

 

A moda dos SUV nunca teve na eficiência aerodinâmica uma aliada, pelo contrário. As formas quadradas e as grandes superfícies frontais projetadas vão no sentido de produzir grandes resistências ao avanço, sobretudo na condução em autoestrada.

O que mais sofre com isso são os consumos o que, nos veículos elétricos, se traduz por autonomias menores do que se consegue obter com carroçarias mais baixas e mais eficientes, do ponto de vista aerodinâmico.

A plataforma E-GMP é partilhada com o Hyundai Ioniq 5

Este foi o ponto de partida para o projeto Ioniq 6, além da vontade da Hyundai em colocar no mercado um modelo o mais próximo possível do Tesla Model 3, o fenómeno de vendas conhecido em todo o mundo.

“Irmão” do Ioniq 5

O Ioniq 6 partilha a plataforma E-GMP com o SUV Ioniq 5, bem como toda a parte elétrica, do motor traseiro de 168 kW (228 cv)  e 350 Nm, à bateria de iões de Lítio de 77,4 kWh colocada sob o piso.

Berlina Ioniq 6 é opção ao SUV Ioniq 5

A Hyundai anuncia uma autonomia de 614 km, em ciclo combinado segundo a norma WLTP, resultado de um consumo combinado de apenas 14,3 kWh/100 km.

Aerodinâmica manda

O segredo para esta relação entre capacidade de bateria e consumo é a aerodinâmica, com a marca a anunciar um baixo Cx de 0,21, bem menor que os 0,288 do Ioniq 5 com o mesmo conjunto motor/bateria.

O resultado é que o Ioniq 5 anuncia um consumo de 17,0 kWh/100 km, que se reflete numa autonomia de 507 km, tudo em ciclo combinado.

Aerodinâmica foi uma prioridade no projeto do Ioniq 6

Ponto importante, os valores de consumo e autonomia do Ioniq 6 só são conseguidos quando equipado com umas jantes aerodinâmicas de 18”.

Optando pelas jantes mais convencionais de 20”, o consumo sobe aos 16,0 kWh/100 km e a autonomia desce aos 545 km, ainda assim melhores que no Ioniq 5.

O estilo “sofre”

Outros detalhes relevantes para este assunto são os puxadores de portas encastrados e os “flaps” ativos na frente, bem como uma série de outros detalhes que se encontram um pouco por toda a carroçaria, como as entradas das “air curtains”.

Hyundai Ioniq 6 (228 cv)

Claro que a eficiência aerodinâmica obriga a alguns constrangimentos ao nível do desenho. A Hyundai diz ter recolhido inspiração para a Ioniq 6 no perfil de uma asa de avião, o que obrigou a colocar dois spoilers na traseira, para a manter colada ao chão a velocidades mais altas.

O estilo do Ioniq 6 resulta, no mínimo, original. Mas não tem uma estética que agrade ao primeiro olhar, é preciso estudar-lhe os detalhes para o conseguir apreciar. Os próprios responsáveis da Hyundai estão cientes disso.

Por dentro

Com 4,855 metros de comprimento, o Ioniq 6 tem bastante espaço para as pernas dos passageiros da segunda fila, mas o piso é alto e obriga a levar os joelhos altos e as pernas mal apoiadas no assento. A altura reduzida aconselha a cuidados com a cabeça, quando se entra ou sai.

Interior partilha muitos componentes com o Ioniq 5

O interior partilha componentes com o Ioniq 5, nomeadamente o painel de instrumentos, ecrã tátil e os comandos, entre os quais o da transmissão, colocado na coluna de direção, atrás do volante, que resulta pouco prático. Também os botões dos vidros elétricos estão aglomerados na consola central de forma pouco elegante.

Bom espaço em comprimento atrás

A Hyundai diz que utilizou alguns materiais reciclados no interior. Não vou dizer que é essa a razão, mas a verdade é que falta sofisticação aos plásticos duros usados em grande parte dos interiores.

Na estrada

Neste Primeiro Teste, muito curto, guiei o Ioniq 6 de 228 cv e tração atrás numa estrada secundária, a velocidades médias e baixas.

Deu para usar os vários níveis de intensidade de regeneração, que se escolhem nas patilhas fixas ao volante, bem como o modo “i-pedal”, mais intenso e o modo automático, que regula a regeneração em função do trânsito e da estrada: o meu preferido.

Comando da transmissão está mal colocado

A disponibilidade do motor é suficiente, desde baixa velocidade, esta versão de 228 cv não tem na performance a sua prioridade, anunciando uma aceleração 0-100 km/h em 7,4 segundos e 185 km/h de velocidade máxima.

Confortável…

A direção não tem um tato muito detalhado, mas o pedal de travão é fácil de dosear e a suspensão pareceu confortável, se bem que o piso utilizado era maioritariamente muito bom.

Vou ter que deixar uma análise dinâmica e avaliação de consumos para um teste mais prolongado, que já está agendado para o TARGA 67.

Boa posição de condução

De resto, merece destaque o sistema de 800 Volt, que a Hyundai usa nesta plataforma, permitindo carregamentos rápidos até 232 KW em DC. Se encontrar um carregador capaz, vai demorar 18 minutos para levar a bateria dos 10 aos 80%.

Conclusão

A Hyundai colocou o Ioniq 6 à venda em duas versões, a Premium com jantes de 18” a custar 59 390 euros e a Vanguard, com jantes de 20” e mais equipamento, por 64 790 euros. Trata-se de um modelo que tem no estilo original e na eficiência aerodinâmica os seus pontos mais fortes, juntando assim a parte emocional à racional de uma maneira pouco comum.

Francisco Mota

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