O segmento dos citadinos está a desaparecer debaixo de uma “tempestade perfeita” que lhe caiu em cima. São poucos os que continuam a resistir.

 

O contexto atual para o segmento dos pequenos citadinos, os mais pequenos carros à venda no mercado, o chamado segmento A, não podia ser pior.

Há vários anos que o segmento acima, o dos utilitários como o Clio, tem desviado clientes de modelos do segmento abaixo, como o Twingo. As diferenças de preço não são suficientes para que a maioria dos clientes opte pelo mais pequeno, se pode ter o maior.

O segmento A era o dos compradores jovens, mas os jovens que ainda querem comprar carro preferem (ou não têm outra escolha…) ir buscar um usado ou semi-novo de um segmento acima.

Os citadinos também eram o segundo carro da família, o carro para as “voltinhas” como se costumava dizer.

Mas as crises e a descida do poder de compra foi acabando com esse “luxo”, ou substituindo-o, novamente, pela compra de um usado.

Emissões foram a estocada final

Chegou a pensar-se que a eletrificação seria uma boa oportunidade para o segmento A: um carro pequeno e leve não precisa de uma bateria tão grande para ter uma autonomia razoável, era a lógica.

Mas o custo das baterias arrasou com essa lógica e os citadinos elétricos que estão a surgir no mercado estão obrigados a ser autênticos produtos de luxo.

A estocada final nos citadinos chegou com as normas de emissões de 95 g/km de CO2. Nenhum desses pequenos carros emitia tão pouco, precisava de investimento para que os motores conseguissem lá chegar.

Precisavam de ser hibridizados, mas isso custa dinheiro, tornando o preço final inaceitável pelo mercado.

E nem sequer a ilusão das sinergias e do aumento de volume resolveu o problema.

Que o diga a Smart e a Renault, que já anunciaram o fim da parceria que deu origem aos últimos Fortwo, Forfour e Twingo.

Que o diga também a PSA, que já anunciou desistir da parceria que tinha com a Toyota para fazer os gémeos C1, 108 e Aygo.

A Toyota diz que vai continuar, mas a Ford tirou o recente KA+ de campo e a Opel desistiu do Adam e do Karl, se bem que aqui as razões são mais complexas.

Estão ligadas à compra pela Opel pela PSA e pelos royalties que a PSA teria que pagar à GM, para continuar a produzir os dois citadinos. Claro que isso ainda iria tornar tudo mais caro.

Ficaram poucos resistentes

Com tantas desistências, são poucos os que sobram no mercado. Os resistentes vêm da Fiat, com o “luxuoso” 500 e o prático Panda; da Hyundai/Kia, com o i10 e Picanto e do Grupo VW, que vai manter o up!, mas com os preços atualizados.

E da Mitsubishi que acaba de renovar o seu Space Star, com um segundo restyling desde que foi lançado em 2014. Apresentado agora em Lisboa.

Este verdadeiro último Samurai acaba de receber a frente de família que assim fecha o ciclo, estando em todos os modelos da marca à venda na Europa.

O “Dynamic Shield” talvez não fosse exatamente aquilo de que o Space Star estava à espera, em termos de equilíbrio de estilo. Mas a imagem de família é mais importante.

Seja como for, os compradores particulares que o vão comprar, têm outras prioridades.

O que mudou e o que não mudou

No topo da lista está a relação benefício/preço, que a marca melhorou com mais equipamento, como um novo painel de instrumentos, novo monitor tátil central com navegação Tom Tom, Android Auto e Carplay; e mais espaços para arrumação.

As jantes de liga leve de apenas 15” também têm novo desenho, bem como o para-choques e farolins traseiros com LED.

A plataforma não foi mexida, continuando a ter o mesmo espaço interior.

O único motor disponível é o 1.2 de três cilindros e 80 cv. A caixa manual de cinco velocidades recebeu relações mais longas, com os consumos  e as emissões a descer 2%.

Em média, o Space Star gasta 5,4 l/100 km e emite 121 g/km de CO2, ainda longe dos 95 g/km a que a norma europeia obriga para o total da gama de cada construtor.

Variação contínua por 1200 €

Há uma caixa de variação contínua em opção, que os homens da Mitsubishi dizem que “os jornalistas europeus não gostam”, acrescentando que os compradores, depois de experimentar, nunca mais voltam a uma caixa manual.

E preços?… Para um privado que se apresente num ponto de venda da Mitsubishi com vontade de comprar um Space Star de caixa manual e no nível de equipamento mais acessível, o Intense, é-lhe proposta uma campanha de lançamento, associada a um financiamento, que coloca o preço nos 12 350 euros, menos 2 900 euros que o preço de tabela.

Conclusão

Qual o segredo da Mitsubishi para continuar a vender o Space Star, depois de fazer parte da Aliança Renault/Nissan/Mitsubishi e sem partilhar nada com as outras marcas do grupo?

Talvez o facto de o Space Star, que se chama Mirage noutros mercados, ser fabricado há seis anos na fábrica da marca na Tailândia. A mão de obra é barata, os componentes também e os custos do projeto há muito tempo que foram amortizados.

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