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Crónica – GM vai voltar mas só com Cadillac elétricos

Cadillac Lyriq é SUV 100% elétrico

Um SUV EV para o desembarque da Cadillac na Europa

O Lyriq deverá ser o primeiro Cadillac elétrico a chegar à Europa

Linhas muito diferentes do passado da marca

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9/9/2022. A General Motors saiu da Europa após vender a Opel/Vauxhall à Stellantis, mostrando total desinteresse pelo Velho Continente. Mas agora quer voltar, com uma gama de Cadillac exclusivamente elétricos. Como será que os consumidores europeus a vão receber?…

 

Para a imagem da General Motors, a saída dos mercados Europeus não podia ter acontecido de pior forma. Depois de décadas seguidas a financiar a Opel e a Vauxhall, raramente (se é que alguma vez…) com lucros, a GM fartou-se e foi-se embora.

Primeiro retirou a Chevrolet dos mercados europeus, onde a marca tinha sido posicionada abaixo da Opel, em termos de qualidade e preço. Mas depois decidiu mesmo retirar-se por completo.

Rendeu-se assim à Ford, nesta “guerra” além fronteiras que disputavam há décadas na (para eles) longínqua e exótica, Europa.

Quando vendeu as marcas Opel e Vauxhall à Stellantis deve ter prometido a si própria nunca mais voltar a um continente demasiado complicado. Com muitos mercados diferentes, muitas normas diferentes e todos eles demasiado pequenos, para quem os via a partir do outro lado do Atlântico.

O desperdício que foi a Opel

No que à Opel diz respeito, a história da marca de origem alemã teve um grande período de enorme influência da GM. Sempre houve uma margem de manobra apreciável em termos de engenharia, os americanos não impunham (sempre) as suas ideias.

Em certa altura, até se poderá dizer que a GM deu demasiada liberdade à Opel, pagando as contas, sem controlar de forma eficiente as suas aplicações.

Como me dizia há muitos anos um quadro superior da Opel, para definir a empresa: “dinheiro americano e engenharia alemã.” Uma receita que parecia perfeita, desde que os executivos do lado de cá tivessem mão na engenharia.

Não faltava nada

Lembro-me de uma visita que fiz às instalações de Rüsselsheim, em que me foi permitido entrar em praticamente todos os departamentos. Fiquei impressionado com a diversidade e profundidade do trabalho que alé era feito, sobretudo na investigação e desenvolvimento.

E fiquei também impressionado com o dinheiro que tudo aquilo deveria ter custado. Sem que descortinasse qualquer tipo de sinergias com as marcas da GM do outro lado do Atlântico. Havia dinheiro, não era preciso, pensei.

Com o dinheiro da GM, a Opel conseguiu pôr no mercado alguns produtos de grande qualidade de que as últimas gerações do Insigina e do próprio Astra foram exemplos. Bem como outro tipo de tecnologia, por exemplo a das Fuel Cell e mesmo os elétricos, com o Ampera-e.

Stellantis pôs ordem na casa

Quando a Stellantis comprou a Opel/Vauxhall em 2017, Carlos Tavares fez o seu habitual “milagre” e pôs a marca a dar lucro em pouco tempo. Chegava a hora de racionalizar, o capítulo GM tinha ficado para trás e a sua herança ficaba na história e no Insígnia, até ao fim do seu ciclo de vida.

Mas agora a GM voltou a olhar para a Europa com interesse. Penso que já se pode falar do “boom” dos elétricos na Europa, ou talvez esteja a ser um pouco precipitado no que aos modelos mais baratos diz respeito.

Mas não é esse segmento que interessa à GM. Como acontece com quase todas as marcas nesta era da transferência energética, o que interessa é vender carros elétricos e caros. Os elétricos baratos não são negócio para ninguém, sem as ajudas estatais que estão a desaparecer.

O plano da GM

O plano da GM para a Europa passa por vender cá uma gama completa de Cadillac 100% elétricos. A marca de prestígio daquele que já foi, durante anos, o maior grupo automóvel do mundo está a fazer a inevitável transferência e a Europa pode ser uma oportunidade.

No ano passado, a GM estabeleceu um departamento europeu para as suas atividades futuras neste continente, esperando-se um anúncio oficial do regresso no iníco de 2023.

O líder da GM Europe, Mahmoud Samara, já afirmou à imprensa que “temos muita confiança de que seremos um player importante no mercado” quando lhe perguntaram que volumes de vendas seriam o objetivo.

Nova plataforma elétrica

A GM investiu numa nova plataforma para veículos 100% elétricos, a Ultium EV, e já percebeu que tem hipóteses de a rentabilizar mais rapidamente na Europa que nos EUA.

E a Cadillac será a melhor marca para concretizar este “desembarque” na Europa, por se tratar de uma marca premium que assim poderá posicionar-se contra as marcas europeias que dominam esse posicionamento.

Contudo, Samara não excluiu a possibilidade de introduzir também a Hummer na Europa e fazer mesmo regressar a Chevrolet, mas sempre e apenas com modelos 100% elétricos.

Conclusão

Não vai ser uma tarefa fácil, relançar a Cadillac na Europa como marca 100% elétrica. É óbvio que toda a gente sabe o que é um Cadillac, mas não tenho tanta certeza que os compradores dos segmentos premium estejam prontos a deixar para trás os Audi, BMW e Volvo, para comprar um Cadillac.

Francisco Mota

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