Foi vendido um dos dois Audi Sport quattro S1 E2 que a equipa oficial usou durante o rali de Portugal de 1986. O “monstro” de Grupo B serviu para Walter Röhrl treinar o rali de Portugal, no ano em que todas as equipas se retiraram, após o acidente de Joaquim Santos na Lagoa Azul, Sintra.

 

A Audi Sport inscreveu apenas um Sport Quattro S1 E2 de Grupo B no rali de Portugal de 1986, para ser guiado pelo bi-campeão do mundo de ralis Walter Röhrl.

O piloto alemão guiou o exemplar com matrícula IN NR 43 na primeira passagem pelos troços de Sintra, antes de se retirar da prova, tal como todos os pilotos das equipas oficiais, em protesto contra a falta de segurança da prova, após o acidente do Ford RS200 de Grupo B do português Joaquim Santos, que vitimou vários espetadores.

O “outro” S1

Mas a Audi Sport trouxe dois exemplares do seu “monstro” de Grupo B para o nosso país, em 1986. O outro tinha a matrícula IN NP 31 e serviu para Walter Röhrl treinar o rali de Portugal nas semanas antes da prova.

Muitos portugueses que acompanharam esta fase de treinos do rali, viram este exemplar a ser guiado quase à mesma velocidade da prova, nos intensivos treinos que a Audi Sport e todas as equipas fizeram em Portugal.

Estreado em 1985

Na verdade, o IN NP 31 acabou por fazer muito mais quilómetros em Portugal, que o chassis de prova, devido à desistência prematura da Audi Sport. Este carro de treinos tinha sido estreado em 1985, no rali RAC de Inglaterra, pelas mãos do colega de equipa do alemão, o finlandês Hannu Mikkola.

Mikkola chegou a liderar o rali RAC de 1985 com o IN NP 31, antes de ter que desistir com problemas de motor, entregando a vitória a Henri Toivonen e ao estreante Lancia Delta S4.

Passou a carro de treinos

Para 1986, o IN NP 31, com número de chassis RE10, passou a ser carro de treinos e de desenvolvimento, mantendo as especificações dos carros de prova.

No final do ano, com a abolição do Grupo B para a temporada seguinte, esta unidade seria vendida ao piloto Armin Schwarz, que o usou em demonstrações.

O carro passaria pelas mãos de vários coleccionadores, que o foram sempre usando em demonstrações até ser completamente restaurado de acordo com as suas especificações originais e comprado pela coleção Gran Turismo Collection em 2020 e de ter recebido a matrícula IN XY 13, que ainda tem hoje.

A última evolução do quattro

O Audi Sport Quattro S1 E2 é a última evolução do modelo de ralis da marca alemã, com chassis curto e aerodinâmica radical. O motor 2.1 de cinco cilindros em linha, turbocomprimido, debitava 550 cv e era um dos mais potentes da era do Grupo B.

Como era obrigatório, para ser homologado, o Audi Sport Quattro de estrada foi produzido em 200 unidades e depois foram construídas as 20 unidades de evolução, os verdadeiros carros de ralis.

No entanto, devido à retirada da Audi Sport do WRC após o que sucedeu no rali de Portugal de 1986, apenas seis unidades foram usadas em competição, entre 1985 e 1986.

Apenas 4 unidades

Dessas, duas pertencem à Audi e as restantes quatro foram sendo vendidas a colecionadores particulares. Quando a coleção Gran Turismo foi a leilão a 5 de Novembro de 2022, precisamente 37 anos depois do IN NP 31 ter sido matriculado pela primeira vez, tratou-se de uma oportunidade rara de adquirir um dos mais impressionantes modelos da era do Grupo B.

Mais de 2 milhões de euros

O leilão, organizado pela RM Sotheby’s, foi um sucesso e o Audi Sport Quattro S1 E2, em estado perfeito, foi arrematado pela quantia de £ 1,805 000, um pouco mais de 2,0 milhões de euros, ao câmbio atual. Mas para quem tem um fraquinho pela era do Grupo B, considerado por muitos como o apogeu do WRC, peças como esta não têm preço.

Francisco Mota

(fotos cortesia Neil Fraser e RM Sotheby’s)

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