Volvo 360c Exterior Detail

Saiba como a Volvo imaginou o futuro da mobilidade, sem imaginar que o mundo na era Covid-19 fosse tornar o seu concept 360c ainda mais atual.

 

Quando foi apresentado em 2018, o concept-car Volvo 360c apresentava-se como uma alternativa às viagens de avião de âmbito doméstico, dando-se o exemplo do mercado Norte-Americano de aviação civil.

Mas a necessidade de afastamento social imposta pela pandemia Covid-19 veio trazer uma inesperada atualidade às ideias exploradas neste projeto de mobilidade individual.

O seu objetivo é criar padrões e alterar a fisionomia das cidades e da maneira como são habitadas.

Mais do que um “show-car” para impressionar nos salões automóveis, pelas suas linhas “futuristas”, o 360c reúne um conjunto de ideias que mostram como se pode mudar a mobilidade dentro e fora das grandes cidades.

Sem especificar características técnicas, plataformas ou performances, pois tudo isso está dependente do momento em que um modelo como este vir a luz do dia, a Volvo preocupou-se em desenvolver conceitos que podem mudar a maneira como nos movemos e como lidamos com os automóveis.

Desenho funcional

Mesmo em termos de desenho, tudo está em aberto, com as imagens geradas em computador a apresentarem um veículo de formas sobretudo funcionais, completamente diferente dos automóveis dos nossos dias.

É muito mais importante o interior que o exterior, no programa do 360c. Com a ausência total de volante ou posto de condução, bem como de um motor a combustão, substituído por uma bateria em “patim” e motores elétricos, a arquitetura mudou.

Um monovolume versátil

A silhueta monovolume mostra bem a maximização do espaço interior e a sua versatilidade. A Volvo propõe quatro ambientes para o habitáculo, configuráveis de acordo com as necessidades do utilizador a cada momento.

O habitáculo pode ser um quarto de dormir, com uma confortável cama e onde o cobertor é desenhado para desempenhar as funções do cinto de segurança.

Pode também ser transformado num local de trabalho, um mini-escritório ou sala de reunião, com uma secretária ao meio e com a face interna dos vidros a servir de ecrã para projetar uma apresentação.

Também pode ser organizado um ambiente mais festivo, recorrendo a iluminação específica e até um pequeno bar, ao melhor estilo limousine americana.

Ou então, a configuração mais simples, mais próxima de um compartimento de primeira classe num comboio rápido, onde o utilizador pode trabalhar ou relaxar, lendo um livro.

Não é para comprar

Todas estas hipóteses estão disponíveis porque o modelo de exploração do 360c propõe uma subscrição para a sua utilização, em vez da propriedade.

Por ser um veículo 100% autónomo, o utilizador poderá escolher a configuração do habitáculo que prefere, quando reserva a sua utilização.

O cenário seria mais ou menos este: através de uma App, o subscritor do serviço escolhe o dia e a hora para que o 360c compareça à porta de sua casa, fornecendo também o local de destino.

Depois de recolher o utilizador, o Volvo encaminha-se para uma autoestrada com uma faixa inteligente, reservada a automóveis autónomos. Aí chegado, acelera até aos 200 km/h e viaja a apenas 50 cm de distância do veículo da frente.

Maximizar o uso da estrada

Com alta velocidade e pequeno distanciamento, é possível escoar um grande número de veículos, mas tudo só será possível com uma perfeita coordenação através da “cloud”.

Este é o cenário que a Volvo estima poder ser real em 2047, mas até lá muita coisa deverá mudar, em parte estimulada pelos veículos autónomos usados em subscrição.

Uma das implicações da utilização deste tipo de sistema é a drástica diminuição de necessidade de estacionamento nas cidades e do próprio fluxo de trânsito.

Mudar de vida

Também pela facilidade de “chamar” um veículo só quando é preciso e poder aproveitar a viagem para descansar ou trabalhar, recupera-se o tempo usualmente perdido quando se faz o percurso casa-trabalho-casa.

Em alguns casos, poderá mesmo ser possível passar a habitar em locais muito mais afastados dos centros das cidades. O que poderá levar à descida de preço das habitações nos maiores centros populacionais.

O carro em vez do avião

A Volvo apresentou o 360c como uma opção competitiva aos voos domésticos até 300 km de distância. Desde logo na questão do tempo de viagem.

Pelas contas dos responsáveis pelo projeto, contando o tempo de uma viagem de avião desse tipo, desde o momento em que se sai de casa e se vai para o aeroporto, até ao momento em que se chega ao destino, o 360c não é mais lento.

Por fazer o percurso porta a porta, evita os táxis, check-in, filas para passar a segurança, e esperas, a que os aeroportos obrigam. Para não falar nos atrasos…

E num ambiente incomparavelmente mais confortável, sem ter que viajar nos lugares de avião cada vez mais apertados, com lotações máximas, serviços cada vez piores e ambiente ruidoso.

Comunicar com os outros

Mas como os veículos autónomos não vão chegar todos ao mesmo tempo às estradas, será preciso dotar os primeiros de um sistema de comunicação com os outros utilizadores das vias.

A Volvo alerta para a necessidade da adoção de uma “linguagem” única e padronizada entre os veículos autónomos e os condutores de outros veículos ou peões.

Não havendo contacto visual entre os veículos autónomos e os outros utentes da via, um aspeto fulcral na segurança e fluidez do trânsito atual, é necessário que haja outra forma de comunicação.

A Volvo propõe que seja o carro autónomo a indicar aquilo que vai fazer a seguir, de forma inequívoca e clara para todos. Para o fazer, utiliza iluminação colorida, sons e pequenos movimentos.

Seguindo este LINK poderá ver alguns exemplos:

A necessidade de que seja construída uma “linguagem” única para todos, evita que os outros utilizadores da via se tenham que adaptar aos sinais emitidos pelos modelos das várias marcas, o que poderia ser perigoso.

Uma coisa que os autónomos da Volvo não vão fazer é dar indicações ou conselhos aos outros utilizadores da via sobre o que devem fazer, como acontece noutros conceitos deste tipo.

Conclusão

O Volvo 360c é uma visão de como as pessoas podem usar um veículo autónomo, nas suas várias vertentes. Não é uma demonstração tecnológica.

Este “concept-car” mostra também as implicações para as mudanças nas infraestruturas e muda a forma como as pessoas se podem relacionar com o transporte. Poderá mesmo mudar hábitos de vida, não só na mobilidade.

Numa altura dominada pela Covid-19, é interessante ver como o 360c dá algumas pistas às necessárias alterações na mobilidade causadas pela pandemia.

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