Fiat Tipo Cross 1.0 (fotos de João Apolinário)

Altura ao solo sobe 40 mm na versão Cross

Molduras negras nos guarda-lamas

Tipo foi o primeiro a usar o novo símbolo da marca

Detalhes de aspeto off-road no para-choques de trás

Nova versão do familiar italiano

Visual "off-road" nesta versão Cross

Qualidade dos materiais é modesta

Painel de instrumentos digital tem boa leitura

Ecrã tátil de 10,25" tem Carplay e Android Auto

Caixa manual de cinco relações

Comandos da climatização fáceis de usar

Revestimentos específicos no Tipo Cross

Bancos da frente com demasiado apoio lombar

Bom espaço na segunda fila de bancos

Mala tem 440 litros, mas acesso alto

Novo para-choques da frente faz a diferença visual

Direção demasiado leve retira tato à condução

Suspensão confortável, mesmo nos caminhos de terra

O que fazer a um modelo que está no mercado há cinco anos, sem gastar muito dinheiro? Acrescentar uma versão ao estilo “crossover” é sempre uma aposta segura, mesmo que as diferenças sejam sobretudo estéticas. Teste ao Fiat Tipo Cross.

 

Esta segunda encarnação do Tipo foi lançada em 2016 como um modelo destinado ao segmento C dos familiares compactos, num posicionamento de “value for money” para não dizer “low cost”.

Fabricado na Turquia, o objetivo deste Tipo nunca foi outro a não ser propor um produto competente, sem muitas ambições e com preços o mais abordáveis possível. É uma estratégia que foi seguida por outros construtores, nem sempre com grande sucesso.

Basta olhar para as vendas do segmento C na Europa e logo se percebe que os Europeus, ou as empresas que os empregam, preferem modelos de marcas premium. A diferença entre o Tipo 1.0 de 100 cv e o Golf 1.0 de 110 cv é de 5000 euros, nas versões mais baratas.

Restyling e não só

O Fiat Tipo recebeu um restyling em 2021, para o atualizar em áreas como os faróis de LED ou a conectividade, com o novo infotainment Uconnect5, que usa um ecrã tátil de 10”. Tem Apple Carpaly e Android Auto. E deixou o módulo da climatização de fora, o que é sempre bom.

O painel de instrumentos digital tem 7” e uma leitura fácil, apesar de as informações do computador de bordo não estarem muito bem organizadas.

O Tipo Cross foi o primeiro Fiat a usar o novo logótipo da marca na grelha dianteira

Com esta atualização, o Tipo foi o primeiro modelo da marca a receber o novo logótipo exterior, simplesmente a marca escrita em letra cromadas. O escudo com fundo vermelho mantêm-se no volante e nos centros das jantes.

A versão Cross

A maior novidade foi então a introdução da versão Cross, feita com base na carroçaria “hatchback” de cinco portas. O Tipo também tem uma versão carrinha e um quatro portas.

A receita é a habitual, incluindo para-choques e embaladeiras com zonas pintadas cor de alumínio, o mesmo para as capas dos retrovisores e barras no tejadilho. Acresce molduras em plástico não pintado nos guarda-lamas e jantes com desenho específico.

Mas a Fiat não se ficou pelo básico e aumentou a altura ao solo em 40 mm, através de alterações na suspensão e nas medidas dos pneus que são 215/55 R17. No total, contando com as barras de tejadilho, a altura do Cross subiu 70 mm.

Motor 1.0 de três cilindros

O motor é o conhecido três cilindros Firefly T3 de 999 cc, turbocomprimido, com 100 cv às 5000 rpm e binário máximo de 190 Nm às 1500 rpm. Está acoplado a uma caixa manual de cinco relações e transmite a tração às rodas da frente, naturalmente.

Abrindo a porta e acedendo ao habitáculo, logo se percebe as preocupações de quem projetou o Tipo. Os plásticos usados no interior são duros e de aspeto simples, sobretudo os das portas e da consola central. O desenho não inventa.

O espaço à frente é correto para os 4,36 m de comprimento. No banco da segunda fila, há espaço suficiente para as pernas e altura para a cabeça. O acesso é fácil mas o lugar do meio não faz justiça ao do Fiat Tipo original.

Boa posição de condução

A posição de condução é razoável, com amplas regulações do volante. O banco tem demasiado apoio lombar e insuficiente apoio lateral. Ao volante, os 40 mm a mais na altura ao solo não são fáceis de perceber. Não há nenhum ganho em visibilidade, mas isso também não é um problema no Tipo.

O ecrã tátil central tem superfície anti-reflexo, está no topo do tablier e a organização das funções é razoavelmente fácil de encontrar.

A direção tem demasiada assistência, mais ainda no modo city.

O motor 1.0 turbo entra em ação com pouco ruído, a insonorização está bem feita. Mas a sua resposta abaixo das 2000 rpm é pouco enérgica. Acima desse regime é bem melhor e já facilita a circulação em cidade.

A direção tem demasiada assistência e quando se ativa o modo “city” fica ainda mais leve e distante. A caixa manual de cinco é lenta e pouco precisa, obrigando a desenhar bem o “H”.

Confortável

O conforto em pisos imperfeitos é bom, a suspensão (MacPherson, na frente e eixo de torão, atrás) faz um bom trabalho e aproveita bem os pneus de perfil 55. No meu teste de consumos em cidade, obtive um valor de 9,4 l/100 km, o que está longe de ser muito bom.

Não existir nenhum tipo de sistema híbrido e um peso acima dos 1400 kg não ajudam, apesar de a caixa até ser relativamente longa.

Na autoestrada, o ruído de rolamento aumenta um pouco, mas não o de origem aerodinâmica, que estão bem controlados. Boa estabilidade, motor a mostrar que prefere os regimes um pouco mais altos e sistemas de ajuda à condução a funcionar razoavelmente.

Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados, o consumo desceu aos 5,5 l/100 km/h, mostrando o bom escalonamento da quinta velocidade, para esta utilização.

Dinâmica suficiente

Passando a estrada secundária, a dinâmica do Cross não é muito diferente dos outros Tipo. O tato distante da direção é a principal crítica, mas a frente até se “agarra” bem à trajetória escolhida, sem muita subviragem.

Aliás, a suspensão traseira até aceita ser um pouco provocada na entrada em curva, para ajudar o carro a rodar. O motor dá boa conta de si nos regimes mais altos e com uma sonoridade que agrada. Mas os 0-100 km/h demoram 12,2 segundos.

Em caminhos de terra, a suspensão suporta bem pequenas valas, desde que ultrapassadas a baixa velocidade

Em asfalto de pior qualidade, com quebras, remendos e ameaços de buracos, a suspensão perde um pouco de precisão, tal como a direção, incentivando a baixar o ritmo.

Uma breve passagem por caminhos de terra chegou para mostrar que a suspensão suporta bem desníveis e pequenas valas, desde que ultrapassados a baixa velocidade. E a tração à frente é suficiente para caminhos sem subidas muito íngremes.

Conclusão

Por cerca de três mil euros mais que a versão normal, o Tipo Cross propõe um visual mais de acordo com as tendências atuais, uma lista de equipamento de série mais completa e mantém tudo o resto do modelo familiar da Fiat.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Fiat Tipo Cross 1.0

Potência: 100 cv

Preço: 23 880 euros

Veredicto: 3 (0 a 5)

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