Com o uso certo e alguns “truques” consegue poupar 10% nos consumos, se utilizar bem a caixa de velocidades. Conheça como pode economizar no combustível.

 

A maioria dos automóveis a circular tem uma caixa de velocidades manual. Para alguns condutores, isso representa a maior preocupação no ato de conduzir; para os que sonham com uma caixa automática, é uma autêntica maçada.

Mas saiba que a caixa manual é a única que lhe dá total controlo sobre a velocidade de rotação do motor, o que, em última instância, determina os consumos. Por isso, se a souber usar bem, tem a possibilidade de reduzir os consumos em cerca de 10%.

Como princípio básico, pode dizer-se que uma relação baixa – digamos, da primeira à terceira – faz gastar mais combustível, por fazer rodar o motor mais depressa.

Pelo contrário, uma relação mais alta – digamos, de quarta a sexta – faz gastar menos combustível, pela razão inversa, por fazer o motor rodar mais devagar.

Conheça alguns “truques”

Mas esta teoria de nada lhe serve se não souber adaptar a velocidade do carro à mudança engrenada, é aí que está o “segredo” da boa utilização da caixa de velocidades manual.

Da minha experiência, a testar todo o tipo de carros nos últimos trinta anos, tirei alguns ensinamentos que partilho aqui sob a forma de “truques” para usar a caixa de velocidades manual de maneira a economizar combustível.

Além de conseguir poupar na fatura do combustível, vai também reduzir as emissões reais do seu automóvel, na mesma proporção. Mas vamos então aos “truques”.

1 – Faça passagens rápidas

Quando decidir que vai fazer uma passagem de caixa, não perca tempo e faça o gesto mão/pé com rapidez, tanto na embraiagem como na alavanca.

Se o não fizer, vai perder rotação do motor entre uma relação e outra. Se for a subir, vai perder rotação e depois terá que acelerar mais, quando engrenada a mudança acima, gastando mais.

Se for a descer, provocará solavancos na transmissão, que acabam por dissipar energia e maltratar a mecânica. Rápido e suave é sempre a melhor maneira de fazer uma passagem.

2 – Descubra o regime ótimo

Todos os motores têm um regime ótimo para se fazer a passagem de caixa, o ponto de maior eficiência, onde se pode economizar combustível.

Esse ponto está em torno do regime de binário máximo do motor, procure-o na ficha técnica do seu carro. Hoje em dia, com os novos motores turbocomprimidos, esse regime deverá estar em redor das 2000 rpm.

Se não conseguir encontrar o regime ótimo, pode usar uma regra geral que funciona para a maioria dos motores: não deixar o motor rodar abaixo das 1500 rpm e não passar acima das 3000 rpm. Em geral, as passagens devem ser feitas algures neste intervalo, para se poupar nos consumos.

3 – Quando mudar para cima?

Para poupar o máximo possível, deve rodar-se na relação o mais alta possível, durante o maior tempo possível. Esta é uma regra básica. Mas as passagens têm que ser feitas a tempo e horas.

Se não acertar com a informação do conta-rotações, pode sempre usar o ouvido. Se lhe parecer que o motor está a rodar muito mais do que a velocidade do carro, o mais certo é ter chegado a altura de passar para a mudança acima.

Com os novos motores turbocomprimidos, acredite que têm sempre mais força a baixo regime do que possa pensar.

4 – Quando mudar para baixo?

Mas poupar combustível não é só rodar em quarta, quinta e sexta, seja qual for a velocidade do carro ou a inclinação da estrada.

Se chegar ao ponto de sentir o motor a rodar muito devagar, obrigando-o a carregar cada vez mais no acelerador, então é certo que chegou a altura de reduzir para a relação abaixo, ou mesmo para a outra mais abaixo.

Se não o fizer, estará a gastar mais combustível e a esforçar desnecessariamente o motor, podendo causar-lhe danos.

5 – “Falhar” uma mudança de propósito

Não é bem “falhar” uma mudança, será mais fazer uma mudança de relação sem passar por todas as intermédias.

Por exemplo, se tiver necessidade de acelerar em segunda mais do que estava à espera, tente passa diretamente para quarta, “falhando” a terceira. Vai assim mais cedo para uma mudança de baixo consumo, sem perder resposta do motor.

A mesma técnica pode ser usada numa redução, por exemplo se tiver que travar muito em quarta, pode não valer a pena “passar” pela terceira e ir diretamente para segunda, acertando mais depressa no regime certo do motor, em relação à velocidade do carro.

Claro que este “truque” exige alguma habituação e familiarização com o motor e com a caixa de velocidades. Mas vale a pena praticar para aproveitar os benefícios. O bónus é que até pode poupar a mecânica, com isso.

6 – Use os indicadores de mudança de velocidade

Muitos carros mais modernos têm indicadores para a altura ideal de fazer a passagem na caixa de velocidades manual.

Uns são melhores que outros, alguns indicam bem a altura de subir e de descer, outros só a de subir. Mas, seja como for, use-os.

Ou, pelo menos, aprenda com eles a conhecer as capacidades do motor. Vai ver que, afinal, o seu motor até “aguenta” uma quarta, a um regime que lhe parecia mais indicado para uma terceira.

7 – Não use o ponto-morto

Alguns condutores pensam que colocar a caixa em ponto-morto nas descidas faz poupar combustível. Não é verdade.

Se deixar a caixa engrenada na mudança mais alta, a injeção é cortada na altura que tirar o pé do acelerador e deixar o carro rolar pela descida. Aí sim, está a poupar combustível.

Mas se colocar a caixa em ponto-morto, a injeção mantém sempre algum combustível a ser queimado, para manter o motor a rolar e evitar que, quando volte a engrenar uma mudança, a ação seja demasiado brusca.

Além de tudo o mais, num carro com a caixa em ponto-morto, o condutor perde o controlo de grande parte da condução, tornando-se potencialmente perigoso.

Conclusão

A caixa de velocidades manual dá ao condutor um nível de controlo do regime do motor e dos consumos quase total. O que lhe permite descobrir as melhores estratégias para gastar o mínimo possível.

Usando bem os 7 “truques” que expliquei acima, e mais alguns como não ter o hábito de deixar o pé no travão nas descidas, mesmo quando não é preciso, podem fazer poupar cerca de 10% nos custos em consumo.

Num depósito de 50 litros, estamos a falar de cinco litros, o que, num carro a gasolina (com preço médio de 1,55 euros/litro) pode significar uma poupança de 7,75 euros, ou o equivalente a mais 70 km, num carro que gaste 7,0 l/100 km. Mais 70 km por depósito, não me parece nada mau…

Clicar nas setas para percorrer a galeria de imagens

Ler também neste link:

Como baixar os consumos: 10 dicas para poupar 10%