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Crónica – Por que os Dacia são como são

Dacia Duster III 2024

Reforço das linhas SUV

Rodas de maior diâmetro

Luzes de dia em "Y" deitado

Luzes de trás também em "Y"

O novo logótipo D C

Uso de materiais reciclados

A nova imagem da marca

Full Hybrid disponível

Para-choques com visual off -oad

Barras de tejadilho rotativas

Interior com o essencial

Suporte para smartphone

Alavanca da caixa automática

Detalhes simples mas de bom gosto

Estilo robusto e bem marcado

Também o tema do Y no interior

Sistema You Clip no interior

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22/12/2023. O posicionamento da Dacia coloca alguns desafios à definição do estilo dos seus modelos. Há vários cuidados a ter para manter e melhorar a imagem de marca, sem ter impacto nos custos. Esta estratégia é o tema em discussão na Crónica à 6ª feira desta semana, assinada por Francisco Mota.

 

O “concept-car” Manifesto foi dos mais inesperados que vi nos últimos tempos. Desde logo porque não se espera de uma marca com o posicionamento da Dacia que invista em exercícios deste tipo. Mas a estratégia de estilo para o futuro, na marca do Grupo Renault, passa muito por este veículo mais ou menos imaginário.

Desde o início que a marca disse não ser o Manifesto uma antecipação de um modelo específico, o que se compreende, sendo um off-road ultra-compacto, elétrico e de dois lugares. Nem tem pára-brisas. Mas também foi dito que seria uma fonte de inspiração para outros modelos.

Duster & Bigster

Com a apresentação da terceira geração do Duster, de que já falei em detalhe no TARGA 67 (pode ler tudo seguindo o link no final desta crónica) já se começou a ver alguma dessa inspiração a tornar-se realidade.

O “concept-car” Bigster também já mostrou um pouco do que será a versão final, para não dizer muito. O novo Duster estará à venda em 2024, o Bigster só deverá chegar em 2025, mas será mostrado antes. A terceira novidade da marca para 2024 será a segunda edição do elétrico Spring.

Para uma marca que há muito deixou de se poder catalogar como “low cost”, mas que continua a ter no preço um forte argumento de venda, trata-se de um programa de lançamentos muito ambicioso. Sobretudo porque acrescenta valor a dois modelos que vão ser essenciais ao seu crescimento.

O valor acrescentado

E o valor acrescentado não surge através de um brutal acréscimo de equipamento e de sistemas que tornam os produtos cada mais complexos, como é a norma em muitas marcas. O estilo terá um papel fundamental.

Mais do que precipitar-se para a eletificação, o que poderia fazer recorrendo à imensa experiência da Renault neste campo, na Dacia a abordagem é seguir a realidade do mercado, sobretudo dos compradores particulares.

A marca só agora entrou na era híbrida, com o sistema full-hybrid da Renault já presente no Jogger e que estará disponível no novo Duster. E continua a sua aposta nos “bi-fuel” gasolina/GPL que representam cada vez maior percentagem das suas vendas.

A importância do estilo

O estilo tem ganho cada vez mais importância na marca, como se viu a partir da segunda geração do Sandero, com uma nova linguagem estética, feita de mais arestas e mais “traços de caráter” como dizem os estilistas.

A seguir veio a mudança do símbolo da marca, abandonando o antiquado escudo cromado por um entrançado das letras D e C que fazem parte do seu nome. Foi um passo importante, como é para qualquer marca.

O novo Duster, a terceira geração, dá mais algumas pistas sobre a direção que a Dacia está a tomar. A forte tipificação dos seus modelos como SUV não é surpreendente e foi reforçada na maior altura do Duster. Mas não só.

A cartilha da marca

Na cartilha da marca de origem Romena, estão os três princípios que regem o estilo dos seus modelos: 1 – Essential cool, 2 – Robust outdoor e 3 – Eco smart. São conceitos um pouco abstratos, mas que têm a sua concretização.

Há uma aposta na ideia de que menos é mais, ou seja, menos adornos, menos linhas puramente decorativas resultam num aspeto mais genuíno e com mais caráter. Uma procura por aquilo que realmente importa para definir o caráter de um Dacia.

Porque conter os custos é uma coisa, outra completamente diferente é conseguir atingir um nível de qualidade de estilo que torne os modelos facilmente reconhecíveis como Dacia e que o seu desenho os destaque das outras marcas.

Só o essencial

Aqui, entra não só o estilo em si, mas as proporções, que implicam um estudo prévio para se atingir o ponto certo entre as dimensões de todos os elementos: habitáculo, capót, rodas, zona vidrada, distância entre-eixos em relação ao comprimento entre outras.

Claro que o estilo não se fica pelo exterior e nos interiores talvez o desafio seja ainda maior. Limitar os custos sem que o ambiente do habitáculo tenha um ar “barato” é uma tarefa a que o estilo pode dar uma ajuda preciosa.

Tal como no exterior, o foco está no essencial, uma palavra que se tornou sinónimo de Dacia. A utilização de plásticos de toque duro, com custos inferiores aos macios, é inevitável. O trabalho dos estilistas de interiores é dar a volta ao tema.

You Clip

Poucos comandos, mas fáceis de entender e com boa ergonomia são ponto fundamental. O mesmo se pode dizer do sistema de infotainment, simples, mas fácil de usar e com as funções mais importantes imediatamente acessíveis.

A ideia de menos elementos decorativos e mais ideias funcionais é bem ilustrada pelo sistema You Clip que foi estreado no Duster e será aplicado gradualmente no resto da gama.

O funcionamento é muito simples e prático. Existem vários pontos de fixação no habitáculo, por exemplo no tablier, na parte lateral da consola central, junto às pernas do passageiro da frente, nas costas dos bancos da frente e na mala.

Neste pontos, é depois possível encaixar vários acessórios, disponíveis no pós-venda, que começam com uma lanterna, ganchos para pendurar sacos, suportes de smartphone com carregamento por indução e mais, que vão surgindo gradualmente nas lojas da Dacia. Podem suportar até 10 kg de peso.

A utilização de materiais reciclados será outra tendência que a Dacia seguirá, desde que o seu custo não ultrapasse o das matérias originais, situação que hoje ainda acontece em muitos componentes.

Conclusão

O crescimento da Dacia tem sido um fenómeno na indústria automóvel que mais nenhum construtor parece conseguir reproduzir. A marca consegue manter os custos de produção baixos, oferece aquilo que julga ser o essencial e atrair cada vez mais clientes. E ainda consegue gerar lucro. Mas uma coisa é certa, se não quer passar de moda, é preciso investir no estilo, que ainda continua a ser a primeira razão na escolha de compra de um carro novo.

Francisco Mota

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