A VW revelou os preços e os “segredos” do novo ID.3, no dia em que foram abertas as encomendas finais em toda a Europa. E há algumas surpresas…

 

O processo de lançamento do ID.3 poderá constar de futuros manuais de marketing, como um exemplo de gestão de expetativas dos potenciais clientes, durante mais de um ano.

O momento chave foi a apresentação da versão final no salão de Frankfurt de 2019, mas antes disso já a VW tinha mostrado unidades camufladas do ID.3 e dado alguma informação inicial.

Na verdade, o trabalho na nova plataforma MEB exclusivamente elétrica começou em 2016.

Trata-se de uma base que vai servir para o ID.3 e uma família completa de outros modelos elétricos das marcas do grupo (VW, Audi, Skoda e Seat) além de alguns modelos da Ford, com a qual a VW assinou um acordo de partilha da MEB.

Abriram as encomendas!

Entretanto, durante vários meses a VW foi alimentando a curiosidade dos interessados, aceitando pré-encomendas e libertando muitas informações sobre o conceito, construção e enquadramento do seu novo modelo elétrico.

Hoje, 17 de Junho, abriram oficialmente as encomendas finais para a versão de lançamento, o 1st (First), que será produzida em 30 000 unidades, das quais 80 foram alocadas ao mercado português.

A VW aproveitou mais este marco no processo de lançamento do ID.3 para divulgar mais informação, incluindo alguns “segredos” sobre o modelo.

Autonomia até aos 550 km

A VW confirmou que vai ter três versões, Pure, Pro e Pro S, com baterias disponíveis de diferentes capacidades: 45 kWh (autonomia entre 230 e 330 km); 58 kWh (autonomia entre 300 e 420 km) e 77 kWh (autonomia entre 390 e 550 km).

Todas as baterias têm garantia de 8 anos ou 160 000 km para 70% de capacidade e estão posicionadas sob o piso.

O motor elétrico está atrás e move as rodas traseiras, o que permite um raio de viragem muito curto de apenas 10,2 metros, menos que os 10,8 metros do Up!

Potências dos 126 aos 204 cv

A potência varia de acordo com a bateria, sendo que a de 45 kWh está disponível com 126 cv ou 150 cv; a de 58 kWh está disponível com 145 cv ou 204 cv e a de 77 kWh está disponível apenas com 204 cv.

A estrutura do ID.3 dá prioridade ao aproveitamento do espaço interior, por isso a marca afirma que tem as dimensões exteriores de um Golf (4260 mm) e a habitabilidade de um Passat.

Para diminuir o tamanho da consola central e maximizar o espaço, o comando da transmissão foi colocado do lado direito do painel de instrumentos, que é digital e tem 5,3” sendo a sua informação comandada através de botões no volante.

O monitor central tátil de 10” tem uma linha de teclas táteis em rodapé, para facilitar a sua manipulação e também botões “slider” que se comandam com o deslizar do dedo, semelhantes aos estreados no Golf 8.

Comando “natural” por voz

Mas a maior novidade a este respeito é o comando por voz que a VW apelida de “natural”. Não é preciso dar uma ordem através de uma frase rígida, o sistema “compreende” frases mais casuais.

Por exemplo, se o condutor disser “quero ver as estrelas” a cortina do teto panorâmico é aberta. Outro exemplo, se o condutor disser “tenho calor”, o A/C é regulado para uma temperatura mais baixa.

Sinais de luzes

Um dos “segredos” do ID.3 é a “ID Light”. Trata-se de um friso de LED colocado na base do para-brisas, a toda a sua largura e do lado de dentro. A sua função é informar o condutor em várias situações.

A VW deu alguns exemplos que mostram como a interação entre o condutor e o automóvel pode ganhar uma nova dimensão, mais intuitiva.

A luz desse friso saúda o condutor com uma sequência animada, quando se liga e desliga o motor, fazendo as funções dos sinais “Ready” habituais nos elétricos.

De acordo com a navegação, exibe uma outra sequência a indicar mudanças de direção no percurso, esquerda ou direita. Também avisa se houver necessidade de travagem de emergência, bem como quando o telefone está a tocar.

Ainda faz uma outra animação, para mostrar que a bateria está a ser carregada e que percentagem já está carregada.

Três versões para o 1st

Quanto ao equipamento, nada como visitar o site da VW para ficar a conhecer tudo ao detalhe, numa gama que se articula em torno de três versões, para a edição de lançamento: 1st, 1st Plus e 1st Max.

A versão 1st Plus tem faróis de Matriz de LED que iluminam para a direção de onde o condutor se está a aproximar, quando estacionado. Tem também luz ambiente com 30 cores à disposição.

A versão 1st Max tem tejadilho panorâmico, assistente de viagem e Head Up Display com realidade aumentada.

Mas esta última função não estará disponível em Setembro, será alvo de um “update” a fazer nos concessionários durante o primeiro trimestre de 2021.

Está previsto que o ID.3 possa receber atualizações via wi-fi, as chamadas “over the air” mas ainda não para este primeiro caso.

Muita personalização

As hipóteses de personalização são um dos atributos do ID.3, contando com quatro cores exteriores, dois tipos de faróis de LED (básico e Matriz), três cores para o friso que separa o tejadilho dos painéis laterais, bem como as molduras das aberturas do para-choques: preto, alumínio e cobre.

Por dentro ainda há mais, com cinco cores disponíveis para o tablier, cinco tipos de volantes, em branco e preto e bancos forrados a tecido ou imitação de pele.

A VW diz que usa a imitação de pele para não usar materiais derivados de animais, como o couro, que apenas é empregue no volante. Mas isso também será mudado.

Voltando ao exterior, há vários tipos de jantes, com 18, 19 e 20 polegadas.

O primeiro será o… 1st

A edição de lançamento 1st está equipada com a bateria de 58 kWh e motor de 204 cv (300 a 420 km de autonomia) e poderá ser carregada a 100 kW DC ou 11kW AC. Tem vários logótipos “1st” no interior e exterior.

A VW anunciou que vai oferecer o primeiro ano de eletricidade, para cargas em casa ou em postos públicos, a quem comprar o 1st.

O preço do 1st base para Portugal será de 38 017 euros, ligeiramente mais barato que na Alemanha. A versão 1st Plus custa 43 746 e o 1st Max custa 49 478 euros.

As primeiras unidades serão entregues em Setembro sem a atualização do Head Up Display com realidade aumentada e sem App Connect.

Quem optar por receber o ID.3 1st em setembro, fará parte do Clube First Mover e terá algumas regalias especiais. Depois terá que fazer o update em 2021.

Quem quiser, poderá esperar pelo primeiro trimestre de 2021 e receber o seu ID.3 já com as duas atualizações instaladas.

Como vai ser recarregado

Segundo as estimativas da VW, 50% dos proprietários do ID.3 vão carregar a bateria em casa, 20% no local de trabalho, 25% em postos público e apenas 5% nos carregadores de autoestrada.

A rede de carregadores continua a crescer, nomeadamente o consórcio Ionity de carregadores ultra rápidos (até 350 kW) do qual a VW faz parte. O site Wattson.pt revelou esta semana que a Ionity pretende instalar oito supercarregadores em Portugal até ao final do ano.

A bateria refrigerada a líquido do ID.3 pode ser recarregada a 50 kW (100 kW em opção na bateria de 58 kWh), mas a versão maior de 77 kWh pode carregar até 125 kWh. Aliás, esta versão tem ainda outra surpresa, na forma de um opcional.

Quem quiser gastar algum dinheiro, poderá adquirir uma opção de programação que diminui a aceleração 0-100 km/h em dois segundos baixando para um valor entre os 7 e 8 segundos. A VW diz que o arranque se pode fazer tantas vezes como nos outros modelos.

Devido ao peso superior da bateria de 77 kWh, nesta versão a lotação baixa de cinco para quatro passageiros, para controlar o peso máximo.

Outro opcional interessante é a bomba de calor para aquecimento do habitáculo. Sobretudo para países frios, permite manter a carga da bateria por mais tempo, não gastando energia que assim deixaria de poder ser usada para a autonomia.

E um ID.3 GTI?…

Muito se tem falado de uma versão desportiva do ID.3, uma espécie de GTI. A VW não confirma nem desmente, apenas diz que o modelo irá evoluir e que uma versão desse tipo é possível. Uma coisa é certa, não vai usar a histórica sigla GTI.

Dominar entre os elétricos

Nas palavras da VW, o ID.3 é “um carro para milhões, não é um carro para milionários” numa clara alusão à Tesla. Curiosamente, a VW ainda não anunciou planos para levar a família ID para os EUA.

As ambições de dominar o mercado deste tipo de automóveis não é disfarçada: até ao final do ano, a VW espera vender 67 000 unidades.

A venda das versões normais devem começar um mês depois do 1st, portanto em outubro.

Depois, em Março é apresentado o ID.4, um SUV, a que se vão seguir outros modelos, como uma carrinha do tamanho da Passat Variant.

As expetativas da VW são enormes, e nem sequer notou uma quebra de entusiasmo dos compradores nesta fase de confinamento: “as pessoas parece que querem uma continuação da descida de poluição registada nos últimos meses. E nós temos o carro perfeito para isso.”

Conclusão

As previsões da VW apontam para que em 2025 os elétricos já representem 25% das suas vendas, com a percentagem a subir aos 30% em 2030 e garantem que o lucro previsto para cada ID vendido será igual ao dos atuais modelos com motores térmicos.

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