Começou a contagem decrescente para a chegada ao nosso mercado do ID.3, faltam 10 meses. O meu primeiro encontro com o novo VW elétrico foi no salão de Frankfurt: impressões ao vivo.

O Tesla Model S mostrou que os carros elétricos podem ser luxuosos, o Nissan Leaf mostrou que os elétricos podem ser familiares compactos. O Volkswagen ID.3 quer mostrar que os elétricos podem ser carros para o grande público.

Se o vai conseguir ou não, é ainda cedo para saber. Mas o plano da VW conta com um milhão de vendas de veículos elétricos por ano, um objetivo sem precedentes, para ser atingido quando a família ID. estiver completa.

Só para ficar com uma ideia da dimensão da operação ID. fique a saber que a Nissan completou o seu melhor ano de vendas do Leaf em 2018, com 87 000 unidades entregues. E espera ultrapassar, no final deste ano, a barreira do meio milhão de Leaf produzidos, desde que a primeira geração foi lançada há oito anos, em 2011.

VW quer liderar nos elétricos

Como maior construtor de automóveis do mundo, a VW talvez não tivesse outra alternativa que não fosse almejar a liderança, também na produção de carros elétricos.

Por isso decidiu apostar forte, transformando fábricas para a produção exclusiva dos ID. e desenhando uma arquitetura dedicada para modelos elétricos, com a nova plataforma MEB.

Tudo isto já eu sabia quando voei para o Salão de Frankfurt, onde a VW decidiu fazer a apresentação mundial da versão final do ID.3, cerca de 10 meses antes do lançamento no mercado nacional. Começou a contagem decrescente.

O primeiro encontro

O primeiro encontro com o ID.3 ocorreu assim no meio de uma multidão de jornalistas, sequiosos de conhecer todos os detalhes do elétrico que promete revolucionar o conceito de familiar compacto.

É a própria VW que diz ser este o terceiro carro mais importante da sua história, depois do fundador Carocha e do revolucionário Golf.

Diz-se que só há uma hipótese para causar uma primeira boa impressão e o ID.3 impressionou. Retirado o pano que o cobria, o novo VW revelou um desenho bem ao estilo da marca: moderno, mas sem exageros e com a promessa de vir a ser intemporal. O tempo o dirá…

Neste primeiro encontro, confirmaram-se as proporções inovadoras, com uma grande distância entre-eixos, habitáculo avançado e frente curta.

Nada disto por razões de estética, mas por motivos funcionais: o motor está montado no eixo traseiro, portanto com tração traseira. Um “tudo atrás” como era o Carocha.

Espaço e qualidade

Com isto, foi possível maximizar o espaço no habitáculo, o que pude comprovar ocupando primeiro os lugares da fila de trás: o acesso é fácil, há muito espaço para os joelhos e o piso é plano.

Passando para o lugar do condutor, percebe-se que a posição de condução é muito boa, com ajustes amplos do banco e volante. O painel de instrumentos é relativamente simples, tal como o monitor central, destacado no topo da consola.

A ideia da VW foi simplificar ao máximo o tablier e os comandos secundários, o que parece ter sido conseguido. Mas só após o primeiro teste dinâmico será possível confirmar tudo isso.

O que já foi possível apreciar foi a boa qualidade dos materiais do interior e o desenho simples e claro de todos os componentes do habitáculo.

Mas o tempo não era muito, pois havia já uma fila de outros jornalistas a querer fazer o mesmo que eu e tive que sair do ID.3 para dar uma espreitadela à mala, que tem um formato regular, facilitando a arrumação.

Três baterias disponíveis

Além das primeiras sensações ao vivo, a VW anunciou ainda alguns dos dados finais das três versões do ID.3 que vão estar disponíveis, com diferentes capacidades de bateria e de autonomia.

Assim, há uma versão base com bateria de 45 kWh e 330 km de autonomia, uma versão intermédia de 58 kWh com 420 km de autonomia e uma de 77 kwh, com 550 km de autonomia.

Mas como a VW quer tudo às claras, também admitiu que as autonomias podem variar consoante o tipo de condução, o clima, a topografia e a velocidade, em relação a estes valores máximos obtidos em banco de ensaios.

Assim, a marca diz que, 80% dos utilizadores vão conseguir dispor dos seguintes intervalos de autonomia: para a bateria de 45 kWh, entre 230 e 330 km; para a bateria de 58 kWh, entre 300 e 420 km e para a bateria de 77 kWh, entre 390 e 550 km de autonomia.

Os valores mínimos referem-se a deslocações sob temperaturas muito baixas ou em autoestrada. Em cidade, devido ao maior número de situações de regeneração, a VW diz que é possível superar os valores máximos anunciados segundo os procedimentos WLTP. Só testando o ID.3 será possível confirmar esta hipótese.

E os tempos de recarga?

Também foram anunciados os tempos de recarga e os carregadores utilizáveis em cada bateria. Assim, a bateria de 45 kWh pode ser carregada numa wallbox de 7,2 kW (AC) ou num PCR (Posto de Carga Rápida) de 50 kW (DC) sendo a carga a 100 kW uma opção.

A bateria de 58 kWh pode ser carregada a 11 kW (AC) ou nos PCR de 50 e 100 kW (DC). Para esta última situação a VW anuncia que é possível carregar o equivalente a 290 km de autonomia em 30 minutos, cerca de 70% da bateria.

Finalmente, a bateria de 77 kWh pode ser carregada a 11 kW (AC) e a 50, 100 ou 125 kW (AC). Recorde-se que a rede de PCR públicos que existe em Portugal é de 50 KW, o que aumenta os tempos de recarga para o dobro, em relação aos tempos anunciados para os PCR de 100 kW. Contudo, estes já começaram a ser instalados no nosso país.

Desde o lançamento, a VW irá disponibilizar dois tipos de wallbox, com diferentes velocidades de carga, para serem instaladas em casa ou no local de trabalho, prometendo preços abaixo do valor de mercado e com possibilidade de serem controladas à distância via aplicação de smartphone. As baterias têm garantia de oito anos ou 160 000 km.

Versão de lançamento 1st

Para o lançamento, previsto para o Verão de 2020, estará apenas disponível uma versão especial que se vai chamar 1st e terá três configurações fixas de equipamento, apenas as cores exteriores e do habitáculo podem ser escolhidas.

Esta versão terá uma potência de 150 kW (204 cv) e 310 Nm de binário máximo, para uma velocidade máxima de 160 km/h. A bateria do 1st é a intermédia, aquela que se julga vir a ser a mais procurada, portanto com 58 kWh.

As três configurações fixas vão ser a 1st, que inclui navegação, rádio digital, bancos e volante aquecidos, apoio de braços e jantes de 18”.

A seguir vem o 1st Plus, que acresce câmara de marcha-atrás, cruise control adaptativo, acesso sem chave, bancos específicos, luz ambiente, consola central com 2 USB-C atrás, vidros escurecidos, luzes em matiz de LED e jantes de 19”.

Finalmente o 1st Max adiciona ainda mais este equipamento: Head-Up display com realidade aumentada, som Beats, teto panorâmico, jantes de 20”, manutenção de faixa, mudança automática de faixa, carregamento de smartphone sem fios e bancos Comfort.

E o preço?…

Falta falar de dinheiro. Para os compradores da edição especial de lançamento 1st, o Volkswagen We Charge fornece carregamentos gratuitos durante o primeiro ano, até um máximo de 2000 kWh, nos pontos de carga ligados ao We Charge, onde se inclui a rede Ionity, que já tem mais de 100 000 pontos de carga na Europa.
Quanto ao preço, a VW anuncia valores a partir dos 30 500 euros, em Portugal.

Conclusão

Estas foram as grande novidades desvendadas no salão de Frankfurt, são as questões práticas que podem decidir a compra, para um condutor que nunca teve um carro elétrico, como vai ser o caso da esmagadora maioria dos clientes que a VW procura para o ID.3.

A expetativa do mercado é enorme, no nosso país, com as 80 unidades da edição de lançamento 1st, alocadas ao nosso país, já todas encomendadas. Mas ainda falta esperar até ao Verão de 2020.

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