C40 Recharge será o primeiro Volvo sem couro

O C40 Recharge é a versão coupé do XC40

Silhueta mais baixa define forma do C40 Recharge

Frente com grelha fechada comum aos EV da Volvo

A Volvo prepara uma gama completa de modelos elétricos

A lã já é utilizada para alguns revestimentos no interior dos Volvo

Total abolição de couro nos Volvo elétricos

Revestimentos interiores vão usar um novo material o Nordico

Plástico reciclado de garrafas será usado para criar um novo tecido

Matéria florestal, garrafas de plástico e rolhas vão ser usadas para novos materiais nos Volvo

A Volvo anunciou que vai deixar de usar pele de animal para os bancos dos seus modelos. Em vez disso, está a ser criado um conjunto de materiais que vai revolucionar a ideia de Premium.

 

Há muito mais para saber acerca da revolução na ideia de materiais premium do que a simples abolição da pele de animal nos futuros Volvo. Não se trata apenas de uma troca de um material por outro, é a própria noção de Premium que está a mudar.

A Volvo encomendou ao “The Future Laboratory” um relatório que identificasse as tendências do comprador de produtos Premium nos próximos anos e o resultado foi um documento que recebeu o título “The rise of conscious Design”.

Para este relatório, foram entrevistados agentes de muitas áreas diferentes, dentro e fora da indústria automóvel, mas relacionados com produtos Premium ou de luxo. O objetivo foi perceber para onde estão a ir as preferências dos compradores deste tipo de produtos.

Compradores querem sustentabilidade

E a primeira conclusão será a mais fácil de entender. Os compradores estão cada vez mais à procura de produtos sustentáveis, que não sejam agressivos com o meio ambiente. Claro que os automóveis elétricos são o mais fácil de englobar nestas preferências. Mas não só.

O relatório apurou que dois terços dos compradores de produtos Premium consideram a política ambiental de cada marca como um ponto crítico para a decisão de compra.

O couro e as madeiras exóticas começam a ser vistos de outra maneira por muitos compradores

Alguns vão mais longe e sugerem a criação de uma etiqueta que quantifique a pegada de carbono de cada produto, para poderem fazer uma escolha melhor informada.

A imagem de luxo do passado, traduzida na indústria automóvel por coisas como os bancos de couro de alta qualidade, as madeiras exóticas e até os tapetes de lã, começam a ser vistos de outra forma por um público informado e desejoso de abraçar uma imagem de maior sustentabilidade.

Os três pilares

De uma maneira simples, pode dizer-se que o relatório identifica três pilares para as exigências que estes clientes vão ter no futuro próximo: materiais que sejam sustentáveis, regenerados e naturais. São esses que vão passar a ser considerados Premium.

A Volvo já anunciou que, a partir de 2025, 25% dos materiais usados nos seus modelos vão ser reciclados ou oriundos da natureza. Para 2040, o fabricante aponta o objetivo de uma total integração na economia circular.

O consumo linear, que está a levar à falta de recursos naturais, postos em causa pela crescente atitude descartável em relação a muitos produtos, é uma das preocupações de um público mais informado. Tal como a degradação do ambiente que essa atitude implica.

Economia circular

A economia circular é a resposta a estes problemas, com um investimento sério na reciclagem e na regeneração dos materiais. Mas também na sua reutilização e naquilo a que se chama o Design Consciente.

Este conceito tem vindo a ganhar força entre os designers de todo o tipo de produtos. É mais do que um conceito estético, é uma atitude em favor da ética na escolha de materiais para fabricar todo o tipo de produtos.

A procura de novos tipos de têxteis vai subir 150% até 2050, diz o relatório

Hoje, muitos materiais Premium ou de luxo são feitos a partir de origem fóssil ou matéria prima virgem, gastando assim os recursos naturais. Outros são materiais que exigem um processamento longo, que consume muita água e químicos. E outros não respeitam o bem estar dos animais.

O relatório refere que, até 2050, a procura de novos tipos de téxteis vai subir 150%, abandonando as matérias primas atuais e procurando novas soluções baseadas na reciclagem e na utilização de matéria sustentável.

Pandemia teve efeitos

Curioso é notar que o relatório identifica o período da pandemia como a altura para a mudança de mentalidades de muitos. Foi o redescobrir da admiração pela natureza que levou a uma nova atitude face ao consumo.

“Luxtainability” é a nova palavra para classificar materiais sustentáveis da nova geração.

Já há até uma nova expressão para identificar esta “promoção” de materiais reciclados ou de origem natural sustentável ao patamar Premium ou de luxo: é o “luxtainability”.

O relatório aponta alguns materiais em concreto com potencial para subirem de estatuto aos olhos dos compradores de produtos premium. Um desses materiais é o linho, graças às suas características físicas e de durabilidade.

Mas há mais. A própria Volvo desenvolveu um novo material, a que chamou Nordico, feito com base em garrafas de plástico recicladas e que será o substituto da pele nos bancos dos seus carros.

Novos materiais

Decorrem também outros desenvolvimentos para têxteis experimentais, com origem sustentável, bem como o aproveitamento de resíduos das florestas sueca e finlandesa para fazer materiais sustentáveis.

Outro dos materiais que está em forte crescendo é a cortiça, nomeadamente a cortiça proveniente da reciclagem de rolhas da indústria do vinho. Será, sem dúvida, um material Premium dentro de muito pouco tempo.

A lã tem características naturais que não estão a ser totalmente aproveitadas.

O abandono da pele de animal para os forros interiores dos habitáculos está a levar também a uma discussão sobre a melhor utilização da lã. Este material tem características naturais que não têm sido aproveitadas, em várias áreas. Será mais um material Premium.

Economia pode lucrar

Um fonte económica citada pelo relatório, refere que uma aposta forte nas soluções positivas para o meio ambiente, poderia movimentar negócios no valor estimado de 8,2 triliões de euros e gerar 295 milhões de postos de trabalho, atá ao horizonte de 2030.

As conclusões do relatório promovido pela Volvo apontam cinco tendências para o futuro próximo. A primeira é um pensamento a longo prazo, a segunda é o desenvolvimento da economia circular, a terceira é a transparência da produção no que à sustentabilidade diz respeito.

Não menos importante é a reciclagem e a regeneração e, por fim, talvez a mais difícil, pois não depende de avanços tecnológico mas das relações humanas, a colaboração.

Em vez de trabalharem em segredo, umas contra as outras, as empresas rivais deveriam colaborar mais entre si.

Várias empresas estão a chegar à conclusão que a colaboração pode desempenhar um papel fundamental num futuro sustentável. Em vez de trabalharem em segredo, umas contra as outras, as empresas rivais deveriam colaborar mais entre si, reduzindo assim os tempos de desenvolvimento de novos materiais e poupando recursos.

O Design consciente aumenta o número de “R” das preocupações ambientais. Além do reciclar, reparar e reutilizar, acrescenta o reduzir, reaproveitar e repensar à lista de conceitos que devem ser encarados para garantir um futuro sustentável.

Conclusão

A preocupação da Volvo com a sustentabilidade mostra como a empresa está a olhar mais à frente, tentando antecipar tendências. Já não basta falar de reciclagem, é preciso levar em linha de conta uma verdadeira economia circular, em que a ética ambiental e a transparência dos processos de produção são prioritárias.

Francisco Mota

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Vídeo – XC40 Recharge: até onde vai o primeiro Volvo elétrico