Volvo XC40 Recharge P8 AWD in Glacier Silver

A Volvo também entrou na corrida dos carros elétricos. Vai estrear-se com o XC40, numa versão de 408 cv e 400 km de autonomia, mas só chega em 2021 a Portugal.

 

Só com híbridos “plug-in” não é possível atingir as metas de redução de emissões de CO2. A conclusão é da Volvo e foi anunciada pelo seu CEO, Hakan Samuelsson, numa conferência a que assisti por via remota.

O líder da marca sueca, de propriedade chinesa (este “detalhe” não é secundário, para a história) disse o que muitos já sabem e têm medo de admitir.

Sem carros elétricos puros na gama, não se consegue reduzir a média de emissões de CO2 da totalidade da gama de modelos.

A Volvo tem vindo a reforçar a sua oferta de híbridos “plug-in” a que chama Twin Engine, por terem um motor a gasolina e um motor elétrico.

Mas, mesmo que todos os condutores usassem o modo elétrico sempre que possível, o resultado não seria suficiente.

XC40 Recharge é o primeiro

Tal como outras marcas, de que a Mazda é um exemplo recente, como o MX-30, também a Volvo recorreu a um SUV compacto para o seu primeiro carro elétrico.

A razão para essa escolha? Por ser um modelo que consegue, ainda assim, ter um preço abordável por um considerável número de clientes.

Estou a falar de valores estimados, pois ainda não há valor oficial para Portugal.

Em Portugal só em 2021

O nosso mercado só vai ter o privilégio de receber o XC40 elétrico em 2021, à nossa frente estão os países onde estas versões têm mais procura.

O seu nome completo é XC40 Recharge, uma designação que a Volvo vai passar a usar em todos os seus modelos eltrificados, incluindo os híbridos.

As características principais do XC40 Recharge já foram anunciadas e começam por uma bateria de 78 kWh instalada sob o piso e protegida por uma caixa de alumínio, integrada na estrutura em aço.

Em termos de segurança, um tema fundamental da narrativa da Volvo, o maior problema num carro elétrico é a resistência da bateria em choques laterais contra postes. Por isso foi desenvolvida a tal caixa.

408 cv de potência!

Há dois motores elétricos, um por eixo para garantir a tração às quatro rodas, totalizando 408 cv de potência máxima, quando os motores rodam a 14 000 rpm. Para chegar ao binário máximo de 660 Nm, basta começar a andar.

Apesar dos 2250 kg de peso, o XC40 Recharge consegue acelerar dos 0 aos 100 km/h em 4,9 segundos, mas essa não será a prioridade dos seus utilizadores.

Mais relevante são os 400 km de autonomia anunciada, segundo o protocolo WLTP. E os tempos de recarga da bateria.

Numa tomada doméstica de 11 kW, são precisas 7h30m, mas num posto de carga rápida de 150 kW (que ainda são raros, na Europa) bastam 40 minutos para carregar 80% da bateria.

Será razoável esperar por algo como 2h00, para carregar os mesmo 80% num dos PCR de 50 kW como os que existem em Portugal.

Os compromissos da Volvo

A apresentação do XC40 Recharge serviu também para anunciar alguns dos compromissos da Volvo, entre os quais se destaca a esperança de que, em 2025, metade das suas vendas sejam de carros elétricos e a aoutra metade de híbridos “plug-in”.

Para se concentrar no desenvolvimento de sistemas elétricos, a Volvo vai mesmo deixar de desenvolver motores térmicos, função que fica responsabilidade da cada-mãe chinesa, a Geely.

Hakan Samuelsson, disse também que “as cimeiras não são suficientes” e que é preciso cada marca assumir as suas responsabilidades.

Garantiu que a Volvo será a primeira marca a ter toda a gama eletrificada. O que não é tão difícil como em construtores que produzem carros mais baratos e em muito maior volume.

O CEO disse também que, depois da segurança, deseja que a eletrificação seja a nova bandeira da Volvo, mas suspeito que já venha tarde para atingir esse propósito. Esse lugar já tem um dono e chama-se Tesla.

Seja como for, com o apoio da Geely, a Volvo anunciou ir lançar um modelo elétrico por ano nos próximos tempos mas admite que terá que fazer um investimento na sustentabilidade da produção, em termos de emissões de CO2.

Samuelsson teve a rara frontalidade de admitir que os carros elétricos não resolvem todos os problemas de CO2 da indústria automóvel, se continuarem a ser fabricados como agora.

Nas suas palavras, o aumento da procura de carros elétricos já está a contribuir para a subida de emissões de CO2, relativas à sua produção. Por isso é preciso mais esforço.

E esse esforço terá resultados, que se estimam reduzam as emissões de CO2 em 25%, na cadeia de fornecedores e outros 25%, na produção, ficando os restantes 50% para o próprio automóvel elétrico.

Com estas medidas, a gama Volvo conseguirá descer em 40% as suas emissões de CO2, até 2025.

As baterias e e origem da energia

O grande problema são as baterias, claro. É preciso desenvolver novas tecnologias, que a Volvo espera venham a surgir a tempo de poder afirmar que a produção de baterias para automóveis elétricos tenha um impacte nulo no CO2, até 2040.

Para o resto, a origem da eletricidade, é precisa a colaboração das empresas produtoras de energia elétrica, que têm que passar das matérias primas fósseis para as renováveis. Mas isso, já não é com a Volvo.

Parceria com a Google

De resto, o XC40 Recharge terá também um novo pacote de ajudas eletrónicas à condução e novas soluções de conetividade, resultado de um acordo estabelecido com a Google.

Está prevista a utilização de algumas aplicações populares, como o Google Maps ou o Google Assistant, estando garantidas as atualizações de software do carro à distância.

Conclusão

Com a Tesla no mercado há 15 anos, de cada vez que aparece um novo automóvel elétrico, a tentação é dizer que a respetiva marca vem atrasada.

Mas isso depende da prespetiva. Para uma “start-up” como a marca americana, o tempo foi o certo para se afirmar no mercado, numa altura em que as marcas tradicionais não estavam na disposição, ou não tinham os capitais, para perder dinheiro durante década e meia, como aconteceu à marca americana.

Para essas, o momento certo parece ter chegado agora, pelo lado da redução de custos e pela urgência das novas normas. A Volvo acredita nisso.

Clicar nas setas para percorrer a galeria de imagens

Ler também neste link:

Volvo paga um ano de energia a quem comprar um “plug-in”