Volvo Concept Recharge

Perfil muito mais baixo que no XC90

Assinatura luminosa de trás é mantida

O Lidar está ao centro no tejadilho

Maior luminosidade no habitáculo

Ecrã central de 15" domina o tablier

Bancos com novo formato prometem mais conforto

Banco traseiro configurável para crianças

Portas de abertura oposta e sem pilar central

Numa extensa conferência, a Volvo desvendou o que está a fazer para se tornar numa marca 100% elétrica. Mais segurança, mais autonomia, mais conetividade e muito mais software são os pontos chave. No final, mostrou o “Concept Recharge” que antecipa o XC90 de 2022.

 

Não é vulgar uma marca de automóveis abrir tanto o jogo como a Volvo fez na primeira tele-conferência sobre tecnologia que organizou e onde pude ver, à distância, muito do que será o seu futuro.

Com o objetivo de atingir a produção exclusiva de veículos elétricos em 2030, a marca tem ainda a ambição de chegar a um volume de 800 000 unidades por ano, que em 2025 devem ser já 50% elétricos.

Para isso, está a preparar uma autêntica revolução, com base em tecnologias que começam por uma nova plataforma exclusivamente elétrica, capaz de servir de base a todos os seus elétricos.

Liderar nos EV premium

O objetivo agora é ser líder nos carros elétricos entre as marcas premium e manter um nível de lucro idêntico ao dos rivais alemães. E tem uma estratégia para lá chegar.

A estratégia é depender menos de fornecedores exteriores e fazer mais componentes “em casa”, a começar pelo software. Mas também nos motores elétricos, onde a marca quer dominar a produção, como o fez em relação aos motores a gasolina durante 94 anos.

Mas, sendo a Volvo, tudo começa pela segurança e pelo objetivo das zero colisões. Segundo dados da marca, hoje ocorre uma média de 1,3 milhões de mortes na estrada por ano, 95% das quais devido a erro humano. A tecnologia tem que ajudar a evitar o acidente.

Mais segurança ativa

O tempo de evoluir os cintos de segurança, airbags e barras nas portas já lá vai. Agora os progressos vão ser feitos a nível das ajudas eletrónicas à condução, na segurança ativa.

A Volvo quer encher os seus modelos com sensores que consigam controlar tudo à sua volta com uma precisão de centímetros. Câmaras e radares estão incluídos, mas a estrela é a utilização generalizada do Lidar, fornecido pela empresa Luminar, que permite um controlo 15 a 20% mais preciso, sobretudo em condições meteorológicas difíceis.

Condução autónoma

E a segurança ativa está ligada diretamente à condução autónoma. A Volvo estabelece três níveis de intervenção para a ajuda ao condutor. Ao mais simples chama Drive, a que se segue o Cruise. Em ambos os casos, o condutor tem que supervisionar a condução.

Depois vem um nível em que o condutor não precisa de supervisionar a condução, deixando a tarefa para os computadores do carro. É o modo Ride, que só estará disponível em determinadas condições. Resta definir as datas para a introdução desta tecnologia, o que depende também da legislação.

O objetivo da Volvo é que esta tecnologia, com base no Lidar, esteja disponível em todos os modelos da sua futura gama elétrica.

Partilha de dados

Um ponto sensível é a partilha de dados sobre a circulação de cada carro vendido, que servirá para a Volvo evoluir continuamente todos estes sistemas, em alguns casos através de atualizações de software à distância. Tudo com o consentimento dos condutores.

Em colaboração com a empresa especializada Zenseact, a Volvo está a construir um centro de armazenamento de dados com capacidade para 225 milhões de gigabytes de informação.

Novo computador a bordo

Mas para que tudo isto funcione, é preciso um poder de computação maior e mais integrado. Hoje, qualquer fabricante de automóveis é obrigado a comprar muitos componentes eletrónicos e software a fornecedores externos.

Isto traz vários problemas. O primeiro é a definição do software, geralmente em formato padrão para todas as marcas e sempre propriedade dos fornecedores. A Volvo diz que a crescente complexidade dos carros está a levar a integração de todos estes componentes a um gasto de tempo insuportável.

Por isso a Volvo fez o seu próprio sistema operativo e está a investir como nunca no desenvolvimento do seu próprio software. Assim, deixa de precisar das habituais 100 ECU de um automóvel atual, para apenas dois cérebros centrais, que mais tarde se vão juntar num só.

Este módulo central vai permitir simplificar a arquitetura dos carros, mas também reduzir o tempo de desenvolvimento de novo software e de resolução de problemas, em alguns casos de dois anos para três meses.

Baterias de 3ª geração

Claro que o tema das baterias é sempre um dos que chama mais as atenções. A Volvo segue aqui a mesma política de querer ter mais controlo sobre o assunto e depender menos de fornecedores, apesar de ter feito um acordo com a empresa NorthVolt.

Para os próximos cinco a dez anos, a Volvo ainda prevê um desenvolvimento das baterias de Lítio, com modificações ao nível dos materiais empregues e com a subida da densidade energética para o dobro. Fala em valores de 700 Wh/litro, para esta segunda geração de baterias.

Um passo importante será a passagem para a terceira geração, onde o número de peças e as dimensões da bateria vão ser reduzidas, graças à tecnologia do eletrólito sólido. Aí, já se fala em densidades de 1000 Wh/litro e autonomias que podem atingir os 1000 km.

Gigafactory na Suécia

A parceria com a NorthVolt, outra empresa sueca, prevê o lançamento da segunda geração de baterias já em 2022. Mas o acordo continua para a construção de uma fábrica de baterias, com capacidade para produzir 50 GWh/ano a partir de 2026.

As baterias também vão progredir na rapidez de carregamento, prevendo-se uma redução para metade, nos carregamentos de 10 a 80% da carga, com a instalação de sistemas de 800 Volt.

Estes sistemas vão ter capacidade bi-direcional, podendo o carro ser alimentado por uma tomada ou wallbox doméstica, em horas de tarifa mais baixa e depois alimentar a casa, em horas de tarifa mais alta.

Preço das baterias vai descer

Quanto ao preço das baterias, a Volvo e a sua associada pensam que a tendência será de descida devido aos efeitos de escala inerentes ao aumento de volume de produção. Mas também à diminuição da quantidade de matérias primas caras empregues na sua construção, aumento da reciclagem e da densidade energética.

A Volvo aponta 2025 como o ano em que os custos de produção de um modelo com motor a combustão e um elétrico equivalente fique equiparado.

Nova conetividade

Outra área que a marca quer revolucionar é a conetividade. Para isso, fez um acordo com a Google para ter uma nova plataforma Android incorporada no carro. Os objetivos são aumentar a simplicidade de utilização, a serenidade e a segurança.

O sistema é composto por um novo ecrã central vertical de 15”, um painel de instrumentos digital de pequenas dimensões, por trás do volante e um Head-Up Display. Existe também uma nova App para smartphone compatível com todos os modelos da marca. Novidade é a abertura da marca em receber aplicações de fornecedores externos e criativos.

Concept Recharge: o novo XC90

Para mostrar como tudo isto se conjuga, a Volvo deixou a apresentação do “Concept Recharge” para o fim. É a primeira aplicação da nova plataforma elétrica, e prevê o lançamento do sucessor do XC90 para 2022.

Tem a nova frente da marca, com luzes LED móveis e apresenta um perfil bem mais baixo que o modelo atual, maior distância entre-eixos e menores vãos dianteiro e traseiro.

O módulo colocado no topo do tejadilho é o Lidar, para já, não é possível colocá-lo noutra posição, sem perder eficiência.

A simplicidade Sueca

O habitáculo mantém a posição de condução alta e ganha versatilidade ao nível dos bancos de trás, configuráveis para transportar crianças.

A Volvo ainda não deu muitos detalhes, mas garantiu que se trata do primeiro modelo da nova geração de elétricos, indo desempenhar um papel semelhante ao que teve o XC90.

Para marcar a diferença, o modelo vai abandonar a combinação de letras e números e terá um nome, como todos os futuros EV da marca.

Conclusão

Em 2016, a Volvo mostrou o XC90 e deu início a um reposicionamento como marca assumidamente premium, alcançando o seu objetivo com o sucessivo lançamento de outros modelos. Agora, dá início a uma nova revolução, desta vez com a eletrificação da sua oferta sem perder de vista o mercado premium, que pretende liderar nos EV.

Francisco Mota

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