Honda CR-V Hybrid Black Edition (fotos de João Apolinário)

Estilo tem resistido bem ao passar dos anos

Comprimento de 4,6 metros pouco maior que VW Tiguan

Visual da versão Black Edition com menos cromados

O sistema híbrido funciona em série e em paralelo

Esta é a quinta geração do CR-V, a sexta está para breve

Jantes negras com pneus 235/60 R18

Grelha negra da Black Edition

Ainda sobraram alguns cromados na carroçaria

Desenho do interior é bastante convencional

Qualidade de materiais é muito variável no interior

Desenho e lógica dos botões está ultrapassada

Painel de instrumentos não é fácil de ler

Ecrã tátil colocado em posição mais baixa que a tendência atual

Ecrã tátil central a precisar de renovação

Comando da climatização separados é sempre de elogiar

Comandos da transmissão são um erro ergonómico

Comandos dos modos de condução

Mala tem 497 litros e é fácil de carregar

Bancos confortáveis mas com pouco apoio lateral

Muito espaço na segunda fila, sobretudo em altura e comprimento

A 60 km/h o sistema funciona a emissões zero durante 50% do tempo

A aceleração 0-100 km/h é anunciada em 8,8 segundos

Condução suave e fácil, mas pouco envolvente

Na dinâmica, prioridade ao conforto e facilidade de condução

A quinta geração do CR-V está a chegar ao final de um carreira brilhante que o levou ao terceiro lugar entre os veículos de passageiros mais vendidos no mundo. A versão híbrida continua a ter os seus argumentos.

 

Para fim de carreira, a Honda lançou esta versão Black Edition do CR-V Hybrid, que acrescenta apenas detalhes em preto, como as jantes de 18”, as capas dos retrovisores, a frente e pouco mais.

Para mim, foi o pretexto ideal para revisitar um dos SUV mais vendidos do mundo, só superado pelo Toyota RAV 4 e que tem nesta quinta geração um verdadeiro fenómeno, que não tem passado por Portugal.

Esta é a quinta geração do CR-V, a sexta está para breve

Lançada em 2018, esta quinta geração tem na versão híbrida a mais relevante em vários mercados europeus. Não se trata de um “Plug-in” mas de um “full hybrid”, só que não segue o conceito da maioria. Já lá vamos.

Ousadia moderada

O estilo não chegou à ousadia do Civic da geração anterior, seu contemporâneo, mas mantém alguns detalhes diferenciadores, como o desenho dos faróis e luzes de trás.

Grelha negra da Black Edition

Tendo em conta a filosofia do atual Civic, é de esperar que a sexta geração do CR-V seja ainda menos ousada e mais harmoniosa. Veremos em breve.

O habitáculo já mostra a idade, sobretudo em aspetos como o desenho dos botões do volante ou os gráficos e definição do ecrã tátil central. O painel de instrumentos também não é fácil de ler, sobretudo o fluxo de energia.

Muito espaço

A qualidade dos materiais do interior não é homogénea, encontrando-se alguns bons no topo do tablier que contrastam com outros menos bons na maioria do habitáculo.

Bancos confortáveis mas com pouco apoio lateral

O espaço na segunda fila é muito amplo, tanto em comprimento para pernas como em largura. O piso é plano mas o lugar do meio é estreito, alto e duro.

Muito espaço na segunda fila, sobretudo em altura e comprimento

A mala tem 497 litros de capacidade e acesso fácil. Há ainda amplos e úteis porta-objetos na consola e as bolsas das portas são grandes, tal como o porta-luvas.

Erros de ergonomia

A posição de condução é muito boa, claro que é alta, mas o volante está bem posicionado e tem ajustes suficientes. O banco é confortável, apesar de ter pouca sustentação lateral.

Comandos da transmissão são um erro ergonómico

O pior são mesmo os comandos da transmissão, uns botões individuais, de carregar ou puxar que obrigam a olhar sempre para eles durante manobras ou estacionamento. Um erro de ergonomia.

Um híbrido diferente

Antes de arrancar para a estrada, vale a pena olhar para a maneira como este sistema híbrido da Honda funciona.

O sistema i-MMD (inteligent-Multi Mode Drive) híbrido usa um motor 2.0 i-VTEC a gasolina de quatro cilindros, que funciona a ciclo Atkinson e sem turbocompressor, com 145 cv.

O sistema híbrido funciona em série e em paralelo

Este motor está solidário a um gerador, que fornece energia diretamente a um motor elétrico, que faz a potência combinada subir aos 184 cv, com 315 Nm de binário máximo.

Três maneiras de atuar

Há três maneiras de funcionamento do sistema, a primeira é 100% elétrica e exige que a bateria de iões de Lítio, colocada sob o banco traseiro, esteja carregada para fazer 2,0 km seguidos, desde que não se pressione muito o acelerador.

Comandos dos modos de condução

A segunda é o funcionamento híbrido em série, em que o motor a gasolina funciona apenas como gerador, não estando ligado às rodas. Ou seja, a força do condutor no pedal do acelerador faz o motor a gasolina subir de regime, mas para gerar mais eletricidade, com o excedente a ser entregue à bateria.

O funcionamento como híbrido em paralelo surge quando o motor elétrico já não tem desmultiplicação suficiente, a velocidades mais altas (no meu teste, o gráfico de energia mostrava que isso acontecia aos 80 km/h) uma embraiagem multidiscos liga o motor a gasolina à transmissão, ficando o motor elétrico a dar a assistência possível.

Desenho e lógica dos botões está ultrapassada

A Honda diz que, a 60 km/h, o modo EV entra em ação em mais de 50% do tempo e que, a 100 km/h, continua a funcionar 30% do tempo. A velocidade máxima é atingida em modo híbrido.

Suave em cidade

O arranque é sempre feito em modo elétrico e quando o motor a gasolina entra em ação, é de forma suave e muito silenciosa, sobretudo em cidade. Há três modos de condução: Eco/Normal/Sport e ainda um botão para forçar o modo EV.

Condução suave e fácil, mas pouco envolvente

Em modo Eco, a resposta do sistema é suave e progressiva, desde que se use o acelerador com movimentos pequenos e lentos. Por vezes, parado no semáforo, o motor a gasolina sobe de regime, para carregar a bateria.

No meu habitual teste de consumos em cidade, obtive um valor de 4,8 l/100 km, provando que a regeneração é bastante eficiente, como aliás se vê pelo nível de carga da bateria, que anda sempre em redor dos 50% ou mais.

Muito fácil de guiar

A suspensão independente às quatro rodas e os pneus 235/60 R18 conseguem um nível de conforto razoável, que só se degrada em piso imperfeito, com a suspensão a propagar vibrações à estrutura.

A direção está bem assistida e o pedal dos travões é fácil de dosear, mas quando é preciso um pouco mais de aceleração rápida, o motor a gasolina sobe de regime de forma semelhante à de uma transmissão CVT, apesar de não existir nenhuma caixa no CR-V.

A 60 km/h o sistema funciona a emissões zero durante 50% do tempo

Em autoestrada, o meu teste de consumos a 120 km/h estabilizados, com A/C desligado resultou num valor de 7,3 l/100 km. E com muito pouco ruído, seja de motor, aerodinâmico ou de rolamento. Só quando surgem subidas, o motor a gasolina precisa de mais regime e sobe de rotação, nessa altura já com algum ruído.

Boa aceleração

Depois mudei para o modo Sport e foi em busca de uma estrada secundária. Há duas patilhas no volante que permitem regular a intensidade da regeneração dos travões em desaceleração. Mas o seu efeito é mais para introduzir uma banda sonora de passagem de caixa, que na realidade não existe.

A Aceleração 0-100 km/h é anunciada em 8,8 segundos

Em modo Sport ganha-se alguma coisa em rapidez do acelerador e com os 184 cv, os 0-100 km/h estão anunciados em 8,8 segundos, um bom valor para um SUV de 1614 kg e tração à frente.

Quando se tira o pé do acelerador, as rotações do motor a gasolina caiem a pique, o que é muito pouco agradável de ouvir e de sentir.

Dinâmica tranquila

Quando se aumenta o ritmo da condução, a direção mostra suficiente precisão e não falta força ao motor, notando-se bem o contributo da parte elétrica.

Os pneus resistem bem à subviragem quando se exagera na velocidade de entrada em curva, mas acabam por deixar a frente alargar a trajetória, tendência que o ESC controla de imediato, de forma suave e sem alarido.

Na dinâmica, prioridade ao conforto e facilidade de condução

A inclinação lateral em curva é a típica de um chassis que tem o conforto de rolamento e a facilidade de condução como prioridades. Por isso a condução mais rápida não é um exercício que traga grande satisfação ao condutor.

Conclusão

Este último teste ao CR-V, que deverá conhecer o sucessor ainda este ano, mostrou como a Honda sabe definir bem o cliente alvo e conceber um produto que agrada a uma grande maioria de condutores.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Honda CR-V Hybrid Black Edition

Potência: 184 cv

Preço: 50 000 euros

Veredicto: 3 (0 a 5)

 

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