Estilo é uma evolução da geração anterior

Pilar traseiro largo é imagem de marca do modelo

Faróis esguios identificam a oitava geração do Golf

Primeira geração foi lançada em 1974

Desenho das luzes de trás é comum a outros VW

Frente mais arredondada que noutras gerações do Golf

Discreto no estilo, mas inconfundível

Boa qualidade, no topo do segmento dos compactos

Painel de instrumento digital fácil de ler

Infotainment pouco intuitivo e difícil de usar

Botões de atalho a três funções do infotainment

Caixa manual de seis é suave e precisa

Posição de condução tem amplos ajustes

Bom espaço na segunda fila, mas só para dois

Mala tem 381 litros de capacidade

Suspensão confortável, mas precisa

Condução muito fácil e muito fluída

Aceleração 0-100 km/h em 10,2 segundos

Agilidade em curva sempre com muito controlo

Motor 1.0 TSI tem 110 cv e 200 Nm

Um Golf com um motor 1.0 TSI de três cilindros a gasolina? Será suficiente para um familiar compacto? O ceticismo é incontornável, sobretudo para quem ainda classifica os motores a combustão pela cilindrada. Mas o teste TARGA 67, veio mostrar que a Volkswagen sabe o que está a fazer, com uma versão que é capaz de surpreender.

 

Desde a sua apresentação à imprensa internacional em 2019, num evento que decorreu nas estradas do vale do Douro, que esperava pela oportunidade de testar a versão com o motor menos potente da gama Golf. Na altura do lançamento não estava pronto e depois o importador nacional, a SIVA, nunca o teve disponível para testes de imprensa.

Primeira geração foi lançada em 1974

Numa altura em que esta oitava geração do Golf já caminha para o seu quarto ano de vida, chegou então a altura de testar o Golf 1.0 TSI no nível de equipamento Sportline, que é a versão menos equipada, com caixa manual de seis velocidades. E sem muitos opcionais e disponível para entrega imediata, que agora se tornou num atributo relevante.

Muito discreto

Os faróis muito baixos e a sobrancelha de LED que faz de luz de dia identifica imediatamente a oitava geração do Golf. A fisionomia é uma evolução da geração anterior, como sempre foi desde o primeiro Golf de 1974. Mas nunca o Golf pareceu tão volumoso, tão arredondado.

Estilo é uma evolução da geração anterior

Claro que não perdeu o pilar trapezoidal traseiro largo e sem terceiro vidro, um detalhe que sobrevive desde o início, nem o tejadilho relativamente horizontal, mantendo uma silhueta de “hatchback” puro, sem querer piscar o olhos aos coupé.

T-Roc já o ultrapassou

O Golf que não é um carro pequeno, medindo 4,28 metros de comprimento, tudo a bem do espaço interior que as famílias procuram num compacto como este. Só que as famílias continuam a fugir para os SUV, neste caso para o T-Roc, que já ultrapassou o Golf nas vendas europeias.

Pilar traseiro largo é imagem de marca do modelo

Mas um Golf é um Golf e isso quer dizer tudo, ou nada. Mesmo sem ter aquele ar intemporal de gerações anteriores, que pareciam tão frescas no fim da carreira como no primeiro dia, o oitavo Golf é discreto e não levanta polémicas.

Espaço suficiente

Os 2,62 metros de distância entre-eixos dão-lhe bom espaço para as pernas na segunda fila de bancos, o tal tejadilho horizontal dá-lhe portas altas que facilitam o acesso e muito espaço em altura. A largura não é um problema, mas o lugar do meio é mais estreito que os outros, mais alto e o piso tem um considerável túnel que atrapalha.

Posição de condução tem amplos ajustes

A mala tem 381 litros e um formato muito fácil de aproveitar, além de ter um piso móvel, sob o qual há um enorme espaço para esconder objetos, já que a roda suplente não é fornecida de série. Mas devia ser.

Boa qualidade

Nos lugares da frente, há também muito espaço e os bancos têm regulações muito amplas. Um Golf é para todas as estaturas de condutor. Os materiais do interior seguem a norma dos melhores do segmento, com plásticos macios na metade superior do tablier e das portas de frente. Os restantes são duros, mas com bom aspeto e não fazem ruídos parasitas.

Boa qualidade, no topo do segmento dos compactos

A posição de condução é muito boa, a coluna de direção é pouco inclinada o que coloca o volante no ângulo ideal. O aro é suficientemente anatómico e confortável. Ao banco falta um pouco de apoio lateral, mas nesta versão não seria de esperar por bancos desportivos.

Ergonomia com falhas

O painel de instrumentos digital é fácil de ler e de utilizar nas suas várias formas de fornecer informação. Mas o mesmo não posso dizer do ecrã tátil central, que merece as críticas que lhe faço desde o dia em que foi lançado: organização pouco intuitiva obriga a demasiados passos para encontrar a informação que se procura, obrigando a desviar os olhos da estrada durante demasiado tempo. A VW já prometeu que vai rever este componente.

Infotainment pouco intuitivo e difícil de usar

Mais abaixo há alguns pequenos botões de atalhos, mas o comando da climatização está algures dentro do infotainment o que dificulta a sua utilização. Nesta versão não há modos de condução para o condutor escolher, mas já veremos o que isso implica.

Caixa manual de 6

A caixa de velocidades é a manual de seis usada por muitos outros modelos do grupo. Uma transmissão com engrenagem rápida, suave e precisa. Apenas o pedal de embraiagem com curso longo obriga a alguma habituação para o arranque sair perfeito.

Caixa manual de seis é suave e precisa

O motor 1.0 TSI, um três cilindros turbocomprimido de 999 cc, tem aqui 110 cv às 5500 rpm e um binário máximo de 200 Nm, às 2000 rpm. Está muito bem insonorizado no Golf, chegando pouco ruído ao habitáculo quando se circula em cidade.

Painel de instrumento digital fácil de ler

A caixa de velocidades está bem escalonada, de modo que a elasticidade é mais que suficiente, mesmo abaixo da barreira das 2000 rpm. O peso de 1264 kg também ajuda. Um Polo 1.0 TSI só pesa mais 57 kg.

Agilidade em cidade

A agilidade em cidade é muito boa, é um prazer “trabalhar” com esta caixa e este motor. Sai tudo suave e despachado, não há soluços nem hesitações. A direção não tem excesso de assistência, nem lhe falta precisão, tal como pedal de travão. Tudo muito bem calibrado, muito bem equilibrado. A boa visibilidade para fora e o diâmetro de viragem curto facilitam as manobras.

Condução muito fácil e muito fluída

A suspensão, que nesta versão usa barra de torção atrás, tem aquele tipo de conforto típico dos VW: nunca incomoda os ocupantes com pancadas secas, mas também não deixa a carroçaria bambolear após uma lomba. O condutor sabe sempre o estado em que está o piso, sem que isso seja maçador.

Faróis esguios identificam a oitava geração do Golf

Os pneus Nexen Nfera Sport com medida 225/45 R17 fazem muito bem o seu papel, tanto em termos de aderência como de conforto. A Nexen é uma empresa Sul-Coreana, fundada em 1942, que sabe muito bem o que faz.

Consumo em cidade

Ainda sem qualquer tipo de sistema híbrido, este 1.0 TSI gastou 7,1 l/100 km em cidade, no meu habitual teste de consumos, sempre com o A/C desligado e circulando ao ritmo do trânsito. É um valor facilmente batido por um “full hybrid”.

Motor 1.0 TSI tem 110 cv e 200 Nm

Em nenhuma altura o Golf 1.0 TSI se sente minimamente sub-motorizado. Os 110 cv são mais do que suficientes para manter um ritmo de cruzeiro confortavelmente perto do limite de velocidade nas autoestradas nacionais. O motor continua muito bem isolado, há poucos ruídos aerodinâmicos e os pneus não se fazem ouvir em excesso.

Em autoestrada gasta pouco

A suspensão mostra boa tolerância face a pisos ondulados, mantendo uma boa estabilidade. Os sistemas eletrónicos de ajuda à condução não são excessivamente intrusivos, mas apetece sempre desligar a manutenção ativa de faixa de rodagem.

Aceleração 0-100 km/h em 10,2 segundos

A sexta velocidade é um pouco longa, como seria de esperar para se conseguir reduzir consumos em autoestada. No meu teste de consumos em autoestrada obtive um valor de 5,6 l/100 km, bem melhor do que em cidade, como é lógico. Nestes terrenos, os híbridos já só acrescentam peso.

Motor surpreende

Passando a estradas secundárias com curvas de vários ângulos e usando mais os regimes altos, é claro que o som típico dos motores de três cilindros se faz ouvir. Mas é um som que até agrada ao ouvido. A sua vivacidade às 6500 rotações por mínuto surpreende pelo vigor com que passa força às rodas motrizes dianteiras. E nem precisa de modos de condução.

Agilidade em curva sempre com muito controlo

A verdade é que o 1.0 TSI parece ter mais do que os 110 cv anunciados. Percebe-se que prefere os regimes acima das 2000 rpm, abaixo tem um pequeno lapso de tempo até dar o máximo. Mas a caixa manual ajuda a evitar esses regimes, com reduções rápidas e que apreciam um bom ponta-tacão.

Os pneus voltam a mostrar que se dão bem com este chassis, muito bem controlado quando se aumenta o ritmo da condução, sem problemas de tração. Os amortecedores limitam bem a inclinação lateral e absorvem exemplarmente o mau piso.

Tudo bem calibrado

Claro que esta plataforma MQB tem elevada rigidez torcional, mesmo com cinco amplas portas. E isso deixa a suspensão dar o seu melhor. Nunca perde o contacto com o asfalto, mas não transmite desconforto ao condutor. Sente-se tudo, mas nada incomoda.

Desenho das luzes de trás é comum a outros VW

A VW anuncia uma aceleração 0-100 km/h de 10,2 segundos, um tempo adequado para uma motorização como esta, que atinge os 202 km/h de velocidade máxima, um dado relevante nos troços de autoestrada sem limite que ainda há na Alemanha.

Chega a divertir

A sensação de controlo e de fazer tudo bem incita a aumentar o ritmo da condução, descobrindo que a frente suporta bem entradas em curva mais exageradas, sem reverter para subviragem muito cedo.

E a suspensão traseira até aceita ser provocada na entrada, com uma travagem no ponto certo, deslizando o necessário para fazer rodar o Golf. Antes de o ESC entrar e fazer o seu trabalho sem estrondo.

Suspensão confortável, mas precisa

A dinâmica é muito fluída e progressiva, a transição da subviragem para a sobreviragem ocorre sem sobressaltos e com grande sensação de controlo. Eu sei que são só 110 cv, mas o gozo que proporcionam, a velocidades que não são um escândalo, é admirável.

Claro que este Golf, como os outros, não é barato posicionando-se ao mesmo nível que um Toyota Corolla 1.8 Hybrid de 122 cv, que gasta menos em cidade, mas não proporciona o mesmo prazer de condução, seja a andar devagar ou mais depressa.

Conclusão

O primeiro Golf GTI tinha os mesmo 110 cv deste 1.0 TSI. Claro que os tempos passaram e a escalada de potência das versões desportivas multiplicou esse número várias vezes. Mas o Golf TSI tem tudo aquilo que aprecio num familiar compacto: espaço, conforto, performance suficiente, consumos aceitáveis e um bónus na forma de uma dinâmica que sabe divertir. Pena ter demorado tanto tempo a descobrir uma das melhores versões da oitava geração do Golf.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

VW Golf 1.0 TSI

Potência: 110 cv

Preço: 28 118 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

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