VW ID.5 GTX (fotos de João Apolinário)

O ID.5 tem perfil coupé e 4582 mm de comprimento

Portão traseiro mais inclinado que no ID.4

Há algo de biológico no desenho dos faróis

Detalhes não faltam no ID.5

GTX começou pior ser o "GTI dos elétricos" mas a ideia não deve avançar

Pneus mais largos atrás que à frente, em jantes de 20"

Asa traseira mostra-se frágil quando se fecha a quinta porta

Volante com boa pega e bem posicionado

Comando da transmissão no painel de instrumentos

Erros de ergonomia nos comandos do ecrã tátil

Pouca informação no painel de instrumentos

Bancos confortáveis e com muito bom apoio lateral

Muito espaço em comprimento, na segunda fila

Com 299 cv não falta força ao GTX

Suspensão razoavelmente confortável

Carroçaria SUV-Coupé separa ID.5 do ID.4

O ID.5 GTX quer ser muitas coisas num só modelo: um SUV-coupé, um elétrico e um desportivo. Neste teste TARGA 67, o objetivo é saber se o modelo da VW consegue atingir todos os alvos, sobretudo o de ser um GTI dos elétricos.

 

Primeiro, a VW disse que a sigla GTX estava para os elétricos como a sigla GTI estava para os motores de combustão. Mas a reação do mercado não foi entusiástica e o CEO já veio dizer que os elétricos também vão ter versões GTI.

Asa traseira mostra-se frágil quando se fecha a quinta porta

O líder da VW disse mesmo que a sigla GTX pode até deixar de ser precisa, no futuro. Por enquanto, é identificativa das versões mais potentes e de atitude mais desportiva dos SUV ID.4 e ID.5.

O que tem o GTX a mais

Mas afinal o que oferecem a mais que as outras versões, neste caso do SUV-Coupé ID.5? A bateria é a mesma de 77 kWh úteis, mas em vez de ter um motor atrás, tem dois motores, acrescentando outro para as rodas da frente.

Fica, portanto, com tração às quatro rodas e a potência sobe dos 204 cv, da versão Pro Performance, para os 299 cv, do GTX.

Há algo de biológico no desenho dos faróis

A suspensão passa a ter amortecedores DCC ajustáveis em 15 níveis, um autêntico disparate em que a VW insiste para vários dos seus modelos. Três níveis seriam suficientes e acabou por ser isso que utilizei mais vezes: o mais confortável o intermédio e o mais firme.

Tem também modo Sport no controlo de estabilidade e pneus de medida 235/50 R20, na frente e 255/45 R20, atrás. Curiosamente, o ID.5 Pro Performanece que testei aqui no TARGA 67 há algum tempo, tinha a mesma largura de pneus, mas perfil mais baixo e jantes de 21”.

Muito mais rápido

Nos modos de condução, o GTX adiciona o modo “Traction”, que mantém a tração permanente às quatro rodas, útil para estradas nevadas ou geladas, porque a altura ao solo não aconselha levar o GTX para caminhos de terra.

Suspensão razoavelmente confortável

Ainda face ao ID.5 Pro Performance, o Cx piora de 0,26 para 0,27, sem que isso tenha grande significado. Já na aceleração 0-100 km/h há um ganho muito significativo de 2,1 segundos, com o GTX a precisar de apenas 6,3 segundos.

A velocidade máxima sobe de 160 para 180 km/h e a autonomia, segundo o protocolo WLTP, desce de 532 para 512 km. Isto porque o peso sobe 125 kg, atingindo os 2243 kg, no GTX.

Detalhes de decoração

Salvo alguns detalhes de decoração, interior e exterior, o GTX oferece um habitáculo idêntico ao da versão Pro Performance. Tem muito espaço em comprimento nos lugares de trás, mas a largura não chega para três adultos viajarem com conforto.

Volante com boa pega e bem posicionado

Os 1,2 cm que perde em altura face ao ID.4 nos lugares de trás, não são significativos, mas as portas mais baixas, devido à linha coupé do tejadilho, dificultam o acesso. A mala tem mais 6 litros no ID.5 que no ID.4, chegando aos 549 litros. Mas a tampa é mais inclinada, tem uma asa frágil e não tem escova.

Ergonomia em causa

A posição de condução não é muito alta, para um SUV do segmento “C” como este, e a posição relativa do volante de boa pega, do banco confortável e com bom apoio e dos pedais está muito bem definida. E tem amplos ajustes.

Mas mantém os mesmos problemas ergonómicos de quase todos os outros ID. Os botões táteis do volante estão mal posicionados e acionam-se inadvertidamente em manobras.

Erros de ergonomia nos comandos do ecrã tátil

O painel de instrumentos inclui à direita o comando da transmissão, o que é pouco prático porque é nele que se seleciona a posição “B” de maior intensidade de regeneração, o que se faz com frequência. Seria muito melhor ter patilhas para esta função.

Quando ao ecrã tátil central, tem uma organização pouco lógica, distraindo da condução e os ajustes táteis do som e da temperatura, em rodapé, são imprecisos e não têm iluminação para uso noturno.

Bom ambiente e espaço

A escolha de cores para o interior faz a qualidade parecer melhor do que é na realidade, quando se observam os plástico mais de perto. Mas o ambiente geral chega a inspirar algum requinte.

Bancos confortáveis e com muito bom apoio lateral

Os modos de condução disponíveis são Eco/Comfort/Sport/Traction. Para o teste em cidade comecei com o primeiro, que apenas usa o motor de trás.

Muito espaço em comprimento, na segunda fila

Aliás, apenas nos modos Traction e Sport os dois motores estão em uso constante, nos outros, o motor principal é o de trás, com o da frente a entrar só quando é preciso, tipicamente em acelerações fortes.

Muito suave em cidade

Em cidade, a resposta do motor de trás é mais do que suficiente, mesmo em Eco, proporcionando uma condução suave e ágil no meio do trânsito e muito silenciosa.

Carroçaria SUV-Coupé separa ID.5 do ID.4

Só quando se passa ao modo Comfort se percebe que a resposta ao acelerador muda bastante, ficando bem mais imediata. Mas todos os comandos continuam lineares e fáceis de usar.

O diâmetro de viragem curto e a boa visibilidade ajudam muito nas manobras, tal como a posição de condução alta. Mas os duplos pilares dianteiros podem gerar alguns ângulos de “sombra.”

Não gasta pouco

A suspensão e os pneus fazem um bom duo em favor do conforto, mesmo em pavimentos deteriorados e o pedal de travão é bastante progressivo e fácil de dosear.

O ID.5 tem perfil coupé e 4582 mm de comprimento

No meu habitual teste de consumos em cidade, feito com o A/C desligado, o valor que obtive foi de 16,2 kWh/100 km. Um valor mediano, tendo em conta que no ID.5 Pro Performance de 204 cv o consumo que registei foi de 13,6 kWh/100 km.

Autonomias piores

Em autoestrada, o consumo do GTX subiu aos 20,6 kWh/100 km (19,5 kWh/100 km, no Pro Performance). Considerando a bateria de 77 kWh úteis, estes consumos equivalem a autonomias reais de 475 km, em cidade (566 km, para o Pro Performance) e de 374 km em autoestrada (395 km, para o Pro Performance). Tudo com base nos consumos dos meus testes.

GTX começou pior ser o “GTI dos elétricos” mas a ideia não deve avançar

São valores que colocam o GTX numa zona pouco confortável em termos de autonomia, neste segmento. Felizmente, o sistema de carregamento subiu de 125 para 135 kW máximos, potência à qual a bateria vai dos 0 aos 80% em 29 minutos, se encontrar um carregador rápido destes. Em AC a 11 kW, demora 7h30 para fazer uma carga completa.

Boa estabilidade

Em autoestrada, a carroçaria não bamboleia como outros SUV deste tamanho, mantendo um bom nível de controlo dos movimentos parasita, boa estabilidade e baixos ruídos aerodinâmicos ou de rolamento. Sempre com a sensação que há força imediata para qualquer ultrapassagem.

Comando da transmissão no painel de instrumentos

Seria um bom estradista, se a autonomia a 120 km/h não fosse relativamente baixa. E usar o GTX abaixo dessa velocidade acaba por pôr em causa a sua aquisição, face ao Pro Performance.

Boas prestações em linha

Para perceber se o GTX é o GTI dos elétricos ou não, escolhi uma estrada com curvas capazes de me dar a resposta, passei ao modo Sport, nos modos de condução e no controlo de estabilidade. A sensibilidade do acelerador aumentou de imediato mas a direção não ganhou peso desmedido.

Claro que a aceleração a fundo, em linha reta, é muito forte e nunca há problemas de tração, as quatro rodas colocam todos os 460 Nm no chão sem hesitações. Usar a posição “B” dá uma boa ajuda, quando é preciso travar forte.

Com 299 cv não falta força ao GTX

Não há muita inclinação lateral em curva, sente-se que o Centro de Gravidade baixo funciona a favor da estabilidade. A direção tem bom tato e dá suficiente “feedback” das rodas da frente, mas não envolve o condutor na condução.

Nada desportivo, o GTX

Quando se tenta levar um pouco mais de velocidade para dentro das curvas, a tendência neutra transforma-se em subviragem moderada, mas sem retorno. Ou seja, em aceleração crescente, numa curva média de raio constante, a subviragem só acaba quando se levanta o pé do acelerador.

Não há transição de potência para o eixo traseiro de forma a cancelar ou minimizar a subviragem. Entrando mais devagar em curva, para evitar a subviragem, e depois acelerando bruscamente no último terço da curva, se o piso não for demasiado aderente, consegue-se um indício de rotação, mas muito incipiente e muito forçado.

VW ID.5 GTX (fotos de João Apolinário)

Não é este o comportamento que se espera do GTI dos elétricos. Não tem nada de desportivo, a não ser a aceleração em linha, que vai esmorecendo à medida que se aproxima (muito rapidamente) a velocidade máxima.

Conclusão

O ID.5 GTX, como o ID.4 GTX que já tinha testado antes no TARGA 67 e que partilha a dinâmica, não é um desportivo, muito menos o GTI dos elétricos. O X deve ser entendido como a versão de tração às quatro rodas, capaz de boas prestações em linha e de boa tração em pisos menos aderentes. Provavelmente uma opção para países com invernos mais rigorosos que o nosso. Quanto ao preço, custa mais 7 900 euros que o Pro Performance de 204 cv e tração atrás.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Volkswagen ID.5 GTX

Preço: 61 110 euros

Potência: 299 cv

Veredicto: 3 (0 a 5)

 

Ler também, seguindo o LINK:

Teste – VW ID.5: De volta à estratégia dos clones