Skoda Octavia RS 2.0 TDI (fotos de João Apolinário)

Plataforma MQB partilhada com muitos modelos do grupo

Detalhes em preto distinguem o RS

O estilo do Octavia ganha muito na versão RS

Detalhe dos faróis de LED

Jantes de 19" com maxilas pintadas

Grelha totalmente negra distingue as versões RS

O Octavia RS está disponível em três motorizações

Spoiler de trás tem ótimo aspeto

Ambiente de alta qualidade em todos os Octavia RS

Fácil leitura do painel de instrumentos

Botões do volante um pouco estranhos de usar

Ecrã tátil pouco intuitivo

Interruptor da transmissão não é prático

Bancos com encosto de cabeça integrado

Muito espaço na segunda fila de bancos

Capacidade da mala é de 600 litros, com amplo acesso

Motor 2.0 TDi, um dos melhores Diesel de sempre

Comportamento em curva muito progressivo

A condução não é radical, mas é envolvente o suficiente

Os pneus limitam a dinâmica do RS TDI

Este era o terceiro e último Skoda Octavia RS que me faltava testar. Depois do híbrido e do gasolina, faltava só o Diesel para responder à pergunta: qual o melhor Octavia desportivo? Teste TARGA 67, para descobrir uma resposta que parecia fácil.

 

A Skoda tem nada menos que três versões desportivas do Octavia, pois o RS está disponível com motorização a gasolina TSI, híbrido IV PHEV e Diesel. O terceira era o que me faltava testar aqui no TARGA 67, para tentar perceber qual o melhor.

O Octavia RS TDI partilha a mecânica com o Golf GTD, o 2.0 TDI de 200 cv e tração dianteira com caixa DSG de sete relações. Mas não é propriamente um “copy-paste” do Volkswagem.

Grelha totalmente negra distingue as versões RS

O que vou dizer não tem novidade, mas é sempre bom lembrar que as sinergias dentro do Grupo Volkswagen não conhecem limites. Todo o conceito da empresa se baseia na partilha do máximo de componentes entre os modelos do mesmo tamanho, das suas diversas marcas.

Sinergias não são tudo

Mas, se no passado essas sinergias foram acusadas de comprometer a identidade dos produtos de algumas marcas, a verdade é que o Grupo VW tem sabido resolver a questão muito melhor, nos últimos anos.

O caso deste Octavia RS TDI, que tenho aqui para testar no TARGA 67 é um exemplo bem sucedido deste esforço de diferenciação entre produtos que tinham tudo para serem “fotocópias” uns dos outros.

Plataforma MQB partilhada com muitos modelos do grupo

O motor, transmissão, suspensão e, obviamente, a plataforma MQB deste Octavia RS TDI são comuns ao VW Golf GTD, para dar o exemplo do modelo mais famoso do grupo que utiliza este motor 2.0 TDI de 200 cv. Mas o produto final é bastante diferente.

Entre o Golf GTD e o Octavia RS TDI, o Skoda tem mais 42 cm de comprimento e mais 6 cm de distância entre-eixos, o que faz muita diferença.

A trilogia Octavia RS

Entre os três Octavia RS também há diferenças: o 2.0 TSI a gasolina tem 245 cv, este 2.0 GTD Diesel tem 200 cv e o 1.4 iV PHEV anuncia 245 cv combinados. Em termos de binário máximo as diferenças são poucas: o TSI tem 370 Nm e os outros têm 400 Nm.

À primeira vista, a Skoda não gastou muito a diferenciar os desportivos RS dos Octavia “normais”. Bastou pintar de preto brilhante alguns elementos exteriores, como as jantes, capas dos retrovisores e a grelha.

O estilo do Octavia ganha muito na versão RS

A unidade que pode ver nas imagens do João Apolinário tem montados pneus 225/40 R19, uns Pirelli Cinturato P7 em vez dos Bridgestone Potenza S009 da versão a gasolina.

Ambiente de qualidade

Por dentro, as diferenças deste RS resumem-se aos bancos desportivos com apoio de cabeça integrado e aos materiais que forram algumas superfícies, como a Alcantara e imitação de fibra de carbono, ou a pele perfurada no volante.

Bancos com encosto de cabeça integrado

A verdade é que a perceção de qualidade subiu claramente face aos outros Octavia, dando aos RS um ambiente especial, quase como se fosse um modelo diferente.

Ambiente de alta qualidade em todos os Octavia RS

Tanto mais que a posição de condução é muito boa, pois os bancos têm excelente apoio lateral e são confortáveis. O volante tem o tamanho certo e a pega é anatómica. As regulações são muito amplas.

Críticas vão para…

Críticas vão para as patilhas da caixa de dupla embraiagem, que são minúsculas e feitas num plástico de fraca qualidade. E para o gatilho pouco prático, que substitui a alavanca da caixa.

Interruptor da transmissão não é prático

O painel de instrumentos, com gráficos alusivos ao tema RS, é conhecido de outros modelos do grupo e tem boa leitura. O ecrã tátil central não é fácil de usar, apesar de ter por baixo um friso de botões em plástico para os atalhos mais importantes.

Ecrã tátil pouco intuitivo

Também tem informação suplementar acerca do funcionamento do motor e da caixa de velocidades, além de gráficos com indicação da potência e binário instantâneos.

Espaçoso e confortável

Em cidade, começando pelo modo Eco, a disponibilidade do motor começa logo desde o arranque, sem que se note nenhum tempo de resposta. A caixa de dupla embraiagem dá uma ajuda, é claro, além de ser muito suave no modo “D”.

Muito espaço na segunda fila de bancos

A suspensão, independente às quatro rodas, e os pneus fazem um excelente trabalho em termos de conforto em pisos imperfeitos: não há saltos nem solavancos. O Octavia RS TDI simplesmente processa a estrada e avança.

Detalhes em preto distingume o RS

Nas coisas práticas, o Octavia é rei: espaço amplo para dois na segunda fila de bancos (o lugar do meio é estreito e tem um túnel grande no piso) e a mala tem 600 litros, com acesso através de uma enorme quinta porta.

Consumos baixos

A direção está muito bem calibrada em modo Eco e os travões são fáceis de dosear. Foi assim (e com o A/C desligado) que fiz o meu habitual teste de consumos em cidade, obtendo um valor de 6,2 l/100 km de gasóleo.

Saindo para a autoestrada, o Octavia RS TDI continua a mostrar o seu temperamento refinado, com a suspensão e os pneus a manterem o conforto, quando o piso tem desníveis mais bruscos, sem perder um bom controlo dos movimentos parasitas da carroçaria.

Fácil leitura do painel de instrumentos

A vocação estradista é clara, tanto mais que, rodando a 120 km/h estabilizados, o meu teste de consumos revelou uma quebra significativa face aos valores de cidade: 4,2 l/100 km, beneficiando aqui do modo “vela” que a caixa de dupla embraiagem faz sempre que pode.

Não perdi muito tempo em autoestrada, onde o motor Diesel é muito discreto. Longe vão os anos dos motores a gasóleo barulhentos. A seguir a prova de montanha, com o RS TDI a mostrar o que vale numa estrada secundária sem movimento.

O som de um V8

Passagem obrigatória para o modo Sport, que torna o acelerador mais sensível, muda o programa da caixa de velocidades, diminui a assistência da direção e liga um som sintetizado que imita um motor mais potente do que este TDI alguma vez poderia ser. Um som exagerado, artificial, que sai pelos altifalantes, que parece um V8 mas que acaba por embalar o ouvido.

Comportamento em curva muito progressivo

Em modo Sport, a direção fica demasiado pesada para o meu gosto, por isso passei ao modo Individual e configurei a direção para o nível normal, deixando os outros parâmetros no Sport. O amortecimento não é regulável.

A primeira sensação vem da maneira como a suspensão e os pneus tratam dos pisos imperfeitos em estrada, passando por cima deles sem perder controlo, nem conforto, mas não deixando de dar informação sobre o estado do terreno.

Motor suave e com força

O motor 2.0 TDI turbocomprimido, com injeção direta, sobe de regime com muita facilidade e continua a entregar força quando chega ao corte, o que nem sempre acontece nos Diesel e que este faz sem mostrar nenhum esforço.

A condução não é radical, mas é envolvente o suficiente

A caixa, comandada com as patilhas, é rápida e obediente, mesmo nas reduções mais agressivas. Não faz detonações nem nenhum tipo de “show”, em vez disso é muito eficiente nas passagens, que mal se notam. Deixando na posição automática “S”, faz uma gestão muito atempada das passagens, em condução desportiva.

Uma questão de peso

Os quatro travões de discos são potentes e fáceis de dosear, sem ruídos estranhos nem tato invulgar, lidando bem com os 1525 kg. Para comparação, o RS TSI pesa 1526 kg e o RS IV PHEV é o mais pesado, com 1693 kg.

E quando a reta passa a curva, a direção responde ao golpe de braços com obediência, colocando a frente com precisão e rapidez, mas nenhum tipo de nervosismo.

A inclinação lateral em curva existe, mas está bem controlada e o mau piso não a incomoda, quando aparecem irregularidades a meio de uma curva rápida, em pleno apoio.

Pneus são o limite

A tração dianteira, com a eletrónica a dar uma ajuda, consegue colocar os 400 Nm no chão sem problemas de maior, catapultando o Octavia RS para a próxima reta com toda a eficiência.

Os pneus limitam a dinâmica do RS TDI

Aumentando o ritmo da condução, entra-se então perto dos limites e percebem-se outras coisas. A primeira é que os pneus da frente não têm tanta aderência como parecia e deixam a frente subvirar relativamemte cedo. O ESC trata do assunto, sem grande alarido, mas não esperava que a subviragem aparecesse tão cedo.

Dinâmica a meio termo

Entrando em curva com outro estilo de condução, provocando o Octavia com uma travagem tardia, consegue colocar-se a traseira a escorregar um pouco e evitar a subviragem, mas a transição é pouco precisa, mostrando que os pneus são o ponto fraco da dinâmica.

Motor 2.0 TDi, um dos melhores Diesel de sempre

Ou seja, o Octavia RS TDI não tem um controlo de movimentos super apurado, especialmente em encadeados de curva, onde a inércia se faz notar. Não é tão desportivo quanto podia ser, sem que o peso do motor Diesel seja uma justificação. Mas percebe-se que isso foi uma opção.

Qual o melhor dos três?

Entre as três versões do Octavia RS há em comum o conceito de oferecer um familiar espaçoso, confortável, com boa qualidade e prestações desportivas, mas não radical.

A versão TSI a gasolina tem um pouco de vantagem na dinâmica, na exploração do motor e nas prestações (6,7 nos 0-100 km/h) mas perde nos consumos em cidade (10,6 l/100 km).

O Octavia RS está disponível em três motorizações

O RS “Plug-In” acrescenta peso, o que se reflete nas prestações (0-100 km/h em 7,3 segundos) e na dinâmica, mas ganha nos consumos em cidade (5,5 l/100 km) mesmo com a bateria a 0%. Se conseguir usar muitas vezes o modo 100% elétrico, ainda é melhor.

O Diesel, acaba por ser o mais equilibrado, entre prestações (0-100 km/h em 7,6 segundos), conforto e consumos em cidade (6,2 l/100 km). Os preços são muito aproximados, rondando os 48 mil euros.

Conclusão

A proposta que a Skoda faz com o Octavia RS TDI é clara: uma berlina rápida, com conforto e uma notável sensação de facilidade de condução, em qulquer tipo de situação. Acresce um nível de consumos realmente baixo e oferece um equilibrio muito bom entre desportividade, conforto e versatilidade de utilização diária. Dos três Octavia RS que testei, o RS TDI ainda é o mais racional na vida real, apesar dos Diesel estarem foram de moda. Não perde muito em prestações, tem bons consumos e não obriga a ter que lidar com cabos e carregamentos da bateria. Os bons Diesel continuam a ser isso mesmo: bons Diesel.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Skoda Octavia RS 2.0 TDI

Potência:  200 cv

Preço:  47 041 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

Ler também, seguindo o LINK:

Teste – Skoda Octavia RS: não é bem o Golf GTI checo