Skoda Octavia RS 2.0 TSI DSG (fotos de João Apolinário)

Carroçaria de três volumes e cinco portas

No catálogo existem três Octavia RS diferentes

Desenho Skoda ganhou identidade

No geral, o RS é muito discreto

Jantes de 19" são opcionais

Pequena mas eficiente asa traseira

Qualidade acima das outras versões do Octavia

Painel de instrumentos digital fácil de ler

Patilhas da caixa DSG7 são demasiado pequenas

Ecrã tátil não é fácil de usar

Botões de atalho para o infotainment

Minúsculo gatilho para a caixa de velocidades de dupla embraiagem

Bancos desportivos com apoio de cabeça integrado

Muito espaço em comprimento, para dois passageiros

Enorme portão dá acesso a mala com 600 litros de capacidade

"Simply clever": ganchos para os sacos das compras

Alavanca para rebater os bancos a partir da mala

Raspador de gelo, para os dias muito frios

Motor 2.0 turbo de 245 cv é o mesmo do VW Golf GTI

Direção rápida, mas sem nervosismos

Condução muito fácil, mesmo quando se anda mais depressa

Traseira deixa-se deslizar se provocada

Partilha a mecânica com o VW Golf GTI, mas não é o GTI da Skoda. O Octavia RS tem algo de diferente e não é a mala de 600 litros. Descubra do que se trata em mais um teste TARGA 67.

 

As sinergias dentro do Grupo Volkswagen não conhecem limites. Todo o conceito da empresa se baseia na partilha do máximo de componentes entre os modelos do mesmo tamanho, das suas diversas marcas. Nada disto é novo, claro.

Skoda Octavia RS 2.0 TSI DSG (fotos de João Apolinário)

Mas, se no passado essas sinergias foram levadas ao extremo, comprometendo a identidade dos produtos de algumas marcas, a verdade é que o Grupo VW tem sabido resolver a questão muito melhor, nos últimos anos.

Octavia com personalidade

O caso deste Octavia RS, protagonista de mais este teste do TARGA 67 é um exemplo bem sucedido deste esforço de diferenciação entre produtos que tinham tudo para serem “fotocópias” uns dos outros.

Carroçaria de três volumes e cinco portas

O motor, transmissão, suspensão e, obviamente, a plataforma MQB deste Octavia RS são comuns ao VW Golf GTI, para dar o exemplo do modelo mais famoso do grupo que utiliza este motor 2.0 TSI de 245 cv. Mas a execução final tem mais identidade do que se poderia pensar.

Entre o Golf GTI e o Octavia RS, o Skoda tem mais 42 cm de comprimento e mais 6 cm de distância entre-eixos, pesando por isso mais 43 kg.

No catálogo existem três Octavia RS diferentes

Na verdade, não há um mas três Octavia RS: este 2.0 TSI a gasolina, um 2.0 GTD Diesel (200 cv) e um 1.4 iV PHEV (245 cv combinados). Sem surpresas, o 2.0 TSI é o mais desportivo dos três.

O que muda no RS

A Skoda não gastou muito a diferenciar o RS dos Octavia “normais”. Bastou pintar de preto brilhante alguns elementos exteriores, como as jantes, capas dos retrovisores e a grelha.

Pequena mas eficiente asa traseira

A unidade que pode ver nas imagens do João Apolinário tem montados pneus 225/40 R19 (Bridgestone Potenza S009) e a suspensão é 15 mm mais baixa que a dos outros Octavia, incluindo a do 1.4 iV RS. As duas saídas de escape são reais.

Por dentro, as diferenças resumem-se aos bancos desportivos com apoio de cabeça integrado e aos materiais que forram algumas superfícies, como a Alcantara e imitação de fibra de carbono, ou a pele perfurada no volante.

Qualidade VW

Ainda assim, a perceção de qualidade subiu face aos outros Octavia, dando a este RS um ambiente especial que lhe assenta muito bem; e um nível de qualidade que se equipara ao do Golf GTI.

Qualidade acima das outras versões do Octavia

Tanto mais que a posição de condução resulta muito boa, pois os bancos têm excelente apoio lateral e são confortáveis. O volante tem o tamanho certo e a pega é confortável e eficiente.

Patilhas da caixa DSG7 são demasiado pequenas

Críticas vão para as patilhas da caixa de dupla embraiagem, que são minúsculas e feitas num plástico de fraca qualidade. E para o gatilho pouco prático, que substitui a alavanca da caixa na consola.

A questão do infotainment

O painel de instrumentos, com gráficos alusivos ao tema RS, é conhecido de outros modelos do grupo e tem boa leitura. O ecrã tátil central não é fácil de usar, apesar de ter por baixo um friso de botões em plástico para os atalhos mais importantes.

 

Ecrã tátil não é fácil de usar

Também tem informação suplementar acerca do funcionamento do motor e da caixa de velocidades, além de gráficos com indicação da potência e binário instantâneos. Mais para o “show off” que outra coisa.

Muito confortável

Em cidade, começando pelo modo Eco, a disponibilidade do motor começa logo desde o arranque, sem que se note nenhum tempo de resposta. A caixa de dupla embraiagem é suave no modo “D” e os travões são fáceis de dosear.

Bancos desportivos com apoio de cabeça integrado

A suspensão, independente às quatro rodas, e os pneus fazem um excelente trabalho em termos de conforto em pisos imperfeitos: não há saltos nem solavancos. O Octavia RS processa a estrada e avança com um tato sofisticado, de carro mais caro.

Muito espaço em comprimento, para dois passageiros

Nas coisas práticas, o Octavia é rei: espaço amplo para dois na segunda fila de bancos (o lugar do meio é estreito e tem um túnel grande no piso) e a mala tem 600 litros, com acesso através de uma enorme quinta porta.

Baixos consumos

A direção está muito bem calibrada em modo Eco e os travões são fáceis de dosear. Foi assim (e com o A/C desligado) que fiz o meu habitual teste de consumos em cidade, obtendo um valor de 10,6 l/100 km. Não é fantástico, mas não há nenhuma ajuda híbrida.

Motor 2.0 turbo de 245 cv é o mesmo do VW Golf GTI

Saindo para a autoestrada, o Octavia RS continua a mostrar o seu temperamento refinado, com a suspensão e os pneus a manter o conforto, quando o piso tem desníveis mais bruscos, sem perder um bom controlo dos movimentos parasita da carroçaria.

Minúsculo gatilho para a caixa de velocidades de dupla embraiagem

A vocação estradista fica comprovada, tanto mais que, rodando a 120 km/h estabilizados, o meu teste de consumos revelou uma quebra significativa face aos valores de cidade: 5,9 l/100 km, beneficiando aqui do modo “vela” que a caixa de dupla embraiagem faz sempre que pode e de um bom Cx de 0,26.

Soa a falso

Não perdi muito tempo em autoestrada. A curiosidade de saber como seria o comportamento dinâmico do Octavia RS levou-me para uma estrada de montanha, sem trânsito e com as curvas certas.

Painel de instrumentos digital fácil de ler

Passagem obrigatória para o modo Sport, que torna o acelerador mais sensível, muda o programa da caixa de velocidades, diminui a assistência da direção e liga um som sintetizado que imita um motor mais potente que este TSI, mas um som que sai pelos altifalantes.

Botões de atalho para o infotainment

O som até está bem sincronizado com a subida de regime do motor mas soa a falso e de fora não se ouve nada. A direção fica demasiado pesada, por isso passei ao modo Individual e configurei a direção para o nível normal.

Uma atitude “adulta”

A primeira sensação vem da maneira muito “adulta” como a suspensão e os pneus tratam dos pisos imperfeitos, passando por cima deles sem perder nada em controlo, nem sequer em conforto, mas não deixando de dar informação sobre o estado do terreno.

Jantes de 19″ são opcionais

O motor 2.0 TSI turbocomprimido, com injeção mista direta/indireta, sobe de regime com muita facilidade e continua a entregar força quando chega ao corte. Na verdade, tanto gosta de regimes baixos como altos.

Fica ao critério do condutor usar o binário máximo das 1600 rpm às 4300 rpm, ou a potência máxima entre as 5000 e as 6500 rpm.

Caixa DSG eficiente

A caixa DSG7, usada com as patilhas, é rápida e obediente, mesmo nas reduções mais agressivas. Faz pouco espetáculo, mas é muito eficiente nas passagens, que mal se notam.

Desenho Skoda ganhou identidade

Na primeira reta, o Octavia RS ganha velocidade com muita facilidade e total tranquilidade. O piso imperfeito não o atira pelo ar, a suspensão mantém a estabilidade até que chega a altura de travar forte.

Os quatro discos, de 340 mm, na frente e 310 mm, atrás são potentes e fáceis de dosear, totalmente civilizados, sem ruídos estranhos nem tato invulgar, lidando bem com os 1526 kg.

Sem nervosismos

E quando a reta passa a curva, a direção responde ao golpe de braços com total obediência, colocando a frente com precisão e rapidez, mas nenhum tipo de nervosismo.

Direção rápida, mas sem nervosismos

A inclinação lateral em curva existe, mas está bem controlada e o mau piso não a incomoda, quando aparecem irregularidades a meio de uma curva rápida, em pleno apoio.

A tração dianteira, apenas com a eletrónica a dar uma ajuda, consegue colocar os 370 Nm no chão sem problemas de maior, catapultando o Octavia RS para a próxima reta com toda a eficiência.

Pneus são o “fusível”

Aumentando o ritmo da condução, entra-se então perto dos limites e percebem-se outras coisas. A primeira é que os pneus da frente não têm tanta aderência como parecia e deixam a frente subvirar ligeiramente. O ESC trata do assunto, sem grande alarido.

Traseira deixa-se deslizar se provocada

Entrando em curva com outro estilo de condução, provocando a traseira com uma travagem tardia, consegue colocar-se a traseira a escorregar um pouco e evitar a subviragem, mas a transição é pouco precisa, mostrando que os pneus são mesmo o “fusível” da dinâmica.

Condução muito fácil, mesmo quando se anda mais depressa

Ou seja, o Octavia RS não tem um controlo de movimentos tão apurado como o Golf GTI, especialmente em encadeados de curva, onde a inércia se faz notar. Não tem a rapidez de entrada em curva do Golf GTI, nem a facilidade em fazer escorregar a traseira a pedido. Não é tão desportivo.

Conclusão

A proposta que a Skoda faz com o Octavia RS é diferente: uma berlina rápida, capaz de fazer os 0-100 km/h em 6,7 segundo e atingir os 250 km/h com conforto e uma notável sensação de facilidade, mesmo a ritmos elevados. A dinâmica é menos focada que no GTI, quando se quer tirar tudo, mas em todas as outras situações oferece um equilíbrio muito bom entre desportividade, conforto e versatilidade de utilização diária.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Skoda Octavia RS 2.0 TSI DSG

Potência: 245 cv

Preço: 47 421 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

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