SUV de luxo que se preze, não pode deixar de ter uma versão híbrida “plug-in”. No Evoque, o P300e tem 309 cv, sendo até a variante mais potente. O problema é o peso…
O Evoque já vai na segunda geração, lançada há dois anos com base numa evolução da plataforma usada no modelo de 2011. E já veremos os efeitos dessa decisão.
O que se vê de imediato é um estilo pouco alterado, porque dez anos depois, continua com imenso charme. Mas aqui o que nos interessa é o desempenho desta nova variante híbrida “plug-in” P300e.
Tem um motor 1.5 turbo a gasolina, com três cilindros e 200 cv, na frente e um motor elétrico de 109 cv, no eixo traseiro. Assim fica garantida a tração às quatro rodas “mista” e a potência combinada é de 309 cv, a mais elevada de todos os Evoque.
Carrega em posto rápido
Depois, há uma bateria de 15 kWh sob o banco de trás, que se pode carregar numa tomada doméstica, numa wallbox ou até num posto de carga rápida, o que é raro num “plug-in” e prático: em meia hora vai dos 0 aos 80%.
Há três modos de utilização, no modo híbrido o sistema usa os dois motores da maneira que julga a mais eficiente; no modo elétrico não usa o motor a gasolina e no modo “Save”, evita usar o motor elétrico, guardando a carga para mais tarde
Claro que o modo elétrico é o mais suave, podendo levar o Evoque até aos 135 km/h com boa destreza. A marca anuncia uma autonomia de 66 km em modo elétrico.
Autonomia real de 54 km
No meu teste, o máximo que consegui em cidade foi 54,2 km. Um bom valor, ainda assim, mostrando que o carregamento regenerativo durante as travagens funciona bem, apesar de não fazer muita retenção.
Um modo de utilização que outros “plug-in” têm e o Evoque não tem é o carregamento em andamento, que põe o motor a gasolina a atuar o gerador e a carregar a bateria.
Quando a bateria chegou a zero, o sistema passou a modo híbrido e começou a gastar 7,6 l/100 km, em cidade e 9,5 l/100 km, em autoestrada.
São valores relativamente altos e que têm uma razão: o peso anunciado de 2157 kg, bem acima dos concorrentes e resultado da tal plataforma que está longe de ser o último grito na matéria.
Muito confortável
A parte híbrida da experiência acaba por monopolizar as atenções, mas há mais para apreciar. Desde logo a posição de condução alta, que facilita a visibilidade e dá pose a quem guia um Evoque.
Depois, o bom conforto de rolamento, que deixa passar no mau piso sem grandes incómodos. O raio de viragem grande não ajuda nas manobras, mas a direção é leve
Cinco modos de condução
O condutor dispõe ainda de cinco modos de condução, que fazem variar a sensibilidade do acelerador, assistência da direção, rapidez da caixa automática de oito, controlo de tração e climatização.
Entre os dois primeiros, Eco e Normal, o primeiro acaba por ser suficiente para guiar em cidade, com boa resposta dos motores em todas as alturas. Os outros três modos são para condução fora do asfalto: relva, gravilha e neve/lama e sulcos/areia. É que o Evoque não deixa de ter boas capacidade de utilização em terrenos mais difíceis, honrando a imagem da marca.
Sem carga é mais lento
Pelo contrário, não há um modo Sport para usar nas estradas de asfalto com mais curvas. Só há uma posição Sport da caixa de velocidades, que aproveita melhor o motor.
Enquanto a bateria tem carga, o Evoque acelera com vigor, fazendo os 0-100 km/h em apenas 6,4 segundos. Mas quando a bateria baixa a 0% a quebra na resposta é flagrante.
O sistema precisa de travagens prolongadas, entre cada par de acelerações fortes, para conseguir regenerar alguma energia e voltar a ter toda a potência, pelo menos durante alguns segundos.
Dinâmica não entusiasma
Na verdade, esta insuficiência acaba por não ser um problema, pois este Evoque não tem na condução rápida a sua prioridade.
A falta de patilhas no volante para a caixa de velocidades é logo um indício. Além disso, quando se aumenta o ritmo, o Evoque relembra que desloca muita massa.
A inclinação lateral em curva é notória, as travagens são alongadas e nota-se uma falta de precisão geral que, não pondo minimamente em causa a segurança, acaba por incentivar o condutor a ir mais devagar.
Conclusão
Estilo elegante, habitáculo de qualidade e dinâmica confortável são os seus fortes, que aqui se combinam às habituais vantagens e desvantagens dos híbridos “plug-in”. As primeiras ligadas aos incentivos fiscais, que fazem os 58 mil euros descer quando na fatura de compra está o nome de uma empresa.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
Range Rover Evoque P300e PHEV
Potência: 309 cv
Preço:58 592 euros
Veredicto: 3,5 (0 a 5)
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