Audi Q4 e-tron Sportback 50 quattro S-Line (fotos de João Apolinário)

Sportback é 18 mm mais baixo que Q4 normal

Asa traseira no portão da mala no Sportback

Ar de família Audi mantém-se nos e-tron

Friso luminoso une luzes de trás

Portão traseiro com perfil coupé

50 e-tron quattro é topo de gama

Jantes de 21" com pneus mais largos atrás

Jantes em cor bronze no Edition One

Qualidade de nível premium no Q4 e-tron

Posição de condução alta e bancos desportivos

Muito espaço nos lugares da segunda fila

Mala tem 535 litros, mais 15 litros que no Q4 e-tron normal

Volante com formato invulgar

Painel de instrumentos digital é fácil de ler

Patilhas no volante são para regular regeneração

Comando da transmissão muito pequeno

O nome dos elétricos na Audi

Dinâmica muito precisa e eficiente

Rápido e neutro a curvar, o Q4 e-tron é um verdadeiro quattro

Tração às quatro rodas beneficia a estabilidade

O Q4 e-tron Sportback 50 quattro é um Audi típico, no desenho, na qualidade e na dinâmica. Por acaso… é elétrico! Mas herda tudo aquilo que se espera de um SUV premium da marca, mais ainda nesta versão topo de gama.

 

Sou suspeito. Aos meus olhos, o Q4 e-tron Sportback é um dos SUV/Crossover elétricos mais elegantes do mercado. Tem tudo aquilo de que gosto num Audi, em termos de desenho: um estilo original e distinguível, mas sem ser vistoso ou exuberante.

Esta versão Sportback tem um perfil coupé, com a altura reduzida em 18 mm e um vidro traseiro mais inclinado que o Q4 s-tron normal, além de um segundo spoiler na tampa da mala e tem as luzes de trás unidas por um friso luminoso.

Friso luminoso une luzes de trás

Esta unidade que testei para o Targa 67 é o topo da gama, desde logo por ter o nível de equipamento mais completo, o S-Line, aqui “municiado” com o pacote Edition One, que inclui as fabulosas jantes de 21” pintadas em cor bronze, além de bancos, volante e suspensão desportiva, entre outros detalhes.

Habitáculo muito Audi

Feito com base na plataforma exclusivamente elétrica MEB do grupo VW, este Q4 e-tron Sportback tem contudo um habitáculo bem diferente do conhecido no ID.4 ou Skoda Enyaq iV.

O desenho interior é o típico da Audi, sem futurismos desnecessários e a qualidade dos materiais está a um nível acima dos seus parceiros de plataforma.

Qualidade de nível premium no Q4 e-tron

A posição de condução é alta, para um SUV de 4,6 metros de comprimento, o que facilita a visibilidade para todos os lados, menos para trás, por causa do vidro traseiro muito inclinado. Estão lá as câmaras de marcha-atrás para resolver a questão.

Apesar da forma coupé do tejadilho, o acesso aos lugares da segunda fila não é um problema e o espaço é suficiente para levar três adultos, se bem que dois vão com mais conforto. O piso é totalmente plano, o que facilita.

Mala tem 535 litros, mais 15 litros que no Q4 e-tron normal

A mala tem uma capacidade de 535 litros, 15 litros superior à do Q4 e-tron normal, mas tem menor altura útil, devido à posição inclinada do portão traseiro. E não lhe falta um espaço sob o piso para acondicionar os cabos de recarga da bateria.

O topo de gama com 299 cv

Esta versão Q4 e-tron Sportback 50 quattro é a mais potente da gama. Tem uma bateria de iões de Lítio com 77 kWh de capacidade útil, colocada no piso do habitáculo e dois motores elétricos, um por eixo.

50 e-tron quattro é topo de gama

Atrás, está o motor de 204 cv e 310 Nm, que é o motor principal e equipa as versões de tração apenas a duas rodas desta plataforma. Na frente, está o motor secundário, de 109 cv e 162 Nm. Temos assim tração às quatro rodas, sem veio de transmissão.

A potência total combinada é de 299 cv e o binário de uns impressionantes 460 Nm o que permitem à Audi anunciar a aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas 6,2 segundos. Notável, considerando que o peso declarado é de 2215 kg. A velocidade está limitada aos 180 km/h.

Volante de formato invulgar

A experiência de condução começa com as mãos a pegar num volante de formato invulgar, seja no desenho do aro, seja dos braços. A habituação é rápida, mas sinto que este é dos poucos pontos onde o estilo ganhou à funcionalidade.

Volante com formato invulgar

O painel de instrumentos digital tem um aspeto convencional e facilidade de leitura; e o mesmo posso dizer do ecrã tátil central, que não partilha a unidade conhecida do ID.4, preferindo um interface mais tradicional da Audi. Que funciona melhor.

O módulo da climatização está separado e mais abaixo, como deve ser. Mas a consola do estilo flutuante acaba por desperdiçar espaço, havendo apenas um porta-objetos por baixo.

Comando da transmissão muito pequeno

O botão da caixa é pequeno e com movimento deslizante entre as posições N, R, D e B, o que é pouco ergonómico nas manobras. Mas há um botão para ligar o carro, ao contrário do VW ID.4, onde basta sentar e tocar no pedal de travão.

Patilhas no volante?…

Antes de arrancar, é bom dar um vista de olhos aos modos de condução disponíveis no tradicional botão Audi Drive Select, que são: Efficiency, Comfort, Auto, Dynamic e o configurável Individual.

O amortecimento não é variável por isso os modos ajustam a assistência da direção, a potência disponível até ao ressalto do acelerador e a sua resposta. Há ainda um botão para o ESP com posições On, Sport e Off.

Audi Drive Select para escolher modos de condução

Mas não é tudo. Sem falar das ajudas eletrónicas à condução, que se podem ajustar em ação e intensidade, há ainda procedimentos para regular a regeneração de energia nas desacelerações.

Para começar, há a posição B na transmissão, que aumenta a retenção, face à posição normal D. Depois há um modo automático, que faz variar a retenção de acordo com o trânsito e o perfil da estrada, retirando informações do sistema de navegação para se antecipar.

Patilhas no volante são para regular regeneração

Finalmente, o condutor pode regular a intensidade da regeneração através das patilhas no volante, em quatro níveis. E pronto! É finalmente altura de me fazer à estrada…

Muito suave, nada brusco

Como esperado, a primeira sensação vem da resposta suave e continuada do acelerador, que não é nada repentino, como em alguns elétricos que já testei. O curso do pedal é muito progressivo e confortável.

Comecei, como é meu hábito, pelo modo Efficiency para o teste em cidade, que mostrou força mais do que suficiente para navegar no trânsito com ligeireza e silêncio, deixando os “fumarentos” para trás com facilidade.

Painel de instrumentos digital é fácil de ler

As patilhas funcionam bem no trânsito, no nível 4 o carro quase se imobiliza, quando se circula no para-arranca, só é preciso um toque final no pedal de travão, que é muito fácil de dosear.  Mas o nível B mostrou-se suficiente para uma condução tranquila, sem grandes pressas.

O pacote Edition One inclui as referidas jantes de 21” com pneus 235/45 R21, na frente e 255/40 R21, mais largos atrás. Isto, em conjunto com a suspensão desportiva opcional, resulta num pisar muito firme.

O nome dos elétricos na Audi

Se a estrada for perfeita, nada a dizer, mas nos pisos imperfeitos ou mesmo nas lombas sonoras, este “set-up” mostra-se desnecessariamente desconfortável. Os ocupantes são sujeitos a safanões constantes e não demora muito até começarem a reclamar.

Consumo e autonomia

No meu teste de consumos em cidade, o computador de bordo indicou um valor de 16,1 kWh/100 km. Fazendo as contas à capacidade útil da bateria, isto equivale a uma autonomia real de 478 km, o que poderá chegar para uma semana de trajetos casa-trabalho-casa.

A bateria carrega a 11 KW AC, precisando de 7h30 para uma carga total. Nos carregadores rápidos, carrega até 135 KW, bastando aqui 36 minutos para ir dos 0 aos 80%. Num carregador de 50 KW, demora cerca de 2h00 para fazer os mesmos 0-80%.

Jantes de 21″ com pneus mais largos atrás

Deixando a cidade e passando à autoestrada, a insonorização continua a agradar, pela maneira eficiente como deixa os ruídos de rolamento e aerodinâmicos fora do habitáculo, graças aos vidros duplos laterais. E também ao bom Cx de 0,26, melhor que os 0,29 do Q4 e-tron normal.

A sensação de estabilidade é excelente, como seria de esperar com a combinação de pneus e suspensão desta unidade que, neste terreno, não é desconfortável.  As ajudas à condução não se mostraram demasiado intrusivas.

Quanto aos consumos, guiando a 120 km/h, subiram aos 23,2 kWh/100 km, pois as fases de regeneração em autoestrada são menos frequentes. A autonomia real desce aos 332 km. Em princípio, será o suficiente para fazer a proverbial viagem Lisboa-Porto com uma só carga

Audi quattro nas curvas

Sendo um “Audi quattro” mesmo SUV e mesmo elétrico, não podia deixar de o testar numa exigente estrada secundária. Mudando para o modo Dynamic, o acelerador fica logo mais sensível e os 299 cv francamente mais disponíveis.

A sensação de força é muito boa, com os dois motores elétricos a pôr os 460 Nm no chão sem dificuldade e atirando o Q4 para diante com determinação, com a velocidade a subir muito depressa.

Dinâmica muito precisa e eficiente

A suspensão desportiva mostra aqui os seus méritos, mantendo o Q4 muito estável, mesmo quando se acelera a fundo ou se tem que travar no limite. E quando chegam as curvas, a atitude não muda.

Há pouca inclinação lateral, um exímio controlo das transferências de massas em encadeados de curvas médias ou lentas e uma atitude neutra e estável, tipicamente Audi. A eficiência acima de tudo, sem nenhuns movimentos parasitas.

Muito neutro e eficiente

A direção tem o peso certo e a precisão necessária, os travões suportam uma utilização intensiva. Na saída de curvas lentas, a tração nunca se queixa, com o binário bem distribuído pelas quatro rodas.

Rápido e neutro a curvar, o Q4 e-tron é um verdadeiro quattro

Numa condução rápida, mas sem invenções, mesmo travando tarde, mas não castigando as rodas da frente na entrada em curva, o Q4 mantém uma atitude neutra. Mesmo na saída das curvas, a maior potência do motor posterior não incentiva a traseira a deslizar.

Para isso acontecer, e apenas em poucos graus, é preciso entrar mais devagar e acelerar mais e mais cedo. Se o piso for ligeiramente escorregadio, melhor. E aí o “quattro” já consegue fazer rodar o carro com um pouco de deriva de potência nas rodas de trás.

Conclusão

Estilo, ambiente do habitáculo, eficiência do sistema motriz e atitude dinâmica fazem deste Q4 e-tron Sportback 50 quattro um Audi típico que, por acaso… é um elétrico. E isto só pode ser entendido como um elogio, numa fase em que a transição energética se faz, por vezes, à custa da perda de identidade.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Audi Q4 e-tron Sportback 50 quattro S-Line

Potência: 299 cv

Preço: 61 439 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

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Crónica – Audi Q4 e-tron: afinal era tão fácil fazer um EV atraente