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Teste – Porsche Macan: O último antes de passar a elétrico

Porsche Macan 2022 (fotos de João Apolinário)

Silhueta conhecida de 600 000 compradores

Novo para-choques com formato de extrator

Novo para-choques faz o Macan parecer mais largo

O primeiro macan foi lançado em 2014

Faróis de LED com a assinatura luminosa da Porsche

Quatro cilindros e quatro saídas de escape

Jantes de 21" opcionais penalizam o conforto

Qualidade de alto nível no interior

Nova consola com superfícies táteis

Caixa PDK com patilhas no volante

Painel de instrumentos mecânico com um display TFT

Botão para os modos de condução

Sport Response põe tudo em modo Sport Plus durante 20 segundos

Modo "off road" ajusta suspensão e transmissão

Nova alavanca da caixa PDK

Suspensão pneumática de amortecimento variável é opcional

Ecrã tátil central tem alta resolução

Relógio no tablier passa a ser de série

Alta qualidade de construção e de materiais no interior

Posição de condução alta mas bem pensada

Espaço suficiente nos lugares da segunda fila

Conforto não é excelente, nos pisos imperfeitos

Condução estimulante em todas as situações

Muito pouca inclinação em curva

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Lançado em 2014, o Macan tem tido uma carreira de sucesso, mas os anos vão passando. Precisou de levar um segundo restyling, antes de ser substituído por uma nova geração elétrica. Saiba o que mudou na versão mais acessível.

 

A entrada da Porsche no mundo dos SUV foi um sucesso enorme, primeiro com o Cayenne e depois com o Macan. Este modelo mais pequeno e mais barato partilha a plataforma com a primeira geração do Audi Q5, entretanto substituída em 2016 pela segunda geração com uma plataforma mais moderna.

Por razões de rentabilidade, o Macan manteve-se na plataforma mais antiga, o que não o impediu de vender 600 000 unidades até agora. Nem de propor uma dinâmica referencial no seu segmento.

O primeiro macan foi lançado em 2014

Tem sido um modelo importante de conquista de novos clientes para a Porsche, pois 80% de quem o compra, nunca teve um modelo da marca antes. Outro facto curioso, a clientela feminina tem crescido, atingindo o máximo no mercado da China, onde 60% dos compradores são mulheres.

O segundo restyling

Mas os anos vão passando e o Macan vai ficando mais velho. Por isso a Porsche decidiu aplicar-lhe um segundo restyling, depois do primeiro feito em 2018. É uma maneira de manter alguma da vitalidade no modelo enquanto não chega a próxima geração, que vai ser 100% elétrica.

Neste segundo restyling, o Macan recebe as alterações comuns para este tipo de exercício. Para-choques da frente com novo desenho, que o faz parecer mais largo e para-choques de trás com o estilo de um extrator integrado.

Novo para-choques faz o Macan parecer mais largo

Depois, há novos desenhos de jantes em opção, novas cores e uma manobra que já se vem tornando comum nos restylings da marca: passar a incluir como equipamento de série, alguns opcionais. Neste caso, os mais visíveis são os retrovisores “sport design”, mas há mais por dentro.

Nova consola tátil

O volante GT do 911 e o relógio no topo do tablier passam a ser de série. No habitáculo também se encontram novos revestimentos, uns de série e outros opcionais.

A maior novidade é a consola com botões substituídos por superfícies táteis, como a marca utiliza noutros modelos mais caros. É uma solução esteticamente acertada, mas que obriga a desviar os olhos da estrada, de cada vez que se quer pressionar um desses “botões”.

Nova consola com superfícies táteis

Talvez porque a plataforma assim o exige, a caixa PDK de dupla embraiagem e sete relações continua a ter uma alavanca tradicional, em vez de minúsculos interruptores. Eu prefiro assim.

O que também aprecio é o ecrã tátil central, com excelente resolução e fácil de usar, integrando as principais soluções de conetividade.

Mais potência e não só

Mas, tratando-se da Porsche, não se perdeu a oportunidade de fazer alterações na mecânica. O motor 2.0 turbo do grupo Volkswagen, o mesmo quatro cilindros de injeção direta a gasolina do GTI, sobe dos 245 para os 265 cv e dos 370 para os 400 Nm. Isso chega para ganhar meio segundo nos 0-100 km/h, que agora faz em 6,2 segundos, atingindo os 232 km/h, em vez de 225 km/h.

Sport Response põe tudo em modo Sport Plus durante 20 segundos

Mesmo esta versão base tem tração às quatro rodas e a sua calibração foi aprimorada, tal como aconteceu com a direção e com a suspensão. No caso da unidade aqui em teste, estava presente a suspensão pneumática e amortecedores ajustáveis, ambos opcionais.

Na prática…

Qual o resultado de tudo isto na prática? Respostas nas próximas linhas, a começar pelo teste em cidade, como é habitual.

A posição de condução é alta, por isso a visibilidade é boa. Mas a posição relativa do banco, volante, pedais e alavanca da caixa mais parece a de um desportivo. Está tudo no sítio certo.

Alta qualidade de construção e de materiais no interior

A sensação de qualidade é óbvia, realçada por vários elementos opcionais presentes nesta unidade de demonstração para a imprensa. Tem praticamente tudo, para os jornalistas poderem testar. Não sei se o cliente típico desta versão fará esta configuração que dispara o preço dos 82 526 euros para os 108 909 euros…

A habitabilidade é razoável na segunda fila e a mala leva 458 litros, garantindo uma utilização diária muito fácil. Mas o Macan tem personalidade, mesmo a andar devagar na cidade.

Em cidade

A direção não segue a tendência atual da super-assistência, alguns até a podem considerar pesada, mesmo no modo Normal. Por mim, está no ponto certo entre esforço e efeito e o raio de viragem não é exagerado.

A caixa PDK, usada em modo automático, não mostrou grandes hesitações no meio do trânsito citadino e os travões são fáceis de dosear. A principal crítica vai para a especificação da suspensão.

Jantes de 21″ opcionais penalizam o conforto

Mesmo com a suspensão pneumática, as jantes de 21” com pneus 265/40, na frente e 295/35, atrás afetam o conforto. O Macan fica firme em excesso, quando é preciso passar por cima de lombas ou ruas em pior estado.

Quanto a consumos, em cidade o computador de bordo afixou 10,8 l/100 km e sempre usando o acelerador com muito cuidado. Não é um valor baixo, mas o motor não tem componente híbrida.

Melhor usar o modo Sport

Com 400 Nm a partir das 1500 rpm, a resposta do quatro cilindros em utilização citadina é suficiente, no modo Normal. Mas de um Porsche espera-se mais, por isso usar o modo Sport acaba por ser uma boa ideia, se a preocupação não for consumir o mínimo possível. A resposta ao acelerador ganha bastante e a condução fica mais alegre.

Botão para os modos de condução

Num percurso em auto-estrada, circulando a 120 km/h estabilizados, o consumo desceu para os 8,9 l/100 km, o que continua a não ser brilhante. Mas há que não esquecer o peso de 1920 kg e a aerodinâmica de SUV.

Claro que o Macan tem enorme estabilidade a qualquer velocidade, são precisas bossas e depressões muito acentuadas para o fazer oscilar à maneira típica de um SUV.

A resposta do motor ganha brio com a subida de rotações e apenas o seu som esforçado desilude um pouco. Sobretudo quando se acelera mais para fazer uma ultrapassagem.

Motor melhor do que parecia

Claro que não resisti a levar o Macan para uma boa estrada secundária, para ver se a sua reputação de melhor SUV desportivo se mantinha. Sem trânsito e com bom piso, uma aceleração a fundo serviu para ver que o 2.0 turbo é melhor do que pareceu em cidade.

Gosta de subir de regime, é bom nos intermédios e não desiste, quando se aproxima do “red-line”. A caixa PDK, usada em modo manual com as patilhas, é rápida a subir e obediente, a reduzir, contribuíndo para o prazer de condução. E os travões sustêm bem o peso, nas travagens mais tardias.

Painel de instrumentos mecânico com um display TFT

Claro que a melhor parte é mesmo a dinâmica. Com esta suspensão e esta medida de pneus, outra coisa não seria de esperar. Em modo Sport Plus, há pouca inclinação lateral em curva e uma excelente distribuição dos esforços pelas quatro rodas.

Nas curvas ainda é rei

A primeira sensação é de alta eficiência, quando se atira o Macan para dentro de curvas médias ou rápidas. O controlo da carroçaria é muito bom, ao nível de um bom desportivo, e a sensação de altura acaba por se ir desvanecendo.

A atitude é muito neutra, com as borrachas da frente a evitar a subviragem. Guiado “certinho”, o Macan é incrivelmente eficiente, para o tamanho e peso. Entra em curva com rigor e certeza, mantém a frente na linha e depois coloca tudo no chão sem a menor dúvida.

Muito pouca inclinação em curva

Claro que nem o sistema 4×4, nem a força do motor são suficientes para derivas de potência, quando se acelera a fundo para sair de uma curva lenta. Mas há outra solução.

Num estilo mais provocador

Atrasando a travagem para o momento após ter começado a rodar o volante, é possível provocar um pouco a traseira, colocando-a numa pequena deriva que depois se consegue manter com aceleração forte.

O resultado não é propriamente um “drift” de potência, mas sente-se o Macan a rodar e a “enrolar” a curva com uma agilidade pouco comum num SUV como este, em asfalto seco e aderente.

Modo “off road” ajusta suspensão e transmissão

Quanto ao botão “off road” que afina tudo para condução fora do asfalto, confesso que não tive coragem de o testar. Com os pneus e jantes montadas, não me pareceu relevante e a probabilidade de lhes causar danos era demasiado alta.

Conclusão

Quatro cilindros e 265 cv não parecem grande coisa, nos dias que correm, sobretudo num SUV que custa 82 526 euros, sem opcionais. Mas o Macan “base” cumpre bem as tarefas do dia-a-dia e ainda é capaz de entreter o condutor que o levar para uma boa estrada secundária. Mas fico curioso para ver como evoluiu a versão mais potente GTS. Fique atento ao Targa 67…

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Porsche Macan

Potência: 265 cv

Preço: 82 526 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

 

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