Polestar 2 Long Range Single Motor (fotos de João Apolinário)

Plataforma CMA partilhada com Volvo XC40

O 2 é uma berlina de três volumes e cinco portas

Identidade da marca não está na grelha

Jantes de 20 polegadas têm desenho original

Símbolo da marca pouco destacado

Faróis inspirados na Volvo

Bilhete de identidade desta versão

Materiais de boa qualidade mas nem todos agradáveis ao toque

Painel de instrumentos volumoso com ecrã digital

Ecrã tátil ocupa a consola central

Comando da transmissão fácil de usar

Bancos confortáveis e com bom apoio lateral

Espaço não é muito nos lugares da segunda fila

Interior "vegan" não tem pele de animal

Aceleração 0-100 km/h anunciada em 7,4 segundos

Condução muito bem controlada, sem movimentos parasitas

Suspensão firme e pneus de baixo perfil condicionam conforto

A designação completa é Polestar 2 Longe Range Single Motor, tem o motor menos potente e a bateria maior. Neste Teste TARGA 67 vou procurar os pontos fortes e os pontos fracos desta versão, para perceber se será mesmo a combinação ideal.

 

A história deste Polestar 2 é recente mas bem conhecida. É o segundo modelo da marca que nasceu como uma “spin-off” da Volvo, posicionada um pouco mais acima.

A plataforma é a mesma CMA partilhada com o Volvo XC40 e com o Lynk & Co 01, sendo os três fabricados na China pela Geely, o conglomerado proprietário destas três marcas suecas.

Bilhete de identidade desta versão

Apesar de ter uma altura um pouco superior a uma berlina convencional, mesmo uma elétrica, o Polestar 2 não chega a ser um crossover. É um três volumes, mas com cinco portas e mede 4,6 metros de comprimento.

Linguagem sueca

O estilo tem tudo a ver com os modelos da Volvo, das proporções aos detalhes, mas o modelo consegue ter uma personalidade própria, e nem precisa de um enorme símbolo na grelha. As duas setas que definem a marca estão dissimuladas mais acima.

Por dentro, o ambiente de inspiração sueca mantém-se com um desenho sóbrio, mas não minimalista. O tablier é ainda da mesma geração dos modelos com motor a combustão da Volvo, com um volumoso painel de instrumentos, dentro do qual está um monitor digital, esse sim, minimalista nos gráficos.

Painel de instrumentos volumoso com ecrã digital

Tão minimalista que chega a ser difícil usar o computador de bordo, comandado pelos botões do volante, mas com uma lógica própria.

Interior “vegan”

A consola é quase toda ocupada com um ecrã tátil muito fácil de usar, com poucas páginas e botões virtuais grandes. Botões “físicos” não há muitos, mas há uma alavanca para a transmissão, com forma oca original.

A qualidade dos materiais está ao nível premium pretendido, mas as superfícies rugosas de alguns plásticos não são muito agradáveis ao toque. A marca diz que o interior é ”vegan” que não usa materiais de origem animal. Tudo o que parece pele, não é.

Materiais de boa qualidade mas nem todos agradáveis ao toque

Nos lugares da frente, a largura da consola não permite imenso espaço, sobretudo para as maiores estaturas. Nem a altura é excelente, mesmo com o tejadilho em vidro, que não tem cortina. Felizmente o teste não foi feito no Verão…

Na segunda fila, o espaço também não é mais do que suficiente, para este segmento. O túnel central é bem volumoso, mas há uma razão para isso.

Bateria em “T”

A bateria tem a forma de um “T” e está alojada entre o túnel central e sob o banco de trás. A parte boa é que o piso não é tão alto como nos elétricos que têm a bateria por baixo, permitindo ao banco oferecer maior apoio às pernas.

Espaço não é muito nos lugares da segunda fila

A mala tem 405 litros e acesso fácil pela quinta porta. Ainda há um “frunk” sob o capót da frente, com 41 litros, perfeito para os cabos da bateria.

Ao volante

A posição de condução é muito boa, pouco mais alta que numa berlina convencional, mas com regulações amplas do volante e banco, com este a oferecer bom apoio lateral que encaixa bem o tronco.

Bancos confortáveis e com bom apoio lateral

A visibilidade para diante e para os lados não é um problema, mas o vidro de trás é muito baixo, sendo difícil de ver através do retrovisor interno. A câmara de marcha-atrás torna-se fundamental e de uso frequente em manobras, pois o raio de viragem não é curto.

Pouco confortável

A unidade deste teste estava equipada com pneus de medida 245/40 R20, em jantes de desenho “futurista” que ajudam à aparência vanguardista do Polestar 2. Mas não ajudam no conforto em pisos menos que perfeitos, onde os ocupantes são sacudidos, por vezes de forma violenta.

O Polestar 2 não tem modos de condução, pois a marca entende que chegou a uma definição que serve para todas as situações. Mas a assistência da direção pode regular-se em três níveis (Ligeira/Standard/Firme) com o terceiro a deixá-la demasiado “pesada”.

Ecrã tátil ocupa a consola central

Também se pode regular a intensidade da regeneração na desaceleração noutros três níveis, um deles é mesmo “off” e serve para a condução em vias rápidas ou autoestrada. O mais intenso leva o 2 até à imobilização, no trânsito citadino. Retém muito o carro, por isso obriga a alguma habituação, para não ter que voltar a acelerar antes de chegar ao fim da fila de trânsito.

Suave em cidade

O acelerador está muito bem doseado, permitindo uma condução suave em cidade, desde que se use o modo intermédio da regeneração. A calibração dos travões não é um problema.

Plataforma CMA partilhada com Volvo XC40

A regulação da direção e da regeneração faz-se numa página do infotainment, seria melhor ter um botão físico no volante, sobretudo da regeneração, para usar o 2 da forma o mais eficiente possível.

Consumos altos

No meu obrigatório teste de consumos em cidade, sempre com o A/C desligado e com a regeneração no máximo, obtive um consumo de 17,1 kWh/100 km. Fazendo as contas à capacidade útil da bateria, que é de 75 kWh, isto resulta numa autonomia real em cidade de apenas 439 km.

Suspensão firme e pneus de baixo perfil condicionam conforto

Passando à autoestrada, circulando a 120 km/h estabilizados e sempre com o A/C desligado, o consumo que registei foi de 22,1 kWh/100 km, o que equivale a uma autonomia real em autoestrada de 339 km.

São valores que obrigam a ter atenção aos carregamentos, que vão ser frequentes, sobretudo para quem tenha que fazer mais quilómetros diariamente. No painel de instrumentos está sempre afixada a percentagem restante de carga na bateria e uma estimativa de autonomia.

A bateria carrega em DC até 155 kW, demorando 35 minutos a ir dos 0 aos 80%. Numa wallbox de 11 kW AC, demora 8h00 para fazer uma carga completa.

Muito controlado

A condução em autoestrada mostrou-se muito estável, como seria de esperar tendo em conta o acerto firme da suspensão e o tipo de pneus de baixo perfil montados. Poucos movimentos da carroçaria, mesmo em mudanças de faixa bruscas e uma sensação de controlo muito boa.

Os ruídos aerodinâmicos são baixos, até porque os retrovisores são pequenos, e os de rolamento também não chegam ao habitáculo.

Aceleração 0-100 km/h anunciada em 7,4 segundos

Faltava uma passagem numa estrada secundária, sem trânsito e com curvas, passando o ESC para o modo Sport.

A Polestar anuncia a aceleração 0-100 km/h em 7,4 segundos, um bom “tempo” quando se tem 231 cv e 330 Nm entregues às rodas da frente, com a missão de puxar 2069 kg.

Dinâmica eficiente

A sensação de força é boa, a velocidades baixas e médias e depois vai piorando ligeiramente nas mais altas, com o máximo a estar limitado aos 160 km/h, para poupar a bateria. Na saída de curvas lentas, acelerando forte, sentem-se algumas falhas de tração, que o ESC resolve rapidamente.

Condução muito bem controlada, sem movimentos parasitas

A suspensão MacPherson, na frente e multibraço, atrás proporciona um controlo apertado dos movimentos, mesmo quando se aumenta o ritmo em estradas sinuosas. A inclinação lateral é pouca e a precisão da direção muito satisfatória.

A atitude é neutra, com imensa aderência, mesmo guiando depressa. Quando se exagera com a velocidade de entrada em curva, claro que surge um pouco de subviragem. Mas de forma muito transparente e muito fácil de reverter, bastando desacelerar. No mau piso, nem tudo se passa de forma tão linear.

Identidade da marca não está na grelha

Querendo uma condução mais agressiva, é possível provocar a traseira na entrada em curva, fazé-la deslizar um pouco a ajudar a rodar o carro, sem que o ESC (em posição Sport) se oponha. Ganha-se em diversão, pois pode até ser preciso corrigir a sobreviragem induzida com o volante, mas é preciso atenção à carga da bateria, pois os consumos sobem muito.

Conclusão

O estilo, a dinâmica e o ambiente interior são os pontos mais fortes desta versão do 2, enquanto que a habitabilidade e a autonomia são os mais fracos. Para quem preveja uma utilização diária com relativamente poucos quilómetros e que tenha um ponto de carga assegurado, não terá problemas em conviver com este Long Range Single Motor.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Polestar 2 Long Range Single Motor

Potência: 231 cv

Preço: 53 400 euros

Veredicto: 3 (0 a 5)

 

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