Peugeot 508 PSE SW (fotos de João Apolinário)

Os bons pisos são os preferidos da 508 PSE

É possível fazer deslizar um pouco a traseira

Aplicações em verde Kryptonite são vistosas

Travões de 380 mm na frente

Garras do leão PSE são verdes

O estilo da 508 SW não envelheceu desde 2017

Silhueta é quase de uma shooting brake

Uma carrinha potente e desportiva continua a ter a sua magia

Pneus Michelin Pilot Sport 4S fazem muito pela dinâmica

Carregamento apenas em AC

Aletas aerodinâmicas são um pouco exageradas

Boa qualidade de construção no habitáculo

O painel de instrumentos ainda não tem efeito 3D

Caixa automática funciona melhor não usando as patilhas

Teclas piano ainda são boa solução para os atalhos

Botão dos modos de condução

Bancos de frente com demasiado apoio lombar

Bom espaço na segunda fila

Mala tem 530 litros e espaço para os cabos, sob o piso

Condução desportiva, mas muito sensível à qualidade da estrada

Debita 360 cv, combinando os seus três motores, é o Peugeot mais potente de sempre e tem um aspeto bem desportivo. Mas será que a carrinha 508 PSE cumpre as expetativas, com a sua mecânica híbrida “plug-in”? Só há uma maneira de saber.

 

Talvez os detalhes a verde-kryptonite” e as aletas na base da carroçaria sejam um exagero de estilo, mas a verdade é que a carrinha 508 PSE tem um aspeto que me agrada. O que não é estranho, pois gostei do estilo da 508 SW desde a primeira vez que a vi, em 2017.

Os vidros das portas sem aros, permitiram rebaixar o tejadilho e o ângulo inclinado do vidro traseiro dão-lhe um ar quase de “shooting-brake”. Chamar-lhe carrinha é quase uma ofensa.

Fazer uma versão desportiva não era tarefa muito difícil, mas o gabinete de estilo da Peugeot esmerou-se. Para-choques com maiores aberturas e formas mais agressivas são o normal, nestes casos.

O estilo da 508 SW não envelheceu desde 2017

Depois bastou montar jantes de vinte polegadas e baixar a altura da suspensão, 10 mm, à frente e 4 mm, atrás, usando molas 50% mais duras que nas outras versões.

O toque final foi dado também pelas jantes com mais “offset” que aumentaram a via da frente em 24 mm (e que tem camber negativo) e a de trás em 12 mm. Depois foi só escolher com cuidado a nova paleta de cores e o resultado é o que pode ver nas imagens captadas pela objetiva do João Apolinário.

A magia das carrinhas ainda não morreu às mãos dos SUV-Coupé

Para mim, é simplesmente o Peugeot mais atraente da atual gama. A magia das carrinhas desportivas ainda não morreu às mãos dos SUV-coupé.

Por dentro, menos exuberante

Por dentro, a Peugeot também não fez muitas alterações para esta versão PSE (Peugeot Sport Engineered) uma sigla que veio substituir a antiga GTI, demasiado conotada com motores a gasolina pouco amigos do ambiente.

Os bancos têm mais apoio lateral, mas o apoio lombar é excessivo o que, para mim, o torna desconfortável. O painel de instrumentos alto não é o mais recente da marca, o volante pequeno é o habitual, mas aqui a geometria favorece a sua leitura, apesar da posição de condução baixa.

Volante pequeno e painel de instrumentos alto funcionam no 508

Sinal da velocidade a que a chamada “tecnologia” evolui é que o ecrã tátil central parece desatualizado. A Peugeot já faz melhor que isto. Contudo, as teclas-piano, para os atalhos, continuam a mostrar boa ergonomia.

bastante espaço nos lugares de trás e a mala tem 530 litros, mantendo-se a mesma dose de vocação familiar das outras versões, mas aqui com um ambiente mais desportivo.

Híbrido “plug-in” 4×4

Quanto à motorização híbrida “plug-in”, tem por base o conhecido motor 1.6 turbo a gasolina, aqui com 200 cv, a que acresce um motor elétrico de 110 cv, junto da caixa de velocidades automática de oito relações. Tudo isto para mover as rodas da frente.

As rodas de trás têm direito a um segundo motor elétrico de 113 cv, conseguindo-se assim tração às quatro rodas híbrida. Não há ligação mecânica entre os dois eixos.

Teclas piano ainda são boa solução para os atalhos

A bateria responsável por alimentar os dois motores elétricos tem 11,8 kWh e está alojada sob a mala e sob o banco de trás, pois o depósito de gasolina diminuíu de 62 para 43 litros de capacidade. Num carregador AC de 3,7 kW, demora 4h00 a fazer uma carga completa.

O mais potente de sempre

Com tudo isto, a potência total combinada é de 360 cv, fazendo do 508 PSE o Peugeot de estrada mais potente de sempre e deixando a marca entrar em luta direta com versões semelhantes de marcas premium.

Os modos de condução disponíveis são cinco: conforto/desporto/híbrido/elétrico/4WD. O último garante que as quatro rodas têm sempre tração, muito útil para  as estradas geladas ou nevadas de países mais a Norte.

Botão dos modos de condução

Comecei pelo modo elétrico em cidade, com os seus 140 cv elétricos que fazem mover a 508 PSE SW com agilidade e boa progressividade do acelerador. Já do pedal dos travões não se pode dizer o mesmo.

Autonomia em modo elétrico?

Há uma função de maior regeneração “B” que o condutor pode escolher e que faz uma boa dose de retenção, quando se desacelera, não chegando a ser um “e-pedal”, ou seja, não imobiliza o carro, é sempre preciso usar os travões.

A Peugeot anuncia uma autonomia em modo elétrico, em cidade, de 46 km, no meu teste habitual em cidade, esgotei a bateria ao fim de 37 km, o que fica abaixo de vários concorrentes.

Condução desportiva, mas muito sensível à qualidade da estrada

O fluxo de energia que se pode ver no ecrã central, mostra que não são poucas as situações em que o modo elétrico usa apenas às rodas de trás. A velocidade máxima permitida, antes que o motor a gasolina entre em ação, são 140 km/h.

Carrega em andamento

Para não esgotar a bateria e guardar energia para usar mais tarde, há a função “e-save” que permite escolher a percentagem de carga que se quer manter.

Escolhendo um valor acima do que a bateria tem, o motor a gasolina começa a carregar a bateria em andamento, funcionando o motor elétrico dianteiro como gerador.

Carregamento apenas em AC

É uma maneira prática de carregar a bateria, sobretudo quando se viaja em autoestrada, mas obviamente que faz os consumos subir. Testei essa função em autoestrada a 120 km/h e o computador de bordo subiu aos 8,9 l/100 km.

Consumos não são brilhantes

Antes disso, já tinha testado os consumos em autoestrada, com a bateria a zero e o valor que obtive foi de 7,3 l/100 km. Em cidade, sempre com a bateria a zero, o consumo foi de 7,1 l/100 km.

Não são valores brilhantes, tendo em conta que, mesmo com a bateria descarregada, o sistema continua a funcionar como um “full hybrid”.

Os bons pisos são os preferidos da 508 PSE

O teste em cidade serviu também para perceber que os pneus de medida 245/35 R20 e as jantes pesadas degradam o conforto, sempre que o piso não é perfeito. E isto, apesar de a suspensão até ter amortecedores adaptativos, de acordo com o modo de condução.

A “prova dos nove”

Mas com 360 cv e um aspeto destes, a “prova dos nove” desta 508 PSE SW tinha que ser a condução desportiva em estradas secundárias e pisos de qualidade variável. E este último fator faz toda a diferença.

A força dos três motores fica bem evidente quando se acelera a fundo desde parado. Nem é preciso olhar para o fluxo de energia para perceber o contributo elétrico.

Peugeot 508 PSE SW Hybrid4 (fotos de João Apolinário)

E isso ainda se nota mais nas recuperações, onde o binário elétrico ajuda muito bem o binário térmico, mesmo sendo turbocomprimido: no total são 520 Nm.

A Peugeot anuncia os 0-100 km/h em 5,2 segundos, que me pareceram realistas e atingidos ao som de um sintetizador que reforça o “cantar” do motor a gasolina.

Em bom piso…

Em bom piso, são os pneus Michelin Pilot Sport 4S os responsáveis por grande parte daquilo que a 508 PSE e capaz de fazer. E não é pouco.

A aderência é excelente, a subviragem só aparece como resultado de exageros de condução e a atitude em curva é neutra, com a carroçaria a mover-se muito pouco, como seria de esperar no modo desportivo.

É possível fazer deslizar um pouco a traseira

Com um pouco de provocação, até é possível fazer a traseira rodar um pouco à entrada das curvas, se guiado como um bom tração à frente, pois o ESC dá margem para isso, apesar de não se desligar.

Mas claro que as rodas traseiras nunca têm força suficiente para entrar em derivas de potência.

Caixa não “liga” ao condutor

Os travões dianteiros, com discos de 380 mm e maxilas de quatro êmbolos mostraram-se à altura nas primeiras travagens mais fortes.

Mas numa paragem para tirar notas no meu bloco, após um troço mais exigente, dei por duas colunas de fumo a subir das rodas da frente: larguei o bloco e arranquei para os arrefecer! É o resultado do peso total de 1925 kg.

Caixa automática funciona melhor não usando as patilhas

A caixa de velocidades automática com conversor de binário tem patilhas, mas a sua obediência é reduzida. O sistema faz sempre aquilo que “pensa” ser o melhor e deixa as patilhadas do condutor para segundo plano. Mais vale deixar a caixa em modo automático, pois até faz um bom serviço.

A direção é rápida e direta, mas não é muito progressiva. Não permite uma ligação intuitiva com as rodas da frente, é preciso estar sempre a calcular e recalcular o ângulo que se dá ao volante.

E no mau piso…

Depois chegou o mau piso e a relação com a 508 PSE SW piorou. O conjunto suspensão/pneus mostrou-se demasiado rígido, não conseguindo processar os pavimentos menos perfeitos. Pequenas bossas ou ondulações fazem os pneus perder o contacto íntimo com a estrada.

Mesmo com a bateria a zero, no modo desportivo, a sistema mantém carga na bateria

A vontade de continuar a andar depressa, nestas circunstâncias, é pouca, tanto mais que, mesmo acelerando o ritmo e colocando mais carga na suspensão, o resultado não melhora, ao contrário do que por vezes acontece com suspensões desportivas.

A parte boa é que, mesmo com a bateria a indicar zero e usando o modo desportivo, o sistema está sempre a gerar energia para que o condutor não sinta a potência a descer. Devo aqui referir que a Peugeot declara que os 360 cv só estão disponíveis no modo desportivo.

Peugeot 508 PSE Hybrid4 (fotos de João Apolinário)

Nos outros modos a potência máxima é limitada aos 330 cv, para não fazer disparar os consumos. Por falar em consumos, em condução desportiva, o 508 PSE SW fez 16,1 l/100 km, o que não é um valor exagerado, para o tipo de utilização.

Conclusão

O estilo, o ambiente interior e as prestações são pontos a favor desta 508 PSE SW, que mantém quase tudo da sua vocação familiar e versatilidade de utilização. O sistema híbrido está bem projetado e cumpre com tudo aquilo que promete. Mas o desempenho da suspensão em piso menos que perfeito desilude. E para um desportivo como este, isso é importante.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Peugeot 508 PSE SW Hybrid4

Potência: 360 cv

Preço: 66 445 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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