Peugeot 308 SW 1.5 BlueHDI GT (fotos de João Apolinário)

Mais 57mm de distância entre eixos na SW que na berlina 308

Estilo é quase o de uma "shooting brake"

As luzes são um tema de design importante na marca

Este "escudo" faz lembrar uma certa marca italiana

Detalhe de estilo nas luzes traseiras

Por trás do novo símbolo estão radares e sensores

Qualidade ao nível dos modelos premium do segmento C

Painel de instrumentos digital com várias vistas possíveis

Ecrã tátil com atalhos táteis e configuráveis

Volante é achatado em cima e em baixo

Botão da caixa de velocidades é pouco prático

Bancos dianteiros são confortáveis

Bom espaço na segunda fila de bancos, para dois

Mala tem 608 litros de capacidade, mais 196 litros que a berlina

Suspensão muito confortável em quase todo o tipo de piso

Condução muito suave e insonorização muito boa

Prestações do motor 1.5 BlueHDI são mais que suficientes

O Diesel está a ficar fora de moda, substituído pelos híbridos. Pelo menos é o que se ouve, mesmo se as frotas continuam a comprar carros com motor a gasóleo. Testei a carrinha Diesel Peugeot 308 SW 1.5 BlueHDI para perceber se esta combinação ainda faz sentido.

 

Não é só pelos consumos que a versão 1.5 BlueHDI da carrinha Peugeot 308 SW continua a fazer sentido. Os 4,4 l/100 km que escrevo no título não são os valores oficiais obtidos em banco de ensaios, segundo as normas WLTP. É o consumo real em auto-estrada que obtive neste teste.

Guiando a velocidade estabilizada de 120 km/h, com o A/C desligado, foi isso que esta carrinha 308 SW 1.5 BlueHDI GT com caixa automática de oito relações, gastou no meu habitual teste de consumos em autoestrada.

As luzes são um tema de design importante na marca

Considerando o depósito de 53 litros de gasóleo, a autonomia real é de 1200 km, em autoestrada… a 120 km/h e com A/C desligado. Mil e duzentos quilómetros sem precisar de abastecer, dá que pensar.

Mas os méritos desta carrinha Diesel não se ficam pelos consumos, que também são baixos em cidade: no meu teste em cidade gastou 6,0 l/100 km, sempre com A/C desligado e no modo de condução Eco, que também usei em autoestrada.

E são consumos sempre disponíveis, não é preciso ter a bateria carregada, como nos híbridos “plug-in”. Nem é preciso carregar nenhuma bateria, como é óbvio.

Um ar misterioso

Posso não ser o fã Nº1 do desenho desta geração do 308 SW, mas tenho que admitir que, na versão GT que ensaiei, ainda para mais pintada de preto, a carrinha 308 tem imensa presença. Um ar misterioso que chama as atenções das pessoas certas.

Detalhe de estilo nas luzes traseiras

Face à berlina, a carrinha tem mais 27 cm de comprimento, que são integralmente aproveitados para fazer a capacidade da mala subir dos bons 412 para os excelentes 608 litros. A mala é, realmente grande, a boca de carga tem um degrau mínimo, em relação ao fundo sendo fácil de carregar.

Há um compartimento sob o fundo, rebatimento dos bancos de trás através de alavancas nas paredes da mala, boa iluminação e uma chapeleira de enrolador, tudo muito fácil de usar.

Este “escudo” faz lembrar uma certa marca italiana

Em termos de utilização, a única cedência foi a altura da mala que não é maior para permitir uma silhueta ligeiramente descendente na traseira, que lhe dá um aspeto de quase “shooting brake”.

Interior Premium

Por dentro, a sensação de qualidade é muito boa, ao nível do que as marcas premium alemãs fazem neste segmento. Materiais de bom toque e excelente aspeto, bons acabamentos e detalhes de requinte. Além de um equipamento muito completo nesta versão GT.

Volante é achatado em cima e em baixo

Um deles é o ecrã tátil central, que tem atalhos também táteis e configuráveis, sob os quais há uma segunda linha de botões físicos de acesso a funções de uso frequente. Seria melhor ter os comandos da climatização separados, mas este nem é dos piores casos.

Não gosto do volante…

A posição de condução tem um bom banco, com apoio lateral e ajustes suficientes. É confortável, mesmo em viagens longas. Quanto ao volante, tenho que confessar que nunca fui um adepto deste conceito da Peugeot.

O formato do volante é achatado em baixo e em cima, tendo um raio pequeno para se poder ver o painel de instrumentos por cima do aro. Na minha posição de condução preferida, não o vejo em condições.

Painel de instrumentos digital com várias vistas possíveis

Felizmente, algumas das configurações possíveis do painel de instrumentos colocam a informação essencial no topo do ecrã, o que me permite não ter que descer muito o volante.

Muito espaço

O espaço nos lugares de trás é suficiente para dois adultos, com razoável comprimento para as pernas, mas o lugar do meio é estreito, o assento é duro e alto e há um túnel central.

Botão da caixa de velocidades é pouco prático

Na verdade, o espaço atrás é o mesmo que na berlina, pois as portas traseiras têm o mesmo comprimento. Mas são mais altas, facilitando o acesso.

A maior distância entre-eixos (mais 57 mm) é usada para maximizar a capacidade da mala e criar espaço para a bateria das versões híbridas.

Diesel super suave

O motor Diesel 1.5 turbo de injeção direta e quatro cilindros arranca com muita suavidade. A insonorização está muito bem feita e não passam trepidações pelo volante ou pelo banco. Nada a ver com motorizações Diesel do passado.

Por trás do novo símbolo estão radares e sensores

A experiência de condução começa assim em total suavidade, com uma resposta rápida e progressiva do acelerador, mesmo usando o modo Eco. Passando ao modo Normal, ganha-se um pouco de vivacidade, mas nem é preciso. Acabei por usar mais vezes o modo Eco.

Claro que a caixa automática de oito relações e conversor de binário ajuda muito na maneira linear e consistente como os excelentes 300 Nm de binário máximo são entregues às rodas da frente, logo a partir das 1750 rpm.

Muito confortável

O volante obriga a alguma habituação, por ser muito pequeno, mas a calibração da assistência está muito bem feita e a relação não é demasiado direta. As mudanças de direção fazem-se de forma suave e sem necessidade de grandes correções.

Ecrã tátil com atalhos táteis e configuráveis

A minha crítica vai para o botão encastrado que substitui a alavanca tradicional da caixa, que é pouco prática de usar em manobras e não é rápida. Nada a dizer da progressividade e potência do pedal de travão.

Confesso que, sendo uma versão GT e tendo pneus de medida 225/40 R18, estava à espera de algum compromisso em termos de conforto. Mas a verdade é que, mesmo com suspensão de barra de torção atrás, o conforto é muito bom.

As molas não são excessivamente duras e os amortecedores lidam muito bem com os 1400 kg desta versão. Em pisos ondulantes, o conforto é excelente e mesmo quando chegam as irregularidades de alta frequência, raramente se fazem sentir no habitáculo.

GT mas não desportiva

Numa condução tranquila, mas não propriamente lenta, o motor Diesel de 130 cv tem força mais do que suficiente para fazer esta 308 SW recuperar velocidade com decisão. A vantagem do ciclo Diesel é que não precisa de ajuda híbrida para isso. Nem para gastar pouco.

Qualidade ao nível dos modelos premium do segmento C

Claro que o modo Sport me desafiou a ir procurar estradas mais exigentes em termos de comportamento dinâmico. Um arranque a fundo leva a 308 SW dos 0 aos 100 km/h em 10,6 segundos, um tempo razoável, mas que não lhe dá grande aptidão desportiva.

O motor é muito melhor a regimes baixo-médios, do que a médio-altos, única altura em que emite um som esforçado, mas que resulta em pouco avanço. As patilhas dão uma ajuda, para fazer passagens precoces e evitar os regimes mais altos.

Enorme aderência

Claro que os pneus põem no chão borracha mais do que suficiente para dar a esta versão Diesel aderência e tração em excesso, face às prestações. O resultado é uma dinâmica muito assente nos pneus e num acerto predominantemente neutro.

Condução muito suave e insonorização muito boa

A rapidez e precisão da direção agrada sempre, a subviragem não aparece antes de ser convidada e a suspensão traseira não se deixa provocar. A dose moderada de inclinação lateral mostra que a condução desportiva não foi prioridade. Nem tinha que ser.

Conclusão

Ao fim de dezenas de testes de híbridos “plug-in”, muitos deles oriundos das várias marcas e modelos da Stellantis, foi bom voltar a uma carrinha Diesel e ver como o conceito, quando bem executado, continua a fazer todo o sentido. Não só em consumos, como em utilização, este Diesel não perde nada de substancial que a versão “plug-in” de 180 cv, custando menos seis mil euros e sendo mais fácil de utilizar, pois não há baterias nem cabos.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Peugeot 308 SW 1.5 BlueHDI GT

Potência: 130 cv

Preço: 36 850 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

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