Opel Mokka 1.2 Turbo auto (fotos de João Apolinário)

Por detrás do Vizor estão sensores

Detalhes de aerodinâmica

LED nos faróis

Mokka mudou muito na segunda geração

Farolins replicam desenho dos faróis

Mokka apontado a clientes mais novos

Um novo raio de luz para a Opel

Pneus 215/55 R18

Pintura em duas cores faz parte da imagem do Mokka

Boa posição de condução

Espaço atrás suficiente para dois adultos

Painel de instrumentos digital

Ecrá tátil central é fácil de usar

Comandos da climatização separados

Interruptor da caixa "enterrado" na consola

Dinâmica precisa e eficaz

Movimentos da carroçaria bem controlados

Suspensão um pouco firme em mau piso

Nova face de família da Opel

Os ovos são todos iguais, a diferença está na maneira como se cozinham e como se faz o empratamento. Mas o que é que ovos e omeletes têm a ver com o novo Opel Mokka?…

 

Sem ovos… não se fazem omeletes. Todos conhecem a expressão, cujo oposto nem sempre é verdadeiro: com muitos e bons ovos, nem sempre as omeletas saem perfeitas. Tudo depende dos cozinheiros.

Mas como esta analogia já está a cheirar a esturro, o melhor é explicar o que estou a dizer. Para quem não sabe, a Opel foi comprada pela PSA, que depois foi integrada na Stellantis, uma empresa que hoje tem 14 marcas de automóveis na Europa e EUA.

Mokka mudou muito na segunda geração

Por que não acabou com uma quantas, para simplificar? Porque nem todas as marcas têm a mesma força em todos os mercados. Para maximizar as vendas, é preferível manter as marcas que sejam fortes no maior número de mercados.

A força da Opel alemã

A Opel é forte na Alemanha, mercado em que muitos compradores a preferem por ser uma marca de origem alemã; nunca comprariam um carro de uma marca de outro país. Apesar de ter sido propriedade da GM durante nove décadas.

A Vauxhall é forte do Reino Unido, mais ou menos pelos mesmos motivos e apesar de os seus modelos serem iguais aos Opel, desde os anos setenta. O que não parece estar prestes a mudar.

Uma nova linguagem de estilo de que o Mokka foi o primeiro novo modelo a beneficiar

São razões mais do que suficientes para a Stellantis reforçar a presença da Opel. O que fez com uma nova linguagem de estilo de que o Mokka foi o primeiro novo modelo a beneficiar.

Opel Vizor vem do Manta

A Opel chama Vizor à frente negra, fechada numa moldura, inspirada no primeiro Opel Manta, mas que hoje serve para esconder os sensores necessários aos sistemas de ajuda à condução e aos LED que servem de faróis.

Por detrás do Vizor estão sensores

A explicação vem do gabinete de estilo da Opel e surgiu após uma “visita de estudo” ao seu museu, em busca da essência da marca. A ordem tinha vindo de Carlos Tavares: “tragam maior dinamismo ao desenho e alguma coisa de sexy.”

O resultado é polarizador. O Mokka ficou com uma frente misteriosa, muito diferente de tudo o que se vê na estrada. Mas Tavares deve ter gostado, pois todos os Opel estão a adotar (rapidamente) esta nova face de família.

Detalhes de aerodinâmica

Se o objetivo era diferenciar os modelos da marca, o alvo foi atingido. Se era cortar com o desenho anónimo de alguns modelos do passado, isso também foi conseguido.

Os mesmo “ovos”

A mim, agrada-me mais o desenho do perfil, a ilusão de uma enorme altura ao solo; e a traseira com ares de SUV-Coupé. Sobretudo, agrada-me a maneira como os ovos foram cozinhados.

Partilhando a plataforma CMP, motores incluídos, com o Peugeot 2008 a verdade é que a Opel conseguiu fazer uma omelete muito diferente, tanto por fora como por dentro.

Painel de instrumentos digital

O habitáculo tem um ambiente igualmente original e distinto, com um excelente painel de instrumentos digital e um monitor tátil central na continuidade. Os botões da climatização estão mais abaixo, num módulo separado e fácil de usar.

A decoração interior também é mais ousada que no 2008, mostrando como a Opel quer atrair clientes mais novos. A qualidade de construção é equivalente, mas o 2008 inclui alguns materiais de melhor aspeto.

Um B-SUV diferente

O espaço nos lugares de trás é razoável para dois adultos. A entrada e saída obriga a levantar bem as pernas, pois as embaladeiras são altas, porque o piso está apto a receber as baterias da versão elétrica.

O condutor tem direito a um banco firme mas com bom apoio lateral, só lhe faltando um pouco mais de comprimento no assento. O volante está bem colocado e tem ajustes amplos. A posição de condução é um pouco mais alta que num Corsa.

Boa posição de condução

A unidade que guiei estava equipada com a caixa automática de conversor de binário e oito relações, acoplada ao motor 1.2 Turbo de três cilindros (130 cv) e tração às rodas da frente, tudo material bem conhecido de outros modelos da PSA.

A prova da “autobahn”

As diferenças estão na afinação da suspensão, que aqui trabalha com pneus 215/55 R18. É uma afinação mais firme que no 2008, como o exigem os condutores alemães. Qualquer carro, para ter sucesso na Alemanha, tem que transmitir total confiança na prova da “autobahn”.

Que prova é essa? Uma mudança relativamente brusca de faixa de rodagem em autoestrada, quando se viaja às altas velocidades admitidas em algumas partes das autoestradas alemãs. E para fazer isso, sem grandes oscilações de carroçaria, é preciso uma suspensão firme, mais ainda no caso de um B-SUV.

Em autoestrada, registou um consumo de 5,8 l/100 km, rolando a 120 km/h

Nas autoestradas nacionais, em que o limite é muito mais baixo, o Mokka faz isso com total estabilidade e controlo, como seria de esperar. O motor também mostra uma boa economia, registando um consumo de 5,8 l/100 km, rolando a 120 km/h.

Menos conforto

Claro que o conforto se ressente nas ruas mais estragadas da cidade, ou sobre tampas de esgoto desniveladas, que há por todo o lado. Ainda assim, o Mokka não é demasiado desconfortável.

A maior crítica vai para os safanões da direção, quando se apanha mau piso a meio de uma curva. Fora essa situação, a direção tem um tato bom.

Suspensão um pouco firme em mau piso

O som do três cilindros está bem isolado e as tonalidades que entram no habitáculo nem são desagradáveis, quando se puxa mais pelas rotações. A andar devagar, em cidade, o motor tem sempre resposta pronta, ajudado pela caixa automática.

Em condução normal, a caixa faz bem o seu papel, com passagens suaves e atempadas, melhor que a maioria das caixas de dupla embraiagem.

Interruptor da caixa “enterrado” na consola

A única crítica surge nas manobras, devido à lentidão de resposta do botão mínimo e “enterrado” na consola, que substitui a alavanca tradicional. Guiando em modo Eco, o consumo que obtive foi de 7,7 l/100 km, sempre com o A/C desligado.

Afinação diferente

O acerto diferente da suspensão e direção notam-se também em percursos com mais curvas. Passando pelo modo de condução Normal e ficando no Sport, o Mokka tem um bom controlo dos movimentos da carroçaria e resposta mais rápida do acelerador.

Pneus 215/55 R18

Aumentando o ritmo em sequências de curvas médias, a frente resiste muito bem à subviragem e mantém a frente na linha escolhida. E quando começa a escorregar de frente, isso acontece sobretudo devido ao tipo de pneus usados (Michelin Primacy 4), que não revelaram muita aderência, mesmo em piso seco.

Também é divertido

Para condutores que procurem um pouco mais de diversão, o Mokka também sabe agradar. Bem provocado na entrada em curva, com uma desaceleração brusca logo após rodar o volante, o eixo de torção deixa a traseira deslizar um pouco, sem chamar de imediato pela ajuda do ESC.

Numa condução mais rápida, o comando da caixa através das patilhas no volante, nem sempre é tão obediente como gostaria. Mas quando faz o que peço, é rápido e suave.

Tudo somado, devo dizer que prefiro este acerto de suspensão do Mokka ao do 2008, com o Peugeot mais centrado no conforto. Mas não me custa admitir que o 2008 agrade a mais condutores.

Conclusão

A Stellantis deu mais uma lição de como fazer boas e diferentes omeletes com os mesmos ovos. Para quem não saiba, não vai ser fácil perceber que o Mokka e o 2008 partilham tantos componentes fundamentais. E isso só pode ser visto como um elogio.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Opel Mokka 1.2 Turbo auto

Potência: 130 cv

Preço: 23 905 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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