O Corsa tem imensa história em Portugal, desde que foi lançada a primeira geração em 1982. Esta sexta geração terá na versão 1.2T de 100 cv um herdeiro à altura da sua herança?

 

Haverá poucas famílias portuguesas que não tenham uma qualquer história com um Corsa. Quando foi lançado em 1982, trouxe a marca para um segmento onde nunca tinha estado e foi um sucesso de vendas.

Seis geração depois, o modelo acumula 13,7 milhões de unidades vendidas em todos os mercados onde esteve presente, mas agora chegou a altura da maior das mudanças.

Com a GM a vender a Opel à PSA, o Corsa deixou de ser feito sobre uma plataforma dos americanos e passou a partilhar a CMP do Peugeot 208 e também de outros modelos do grupo Francês.

A evolução da quinta para a sexta geração do Corsa foi “colossal” passando por uma descida de peso, aumento de 15% na rigidez estrutural, Cx de 0,29 e proporções muito mais modernas.

A descida de 48 mm na altura e o aumento de 28 mm na distância entre-eixos permitiram chegar a uma silhueta muito mais elegante.

Uma frente conhecida

Depois, a opção por seguir as influências dos mais recentes modelos Opel, tanta no desenho da frente como da traseira, compreende-se à luz de uma necessidade de afirmação da atual imagem de marca.

Não é um carro para fazer virar cabeças aos transeuntes que o viram passar, mas o equilíbrio estilístico geral é muito atual. Até tem opção do tejadilho em cor diferente, como agora é moda.

Por dentro, as primeiras impressões assim que se ocupa o lugar atrás do volante são de subida na qualidade dos materiais, face ao modelo anterior.

Desenho Opel no interior

Só no topo do tablier há plásticos macios, mas os outros, todos duros, estão bem montados e têm bom acabamento.

O monitor central tátil foi enquadrado na consola e não destacado no topo, uma opção que prefiro.

A alavanca da caixa manual de seis está bem posicionada e o volante tem a dimensão certa e uma pega muito boa.

O painel de instrumentos é clássico, com mostradores “físicos” mas a leitura é fácil, através do volante. A Opel não recebe os volantes pequenos da Peugeot.

O espaço nos lugares traseiros não é dos melhores do segmento e as portas são pequenas, mas a mala leva 309 litros de bagagem, mais 24 litros que no Corsa anterior.

Sentado mais baixo

O que também se nota, ao volante, é que a posição do banco está mais baixa: a Opel revela que são 28 mm, mas parecem mais.

Houve um cuidado em não trazer para o Corsa todos os botões dos Peugeot, de forma a manter uma coerência de gama com os outros modelos da marca.

Isso foi ao ponto de manter o tipo de letra usual da Opel nos mostradores e nos botões.

Também os comandos da climatização foram deixados de fora do monitor de infotainment, ao contrário dos Peugeot, o que é uma solução mais prática de usar.

Motor 1.2 Turbo continua “em forma”

Motor 1.2 turbo em marcha e a insonorização do conhecido tricilindrico sobrealimentado da PSA quase não o deixa ouvir. Não há vibrações e o arranque é suave e progressivo.

A resposta do motor aos pequenos “inputs” da circulação citadina é muito boa, com acelerações rápidas e precisas, exatamente como o condutor está à espera.

O tempo de resposta a baixos regimes não é um problema; e o motor dá o seu melhor nas rotações intermédias, as mais usadas no dia-a-dia.

O consumo que registei em cidade foi de 7,9 l/100 km. Em estrada, desceu para os 5,6 l/100 km.

A caixa manual de seis relações é rápida, precisa e silenciosa. Ajuda na melhor utilização possível do motor.

Claro que tem relações longas de sexta e até de quinta, mas isso compreende-se: é para gastar menos nas vias rápidas e autoestradas.

Suspensão confortável

A suspensão é confortável, mesmo no mau piso. Quem estivesse à espera da tradicional “dureza” dos Opel vai ter uma surpresa. Mesmo com jantes de 17” montadas.

Os bancos também não são tão firmes como o habitual na marca, mas não são propriamente macios e falta-lhes um pouco mais de apoio sob as pernas: são curtos.

A direção é bastante leve, o que é ótimo na cidade, mas perde-se um pouco de “conversa” entre as rodas e o condutor. Não havendo modos de condução, nesta versão.

A suspensão mantém os movimentos da carroçaria sempre muito bem controlados, o que se nota sobretudo em Autoestrada, a velocidades mais altas.

Muito estável em autoestrada

Seja em mudanças de faixa mais rápidas, seja sobre bossas ou depressões do pavimento, o Corsa mantém sempre uma sensação de estabilidade a toda a prova. A que se soma boa insonorização, tanto aerodinâmica como de rolamento.

O motor não tem dificuldade em manter médias “despachadas” em viagens mais longas e o Corsa acaba por cumprir essa tarefa sem fatigar em excesso os ocupantes.

Saindo da AE para uma estrada secundária com boas curvas, o que se vai descobrir é interessante. A começar pelo motor.

A elasticidade a regimes médios é tão boa, que nem é preciso procurar muitas vezes a segunda velocidade, para fazer algumas curvas mais apertadas.

A frente é precisa a manter a trajetória, sem grande tendência para sair de frente, desde que não se exagere muito.

Com piso mais escorregadio e pé direito mais pesado, isso pode sempre ser provocado, sendo bem gerido pelo ESP, que nunca se pode desligar.

Pouco divertido

É também por causa do ESP que se torna difícil provocar a suspensão traseira de eixo de torção, na tentativa de a fazer deslizar na entrada em curva.

Isso acontece em muito poucos graus, até a eletrónica intervir e acabar com a “brincadeira”.

É com alguma pena que se testemunha a entrada zelosa do ESP, pois a sensação é a de que, sem ele, a condução podia ser mais divertida, nas mãos de condutores experientes.

Até porque as performances são boas, com os 0-100 km/h anunciados em 9,9 segundos, mostrando que os 100 cv são suficientes para alguns momentos de boa diversão.

Conclusão

No final deste teste, a conclusão a tirar é que a Opel soube adaptar-se muito bem ao “hardware” que lhe foi posto à disposição para fazer esta sexta geração do Corsa.

Os homens da marca alemã só tiveram dois anos para fazer esse trabalho, mas o resultado não é uma cópia do 208.

O Corsa tem identidade própria, não só no estilo, mas também nas afinações e no caráter diferenciado, E isso, nos dias que correm, já é muito.

Francisco Mota

Potência: 100 cv

Preço: 16 760 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

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