Subaru Solterra AWD

Frente hexagonal como nos outros modelos da marca

O primeiro 100% elétrico da marca

Subaru tem capital da Toyota

Painel de instrumento é para ver por cima do volante

Novo sistema de infotainment da Toyota

O original comando da transmissão

Bancos dianteiros são confortáveis

Muito espaço em comprimento na segunda fila

A capacidade da mala é de 421 litros

Cruzamento de eixos bastante agressivo

Passagem a vau até 50 cm de altura

HSA a levar o Solterra até ao topo

HSA mostrou enorme suavidade

Prova de rigidez torcional

Descida íngreme pôs o Solterra à prova

Hill Descent Control a trabalhar na descida

Tração às quatro rodas transforma sub em sobre viragem

Desde os tempos das várias gerações do Impreza que não testava um Subaru. O regresso aconteceu agora, ao volante do Solterra, um SUV elétrico capaz de inesperadas proezas no fora de estrada. Primeiro teste TARGA 67.

 

As memórias dos testes (alguns deles bem radicais…) às várias gerações do Subaru Impreza ainda permanecem bem vivas. Foram carros que deixaram impressões difíceis de esquecer, carros que punham ao alcance dos compradores tecnologia usada na competição.

Subaru tem capital da Toyota

De então para cá, sobretudo em Portugal, a Subaru desapareceu. A nível internacional, a gama orientou-se para os incontornáveis SUV e crossover. Existe uma quinta geração do Impreza, mas sem versão desportiva na Europa: tem um motor atmosférico “mild-hybrid” com caixa CVT.

De volta a um Subaru

Num evento conjunto entre a Toyota e a Subaru, destinado em exclusivo aos membros do júri do “The Car Of The Year”, ao qual tenho a honra de pertencer, pude agora voltar a pegar no volante de um Subaru.

Frente hexagonal como nos outros modelos da marca

E um Subaru marcante, pois trata-se do primeiro modelo 100% elétrico da marca. Uma marca que, no ano passado, se ficou por uma produção global de 744 800 unidades, a grande maioria vendida nos EUA.

O Solterra talvez não faça “explodir” as vendas da Subaru, mas abre-lhe as portas à nova realidade dos elétricos de maneira muito rápida. Na verdade, o Solterra é fruto da colaboração da Subaru com a Toyota, partilhando quase tudo com o bZ4X.

Trabalho dividido

Lado a lado, as diferenças estéticas ficam-se pelo desenho da frente, mas é preciso estarem mesmo lado a lado para se perceberem. As outras diferenças são de posicionamento. Por exemplo, o Solterra não vai ter a versão de tração a duas rodas do bZ4X, apenas a versão 4WD.

Por outro lado, o Solterra também não vai ter a direção “by-wire” OMG que vai ser estreada no bZ4X em 2024 e que já tive ocasião de testar, basta seguir este Link:

Primeiro Teste – Toyota bZ4X OMG: Direção “by-wire” funciona?

Disseram os responsáveis da Toyota e a da Subaru que este projeto bZ4X/Solterra foi feito a meias, com 50% de recursos humanos provenientes de cada marca. A Toyota está numa fase de enorme expansão na sua oferta de elétricos, pelo que toda a ajuda é bem vinda.

Painel de instrumento é para ver por cima do volante

Sobretudo de técnicos que trabalham com tração às quatro rodas há tantos anos, como os da Subaru. Se bem que o sistema 4WD do Solterra nada tem a ver com o dos Subaru com motor de combustão. Mas ao contrário do bZ4X em algumas situações, a tração elétrica às quatro rodas é permanente no Solterra.

O que está por baixo

O Solterra é feito sobre uma nova plataforma com bateria de 71,4 kWh sob o piso do habitáculo, que a Toyota chama e-TNGA e a Subaru chama e-Subaru. É a mesma.

A tração às quatro rodas é conseguida por dois motores elétricos, um por cada eixo. Ambos têm 80 kW de potência e 168,5 Nm de binário máximo, mas têm formatos diferentes, para melhor se acomodarem na frente e na traseira do veículo.

O original comando da transmissão

A potência total é de 160 kW (218 cv) e o binário de 337 Nm, para um peso de 2010 kg. A bateria pode ser abastecida em carregadores até 150 kW, situação em que vai dos 20 aos 80% de carga em apenas 17 minutos.

A velocidade máxima está limitada aos 160 km/h e a aceleração 0-100 km/h demora apenas 6,9 segundos. Mas não foi para verificar estes números que a Subaru me deixou guiar o Solterra.

Aptidões off road

O teste desenrolou-se exclusivamente numa pista de obstáculos off road, nas instalações da INTA, em Madrid. E posso dizer que se tratava de obstáculos dignos de um verdadeiro todo-o-terreno, escavados na terra e na lama.

HSA a levar o Solterra até ao topo

O Solterra tem ângulos todo-o-terreno invulgares para um SUV, ainda para mais elétrico. O ângulo de ataque é de 17,2 graus, o de saída é de 25,4 graus, a altura ao solo é de 210 mm e a passagem a vau de 50 cm. O raio de viragem é de apenas 4,69 m, o que também ajuda.

Além do modo “S-Pedal”, que quase para o Solterra numa desaceleração mais demorada, também há os habituais modos de condução Eco/Normal/Power. O último não está disponível no bZ4X.

O que é o X-Mode

Além disso, o condutor tem ainda o “X-Mode” que permite optar entre dois programas para condução fora de estrada: neve/terra ou neve funda/lama, que gerem o binário entregue a cada roda a cada momento.

HSA mostrou enorme suavidade

Além disso, ainda há o conhecido Hill Descent Control (HDC) e a novidade do Hill Start Assist (HSA). Este último, funciona como um cruise control para todo-o-terreno e pode ser regulado em cinco níveis de velocidade, abaixo dos 30 km/h.

Fiz o teste offroad com um instrutor ao lado, para me guiar pela pista de obstáculos e para me poupar tempo a encontrar os botões certos, ajudando ainda a tirar o máximo proveito do Solterra.

Uma pista bem exigente

Comecei por um cruzamento de eixos, que colocou duas rodas no ar em diagonal, primeiro um par, depois o outro. Depois de um momento de rotação no ar, o controlo de tração trava as rodas “aéreas” e o binário vai para as que “aterraram”.

Cruzamento de eixos bastante agressivo

Nada de novo, mas a diferença é que tudo se passa em silêncio e com uma enorma suavidade nos movimentos das rodas. O binário passa à terra húmida com incrível precisão, nem 1 Nm a mais do que o necessário.

Depois uma inclinação lateral acentuada, de cerca de 30 graus, com o Solterra a passar sem a menor oscilação: devido à posição da bateria no piso, o Centro de Gravidade é baixo e a inclinação lateral máxima chega aos 45 graus.

Comprovar a rigidez

À saída deste obstáculo, já com as duas rodas da frente no plano horizontal, mas uma das de trás ainda no plano inclinado, o instrutor manda-me parar e abrir a porta. E depois voltar a fechar. Para quê?…

Para verificar que, mesmo numa situação de torção muito exigente, a estrutura não cede e as portas continuam a abrir e fechar sem problemas. Aqui, contribuição da caixa da bateria para a rigidez.

Passagem a vau até 50 cm de altura

Uma subida íngreme serviu para ver que o para-choques não bate facilmente no chão e depois uma descida a pique, daquelas em que se fica pendurado no cinto de segurança.

HDC ligado, pés retirados dos pedais e foi só ver o sistema a gerir a aderência com a travagem seletiva e levar tranquilamente o Solterra até ao fundo da descida.

Cruise control off road

O próximo obstáculo foi a passagem de uma vala cheia de água, com o comprimento superior a dois Solterra e profundidade de uns 30 a 40 centímetros.

Claro que, sem escape, não há preocupações com entrada de água no motor, nem a estanquecidade da bateria foi algo que me viesse à cabeça. Não receber ordem para abrir a porta foi a melhor notícia…

Descida íngreme pôs o Solterra à prova

O obstáculo mais interessante veio a seguir, na forma de uma subida íngreme e mais longa. Altura para ligar o HSA, tirar os pés dos pedais e ver como este “cruise control” para fora de estrada gere perfeitamente a tração, distribuindo força por cada roda.

Bastou ir escolhendo um dos cinco níveis de velocidade, num botão do volante, para ver o sistema a levar o Solterra com enorme suavidade e total segurança até ao topo.

Mini troço de rali

Para o fim ficou o mais divertido, um mini-troço de rali, com um caminho de terra estreito, primeiro e depois uma sequência de curvas fechadas mas com imenso espaço para exagerar.

Em reta, os motores agradam pela força com que impelem o Solterra para diante, com a suspensão a processar bem o piso e sem sentir que estava a maltratar o carro.

Tração às quatro rodas transforma sub em sobre viragem

Já nas curvas, foi altura de forçar o andamento para ver como o sistema 4WD transforma uma ligeira subviragem inicial, numa ligeira sobreviragem para terminar a curva.

Com um pouco mais de embalo, foi ainda possível descrever algumas curvas com o Solterra numa atitude de tração traseira, depois de o desequilibrar na entrada, para depois acelerar a fundo, com as quatro rodas a esgravatar na terra e a disparar pedras pelo ar.

A curvar num mini troço de rali, como um Impreza

Talvez a diversão tenha superado a relevância de um teste destes, num SUV a que dificilmente algum comprador irá sujeitar a este tipo de tratamento.

Mas as competência ficaram provadas e devem poder ser transferidas para outros cenários, como o das estradas nevadas do Norte da Europa, esses sim, bem mais realistas.

Conclusão

A Toyota nunca fez um grupo industrial ao estilo da VW, mas tem participações em várias marcas japonesas e dá-lhes a ajuda necessária para que se mantenham viáveis. Foi o caso deste projeto bZ4X e Solterra. Sem ele, a Subaru dificilmente teria capacidade para sobreviver à transição energética. Quanto à pergunta que está a fazer, a resposta não existe: quando voltará a Subaru ao mercado nacional?…

Francisco Mota

Ler também, seguindo o LINK:

Primeiro teste – SUV bZ4X: O que vale o elétrico inicial da Toyota