Mini JCW (fotos de João Apolinário)

Compacto e desportivo, o Mini JCW não perdeu apelo

Novos para-choques e nova grelha no restyling

Apenas 3,8 metros de comprimento são suficientes

Para-choques de trás em forma de extrator

Símbolo Mini todo a preto

Jantes demasiado expostas, face aos pneus

John Cooper Works a versão com 231 cv

Faróis LED integram faróis de nevoeiro

Asa bem destacada no tejadilho

Excelente posição de condução com volante perfeito

Painel de instrumentos digital

O tradicional "Ring" evoca o velocímetro do Mini original

Comando à distância para o infotainment

Também existe uma caixa manual de seis relações

Balanceiros para algumas das funções secundárias

Caixa automática com patilhas no volante

O estilo chega estende-se também aos pedais

A decoração faz parte do ambiente do JCW

Bancos desportivos com muito bom apoio lateral

Dois adultos cabem nos bancos de trás com algum conforto

Mala com apenas 211 litros cria alguns "desafios"

Motor BMW 2.0 turbo de 231 cv

As prestações são muito boas: 0 a 100 km/h em 6,1 segundos

Frente precisa e rápida a entrar em curva

Muito divertido de guiar, tanto pelo motor como pelo chassis

Não é difícil provocar a traseira e colocar o Mini a rodar

A Mini revelou as vendas globais de 2021 e (surpresa!…) as versões JCW estão a bater recordes. Numa altura em que o Cooper SE elétrico é a versão mais vendida, o JCW com o seu 2.0 turbo a gasolina continua a atrair cada vez mais compradores. Fui investigar…

 

Ao contrário do que a própria Mini estaria à espera, tendo em conta a “febre” das vendas da versão elétrica Cooper SE – que foi comprada por 34 851 clientes em 2021, duplicando o volume do ano anterior – as versões JCW também estão a bater recordes de vendas.

Em 2021 venderam-se 21 132 versões John Cooper Works (JCW) numa subida de 2,4% em relação ao ano anterior e representando uns saudáveis 7% das vendas globais da marca.

John Cooper Works a versão com 231 cv

O efeito JCW é ainda mais notório no Mini de três portas, que absorveu 45% das vendas de todos os JCW, atingindo as 9389 unidades. Nada mau, para quem achava que os motores potentes a gasolina tinham os dias contados.

Seja para aproveitar enquanto ainda está à venda, seja porque ainda há muitos condutores à procura de emoções fortes, a verdade é que o apelo dos JCW nunca foi tão grande como agora. Um batalhão de analistas de vendas e de tendências de mercado deve estar neste momento em Munique a estudar o assunto.

O segundo restyling

Do meu lado, o melhor “estudo” que posso fazer é pegar nas chaves de um Mini John Cooper Works e fazer-me à estrada durante uns dias, para tentar perceber o que continua a atrair tantos clientes à versão mais potente do Mini de três portas.

Tal como toda a gama, também o JCW recebeu o segundo restyling desta terceira geração, com nome de código F56 e lançada originalmente em 2014, com um primeiro restyling em 2018. As diferenças, resumem-se rapidamente.

Faróis LED integram faróis de nevoeiro

O para-choques da frente deixou de ter faróis de nevoeiro, sendo substituídos por entradas de ar para as “air curtains” e a sua função desempenhada pelos faróis de LED principais. A grelha tem um formato maior, mas o desenho é mais “limpo”.

O para-choques de trás imita um extrator e continua a ter escape duplo central. A asa do tejadilho está bem destacada e o resto são detalhes de decoração, alguns pouco felizes, como o símbolo do capót todo em preto. Parece que roubaram a habitual peça cromada…

Por dentro é premium

Por dentro, também há novidades, a mais evidente é o painel de instrumentos atrás do volante, de forma ovalada e com 5” de diagonal. Tem superfície anti-reflexo, como todos deviam ter, por isso é fácil de ler.

O círculo central, que faz lembrar o velocímetro do Mini original, tem um ecrã tátil de 8” que também se pode (e deve) comandar através de um botão rotativo na consola. Os comandos do volante são uns “falsos” táteis. Na verdade empurram um mecanismo, mas têm uma superfície lisa. Ganhou-se em estilo, perdeu-se em precisão.

A decoração faz parte do ambiente do JCW

E depois entra a decoração, o que é de série e o opcional, onde se contam mais aplicações em preto brilhante e “letterings” com os dizeres “John Cooper Works” um pouco por todo o lado.

Mais importante é a disponibilidade, em opção, de amortecedores ajustáveis, incluídos no pacote JCW Plus, o que dá mais sentido ao uso dos modos de condução: Green/Mid/Sport.

Ao volante

A posição de condução dos Mini é muito baixa e este JCW acrescenta uns excelentes bancos desportivos com imenso apoio lateral.

Do volante só posso dizer bem: tem o diâmetro certo, uma pega anatómica, amplas regulações e está montado quase na vertical. E… é redondo! Não tem base cortada.

O ambiente interior é realmente premium, melhor que num BMW Série 1

Olhando em redor e tocando nos materiais do interior, o JCW parece ter um nível de qualidade ainda superior ao dos outros Mini. Um verdadeiro ambiente “premium”, melhor do que se vive dentro de um BMW Série 1.

Versátil? Sim…

Quanto ao espaço, recordar que o Mini tem lotação de quatro e os dois lugares de trás são perfeitamente utilizáveis por adultos, pois a silhueta do Mini nunca poderá ser coupé. Para quem nunca guiou um Mini, vai até achar estranho que o para-brisas esteja distante e muito mais vertical do que é hoje comum.

Mala com apenas 211 litros cria alguns “desafios”

Com 211 litros de capacidade, a mala vai criar desafios logo na altura de levar os miúdos à escola com as suas mochilas, sacos, garrafas de água e casacos. Mas isso faz parte da experiência Mini.

Os grandes números

Este JCW tem um motor BMW 2.0 turbo de quatro cilindros em linha com 231 cv e 320 Nm de binário máximo. São números muito bons que se traduzem numa aceleração 0-100 km/h em 6,1 segundos e uns incríveis 246 km/h, que a minha carta de condução não teve coragem de confirmar.

Nos dias que correm, os 1350 kg deste JCW estão longe de parecer um exagero e dão uma ajuda nas prestações, numa mecânica que não tem qualquer ajuda híbrida.

Motor BMW 2.0 turbo de 231 cv

A única “ajuda” que este Mini JCW que testei tinha era uma caixa automática de conversor de binário e oito relações. Tem patilhas no volante, mas eu teria preferido ter a “maçada” de fazer as passagens na alavanca da caixa manual de seis que também existe. Mas desconfio que estou a ficar em minoria.

Civilizado em cidade

Primeiras centenas de metros em cidade, com o modo Green. A resposta do motor é muito rápida e decidida, sem atrasos e com muita suavidade. A caixa, deixada em “D” torna a utilização em cidade muito civilizada, mesmo se, às vezes, tem alguns momentos de indecisão.

A direção não é muito leve, o que pode incomodar alguns condutores em cidade, em contrapartida, é rápida e direta, fazendo o Mini encaixar no trânsito com um só golpe de pulsos.

Também existe uma caixa manual de seis relações

Mesmo em cidade e a andar devagar, o Mini JCW é divertido de guiar. Tem excelente visibilidade (mais um efeito secundário da silhueta nostálgica) e curto raio de viragem que lhe dão uma genuína agilidade. E os 3,8 metros de comprimento também ajudam.

É claro que a suspensão é firme, ou não fosse um Mini. Mas a suspensão traseira independente processa bem o mau piso, os amortecedores ajustáveis fazem o que podem e acaba por não ser um sacrifício guiar o JCW, todos os dias, mesmo nas ruas que parece terem saído de um filme de guerra.

Consumos e autonomia

Não é por ser um JCW que deixei de fazer o meu teste de consumos em cidade, obtendo um valor de 9,7 l/100 km, apesar de o start/stop funcionar muito bem. Não é propriamente económico e com o depósito de 44 litros, tem uma autonomia de 453 km.

Em autoestrada, o consumo fica-se pelos 6,2 l/100 km

Em autoestrada, o consumo a 120 km/h estabilizados desceu para os 6,2 l/100 km o que é digno de elogios, que se estendem à caixa de velocidades, que entra em modo “bolina” com frequência, assim que se levanta o pé do acelerador.

Evitando o modo Sport, o conforto em autoestrada não é criticável, a suspensão lida bem com bossas e depressões, apesar da curta distância entre-eixos de 2,5 m. Mas os ruídos de rolamento são muito altos e os vidros das portas, sem aros, não os isolam da melhor maneira.

Um “grande” motor

Por isso, a melhor solução foi mesmo pagar a portagem e ir à procura de uma boa estrada secundária. E aí, o Mini JCW parece que entra no recreio da escola.

Passo ao modo Sport, desligo o ESC e coloco a caixa em manual. O motor tem personalidade: muito pronto nos baixos regimes (binário máximo a partir das 1450 rpm) mas continuando a mostrar cada vez mais força, à medida que se aproxima do red-line.

Painel de instrumentos digital

É aquele tipo de motor que gosta tanto de usar o binário para recuperar com músculo, como disparar as rotações e descarregar adrenalina. Tudo isto com um escape que ainda faz algumas detonações nas desacelerações, mas não tanto quanto no passado e com um som um pouco falso.

Um gozo!…

Aumentando o ritmo, a suspensão passa muito bem nos pisos desnivelados, sem instabilizar o JCW. A sensação de estabilidade gera confiança para se guiar ainda um pouco mais depressa.

A direção tem a assistência perfeita. A precisão da frente até faz esquecer que está lá um motor “grande”. E quando se volta ao acelerador, a tração é sempre muito boa, mesmo à saída de curvas fechadas. Se se quer eficácia, é eficácia que o JCW serve.

Não é difícil provocar a traseira e colocar o Mini a rodar

Os pneus Pirelli P7 de medida 205/40 R18 não são muito largos, mas têm perfil baixo. Enchem as cavas das rodas, mas não têm demasiada aderência e isso acaba por ser bom, para quem queira um tipo de condução mais “expressivo”.

Pronto para “brincar”

A inclinação lateral, ou mesmo longitudinal (nas travagens) é pouca, o que serve para dar ao JCW uma base de trabalho excelente, quando se quer brincar com os limites da borracha.

Basta um ligeiro levantar de acelerador, quando se começa a rodar o volante, para a traseira deslizar e fazer o Mini rodar, tornando tudo mais emocionante, mas também eficaz, pois maximiza-se a tração.

Os travões acompanham, mas podiam ter um ataque inicial mais decisivo

E a parte boa é que a traseira é mais sensível a este tipo de manobra a baixas velocidades do que nas mais altas, oferecendo assim uma boa rede de proteção. É uma sensação reconfortante, pois a tentação de aumentar ainda mais o ritmo é irresistível.

Os travões acompanham o esforço, mas podiam ter um ataque inicial mais decidido. E já adivinhou para onde vão as críticas…

A caixa é o ponto fraco

Quando se guia realmente depressa, a caixa automática não acompanha. As patilhadas não têm o efeito desejado, nem em rapidez, nem em obediência. Por vezes, acaba por se entrar em curva numa relação acima do planeado.

Adorei guiar este Mini JCW, mas tenho a certeza que teria (ainda…) mais uns parágrafos para escrever se tivesse guiado a versão com caixa manual. Ainda assim, fiquei esclarecido acerca da razão que leva tantos cliente a encomendar um Mini JCW.

Caixa automática com patilhas no volante

À primeira vista, pode não parecer, mas esta versão é realmente muito completa e muito versátil. Sobretudo quando me lembro de como fiz algumas curvas na serra, pouco tempo depois das voltas calmas pela cidade.

Conclusão

Sem opcionais, um Mini JCW custa 41 522 euros, o que guiei chega aos 49 223 euros. Não é barato, mas é um dos últimos verdadeiros pequenos desportivos, por isso é procurado por quem gosta deste tipo de carro. É aproveitar enquanto há.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Mini JCW auto

Potência: 231 cv

Preço: 41 522 euros

Veredicto: 4,5 (0 a 5)

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Teste – Mini Cooper SE: O mais divertido dos pequenos elétricos?