Mini Cooper SE 2021 (fotos de João Apolinário)

O Mini Cooper SE já vendeu 30 000 unidades

Tejadilho "multitone" com pintura degradê

Os retrovisores têm novo formato

O verde limão identifica a versão elétrica

Cooper SE tem 184 cv... elétricos

Faróis de LED incluem função nevoeiro

Há cinco novos desenhos de jantes

Bandeira do Reino Unido é de série

Interior de alta qualidade

Painel de instrumento anti-reflexo

Retangulo de 8,8" dentro do círculo gigante

Alavanca da transmissão de relação única

Balanceiro amarelo é para ligar o carro

Botão para escolher modos de condução

Novos revestimentos no interior do Mini

Espaço atrás é suficiente para dois adultos

Sob o piso há lugar para guardar os cabos

Ágil e rápido o Cooper SE é o mais divertido dos pequenos EV

Muito divertido de guiar, na cidade ou na estrada

A frente foi simplificada, uma boa decisão

Aceleração 0-100 km/h em 7,3 segundos

De 20% a 80% demorou 25 minutos, num carregador de 50 kW

O Mini Cooper SE 100% elétrico recebeu um restyling, como toda a gama. O desenho da frente foi simplificado, há novas opções de personalização, mais ajudas à condução e maior conetividade. Mas o que interessa saber é se a diversão ao volante se manteve.

 

Desde que renasceu no início do século, o New Mini já comemorou os seus primeiros 20 anos, uma longevidade que talvez alguns não pensassem possível, para um modelo que aposta tudo na nostalgia e na evocação do seu ilustre antecessor, lançado há 60 anos.

Mas o Mini já vai na terceira geração desta sua segunda vida, como marca integrada no grupo BMW. Esta geração foi lançada em 2014, teve um pequeno restyling em 2018 e agora o segundo em 2021.

No primeiro semestre de 2021, 8% de todos os Mini vendidos foram Cooper SE

O que mudou no Mini? Não foi muito, pois os compradores continuam a gostar desta silhueta. Mas foi o suficiente para lhe dar um visual diferente e foi na direção certa: a simplificação do estilo.

Nova frente

A frente tem uma nova grelha hexagonal, maior e mais simples. Os faróis de nevoeiro desapareceram do para-choques da frente e a sua função passou a ser feita pelos faróis principais de LED.

No lugar dos faróis de nevoeiro surgem agora entradas de ar verticais, as famosas “air curtains”, que estabilizam os turbilhões em redor das rodas da frente e melhoram a aerodinâmica.

Bandeira do Reino Unido é de série

Também o desenho interior dos farolins passou a integrar metade da bandeira do Reino Unido, de série e não com opcional. Aliás, essa transferência de uma lista para a outra aconteceu em vários outros items.

O que é o “multitone”?

Por fora, o para-choques de trás também foi redesenhado, há cinco novos desenhos de jantes, retrovisores de novo formato e uma nova pintura opcional para o tejadilho, que a Mini chama “multitone”.

O efeito degradê é muito curioso, por isso o João Apolinário usou um drone para tirar a foto incluída na galeria deste teste. A Mini diz que o processo é mecanizado, mas não há duas pinturas iguais.

Tejadilho “multitone” com pintura degraddê

Por dentro também há novas decorações, novos materiais, bem como um painel de instrumentos atrás do volante de 5” com superfície anti-reflexo.

O efeito não é o melhor, mas a quadratura do círculo é sempre difícil

O ecrã central tátil é retangular tem 8,8” e fica dentro do tradicional círculo gigante que evoca o velocímetro do Mini dos anos sessenta. O efeito não é o melhor, mas a quadratura do círculo é sempre difícil.

Qualidade premium

Também há mais ajudas eletrónicas à condução e maior conetividade, no entanto, apesar de existir Carplay, não há Android Auto. O travão de mão elétrico passou a estar disponível, ao lado do comando circular para o sistema de Infotainment.

Continua a não haver outro modelo no mercado com apenas 3,86 metros, somente quatro (bons) lugares e mala só de 211 litros, que tenha um nível de qualidade tão alto no habitáculo. Os materiais estão muito acima da média do segmento, se é que o Mini se insere no segmento B.

Retangulo de 8,8″ dentro do círculo gigante

Esta versão 100% elétrica Cooper SE recebeu todas estas evoluções e mais algumas, que constam da lista de opcionais e continua a diferenciar-se pouco das versões a gasolina, tanto por fora como por dentro. É um Mini que, por acaso, é elétrico.

Já 30 000 vendidos

E os compradores têm reagido bem a esta abordagem da marca. Desde que foi lançado em 2020, o Cooper SE já vendeu 30 000 unidades. Só no primeiro semestre de 2021, vendeu 13 454 unidades, que representam 8% de todos os Mini vendidos, Clubman e Countryman incluídos.

No primeiro semestre de 2021, 8% de todos os Mini vendidos foram da versão Cooper SE

Em vez de ter uma bateria plana sob o habitáculo, o Cooper SE tem a bateria de 32,6 kWh (28,9 kWh úteis) disposta em “T” sob o banco traseiro (aproveitando o espaço libertado pelo depósito de gasolina) e no túnel central.

Sob o piso há lugar para guardar os cabos

Esta arrumação tem a vantagem de não interferir no espaço disponível no habitáculo, nem “empurra” o piso para cima. E a mala também não sofre na sua capacidade.

Poucas mudanças na estrutura

Outra vantagem é “puxar” o centro de gravidade 30 mm para baixo e ligeiramente para trás. Isto, apesar de a sua altura ter obrigado a subir a suspensão em 18 mm, ainda assim fazendo descer a altura ao chão de 143 para 128 mm.

Por isso, foi preciso montar uma proteção inferior completa, o que, em conjunto com a grelha fechada, melhorou a aerodinâmica, com o Cooper SE a ter um Cx de 0,30, o melhor da gama.

O verde limão identifica a versão elétrica

Claro que a bateria fez o peso subir, face a um Cooper S aumentou 145 kg, chegando aos 1440 kg. Outra condicionante das poucas mudanças feitas na estrutura é que não há espaço para uma bateria maior. O Fiat Novo 500 tem na sua maior bateria uma capacidade de 42 kWh.

O mesmo sistema elétrico

Para este restyling, a Mini não fez modificações relevantes no sistema elétrico do Cooper SE. Continua a anunciar 184 cv de potência máxima, 270 Nm de binário máximo, 234 km de autonomia, aceleração 0-100 km/h em 7,3 segundos e 150 km/h de velocidade máxima, limitada.

Aceleração 0-100 km/h em 7,3 segundos

Quanto ao carregamento da bateria, demora 35 minutos a ir dos 0 aos 80% num carregador DC de 50 kW e 12h00 para uma carga completa numa tomada AC de 2,3 kW.

Estes são os dados, vamos às impressões de condução!

Qualidade e atitude

Começando logo pela excelente posição de condução, muito baixa, com o novo volante muito bem colocado e com amplas regulações.

Os botões do volante passaram a ser planos, mas continuam a ser mecânicos, não são táteis e a sua utilização não é muito precisa.

A visibilidade é excelente em todas as direções e o espaço é amplo. Mesmo nos dois lugares de trás, há espaço mais que suficiente para as pernas e para a cabeça, pois o tejadilho do Mini continua horizontal, não cedeu ao perfil coupé. Mas é difícil aceder à segunda fila.

O Mini Cooper SE já vendeu 30 000 unidades

Fora as cores, onde o verde limão substitui o vermelho, os botões são iguais às outras versões. Os comandos da climatização continuam fora do infotainment, felizmente. Mas alguns balanceiros na base da consola têm outras funções.

Dois níveis de regeneração

Por exemplo o que muda entre os dois níveis de intensidade de regeneração disponíveis. Um nível forte e outro muito forte, que faz função “e-pedal”, ou seja, no trânsito, desde que não apareça nenhuma surpresa, quase não é preciso usar o pedal do travão.

Entre os modos de condução Sport/Mid/Green/Green+ começo pelo último que desliga o A/C e reduz a potência disponível. Em cidade é perfeito para manter um ritmo vivo, naturalmente mais rápido que os carros com motor ICE (Internal Combustion Engine) que me rodeiam.

Balanceio amarelo é para ligar o carro

O Mini é muito silencioso, tem um pisar de carro caro que se explica pela elevada rigidez da estrutura e pela suspensão traseira independente. Claro que a suspensão é firme, pois tem que lidar com o peso suplementar da bateria e manter a agilidade tradicional dos Mini.

Agilidade e não só

Mas não é demasiado intolerante nos maus pisos, com os pneus 205/45 R17 a fazer um bom trabalho. A sensação de agilidade em cidade vem sobretudo da direção, que não é leve mas é direta e rápida.

Em conjunto com a disponibilidade imediata do binário máximo, isso dá ao Cooper SE uma espantosa facilidade em mudar de faixa, mesmo quando os outros condutores não querem colaborar. É muito divertido de guiar e de estacionar, pois as suas reduzidas dimensões tornam tudo mais fácil.

Ágil e rápido o Cooper SE é o mais divertido dos pequenos EV

Conduzido tranquilamente em modo Green+ durante o meu habitual teste de consumos, o Cooper SE gastou 12,4 kWh/100 km. Fazendo as contas à capacidade útil da bateria, isso equivale a uma autonomia em cidade de 233 km, igual ao anunciado.

Em autoestrada, a uma velocidade constante de 120 km/h, o computador de bordo indicou um consumo de 15,5 kWh/100 km, fazendo a autonomia descer para os 186 km e provando que o “habitat” natural do Cooper SE é a cidade.

Carregamentos rápidos

À falta de uma tomada de 2,3 kWh disponível, usei um carregador público DC de 50 kW para carregar a bateria, quando desceu aos 20% de carga, mostrando apenas 32 km de autonomia. Em 25 minutos, foi dos 20% aos 80% mas decidi ficar até aos 100% e foram precisas 1h07.

De 20% a 80% demorou 25 minutos, num carregador de 50 kW

Se precisasse de provas de que não vale a pena carregar mais que 80%, tive-as ao ver que, para ir de 98% para 100%, foram precisos uns intermináveis 19 minutos. Com a bateria a 100%, a autonomia indicada foi de uns dececionantes 166 km.

Mas o computador de bordo faz essa estimativa com base nas utilizações anteriores, que incluíram testes de outros colegas. Nestas coisas, interessa mais o futuro que o passado.

E nas curvas?…

E, chegado a este ponto, o futuro deste teste foi rumar a uma boa estrada secundária, para ver se o Cooper SE consegue ser tão divertido como os outros Mini, particularmente comparado com o Cooper S que tem 178 cv.

Escolhido o modo de condução Sport, o acelerador fica logo mais sensível, parece que o Cooper SE ganha um “overboost” elétrico. Felizmente, a direção não fica mais pesada e a suspensão não se altera, pois os amortecedores não são adaptativos.

Muito divertido de guiar, na cidade ou na estrada

A descarga de binário nas rodas da frente, quando se acelera a fundo, faz avançar o Mini com decisão, mas não o desestabiliza, nem o faz perder tração. A firmeza da suspensão mostra aqui os seus méritos e ainda mais em curva.

Rápido e divertido

A precisão de entrada em curva é tipicamente Mini: rápida, precisa e consistente. A direção nunca mostra outra coisa que não seja fidelidade às ordens do condutor.

A frente segue a trajetória escolhida, sem mostrar grande tendência subviradora, mesmo depois de desligar o controlo de estabilidade. E a inclinação lateral em apoio continuado é pouca e surge de forma progressiva.

Depois, Vem sempre a vontade de provocar a traseira na entrada em curva, para a colocar a deslizar

Depois, vem sempre a vontade de provocar a traseira na entrada em curva, para a colocar a deslizar e aumentar a diversão. Mas a suspensão traseira independente não é muito exuberante neste aspeto. Acaba por entrar em deriva, mas de pequeno ângulo.

Nota-se o peso?

É nas travagens fortes que mais se nota o peso do Cooper SE, sobretudo se o piso for ondulado, o que o desestabiliza um pouco. A dúvida é saber o que é melhor: usar a regeneração mínima ou máxima.

A frente foi simplificada, uma boa decisão

Ao fim de algumas passagens, concluí que, quanto mais depressa se anda, mais compensa usar o nível de regeneração máxima, que ajuda na travagem, sobretudo por a tornar mais estável.

Com este tipo de condução, é claro que os consumos sobem e a autonomia desce, colocando a capacidade da bateria no centro das atenções.

Conclusão

A conclusão sobre o tipo de utilizador que melhor se adapta ao Cooper SE não é muito diferente de outros elétricos: se tiver um ponto de carga particular, para deixar a bateria a carregar durante a noite, o Cooper SE pode ser perfeitamente utilizável no dia-a-dia.

Desde que os percursos diários não incluam distâncias longas, como é lógico. Mas o Cooper SE acrescenta uma questão suplementar, que está ligada à resposta à pergunta do título e que é… sim!

Por ser muito divertido de conduzir depressa, numa estrada secundária com curvas e pouco trânsito, a reduzida autonomia torna-se num obstáculo suplementar para uma escapadinha deste género. Para não haver stress, é preciso saber exatamente onde fica o carregador rápido mais próximo.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Mini Cooper SE

Potência: 184 cv

Preço: 35 150 euros

Veredicto: 4

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