Kia Sportage HEV 1.6 T-GDI 4x2 (fotos de João Apolinário)

Perfil de SUV quase coupé

Desenho muito original no Sportage

O novo símbolo da Kia

Detalhes de estilo ousados

Pneus de medida 235/55 R18

Quinta geração do Sportage. A primeira foi em 1993

Materiais de boa qualidade só no topo do tablier e portas da frente

Painel de instrumentos e ecrã tátil na mesma peça

Painel de instrumentos muda cores com os modos de condução

Ecrã tátil fácil de usar mas com muito texto

Patilhas da caixa não são muito rápidas

Módulo da climatização também tem botões táteis

Comando rotativo para a caixa automática, em cima

Bancos confortáveis e com bom apoio lateral

Muito espaço em comprimento mas lugar do meio desconfortável

Boa precisão em curva e muita aderência

Condução com bom tato e precisa

Suspensão muito bem controlada

Confortável, desde que o piso não seja muito mau

A versão “full hybrid” do novo Sportage é a mais amiga do utilizador, não apenas nos consumos, mas sobretudo na utilização diária do sistema híbrido. O que deixa a pergunta: vale mesmo a pena optar por um “plug-in”?

 

Já sei que a resposta à pergunta anterior é óbvia, pelo menos para quem compra carro em nome de uma empresa: os benefícios que o Estado oferece quando estes compradores optam por um “plug-in” são irrecusáveis.

Mas um comprador em nome pessoal (ainda…) não tem direito a nada disso, razão pela qual optar por um híbrido em vez de um híbrido “plug-in” poderá fazer muito sentido, para alguns.

O novo símbolo da Kia

Quando digo um “full hybrid” quero dizer um híbrido completo, não um “mild hybrid” ou semi-híbrido e muito menos um micro-híbrido. Na questão dos nomes a que as marcas estão a dar às várias soluções, a confusão beneficia sempre quem oferece menos.

Neste caso temos então um “full hybrid”, uma designação que se tornou necessária para distinguir este sistema dos muito mais simples, que pouco mais fazem do que gerir os arranques o o stop/start.

O quinto Sportage

O novo Sportage é a quinta geração de um modelo que nasceu em 1993, na altura posicionado no segmento abaixo. Claro que o SUV compacto da Kia evoluiu muito e não foi só em termos de dimensões e de desenho.

Esta quinta geração utiliza a plataforma N3 do grupo Hyunday/Kia, partilhada com o Hyundai Tucson e com o próximo Kia Niro. Deve ser um dos carros com mais versões disponíveis no momento.

Quinta geração do Sportage. A primeira foi em 1993

Tem transmissões manuais, de dupla embraiagem e automáticas de conversor de binário. Tem versões de tração à frente ou às quatro rodas e tem motores a gasolina, Diesel, híbridos e híbridos “plug-in”. Além disso, ainda tem uma versão específica para a China com mais 135 mm de comprimento e mais 75 mm entre-eixos.

A versão HEV

Para este teste, usei um HEV 1.6 T-GDI 4×2. Ou seja, um híbrido de tração à frente com caixa automática de seis relações e conversor de binário. Tem 230 cv de potência total combinada e 350 Nm, faz os 0-100 km/h em 8,0 segundos.

Pneus de medida 235/55 R18

O motor a gasolina é o conhecido 1.6 turbo de 179 cv, aqui agregado a um motor/gerador elétrico de 60 cv e uma bateria de 1,49 kWh, colocada sob a segunda fila de bancos.

O papel do motor elétrico é o de complementar o motor a gasolina nos baixos regimes e dar um suplemento de binário nas recuperações ou acelerações fortes. Mas também consegue mover o Sportage sem a colaboração do motor a gasolina, em várias condições específicas.

Muito espaço

A quinta geração do Sportage segue uma nova linha de estilo, mais ousada que no passado e não coincidente com a dos outros modelos da marca. Tem a sua personalidade própria.

Bancos confortáveis e com bom apoio lateral

Por dentro, o espaço nos lugares de trás é muito bom em comprimento para as pernas e em altura. A largura não é um problema, mas o lugar do meio tem o assento mais estreito, alto e duro, além de existir um túnel central alto. Não é minimamente confortável para um adulto.

A mala tem 587 litros de capacidade, que não são difíceis de aproveitar. Depois, as costas do banco de trás podem rebater-se nas proporções 40/20/40, através de alavancas nas paredes da mala e ainda há um fundo, nivelado com a boca de carga,  sob o qual se pode esconder algumas coisas.

Muito espaço em comprimento mas lugar do meio desconfortável

Nos lugares da frente há espaço mais que suficiente, dois bancos confortáveis e com bom apoio lateral, além de regulações amplas, o que se estende também ao volante, com um volante redondo que “cai” bem nas mãos.

Ergonomia imperfeita

A caixa automática tem um comando rotativo na consola, em vez de uma alavanca, o que obriga a desviar os olhos da estrada. Na consola estão os comandos da climatização, separados do ecrã tátil de 12,3”, o que é bom, só que a maioria também são táteis…

Módulo da climatização também tem botões táteis

O ecrã tátil tem as mais importantes conetividades, é relativamente fácil de perceber e de usar, mas recorre a demasiada informação escrita, em vez de a fornecer em gráficos, o que seria mais fácil de perceber num relance.

O painel de instrumentos está englobado na mesma peça do ecrã central e tem as mesmas dimensões. Varia o aspeto de acordo com o modo de condução escolhido, mas não oferece muitas hipóteses de personalização, para quem gosta disso.

Painel de instrumentos e ecrã tátil na mesma peça

A qualidade dos materiais segue a hierarquia habitual, com os mais macios no topo do tablier e portas da frente, todos os restantes são duros, mas os da consola têm acabamentos com funções decorativas.

Muita intervenção elétrica

Durante o meu teste, o arranque aconteceu sempre em modo elétrico, que se prolongou durante algumas centenas de metros, em total silêncio e suavidade. Depois entra em ação o quatro cilindros turbo a gasolina, sem que isso seja um incómodo auditivo, pelo menos em cidade.

Suspensão muito bem controlada

Há quatro modos de condução à escolha: Eco/Normal/Sport/Smart. Comecei pelo primeiro para o teste em cidade e a resposta do acelerador revelou-se suficiente para superar o ritmo médio do trânsito. O motor a gasolina e o elétrico trabalham bem em conjunto.

Confortável, desde que o piso não seja muito mau

São muitas as situações em que o motor a gasolina é desligado, ficando apenas o elétrico a trabalhar. Por exemplo a baixa velocidade ou quando se conduz com pouca aceleração e pressão constante, mantendo os consumos de gasolina baixos.

Bom tato de condução

Isto é possível porque a regeneração é bastante eficiente. Mesmo sem que se sinta uma grande retenção quando se desacelera, a verdade é que, em cidade, a bateria está sempre acima de meia carga.

Comando rotativo para a caixa automática, em cima

Ao contrário da moda atual, a Kia resistiu a dotar a direção de excesso de assistência, o que lhe dá um tato muito bom, mesmo em cidade. O mesmo se pode dizer do pedal de travão, fácil de dosear. O curto raio de viragem também facilita a condução em cidade.

A suspensão, independente às quatro rodas, é confortável o suficiente. Nos maus pisos sente-se bem o estado da estrada, mas a “culpa” vai mais para os pneus 235/55 R18 da unidade ensaiada.

E os consumos?…

Quanto a consumos, após o meu habitual teste em cidade, registei um valor de 5,3 l/100 km, o que só pode ser considerado como muito bom, sobretudo considerando que esta versão do Sportage pesa 1776 kg.

Ecrã tátil fácil de usar mas com muito texto

Já na autoestrada, o teste de consumos registou uma subida, pois há menos oportunidade para o sistema híbrido fazer a sua intervenção. Ainda assim, rolando a 120 km/h, obtive um valor de 7,3 l/100 km.

Bom, para um SUV relativamente grande que não pode ter muito boa aerodinâmica. Aliás isso mesmo o provam os ruídos aerodinâmicos que se sobrepõem ao som do motor.

Motor com força

Com 170 mm de altura ao solo, o Sportage mantém uma boa estabilidade em percursos de autoestrada, mesmo quando o pavimento não é perfeitamente nivelado, sem mostrar aquelas oscilações típicas dos SUV de maiores dimensões. Note-se que o comprimento é de 4,52 metros.

Em estrada secundária, e passando ao modo de condução Sport, o Sportage começa por mostrar que a motorização híbrida tem sempre bastante força, disponível de forma muito rápida assim que se pressiona o acelerador.

Painel de instrumentos muda cores com os modos de condução

Não há hesitações nem cortes, o binário combinado chega quando se quer e a disponibilidade de força dura até o conta rotações chegar ao “red-line”. A caixa automática faz passagens rápidas e suaves, em modo auto.

Quando se passa para as patilhas, a sua resposta não é tão rápida quanto eu gostaria, sobretudo a reduzir, mas sem que isso seja um drama. De resto, o comportamento é o de um bom tração à frente.

Dinâmica competente

Com estes pneus largos, a frente é precisa a entrar em curva e tem aderência para resistir bem à subviragem. Não há exagerada inclinação lateral em curva, apesar de a posição de condução alta até fazer supor o contrário.

Condução com bom tato e precisa

A potência e aderência disponíveis até me incentivaram a fazer umas quantas curvas mais depressa para descobrir que o controlo de massas é rigoroso e previsível. Provocando a traseira na entrada em curva, a suspensão traseira reage de forma proporcional, com uma ligeira deriva que o ESC vem limitar, mas sem alarmismos.

Conclusão

Pelo estilo único e pela habitabilidade, o Sportage já é uma opção que faz sentido. Esta versão HEV mostrou consumos baixos, graças a um frequente funcionamento do sistema híbrido apenas com o motor elétrico a trabalhar. Para quem não colhe benefícios na compra de um “plug-in” e não gosta de andar com os cabos da bateria para trás e para a frente, este HEV é a escolha certa.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Kia Sportage HEV 1.6 T-GDI 4×2

Potência: 230 cv

Preço: 39 800 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

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