Jeep Compass 4xe Trailhawk (fotos de João Apolinário)

O Compass representa 40% das vendas da marca

Versão Trailhawk é única no segmento

Grelha de 7 entradas foi restilizada

4xe é a sub-marca das versões "plug-in" na Jeep

Trailhawk é a versão mais "offroad" do Compass

Nas estrada de terra, o 4xe Trailhawk é divertido de guiar

A suspensão "offroad" tem sempre excelente tração

Boa tração elétrica facilita condução na terra

Binário elétrico dá progressão muito suave

Conforto mantém-se mesmo fora de estrada

Boa posição de condução

Bancos confortáveis e em posição alta

Bom espaço na segunda fila de bancos

Mala tem capacidade de 420 litros

Painel de instrumentos digital

Ecrã tátil de alta definição

4WD Low, para manter as relações mais baixas na caixa

Modos de propulsão disponíveis

4WD Lock para manter a tração às quatro rodas

Seletor dos modos de condução

Pneus de medida 235/60 R17 GoodYear Vector M+S

Bateria carrega em 5h00 em tomada de 2,3 kW

A precisão em estrada não é a prioridade

Aceleração 0-100 km/h anunciada em 7,3 segundos

Direção muito leve é melhor no TT

Suspensão muito confortável nesta versão

No final do ano, a Jeep vai deixar as motorizações não-híbridas. Enquanto não chega o primeiro 100% elétrico em 2023, os e-Hybrid e 4xe “plug-in” são os híbridos de transição. Guiei o segundo, na versão Trailhawk com tração às quatro rodas e 240 cv, para ver se está à altura da fama da marca.

 

Lançado em 2017, o Compass é o equivalente ao Peugeot 3008 na gama Jeep, um SUV médio com vocação familiar. Como em todos os modelos da marca americana, há uma preocupação de tirar o máximo partido da fortíssima imagem da Jeep, desde logo no desenho.

Frente recebeu restyling subtil na frente

Os faróis redondos foram evitados, mas a grelha de sete entradas não foi esquecida, numa versão estilizada e modernizada. A gama recebeu um ligeiro restyling no ano passado, com faróis e para-choques redesenhados e o modelo continua a ter identidade própria.

Sem surpresa, o Compass representa 40% das vendas da Jeep na Europa, apesar de ser um modelo de alcance mundial. Quanto às versões 4xe, no início deste ano já representam um terço das vendas na Europa.

4xe é a sub-marca das versões “plug-in” na Jeep

Como todas as marcas do grupo Stellantis, também a Jeep está numa rampa de lançamento para a eletrificação. Anunciou que terá o seu primeiro SUV 100% elétrico em 2023 mas este ano vai deixar de vender modelos sem sistema híbrido na Europa, à exceção de Itália.

Híbrido “plug-in”

Assim, quem quiser comprar um Compass, pode optar pelos novos híbridos não recarregáveis e-Hybrid, de tração à frente ou pelos “plug-in” que se chamam 4xe e têm tração às quatro rodas híbrida.

Bateria carrega em 5h00 em tomada de 2,3 kW

Para mover as rodas da frente, está lá o motor 1.3 turbo a gasolina de 180 cv e 270 Nm, acoplado a uma caixa automática de seis e um motor/alternador elétrico.

Para mover as rodas traseiras, há um segundo motor elétrico colocado atrás, com 60 cv e 250 Nm. Não há veio de transmissão, a tração às quatro rodas, quando está a funcionar, envia apenas potência elétrica às rodas traseiras.

E não é tudo…

Se está a pensar que isto não é suficiente para um Jeep 4×4 manter um bom desempenho fora de estrada, então fique a saber que a marca acrescentou mais algumas coisas.

Seletor dos modos de condução

A começar pelos cinco modos de condução do “Select Terrain”: Rock/Sand, Mud/Snow/Auto/Sport. Estes modos regulam o habitual, ou seja, a assistência da direção, resposta do acelerador e da caixa de velocidades, entrada do controlo de tração, estabilidade e ABS.

Depois ainda há um botão “4WD Lock” que faz duas coisas: mantém o motor a gasolina a funcionar sempre, para carregar a bateria de 11,4 kWh e mantém o motor elétrico traseiro ligado. Deste modo, há sempre energia disponível e sempre tração às quatro rodas.

4WD Lock para manter a tração às quatro rodas

A bateria carrega até 7,4 kW, demorando 1h42. Numa tomada doméstica de 2,3 kW, demora 5h00.

Há ainda o modo “4WD Low”, que mantém a caixa automática nas relações mais baixas e que funciona até aos 15 km/h, destinando-se a percursos trialeiros.

Quase premium

Além disso, ainda há os modos de locomoção, que são Hybrid/Electric/E-Save. O terceiro mantém a energia na bateria, para usar mais tarde, mas também se pode configurar para carregar a bateria em andamento, através do gerador ligado ao motor a gasolina.

Modos de propulsão disponíveis

Armado de todo este conhecimento, abro a porta do Compass 4xe e subo para o banco do condutor. A posição de condução é relativamente alta, para o segmento, o que é sempre bom para a visibilidade.

O banco é cómodo e tem apoio lateral suficiente, o volante é grande, mas está bem posicionado e tem boa pega, tal como a alavanca da caixa de velocidades e as patilhas fixas ao volante.

Ecrã tátil de alta definição

O painel de instrumentos digital de 10,25” tem leitura razoável, mas a informação do computador de bordo não está bem organizada. Já do ecrã central tátil de 10,1” só posso dizer bem: ótima definição, fácil de usar e com ligação Android Auto e Apple Carplay.

Elétrico e suave

Claro que o arranque em modo elétrico é muito suave e despachado, prometendo uma condução em cidade sem problemas. O comprimento de 4,4 metros não é exagerado, o raio de viragem também não e a direção é muito leve.

O modo elétrico só tem tração atrás e pode ser usado até aos 130 km/h e a Jeep anuncia uma autonomia em cidade de 50 km. No meu teste de autonomia em cidade, o melhor que consegui fazer foi 44,8 km, o que não fica longe.

A precisão em estrada não é a prioridade

Depois, prossegui o teste em cidade com a bateria descarregada (marca sempre um mínimo de 4%) em modo híbrido. O motor 1.3 turbo a gasolina entrou em ação, sem demasiado ruído e o consumo que obtive no teste em cidade foi de 7,4 l/100 km, com bateria descarregada.

Modo híbrido e bateria a zero

Em modo híbrido, com bateria descarregada, o sistema mostra a distância percorrida com o motor a gasolina e a percorrida com o motor elétrico, alimentado apenas pela regeneração na travagem e desaceleração.

No caso do meu teste, o sistema elétrico foi capaz de mover o Compass 4xe durante cerca de 46% do percurso, o que mostra uma boa eficiência, tanto mais que vai usando a tração só à frente, só atrás ou às quatro rodas da maneira mais adequada.

Pneus de medida 235/60 R17 GoodYear Vector M+S

De resto, em cidade, merece destaque o excelente conforto do conjunto suspensão/pneus, sendo que os pneus montados no Compass que testei eram uns GoodYear Vector tipo M+S de medida 235/60 R17, bastante ruidosos em asfalto.

Dinâmica pouco entusiasmante

A qualidade do habitáculo está alinhada com os rivais generalistas, não chega ao patamar dos melhores premium do mesmo tamanho. O espaço é razoável e a mala tem capacidade de 420 litros, o que não é fabuloso.

Suspensão muito confortável nesta versão

Fora da cidade, conduzindo com a bateria descarregada, o Compass 4xe mostrou uma atitude bastante neutra a curvar, passando a ligeira subviragem, quando se exagera na velocidade de entrada em curva.

Claro que os pneus montados lhe retiram precisão e a direção também não é muito direta. A suspensão não controla firmemente a carroçaria, deixando-a adornar em excesso. Aliás, jogando com o peso da bateria, colocada atrás sob o piso da mala, até é possível fazer deslizar o eixo traseiro, se for provocado para isso.

Direção muito leve é melhor no TT

Apesar dos 1935 kg, a verdade é que os 240 cv dão uma boa resposta quando se acelera a fundo, em reta, levando a aceleração 0-100 km/h a demorar 7,3 segundos, de acordo com a Jeep, notando-se bem o efeito da parte elétrica.

“Plug-in” em TT

Tratando-se da versão Trailhwak, a mais vocacionada para a condução fora de estrada, decidi explorar um pouco este Compass 4xe em estradas e caminhos de terra. E a primeira impressão vem da boa tração e da força disponível.

Conforto mantém-se mesmo fora de estrada

Numa situação de cruzamento de eixos, com as rodas a ficar no ar, uma de cada vez, deu para perceber a correta atuação do controlo de tração. Em caminhos irregulares, foi possível ver como a tração elétrica coloca o seu binário no chão com muita precisão e sem perdas.

Nas estrada de terra, o 4xe Trailhawk é divertido de guiar

E depois, as características específicas do Trailhawk dão-lhe algum à vontade acrescido, como a presença de uma espessa chapa para proteger o fundo, ou as suspensões “offroad” 1,3 cm mais altas que nas outras versões (213 mm). Os bons ângulos de ataque (30,4) e de saída (33,3) evitam danos nos para-choques.

Conclusão

Não sendo um 4×4 puro e duro como o Wrangler, este Compass 4xe Trailhawk mostra como o sistema híbrido “plug-in” pode contribuir para dar um à vontade em condução offroad que é pouco comum no segmento, ao mesmo tempo que oferece uma razoável autonomia em modo elétrico, numa utilização diária em cidade. O preço de 50 800 euros não é propriamente acessível, mas a verdade é que, nesta especificação, não tem rivais no mercado.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Jeep Compass 4xe Trailhawk

Potência: 240 cv

Preço: 50 800 euros

Veredicto: 3 (0 a 5)

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Jeep “plug-in” 4xe: melhor que 4×4 mecânico, mesmo no TT?