Ford Mustang Mach-E RWD (fotos de João Apolinário)

Pneus 225/60 R18 são suficientes

Faróis inspirados nos do Mustang Coupé V8

Falsa grelha dianteira tem fins estéticos

Um perfil que se aproxima mais de uma berlina que de um crossover

Luzes de trás lembram as do Mustang Coupé

Tejadilho preto faz o Mach-E parecer mais baixo

Estilo crossover assenta muito bem no Mach-E

Qualidade dos materiais é razoável, não mais que isso

Fecho da porta é um gatilho

Painel de instrumentos de dimensões reduzidas

Ecrã tátil central com comando do volume de som

Comando rotativo para a transmissão

Falta mais apoio lateral aos confortáveis bancos

Bastante espaço em comprimento na segunda fila

Mala tem quinta porta e 502 litros

Boa direção e acerto da suspensão

Condução divertida, se for essa a vontade do condutor

O conforto não é fantástico, quando o piso é imperfeito

O Mustang Mach-E, já todos o conhecem. É o crossover elétrico da Ford, com estilo inspirado no famoso desportivo de 1964. A versão que tenho hoje para o Teste TARGA 67 é a RWD de tração atrás e 294 cv, a segunda menos potente. Mas equipada com a maior bateria de 99 kWh de capacidade. Será a melhor escolha da gama?

 

O Mustang Mach-E usa uma nova plataforma em aço, pensada para veículos elétricos. Com a bateria colocada sob o habitáculo e a possibilidade de ter apenas um motor atrás; ou um atrás e outro à frente. Esta versão RWD tem apenas o motor de trás, com 294 cv de potência máxima e 430 Nm de binário máximo.

Um perfil que se aproxima mais de uma berlina que de um crossover

Mas está equipada com a bateria de maior capacidade, com 99 kWh, existindo uma mais pequena de 75 kWh. A diferença de peso entre as duas versões é de cerca de 100 kg. A autonomia anunciada segundo a norma WLTP vai até aos 600 km e o tempo de carga, dos 10 aos 80% é de 45 minutos, carregando a 150 kW, que é o máximo admitido pelo sistema. Num carregador mais comum de 50 kW, conte com o triplo do tempo e numa wallbox de 11 kW, são precisas 8h00 para uma carga completa.

Crossover inspirado

O Mustang Mach-E tem 4,7 metros de comprimento, mas apenas 1,6 metros de altura, é mais um crossover que um SUV e ganha com isso em termos aerodinâmicos. Destaques por fora são o tejadilho em preto, para fazer o Mach-E parecer ainda mais baixo e a ausência de símbolos Ford na carroçaria.

Faróis inspirados nos do Mustang Coupé V8

Depois, temos a frente com faróis inspirados nos do Mustang Coupé V8, o capót com bossas e as luzes de trás, seguindo a mesma ideia do coupé, com três barras na vertical.

Luzes de trás lembram as do Mustang Coupé

Esta versão tem jantes relativamente pequenas de 18 polegadas, com pneus altos de medida 225/60. Não são o melhor para o estilo, mas chegam para a performance disponível e ajudam no conforto.

Interior original

O Interior é dominado pelo ecrã tátil vertical de 15,5 polegadas, com botões virtuais grandes e fáceis de usar. A organização do sistema é fácil de perceber. Os comandos da climatização estão sempre visíveis, em rodapé e há um enorme botão para regular o volume do som.

Qualidade dos materiais é razoável, não mais que isso

O condutor ainda tem um pequeno painel de instrumentos atrás do volante, com a informação essencial à condução. O volante tem alguns botões físicos e a transmissão é comandada através de um botão rotativo na consola, mas que obriga a olhar para ele sempre que se usa, o que não é muito prático.

Comando rotativo para a transmissão

A consola é flutuante, com uma prateleira por baixo e um compartimento fechado com grande volume. Quanto à qualidade, há poucos materiais macios, quase só nas portas, mas os outros têm texturas com bom aspeto e parecem bem montados. O espaço disponível na frente é suficiente.

Espaçoso atrás

Atrás, há muito comprimento para as pernas e o piso é plano. Mas é alto, o que obriga os joelhos a ficar altos e as pernas desapoiadas, tornando-se desconfortável em viagens mais longas. O tejadilho baixo obriga a ter alguma atenção ao entrar e sair dos lugares da segunda fila.

Falta mais apoio lateral aos confortáveis bancos

A mala tem acesso através de uma grande quinta porta, contando com uma capacidade de 502 litros. Tem um compartimento sob o piso, para guardar os cabos da bateria, mas a chapeleira é uma tela fina de pouca qualidade. Na frente ainda há uma segunda bagageira, o chamado “frunk” para os cabos.

Quase como uma berlina

A posição de condução é boa, pouco alta, mais próxima a uma berlina que a um SUV. Mas vê-se bem o capót, como no Mustang Coupé.

Bastante espaço em comprimento na segunda fila

O volante tem uma pega excelente, está bem posicionado e tem regulações suficientes. O banco é confortável, também tem regulações que cheguem, mas falta-lhe mais apoio lateral.

O arranque faz-se num botão tradicional e depois pode optar-se entre três modos de condução: Whisper, Active e Untamed. Será o equivalente a Eco, Normal e Sport. Mais abaixo pode escolher-se usar ou não a função 1-Pedal, que faz muita retenção nas desacelerações e imobiliza o carro.

Em modo Whisper

Para quem achar que é muito, há a hipótese de usar apenas a função “L”, selecionável no botão da transmissão, ou então deixar rolar o Mach-E livremente. E ainda há a possibilidade de ativar um som desportivo, para quando se usam os dois modos mais rápidos. É artificial, mas soa bem.

Ecrã tátil central com comando do volume de som

Em modo Whisper, a resposta do acelerador é rápida, mas sem exageros. Muiro suave e decidida, mas sem solavancos. A função 1-Pedal exige um pouco de hábito, mas funciona bem no trânsito. O pedal de travão mostrou-se um pouco brusco e difícil de dosear.

A suspensão está muito amortecida, o que se compreende, tendo em conta o peso acima das 2 toneladas. O resultado é que fica relativamente firme, sobretudo quando se passa por cima de passadeiras elevadas ou lombas. E isso sente-se mais a baixa velocidade.

Consumos baixos

No meu habitual teste de consumos em cidade, obtive um valor de 14,5 kWh/100 km. Considerando a capacidade útil da bateria de 88 kWh, isto equivale a uma autonomia real em cidade de 607 km. Acima do anunciado.

Painel de instrumentos de dimensões reduzidas

Quanto ao consumo em autoestrada, o meu teste a 120 km/h estabilizados resultou num valor de 19,5 kWh/100 km. Fazendo novamente as contas à capacidade útil da bateria, equivale a uma autonomia de 451 km.

Confortável em AE

Em autoestrada não usei a função de 1-Pedal, nem a função L, é preferível deixar a inércia tomar conta do assunto e pôr o Mach-E a rolar. Nesses terrenos, o Mustang Mach-E tem uma estabilidade muito boa. Os ruídos aerodinâmicos são baixos e os de rolamento quase não se ouvem, com os Continental Premium Contact 6.

O conforto não é fantástico, quando o piso é imperfeito

A suspensão ganha maior conforto em autoestrada e claro que há sempre força disponível debaixo do pé direito para alguma mudança de ritmo que seja necessária.

Boas prestações

Depois de ter guiado em cidade no modo Whisper e em autoestrada no modo Active, em estrada com mais curvas escolhi o modo Untamed. A resposta do acelerador é mais rápida e a Ford anuncia os 0-100 km/h em 7,0 segundos. A sensação de força e de aceleração parece ser ainda melhor do que isso.

Condução divertida, se for essa a vontade do condutor

A potência e o binário disponíveis dão ao Mach-E um bom nível de performance, que põe os travões à prova, quando chega a altura de travar forte. Claro que se sente o peso do carro, nessa altura, mas sempre bem controlado e com os travões a terem um ataque forte e decidido.

Divertido em curva

A direção é precisa e rápida, mas sem ser nada nervosa e está muito bem assistida. A atitude em curva desta versão RWD de tração atrás começa por ser neutra, mas cedo passa a ligeiramente sobreviradora.

Boa direção e acerto da suspensão

Guiado  mais depressa, a traseira tem sempre tendência a deslizar ligeiramente. Mas é tudo muito fácil de controlar. Nestas alturas, percebe-se que a suspensão não está calibrada para exagerar na condução desportiva, nem os pneus estão vocacionados para isso. Mas o ESC até se pode desligar, para quem tenha vontade de fazer umas derivas de potência… elétrica.

Conclusão

Esta versão menos potente do Mach-E mostrou neste teste que tem força mais que suficiente para uma condução rápida e que mantém alguma da diversão das mais potentes. Guiado a ritmos normais, os consumos são baixos o que permite autonomias reais muito boas, com esta bateria maior. Muito provavelmente, esta combinação será a mais racional da gama.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Ford Mustang Mach-E RWD

Potência: 294 cv

Preço: 71 428 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

Ler também, seguindo o LINK:

Teste –  Ford Mustang Mach-E GT: sem V8, mas com 487 cv