Land Rover Discovery P300e (fotos de João Apolinário)

Comportamento em estrada não é desportivo

Prestações sofrem, quando a bateria está a zero

P300e tem 309 cv combinados e é o Discovery Sport mais potente

Câmara para a imagem do retrovisor

Qualidade premim, mesmo com materiais nem todos excelentes

Comandos táteis no volante

Painel de instrumentos digital e modos de propulsão

Botão da climatização é usado para escolher modos de condução

Os tradicionais modos de condução da Land Rover

Alavanca da caixa automática foi mantida

Consola central com comandos físicos e táteis

Posição de condução alta dá boa visibilidade

Muito espaço na segunda fila de bancos

Mala com capacidade anunciada de 963 litros

Rebatimento remoto dos bancos traseiros

Estilo Discovery, mas em dimensões mais contidas no Sport

O desenho da segunda geração pouco mudou face à primeira

Bateria pode usar carregadores rápidos até 32 kW

Muito confortável, mesmo em estradas de terra

Discovery Sport P300e anuncia 64 km em modo elétrico

Com os seus principais ícones a crescer de tamanho, o Discovery Sport acaba por ser o modelo da Land Rover com o tamanho certo para uma utilização diária familiar. A versão PHEV tem até uma característica invulgar…

 

Não é um exclusivo dos modelos da Land Rover, mas a verdade é que o aumento de dimensões se nota mais quando estamos a falar de modelos SUV que descendem de verdadeiros 4×4.

Claro que, como o tamanho, também cresceu o peso e… o preço. Um Discovery e um Defender são hoje modelos de luxo, ao alcance de poucos. Mas os proprietários Indianos da marca nascida no Reino Unido não deixaram de olhar para os segmentos mais acessíveis.

O melhor exemplo disso é o Discovery Sport, que nada partilha com o Discovery, ou muito pouco. Em vez dos 4,96 metros do Discovery, o Discovery Sport tem apenas 4,60 metros, uma significativa diferença de 36 cm.

Contudo, o Discovery Sport também permite a opção das três filas de bancos e sete lugares, claro que não tão à larga como no modelo maior. Mas suficiente para levar crianças na terceira fila ou adultos com bom feitio e baixa estatura.

Novo modelo, nova versão

No ano passado, a Land Rover fez um passe de mágica ao substituir o Discovery Sport por um novo modelo que parecia apenas um restyling do anterior. Mas não é. Este que testei é a segunda geração, passou para a nova plataforma PTA do grupo e tem um interior completamente diferente.

O aspeto exterior só não mudou mais porque os compradores deram sinais de que não queriam mudanças radicais. Foi a prova de que mudar por mudar, nem sempre é boa ideia.

Estas são as proporções certas para um Land Rover familiar

Ao estilo elegante, juntam-se as proporções certas para dar ao Discovery Sport bom espaço por dentro, sem demasiado tamanho exterior com uma boa e alta posição de condução.

O ambiente do habitáculo alude aos modelos mais caros da marca e posiciona-se como um premium que é. Mesmo se nem todos os materiais são fabulosos. A mala anuncia 963 litros.

A versão PHEV

Esta versão PHEV usa um motor de três cilindros a gasolina, com turbocompressor e 204 cv. E leva acoplado um motor/gerador elétrico, além de uma caixa automática de oito relações. Tudo isto, para mover as rodas da frente.

Depois, acrescenta um segundo motor elétrico de 109 cv no eixo traseiro, o que lhe dá tração às quatro rodas híbrida. A potência total combinada é de 309 cv o que faz do PHEV a versão majs potente da gama, capaz da aceleração mais rápida: 0-100 km/h em 6,6 segundos.

O sistema elétrico é alimentado por uma bateria de 15 kWh, posicionada sob o banco traseiro e mala, o que inviabiliza a opção dos sete lugares.

Ao contrário da maioria dos “plug-in”, esta bateria pode ser abastecida em carregadores rápidos, até 32 kW. Demora 30 minutos para ir dos 0 aos 80%, num carregador de 50 kW. Numa tomada de 2,3 kW demora 6h42 e numa wallbox de 7,4 kW demora 1h48.

Três modos de propulsão

Tem três modos de propulsão: Hybrid/EV/Save. O primeiro está definido por defeito e usa os dois motores, enquanto a bateria tiver carga. O modo EV usa apenas os motores elétricos e está disponível até aos 135 km/h. A Land Rover anuncia uma autonomia em modo 100% EV de 64 km.

No modo Save, o sistema mantém estável o nível de carga da bateria, para poder usar o modo EV mais tarde. Comecei exatamente por usar este modo Save durante vários quilómetros em cidade e o consumo registado foi de 9,2 litros. Esta é a maneira menos eficiente de usar um PHEV.

O meu teste registou uma autonomia elétrica em cidade de 49 km

Depois passei para o modo EV, sempre em cidade, registando uma autonomia de 49 km, até a bateria passar de 100% a 0%, que fica distante dos 64 km anunciados.

Em modo híbrido é gastador

Para completar os testes de consumo, voltei a fazer o meu percurso citadino habitual, com a bateria a zero, e o consumo indicado foi agora de 8,8 l/100 km. Depois fiz o teste em autoestrada, sempre com a bateria a zero, a rondar os 120 km/h, com um consumo de 10,6 l/100 km.

São consumos altos, para um sistema que devia ser mais eficiente, sobretudo quando esgota a bateria e passa a funcionar como um “full hybrid”, que devia ser bem mais económico.

Além dos modos de propulsão, há ainda os tradicionais cinco modos de condução da Land Rover: Eco/Comfort/Relva, gravilha, neve/Lama, buracos/Areia.

A seleção deste modos é feita num dos botões rotativos da climatização, depois de pressionar outro botão que lhe muda as funções. É confuso e pouco prático.

O único modo desportivo é o “S” da caixa de velocidades automática, que ajuda mais do que se poderia pensar, dando uma resposta mais rápida à parte térmica do sistema.

Um tato sofisticado

Claro que, em cidade, o modo elétrico tem performance mais do que suficiente para lidar com o trânsito com desenvoltura. A suspensão é confortável, a direção leve e há um tato de condução sofisticado, com boa insonorização.

Em estradas secundárias, o P300e, calçado com pneus Pirelli Scorpion Zero de medida 235/50 R20 tem boa aderência e controla bem a subviragem, apesar de a direção ser muito leve e muito desmultiplicada.

Sem exagerar, o P300e é competente no asfalto, mas não é nada “Sport”

Mas é possível aumentar um pouco o ritmo e continuar com uma atitude neutra e relaxada, mesmo em estradas com mais curvas. Até é possível provocar a traseira na entrada em curva e vê-a a rodar um pouco, antes de chegar o ESC e parar com a “brincadeira”.

De Sport tem pouco ou nada

Mas quando se força mais o ritmo, o P300e perde a fluidez. A inclinação lateral ganha ângulo, apesar de a Land Rover dizer que o Centro de Gravidade desceu 6% face às outras versões. Mas o problema é que o peso subiu 230 kg, chegando aos 2168 kg.

E isso nota-se bem nas transferências de massas em encadeados de curvas e nas travagens, que perturbam a estabilidade. Também se nota que o P300e perde claramente força quando se pede tudo ao sistema, com a bateria descarregada.

As travagens fortes não chegam para o sistema recuperar imediatamente a potência máxima, deixando o trabalho todo ao três cilindros de 204 cv, que soa esforçado.

Os comandos da caixa através das patilhas são rápidos e obedientes, mas o “Sport” de Discovery Sport não é realmente indicação de um comportamento desportivo.

E fora do asfalto?

A bateria faz a altura ao solo descer dos 212 mm, das outras versões, para os 172 mm, no PHEV, o que limita as aspirações na condução fora de estrada. Contudo, a tração às quatro rodas funciona bem e permite uma progressão suave e muito bem controlada.

A experiência de guiar fora de estrada em modo elétrico é única

Vale a pena carregar a bateria antes de sair do asfalto e depois usar o modo EV nos caminhos de terra. A experiência é marcada pelo silêncio, pelo conforto da suspensão e da direção, que não sofre nenhum tipo de safanões.

Conclusão

O Discovery Sport P300e PHEV é um SUV com boas prestações, quando tem a bateria carregada, utilização fácil e confortável e com muito espaço a bordo. Mas não gasta pouco, quando a bateria se esgota e se tem que prosseguir viagem, a vantagem é que pode ser ligado a um carregador rápido. O preço alto justifica-se pelo posicionamento premium da marca. Quem gosta, não acha caro.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Land Rover Discovery Sport P300e PHEV

Potência: 309 cv

Preço: 60 980 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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